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Informativo 901-STF (16/05/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 1 
 
Informativo comentado: 
 Informativo 901-STF (RESUMIDO) 
Márcio André Lopes Cavalcante 
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
CNJ 
CNJ pode avocar PAD que tramita no Tribunal 
se não há quórum suficiente para se atingir maioria absoluta 
 
O TRF condenou juiz federal à pena de aposentadoria compulsória. Ocorre que, em virtude de 
alguns Desembargadores terem se averbado suspeitos, este juiz foi condenado com um 
quórum de maioria simples. 
O CNJ reconheceu a irregularidade da proclamação do resultado e anulou o julgamento de 
mérito realizado pelo TRF. Isso porque o art. 93, VIII e X, da CF/88 exige quórum de maioria 
absoluta do tribunal. 
Ocorre que o CNJ, após anular o julgamento de mérito realizado pelo TRF, decidiu avocar o 
processo administrativo para que o magistrado fosse julgado diretamente pelo Conselho. 
O juiz impetrou MS contra essa avocação, mas o STF afirmou que o CNJ agiu corretamente. 
A Constituição, expressamente, confere ao CNJ competência para, a qualquer tempo, avocar 
processos de natureza disciplinar em curso contra membros do Poder Judiciário. Assim, não 
há óbice para que o CNJ anule o julgamento do Tribunal e inicie lá um outro procedimento. 
Uma das causas legítimas de avocação de procedimentos administrativos pelo CNJ é 
justamente a falta do quórum para proferir decisão administrativa por maioria absoluta em 
razão de suspeição, impedimento ou falta de magistrados. 
O CNJ poderia ter devolvido o processo ao TRF2, mas optou por exercer sua competência 
concorrente, dentro da discricionariedade conferida pela Constituição, para julgar o processo 
e evitar novas questões de suspeição e impedimento. 
STF. 1ª Turma. MS 35100/DF, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado 
em 8/5/2018 (Info 901). 
 
 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL 
Responsabilidade civil da concessionária que administra 
a rodovia por furto ocorrido em seu pátio 
 
A pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviço público possui responsabilidade 
civil em razão de dano decorrente de crime de furto praticado em suas dependências, nos 
termos do art. 37, § 6º, da CF/88. 
Caso concreto: o caminhão de uma empresa transportadora foi parado na balança de pesagem 
na Rodovia Anhanguera (SP), quando se constatou excesso de peso. Os agentes da 
concessionária determinaram que o condutor estacionasse o veículo no pátio da 
concessionária e, em seguida, conduziram-no até o escritório para ser autuado. 
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Informativo 901-STF (16/05/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 2 
Aproximadamente 10 minutos depois, ao retornar da autuação para o caminhão, o condutor 
observou que o veículo havia sido furtado. 
O STF condenou a Dersa – Desenvolvimento Rodoviário S/A, empresa concessionária 
responsável pela rodovia a indenizar a transportadora. 
O Supremo reconheceu a responsabilidade civil da prestadora de serviço público, ao considerar 
que houve omissão no dever de vigilância e falha na prestação e organização do serviço. 
STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901). 
 
IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 
Ação de improbidade administrativa: ministro de estado e foro competente 
 
Importante!!! 
Os agentes políticos, com exceção do Presidente da República, encontram-se sujeitos a duplo 
regime sancionatório, de modo que se submetem tanto à responsabilização civil pelos atos de 
improbidade administrativa quanto à responsabilização político-administrativa por crimes 
de responsabilidade. 
O foro especial por prerrogativa de função previsto na Constituição Federal em relação às 
infrações penais comuns não é extensível às ações de improbidade administrativa. 
STF. Plenário. Pet 3240 AgR/DF, rel. Min. Teori Zavascki, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado 
em 10/5/2018 (Info 901). 
 
 
DIREITO ELEITORAL 
 
INFIDELIDADE PARTIDÁRIA 
Análise da constitucionalidade do art. 22-A da Lei 9.096/95 
 
O art. 1º da Resolução 22.610/2007, do TSE, previa que a criação de novo partido político era 
considerada como justa causa para desfiliação, sem perda do mandato, desde que a nova 
filiação ocorresse em 30 dias da criação da sigla. 
O art. 22-A da Lei nº 9.096/95, introduzido pela Lei nº 13.165, de 29 de setembro de 2015 
(minirreforma eleitoral de 2015), excluiu a criação de nova legenda como hipótese de justa 
causa para a desfiliação, sem perda de mandato, por infidelidade partidária. 
Desse modo, a troca de partido, mesmo decorrente da criação de nova legenda, passou a ser 
considerada como hipótese de infidelidade partidária, sujeita à perda do mandato. 
Ocorre que, quando a Lei nº 13.165 foi editada, em 29/09/2015, 3 novos partidos haviam acabado 
de ser registrados no TSE, de modo que estavam correndo seus prazos de 30 dias para que 
recebessem parlamentares detentores de mandato eletivo, ao abrigo da justa causa de desfiliação. 
Diante disso, o Min. Roberto Barroso, em decisão monocrática, entendeu que o art. 22-A não 
poderia ser aplicado para esses 3 partidos, sob pena de violação da segurança jurídica, na 
modalidade direito adquirido, tanto das agremiações recém-criadas quanto dos 
parlamentares que pretendiam se filiar a elas. Ele, então, determinou que esses 3 partidos 
tivessem direito de receber de volta os 30 dias para que os detentores de mandatos eletivos 
pudessem se filiar a novas agremiações que tenham sido registradas no TSE antes da entrada 
em vigor da lei impugnada. 
O Plenário do STF referendou essa medida cautelar. 
STF. Plenário. ADI 5398/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 9/5/2018 (Info 901). 
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Informativo 901-STF (16/05/2018) – Márcio André Lopes Cavalcante | 3 
 
DIREITO PENAL 
 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
(In) aplicabilidade do princípio no caso do crime previsto no art. 34 da Lei 9.605/98 
 
O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, 
II, da Lei 9.605/98: 
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão 
competente: 
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: 
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, 
petrechos, técnicas e métodos não permitidos; 
Caso concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de 
método não permitido. 
STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 901). 
 
Obs: apesar de a redação utilizada no informativo original ter sido bem incisiva (“O princípio da 
bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98”), 
existem julgados tanto do STF como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da 
insignificância para o delito de pesca ilegal. Deve-se ficar atenta(o) para como isso será cobrado no 
enunciado da prova. 
 
 
DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
PROVA 
Indeferimento de todas as testemunhas da defesa sob o argumento de 
que seriam protelatórias: constrangimento ilegal 
 
Na fase de defesa prévia, o réu arrolou uma série de testemunhas, mas o juiz negou a oitiva 
afirmando que o requerimento seria protelatório, haja vista que as testemunhas não teriam, 
em tese, vinculação com os fatos criminosos imputados. 
O STF entendeu que houve constrangimentoilegal. 
O direito à prova é expressão de uma inderrogável prerrogativa jurídica, que não pode ser, 
arbitrariamente, negada ao réu. 
O princípio do livre convencimento motivado (art. 400, § 1º, do CPP) faculta ao juiz o 
indeferimento das provas consideradas irrelevantes, impertinentes ou protelatórias. No 
entanto, no caso concreto houve o indeferimento de todas as testemunhas de defesa. 
Dessa forma, houve ofensa ao devido processo legal, visto que frustrou a possibilidade de o 
acusado produzir as provas que reputava necessárias à demonstração de suas alegações. 
STF. 2ª Turma. HC 155363/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/5/2018 (Info 901).

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