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Informativo 893-STF (15/03/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
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 Informativo 893-STF (RESUMIDO) 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
Cabe reclamação contra decisão judicial que determina retirada de matéria jornalística de site 
 
Importante!!! 
O STF tem sido mais flexível na admissão de reclamação em matéria de liberdade de 
expressão, em razão da persistente vulneração desse direito na cultura brasileira, inclusive 
por via judicial. 
No julgamento da ADPF 130, o STF proibiu enfaticamente a censura de publicações 
jornalísticas, bem como tornou excepcional qualquer tipo de intervenção estatal na 
divulgação de notícias e de opiniões. 
A liberdade de expressão desfruta de uma posição preferencial no Estado democrático 
brasileiro, por ser uma pré-condição para o exercício esclarecido dos demais direitos e 
liberdades. 
A retirada de matéria de circulação configura censura em qualquer hipótese, o que se admite 
apenas em situações extremas. 
Assim, em regra, a colisão da liberdade de expressão com os direitos da personalidade deve 
ser resolvida pela retificação, pelo direito de resposta ou pela reparação civil. 
Diante disso, se uma decisão judicial determina que se retire do site de uma revista 
determinada matéria jornalística, esta decisão viola a orientação do STF, cabendo reclamação. 
STF. 1ª Turma. Rcl 22328/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 6/3/2018 (Info 893). 
 
 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO 
A incitação de ódio público feita por líder religioso contra 
outras religiões pode configurar o crime de racismo 
 
Importante!!! 
A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não 
está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. 
STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 
6/3/2018 (Info 893). 
Atenção. Compare com RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849). 
 
 
 
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Informativo 893-STF (15/03/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
DIREITO ELEITORAL 
 
VACÂNCIA DE CARGOS POLÍTICOS 
Constitucionalidade dos §§ 3º e 4º do art. 224 do Código Eleitoral 
 
Importante!!! 
A Lei nº 13.165/2015 (minirreforma eleitoral de 2015) inseriu os §§ 3º e 4º ao art. 224 do 
Código Eleitoral. 
O § 3º prevê que “a decisão da Justiça Eleitoral que importe o indeferimento do registro, a 
cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário 
acarreta, após o trânsito em julgado, a realização de novas eleições, independentemente do 
número de votos anulados.” 
O STF declarou a inconstitucionalidade da expressão “após o trânsito em julgado” e decidiu 
que basta a exigência de decisão final da Justiça Eleitoral. Assim, concluído o processo na 
Justiça Eleitoral (ex: está pendente apenas recurso extraordinário), a nova eleição já pode ser 
realizada mesmo sem trânsito em julgado. 
O § 4º, por sua vez, determina que: 
§ 4º A eleição a que se refere o § 3º correrá a expensas da Justiça Eleitoral e será: 
I - indireta, se a vacância do cargo ocorrer a menos de seis meses do final do mandato; 
II - direta, nos demais casos. 
O STF afirmou que esse § 4º deveria receber uma interpretação conforme a Constituição, de 
modo a afastar do seu âmbito de incidência as situações de vacância nos cargos de Presidente 
e Vice-Presidente da República, bem como no de Senador da República. 
Vale ressaltar que a regra do § 4º aplica-se aos cargos de Governador e Prefeito. 
STF. Plenário. ADI 5525/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 7 e 8/3/2018 (Info 893). 
 
VACÂNCIA DE CARGOS POLÍTICOS 
O § 3º do art. 224 do Código Eleitoral aplica-se também para eleições de Prefeitos 
de Municípios com menos de 200 mil eleitores e para eleições de Senadores 
 
Importante!!! 
É constitucional legislação federal que estabeleça novas eleições para os cargos majoritários 
simples — isto é, Prefeitos de Municípios com menos de duzentos mil eleitores e Senadores da 
República — em casos de vacância por causas eleitorais. 
Nas eleições para cargos majoritários simples não se exige 2º turno de votação. 
Assim, o § 3º do art. 224 do CE deve sim ser aplicado mesmo em casos de eleições para 
Prefeitos de Municípios com menos de 200 mil eleitores e para Senadores, cargos para os quais 
não se exige 2º turno de votação. 
STF. Plenário. ADI 5619/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 7 e 8/3/2018 (Info 893) 
 
RECURSO CONTRA A EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA 
Compete ao TSE julgar RCED envolvendo Presidente ou Vice-Presidente da República 
 
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é o órgão competente para julgar os Recursos Contra 
Expedição de Diploma (RCED) nas eleições presidenciais e gerais (federais e estaduais). 
STF. Plenário. ADPF 167/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/3/2018 (Info 893). 
 
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DIREITO PENAL 
 
RACISMO 
A incitação de ódio público feita por líder religioso contra 
outras religiões pode configurar o crime de racismo 
 
Importante!!! 
A incitação ao ódio público contra quaisquer denominações religiosas e seus seguidores não 
está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. 
Assim, é possível, a depender do caso concreto, que um líder religioso seja condenado pelo 
crime de racismo (art. 20, §2º, da Lei nº 7.716/81) por ter proferido discursos de ódio público 
contra outras denominações religiosas e seus seguidores. 
STF. 2ª Turma. RHC 146303/RJ, rel. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 
6/3/2018 (Info 893). 
Atenção. Compare com RHC 134682/BA, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/11/2016 (Info 849). 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
DENÚNCIA 
Promotor de Justiça que passa a atuar no processo decorrente de desmembramento 
oriundo do TJ está livre para alterar a denúncia anteriormente oferecida pelo PGJ 
 
Atenção! Ministério Público 
A PGR ofereceu denúncia contra Paulo e outros réus perante o STJ. Este Tribunal desmembrou 
o feito e ficou com o processo apenas da autoridade com foro no STJ, declinando da 
competência para que o TJ julgasse os demais. O PGJ (que atua no TJ) ratificou a denúncia. 
Ocorre que o TJ também decidiu desmembrar o feito e ficou com o processo apenas da 
autoridade com foro no TJ, declinando da competência para que o juízo de 1ª instância julgasse 
os demais corréus. O processo de Paulo, que não tinha foro privativo, foi remetido para a 1ª 
instância. 
O Promotor de Justiça que atua na 1ª instância decidiu não ratificar a peça acusatória, 
oferecendo nova denúncia incluindo, inclusive, novos réus. 
A defesa alegou que o Promotor não poderia ter alterado a denúncia. O STF entendeu que o 
membro do MP agiu corretamente e que não há qualquer nulidade neste caso. 
É possível o aditamento da denúncia a qualquer tempo antes da sentença final, garantidos o 
devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório, especialmente quando a inicial ainda 
não tenha sido sequer recebida originariamente pelo juízo competente, como ocorreu no caso 
concreto. 
O membro do MP possui total liberdade na formação de seu convencimento (opinio delicti). 
Assim, a sua atuação não pode ser restringida ou ficar vinculada às conclusões jurídicas que o 
outro membro do MP chegou, mesmo que este atue em uma instânciasuperior. Em outras 
palavras, o Promotor de Justiça que passou a ter atribuição para atuar no caso não está 
vinculado às conclusões do Procurador-Geral de Justiça que estava anteriormente 
funcionando no processo. 
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Informativo 893-STF (15/03/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 4 
Desse modo, é irrelevante que outros membros do Ministério Público com atribuição para 
atuar em instância superior, em virtude da análise dos mesmos fatos, tenham, anteriormente, 
oferecido denúncia de diferente teor em face do réu, uma vez que, conforme ficou reconhecido 
pelo STJ e pelo TJDFT, a competência para o processo criminal era da 1ª instância, de forma 
que o promotor natural do caso era o Promotor de Justiça que atua na 1ª instância. 
Portanto, o fato de o promotor natural — aquele com atribuição para atuar na 1ª instância — 
não se encontrar tecnicamente subordinado e apresentar entendimento jurídico diverso, 
afasta qualquer alegação de nulidade decorrente de alteração do teor da peça acusatória 
oferecida contra o réu Paulo. 
STF. 1ª Turma. HC 137637/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 6/3/2018 (Info 893).

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