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AN02FREV001/REV 4.0 30 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 31 CURSO DE PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 32 MÓDULO II 4 OS ASPECTOS TRABALHADOS NA PSICOMOTRICIDADE Nesse momento é com muito prazer que iniciamos mais um módulo. O segundo módulo foi construído pensando no profissional e no seu cotidiano, quando for desenvolver a prática pedagógica, pois esses precisam ter conhecimentos teóricos e científicos mínimos sobre os aspectos que são desenvolvidos dentro da psicomotricidade. Esses aspectos são (físicos – sociais e cognitivos). Reafirmamos que a educação psicomotora é uma: educação global que associando os potenciais intelectuais, afetivos, sociais, motores e psicomotores da criança, lhe dá a segurança, equilíbrio, e permite o seu desenvolvimento, organizando corretamente as suas relações com os diferentes meios nos quais tem de evoluir [...]. É uma preparação para a vida de adulto. Deve libertar o espírito dos entraves de um corpo incômodo que se torna fonte de conhecimento (LAGRANGE, 1974, p. 60). Todavia, “existem alguns pré-requisitos, do ponto de vista psicomotor, para que a criança tenha uma aprendizagem significativa em sala de aula. É necessário que como condição mínima ela possua um bom domínio” da sua qualidade de força física e tenha desenvolvido seus aspectos afetivos e sociais, dentro do que é previsto para sua faixa etária (OLIVEIRA, 2008, p. 39). No cotidiano da educação infantil devemos preparar a criança para a sua futura vida escolar, pois ela: precisará usar as mãos para escrever e, portanto, deverá ter uma boa coordenação fina. Ela terá mais habilidade para manipular os objetos de sala de aula, como lápis, borracha, régua, se tiver ciente de suas mãos como parte de seu corpo e tiver desenvolvido padrões específicos de movimento. Deverá aprender a controlar seu tônus muscular de forma, a saber, dominar seus gestos. (OLIVEIRA, 2008, p. 39). Todos esses aspectos requerem equilíbrio psíquico, motor e também domínio físico, domínio dos aspectos afetivos e sociais, e uma boa experienciação AN02FREV001/REV 4.0 33 cognitiva, para que a criança consiga se desenvolver plenamente. Abaixo, podemos visualizar no organograma essas interações todas interligadas. FONTE: Psicomotricidade (2012, p.4). Nesse sentido, além desses aspectos interligados apresentados Albuquerque (2006, p. 42) nos mostra três dimensões que estão sempre presentes no movimento humano, são elas: “a) o ator, o sujeito das ações do movimento, b) uma situação concreta na qual as ações do movimento estão vinculadas e c) um significado que orienta as ações do movimento é responsável pela apreensão de sua estruturação”. Sem essas três dimensões o movimento não acontecerá. Mutschele (1996, p. 41) acrescenta que para podermos educar as crianças é preciso que a ensinemos a dominar sua própria consciência e corpo com senso de Criança Desenvolvimento Afetivo (objetivos) •Ajudar a criança sentir-se feliz; •Desenvolver um autoconceito positivo e estável; •Desenvolver respeito pelos direitos e ideias pessoais; •Formar uma visão real das diferenças individuais; •Orientar a criança na aprendizagem por problemas. •Desenvolver movimentos fundamentais; •Melhorar a coordenação. •Ampliar o nível de aptidão motora; •Criar e desenvolver a consciência corporal, bem como suas potencialidades. •Ajudar a criança a desenvolver um pensamento questionador; •Encorajar na solução de problemas; •Despertar para desafios intelectuais; •Estimular a aprendizagem de conceitos essenciais. Desenvolvimento Motor Desenvolvimento Cognitivo AN02FREV001/REV 4.0 34 equilíbrio. Só assim teremos sucesso no desenvolvimento da aprendizagem, nossa função enquanto educadores é auxiliá-la “desde cedo a controlar o próprio corpo, equilibrar a respiração, saber usar braços, pernas, aprender a se direcionar para a direita, esquerda, lado, saber organizar percepções, e atenção, dominar as noções do tempo”. Tudo isso será feito usando os fundamentos e pressupostos da psicomotricidade. Cabem a nós profissionais educadores, psicólogos, psicopedagogos criar e mediar às situações propícias para que a criança se desenvolva plenamente... sabemos todos, porém, que a função precípua da educação é dotar o ser humano dessa capacidade de se situar no mundo, compreendê-lo para transformá-lo, inserindo-se no contexto histórico e desenvolvendo mecanismos que o permitam colaborar para o processo civilizatório da sua comunidade e do mundo. (ALBUQUERQUE, 2006, p. 49). A esse respeito Mutschele (1996) acrescenta que: o crescimento do ser humano, tanto físico como mental é muito complexo. O organismo vai adquirindo um controle progressivo do corpo, das palavras, do pensamento, da coordenação motora e isso não está sujeito a regras e sim a interrupções periódicas quando o indivíduo está feliz, infeliz, insatisfeito etc. Essas alterações dependem da hereditariedade, do lar, da sociedade e até das atitudes do educador. (MUTSCHELE, 1996, p. 171). Isso ocorre também, porque somos influenciados pelo meio em que vivemos e com as crianças isso não é diferente, e, por esse motivo o seu desenvolvimento será satisfatório ou não na medida em que ela consiga atingir todos os marcos de desenvolvimentos previstos para cada fase de sua vida. Nesse caso, o equilíbrio e o desequilíbrio será uma constante dentro do nosso ciclo de existência seja na infância, adolescência, vida adulta ou na terceira idade, desse modo desde cedo: é tempo de redescobrir um corpo de possibilidades e abandonar limites impostos por tabus e ideologias que nada mais acrescentam, além de sintomas, dor e sofrimento psíquico. É preciso permitir a transformação de nossos corpos em asas e num gesto concreto mergulhar dentro de nós mesmos, de nossas angústias, de nossas esperanças e renascer em novos horizontes. Já é o momento de nos prepararmos para o grande encontro. Aquele que vai culminar dentro de cada um de nós, pois o corpo nada mais é, do que o receptáculo maior, a fonte fecunda onde resgatamos nossa identidade e nossa singularidade, nossos desejos e nossas limitações, pois o homem é o seu corpo. (PONTES apud ALBUQUERQUE, 2006, p. 52). AN02FREV001/REV 4.0 35 O que temos que fazer para que a criança chegue a esse ponto mais elevado e atinja todos os seus marcos de desenvolvimento previsto para sua faixa etária, é, deixar com que as coisas aconteçam e quando houver desequilíbrios procurar ajuda profissional. Mutschele (1996, p. 171) ainda escreve que: para conseguir um desenvolvimento satisfatório, é necessário que a parte física se desenvolva plenamente, a parte sensorial atinja o máximo e a inteligência desabroche até o limite pessoal de cada um; para isso, precisa- se de uma alimentação séria e correta, combate as doenças, a prática de exercícios físicos e esporte, o contato com a natureza e a tranquilidade da vida social. (MUTSCHELE, 1996, p. 171). Por esses motivos que os aspetos físicos, cognitivos e sociais estão todos interligados dentro do estudo da educação psicomotora e são levadosem consideração o tempo todo. Observe abaixo a ilustração de Bloom, como esses aspectos estão em evidência. 4.1 TAXONOMIA DE BENJAMIN BLOOM FIGURA 9 FONTE: ALVES, 2011, p. 5. AN02FREV001/REV 4.0 36 A educação psicomotora compreende o ser humano como um ser completo e não fragmentado, em que só será considerado um aspecto de cada vez, muito pelo contrário, assim sendo de acordo com Alves (2001) os aspectos são: cognitivo: relacionado ao aprender, dominar um conhecimento [...] intelectual de habilidade e de atitudes. As categorias desse domínio são: conhecimento; compreensão; aplicação; análise; síntese; e avaliação. Afetivo: relacionado aos sentimentos e posturas. [...] categorias ligadas ao desenvolvimento da área emocional e afetiva, que incluem comportamento, atitude, responsabilidade, respeito, emoção e valores. [...] são: receptividade; resposta; valorização; organização; e caracterização. Psicomotor: relacionado às habilidades físicas específicas. [...] seis categorias que incluem ideias ligadas aos reflexos, percepção, habilidades físicas, movimentos aperfeiçoados e comunicação não verbal. As categorias desse domínio são: imitação; manipulação; articulação; e naturalização. (ALVES, 2011, p. 5). Mutschele (1996), também assevera o exposto acima quando também escreve que para ela: a educação psicomotriz deverá visar: 1 – a consciência e ao controle do próprio corpo; 2 – ao controle e equilíbrio das funções físicas; 3 – ao uso dos membros do corpo e à aquisição da noção de lateralidade; 4 – à organização perceptiva; à organização de todo o esquema motor; 6 – adquirir o conhecimento do outro; 8 – saber coordenar suas ações para atingir o objetivo a que se propõe; 9 – aprender a respeitar os outros e as regras morais; 10 – respeitar o ser humano com o mais importante valor na hierarquia de valores. (MUTSCHELE, 1996, p. 174). Ao compreendermos o ser humano em sua totalidade, não priorizamos mais um aspecto (físico, cognitivo, social) em detrimento do outro. Albuquerque (2006, p. 42) afirma que se assim acontecer “estaríamos ‘enxergando’ apenas parcialmente o ser humano e isto tornaria uma criação abstrata, desvinculada da realidade concreta e de sua condição material de existência”. Durante a vida toda a visão que a pessoa tem de si mesma recebe grande influência de sua percepção do próprio corpo e suas propriedades, da força da liberdade no desempenho de atividades físicas e motoras. As atividades motoras têm um papel essencial nas iniciativas intelectuais do homem. (MUTSCHELE, 1996, p. 175). Desse modo, veremos a seguir o quanto o aspecto físico é importante para que, por meio dele a criança atinja todos os seus marcos de desenvolvimento. AN02FREV001/REV 4.0 37 5 ASPECTOS DE APTIDÕES FÍSICA Dentro da psicomotricidade temos um eixo fundamental para a compreensão nesse momento. Esse eixo é o que denominamos qualidade física. Esse engloba todos os movimentos de: forças, flexibilidades, agilidades, velocidades, coordenação motora, equilíbrio, noções de espaço, tempo e lateralidade. Furtado (2007, p. 219) salienta que esses “tem por finalidade promover, mediante uma ação pedagógica, o desenvolvimento de todas as potencialidades da criança, objetivando o equilíbrio biopsicossocial”. Para (OLIVEIRA, 2008) é importante, também, que a criança tenha uma boa coordenação global, saindo-se bem ao se deslocar, transportar objetos e se movimentar em sala de aula e no recreio. Com os jogos e brincadeiras realizados tanto no espaço escolar como fora dele, esses servem de alicerce para a aprendizagem formal futura, uma vez que por meio dos jogos e das brincadeiras a criança já vai adquirindo noções de localização, lateralidade dominância, orientações espaço – temporal. É por meio dos jogos e brincadeiras que as crianças vão internalizando as noções de tempo, duração de intervalos, sequência, ordenação, ritmo, acuidade auditiva e visual (OLIVEIRA, 2008). Já para (MÜTSCHELE, 1996, p. 33), “o exercício físico estimula a respiração, a circulação, o aparelho excretor, além de fortalecer os ossos, músculos e aumentar a capacidade física geral, dando ao corpo um pleno desenvolvimento”. Quanto à parte mental, se a criança possuir um bom controle motor, poderá explorar o mundo exterior, fazer experiências concretas, adquirir várias noções básicas para o próprio desenvolvimento da mente, o que permitirá também tomar conhecimento de si mesma e do mundo que a rodeia. (MÜTSCHELE, 1996, p. 33). A autora continua salientando que “é bom frisar que a criança percebe-se e percebe o mundo exterior por meio do corpo e por ele se relaciona com os objetos e fatos. O seu ‘comportamento’ liga-se à ação corporal que abrange três noções: a do corpo, a dos objetos e a dos demais corpos” (MÜTSCHELE, 1996, p. 33). AN02FREV001/REV 4.0 38 Na teoria de Wallon apud Oliveira (2008, p. 33) o “movimento (ação), pensamento e linguagem são uma unidade inseparável. O movimento é o pensamento em ato, e o pensamento é o movimento sem ato”, sem esses não teremos a atividade física em si. Quando está formando seu conceito de esquema corporal, noção da sua qualidade de força física “o primeiro objeto que a criança percebe é seu próprio corpo, com ele sente dores, alegrias, sensações visuais, odoríficas, auditivas, movimenta-se, enfim. O corpo será seu meio de ação, de relação com o mundo” (Mütschele, 1996, p. 33), a autora continua dizendo que: o esquema corporal será construído pela organização das sensações relativas ao corpo da criança, que por sua vez estão intimamente relacionadas. É preciso lembrar que ao lado da evolução sensório-motriz dá-se o desenvolvimento do sistema nervoso, que deverá chegar à maturação. (MÜTSCHELE, 1996, p. 34). Ao participar ativamente da vida da criança, notamos o aparecimento de muitos comportamentos que brotam sem ser ensinados, vem do interior para o exterior e bem da parte central do corpo: são formas hereditárias, nascem com o indivíduo ou despertam em um momento oportuno do desenvolvimento deste (reflexos, instintos, etc.), (MÜTSCHELE, 1996, p. 34). Diante da importância da psicomotricidade e de se iniciar seu desenvolvimento muito cedo, é de suma importância proceder a um exame psicomotor na criança de 1 a 5 anos. Esse exame tem alguns objetivos específicos como: a) verificar a dinâmica da coordenação psicomotora e sensório-motriz; b) o equilíbrio; c) a percepção; d) a linguagem; e) a lateralidade; f) o perfil. (MÜTSCHELE, 1996, p. 36-37) Lembramos que os profissionais que estão habilitados para tal, são os psicólogos e os psicopedagogos. É importante que saibamos se existe alguma dessas dificuldades, pois todas essas categorias são necessárias para uma vida escolar frutífera. Feito esses apontamentos da necessidade de trabalharmos os aspectos de aptidões físicas, nesse momento passamos a outro aspecto teórico da psicomotricidade (os aspectos afetivos e sociais). AN02FREV001/REV 4.0 39 6 ASPECTOS AFETIVOS E SOCIAIS Para começarmos a discorrer sobre o aspecto afetivo e social, é necessário primeiramente definirmos o que são esses. Por conseguinte Oliveira (2008, p. 37) escreve que por aspecto afetivo e social “podemos entender que é a relação da criança com o adulto, com o ambiente físico e com outras crianças”. Aqui são entendidos como todos os aspectos de socialização e desenvolvimento de traços de personalidade tais como organização, disciplina, responsabilidade, coragem e solidariedade. A própria criança percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam, em função de sua pessoa. Sua personalidade se desenvolverá graças a uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo à suavolta. (MEUR e STAES, 1989, p. 9). Oliveira (2008) escreve que Wallon foi um dos pioneiros no estudo da psicomotricidade, salienta que a importância do aspecto afetivo é tamanha que é anterior a qualquer tipo de comportamento, assim pouco a pouco as crianças começam a se expressar através dos gestos que estão ligados a esfera afetiva e que são, portanto, o escape das emoções vividas. Este mundo de emoções mais tarde dará origem ao mundo da representação. O movimento, como um elemento básico de reflexão humana, aparece depois como um fundamento sociocultural e dependente de um ‘contexto histórico e dialético’. Wallon afirma que é ‘sempre a ação motriz que regula o aparecimento e o desenvolvimento das formações mentais’. Na evolução da criança, portanto, estão relacionadas à motricidade, a afetividade e a inteligência. (OLIVEIRA, 2008, p. 33, grifos do autor). Reafirmando o exposto acima, Bühler apud Mütschele (1996, p. 38) também descreve sobre os aspectos afetivos e sociais, apontando: AN02FREV001/REV 4.0 40 três tipos de conduta social da criança: a) a criança socialmente cega é aquela que em presença de outra criança comporta-se como se ninguém estivesse presente; brinca sem se preocupar com ela, não se interessa pela outra. b) a criança socialmente dependente se impressiona, inibe-se ou se estimula pela presença de outra. c) a criança socialmente independente não se intimida com a presença da outra, afasta-se ou submete-se a seus desejos. Esses tipos de conduta independem dos contatos sociais anteriores e até do convívio familiar. (BÜHLER apud MÜTSCHELE, 1996, p. 38-39). Mütschele (1996, p. 39) orienta que “não podemos nos esquecer de que há dificuldades de adaptações sociais, e essas dificuldades podem advir de três causas: a personalidade; o estágio de desenvolvimento; o grupo”. Isso o ocorre, pois os traços de personalidades são natos de cada ser humano, as atitudes dependerão da faixa etária da criança e dentro do grupo social teremos todos esses fatores interligados. A personalidade da criança irá refletir e repercutir o modo em que conduz sua vida social. Isso às vezes o fará uma criança popular ou não dentro do seu grupo social. As diversas fases do desenvolvimento da criança exigem adaptações novas e isso influi sobre a atitude social [...]. A posição social que a criança ocupa na família (o filho único, o caçula, o mais velho etc.), às vezes dificulta as relações na escola, principalmente quando ela é adiantada para a própria idade, tímida, dominadora, tagarela ou triste. (MÜTSCHELE, 1996, p. 39). Nesse momento “a educação não está separada das correntes afetivas”, é por isso que os profissionais da educação devem usar os elementos chamados socioafetivos, mais do que do conhecimento, pois a criança é mais sensível a uma relação privilegiada “eu e o professor” (LAGRANGE, 1974. Pág.40). Temos que considerar também a influência dos motivos de ordem social como: desejo de aprovação social, de simpatia, de instinto gregário, e os motivos de ordem emocional, que são indispensáveis para a adaptação social. Ao educador cabe corrigir os desvios da sensibilidade infantil e não agravá-los com uma educação defeituosa, cheia de ameaças, cuidados excessivos, gritos e intolerâncias. Cabe à escola diagnosticar os problemas e dar-lhes tratamento adequado. Dentro do contexto dos aspectos afetivos e sociais é preciso ensinar ações a criança que irá ao futuro se tornar um adulto maduro e responsável socialmente, para isso, é preciso ter clareza para ensiná-lo... AN02FREV001/REV 4.0 41 a raciocinar, a deduzir, a observar, a compreender, a analisar, a concluir. A falar corretamente, enriquecendo o seu vocabulário. A dar um sentido preciso ao seu pensamento, apoiando-se na ação. A imaginar, a interiorizar, a representar mentalmente as coisas. A ir do vivido ao abstrato. A manejar símbolos. A associar formas e sons. A assumir responsabilidades, portanto, interesse pelo trabalho. A procurar e a reconhecer a beleza, a perfeição. A antecipar, a prever. A ser franca e lúcida para consigo mesma. A desenvolver a sua ação, tendo em conta os outros. A adaptar-se a novas situações, transferindo as aquisições. (LAGRANGE, 1974, p. 47). Nos escritos de (LAGRANGE, 1974) existe uma passagem engraçada mais muito pertinente para o momento, em que ele escreve que os meios e os fins da educação psicomotora: é propor fazer descobrir e não fazer engolir conhecimentos. Fazer apelo à afetividade da criança, incitar a experimentação pessoal. O seu fim não é somente o de tornar possíveis aquisições, mas o de dar possibilidades de adaptação, hábitos sociais pelo trabalho de grupo, conhecimentos utilizáveis na aula e também fora da aula, e mais tarde, na vida corrente, pela agilidade de inteligência e de espírito que ela confere. (LAGRANGE, 1974, p. 239). Tudo isso refletirá o adulto que será no futuro. Alguns estudiosos afirmam que todas as concepções que a criança tem sobre caráter, honestidade, solidariedade, condutas sociais são formadas até os três anos de idade pela sua convivência doméstica e social. É por isso que a família é importante e deve estar próxima para educar plenamente essa criança. A forma como o sujeito se expressa com o corpo traduz sua disposição ou sua indisposição nas relações com coisas ou pessoas. Esse aspecto psicológico, muito importante, ajuda-nos a identificar melhor certas perturbações devido a fatores afetivos. Chama também nossa atenção para a possibilidade de melhorar a vida social e afetiva das crianças, tornando precisas suas noções corporais e fazendo com que adquiram gestos precisos e adequados. (MEUR e STAES, 1989, p. 10). A maior parte das perturbações afetivas que causam atraso no desenvolvimento da criança, podem às vezes estar relacionado ao ambiente familiar. Suas causas quando investigadas a fundo por profissionais habilitados demonstra que: AN02FREV001/REV 4.0 42 certas crianças ficam perturbadas com o desentendimento entre os pais ou ainda com a presença dos avós na família. Às vezes uma atitude muito exigente, muito perfeccionista cria na criança uma reação de oposição, de lentidão ou de rigidez. A família insiste muito sobre ‘o que não deve ser feito’ ou sobre as falhas da criança, esta reage por meio da falta de habilidade, pela timidez, pela falta de equilíbrio. Alguns pais desejam ter filhos fortes, que não chorem que não se deixem penetrar pelas emoções; nesse caso acontece de as crianças reagirem pelo exagero e pela rigidez. (MEUR e STAES, 1989, p. 10). Esse conhecimento do ambiente familiar pelo professor irá o ajudar a desenvolver atividades específicas para auxiliar a criança a superar essas perturbações afetivas. Desse modo (MEUR e STAES, 1989), acrescentam que: a verdadeira questão não se reduz a ter uma série de informações a respeito da criança e de sua família, trata-se, sobretudo do seguinte: Como, a partir do que sabemos vamos ajudar essa criança a viver, a ser feliz? Praticamente não podemos mudar o caráter dessa criança e muito menos seu ambiente familiar. Nesse caso, que tipo de relacionamento vamos adotar para que a criança adquira confiança em si mesma, em suas possibilidades, tenham coragem de exprimir-se , para que assuma sua vida emocional, encontre seu lugar na classe e supere suas dificuldades familiares? (MEUR e STAES, 1989, p.44). Assim, escrevemos que não existe uma resposta padrão para esses questionamentos e apontamentos. O que deve prevalecer nesses casos é o bom senso pessoal e profissional. Deve-se criar uma equipe de apoio (professores, pais, psicólogos, e outros profissionais). O que os autores escrevem, e que nós concordamos plenamente, é, que “uma equipe pode melhor que uma pessoa, encontrar atitudes orientadoras a adotar”.Dentro dessa equipe é conveniente que todos tenham o entendimento que a criança deve se sentir apoiada, ajudada e não julgada, classificada, discriminada (MEUR e STAES, 1989, p. 44). Dentro dos aspectos sociais Mütschele (1996, p. 38), escreve ainda que “a imitação tem um importante papel na vida da criança. Desde a mais tenra idade, ela imita alguma coisa ou pessoa, parentes, pais, professores etc.”. É uma conduta em que a criança representa os papéis sociais, imitando a criança se vê vivenciando a posição social do outro e isso a auxilia a elaborar algumas questões mal internalizadas. AN02FREV001/REV 4.0 43 Até o presente momento vimos os aspectos físicos e os aspectos sociais e afetivos, à importância dos mesmos para o desenvolvimento global da criança. No próximo subtítulo será visto o último aspecto, o cognitivo. 7 ASPECTOS COGNITIVOS Para iniciarmos nossa reflexão sobre esse aspecto, nesse momento há uma consideração especial sobre a definição do conceito “aspecto cognitivo”. A relevância da compreensão do termo está na importância dada a ele nesse tópico, cuja problemática será abordada no decorrer de todo o texto. Aqui o aspecto cognitivo será compreendido com a capacidade de análise e esse está interligado ao desenvolvimento de memória. Conforme Dicionário Priberam da Língua Portuguesa “Cognitivo” significa (latim medieval cognitivus). adj. da cognição ou a ela relativo. cognição (latim cognitio, -onis, acção. ação de conhecer). s. f. função da inteligência ao adquirir um conhecimento”. Já Moreira e Masini apud Bock et al (2008, p. 117) escrevem que cognição é: o processo pelo qual o mundo de significados tem origem. À medida que o ser se situa no mundo, estabelece relações de significação, isto é, atribui significados à realidade em que se encontra. [...] o cognitivismo está, pois preocupado com o processo de compreensão, transformação, armazenamento e utilização das informações, no plano da cognição. (MOREIRA e MASINI apud BOCK, 2008, p. 117). É por meio dos processos e estruturas cognitivas que se elabora e torna efetiva a aprendizagem e essa será determinada parte pela carga genética e parte pela influência do meio. Bruno – Neto (2007, p. 160) escreve “que a inteligência é o produto da exploração de inúmeras informações visuais, táteis, auditivas, olfativas e gustativas processadas e armazenadas pelo cérebro”. AN02FREV001/REV 4.0 44 FIGURA 10 FONTE: Francesco (2012). Essas relações cognitivas (genética e meio) são extremamente complexas, Bruno-Neto et al (2007, p. 157) escreve que “esses dois fatores interagem mutuamente, influenciando-se reciprocamente [...] podemos dizer que a inteligência é 50% herdada e 50% adquirida do meio”. O autor escreve ainda que: Sugere-se que a inteligência deve ser influenciada pela experiência. E pode-se dizer que pessoas educadas em ambientes estimulantes maximizariam seu desenvolvimento intelectual, e as pessoas criadas em ambientes empobrecidos não atingiriam seu potencial intelectual. (BRUNO- NETO et al 2007, p. 161). São por esses motivos que devemos promover as crianças o máximo de oportunidades e experiências, para que elas possam maximizar seu desenvolvimento. “Nenhuma criança é igual à outra na velocidade do seu desenvolvimento cerebral, nem mesmo os gêmeos univitelinos. Com isso, em uma classe de alunos da mesma faixa etária, têm-se, na realidade, crianças em fases totalmente diversas” (BRUNO-NETO et al 2007, p. 163). Cabe a nós educadores descobrirmos qual é fase de desenvolvimento em que a criança se encontra e propormos atividades desafiadoras e estimulantes para que ela avance e progrida sempre. AN02FREV001/REV 4.0 45 Dentro dos aspectos cognitivos, outro elemento importante e que merece destaque é a memória, ela é primordial para que a aprendizagem se efetive. A memória envolve um complexo mecanismo que abrange o arquivo e a recuperação de experiências, portanto, está intimamente associada a aprendizagem, que é a habilidade de mudarmos o nosso comportamento por meio das experiências que foram armazenadas na memória; em outras palavras, a aprendizagem é a aquisição de novos conhecimentos e a memória é a retenção daqueles conhecimentos aprendidos. [...] representa a base de nosso conhecimento e está envolvida com nossa orientação no tempo e no espaço e nossas habilidades intelectuais e motoras. Assim, a aprendizagem e memória representam o suporte para todo o nosso conhecimento. (BRUNO-NETO et al (2007, p. 181 - plano de fundo: LUZ, 2012). A memória tem função primordial no nosso sistema psíquico e nos aspectos cognitivos, pois é por meio dela que a aprendizagem acontece, por esse motivo tem destaque dentro da psicomotricidade, é importante, pois faz com que organizamos nossas: habilidades e planejamento, fazendo-nos considerar o passado, nos situarmos no presente e prevermos o futuro, aliás, esta última, habilidade altamente complexa e ao que parece exclusiva dos seres humanos. (BRUNO-NETO et al 2007, p. 181). Bruno-Neto et al (2007, p. 182) nos apresenta as classificações da memória (de curto prazo – trabalho operacional); de longo prazo; de curto prazo; implícita (não declarativa); explícita (declarativa). Observe no quadro abaixo as referidas classificações AN02FREV001/REV 4.0 46 Memória (de curto prazo – trabalho operacional), Memória de longo prazo Memória de curto prazo Memória implícita (não declarativa) Memória explícita (declarativa) É uma memória muito rápida. Pode durar apenas segundos ou algumas horas, e é importante para proporcionar a continuidade do nosso sentido de presente. Pode ser classificada em explícita (declarativa) ou implícita (não declarativa), dura dias, semanas ou mesmo anos. É crucial tanto no momento da aquisição como no momento da evocação de toda e qualquer memória, declarativa ou não. Por meio dela armazenamos temporariamente informações que serão úteis apenas para o raciocínio imediato e a resolução de problemas, podendo ser esquecidas logo a seguir. É a memória para procedimentos e habilidades, aprendidos com repetição, ex. dirigir, jogar, nadar. [...] É a memória para fatos e eventos. [...] é mais fácil de formar, mas ela é facilmente esquecida, enquanto que a memória para a aprendizagem de habilidades (memória implícita) tende a requerer repetição e prática é mais duradoura. FONTE: Bruno-Neto et al (2007, p. 182) – Classificação da memória. Esses conhecimentos sobre as classificações da memória podem nos auxiliar na nossa prática pedagógica quando formos elaborar nosso plano de ensino. Nos últimos 20 anos a ciência evoluiu muito no estudo das funções cognitivas e cerebrais e temos que aproveitar esses estudos para melhorarmos nossa prática AN02FREV001/REV 4.0 47 educativa. Um exemplo dessa evolução são as pesquisas da neurociência (estudo científico do sistema nervoso). Assim com Piaget, Henri Wallon também descreve cinco estágios de desenvolvimento. Nas alternativas abaixo qual desses não corresponde aos estudos e escritos de Wallon sobre os estágios do desenvolvimento: Estágio das operações formais. Estágio do personalismo. Estágio categorial. Estágio sensório-motor e projetivo. Estágio impulsivo – emocional. Nesse módulo, apresentamos a vocês os aspectos físicos, afetivos e sociais e cognitivos, refletindo assim, sobre suas vinculações e proposições dentro do estudo da psicomotricidade. Agora caminharemos para o terceiro módulo, esse voltado para o desenvolvimento de atividades psicomotoras para a educação infantil.Até lá... FIM DO MÓDULO II
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