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O Código Nacional de Saúde e a Defesa do Consumidor

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O CÓDIGO NACIONAL DE SAÚDE E A SEGURANÇA DO CONSUMIDOR
Cristina Cavalcante Feitosa[1: Pós-graduanda em Vigilância Sanitária pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). ]
RESUMO
O Código Nacional de Saúde foi instituído através do Decreto n° 49.974-A/61, dispondo sobre Normas Gerais de Defesa e Proteção à Saúde a serem observadas em todo o território nacional por qualquer pessoa, física ou jurídica, de direito público ou privado, inclusive Estados, Territórios, Distrito Federal e Municípios, instituições civis ou militares, entidades autárquicas, paraestatais e privadas, de qualquer natureza. Organizado em 134 artigos, aborda normas de proteção, proteção e recuperação da saúde, incluindo temas como doenças transmissíveis e não-transmissíveis, acidentes pessoais, saneamento, higiene, assistência médico-social, formação técnica e profissional na área da saúde, serviços técnicos complementares e educação sanitária. No que tange especialmente a higiene da alimentação, são estabelecidos normas e procedimentos de controle sanitário dos alimentos de modo a garantir a segurança da produção de gêneros alimentícios e a proteção à saúde do consumidor. 
Palavras-chave: Código Nacional de Saúde, Segurança do Consumidor, Higiene da Alimentação. 
ABSTRACT
The National Health Code was established by Decree No. 49974-A / 61 on September 3, 1954, predicting General of the Defense and Protection Health Standards to be observed in the country by any person or entity, public or private, including States, Territories, Federal District and Municipalities, civil or military institutions, local government, parastatals and private entities, whatsoever. Organized into 134 articles, addresses protection regulations, protection and recovery of health, including issues such as communicable and non-transferable, personal accident, sanitation, hygiene, medical and social assistance, technical and vocational training in health care, complementary technical services and health education. Especially in terms of food hygiene are set standards and sanitary control procedures for food in order to ensure the safety of production and consumer health protection. 
Keywords: The National Health Code, Consumer Protection, Hygienic Food Production.
1 INTRODUÇÃO
O Código Nacional de Saúde é um instrumento legal que regulamenta normas gerais de defesa e proteção da saúde, devendo ser aplicadas em todo o território nacional, incluindo estados, territórios, distrito federal e municípios, a pessoas físicas ou jurídicas, instituições civis, militares entidades autárquicas, paraestatais e privadas, de qualquer natureza. 
É atribuída como dever do Estado, no Código Nacional de Saúde, bem como da família, a defesa e a proteção do indivíduo. Cabe ao Estado a adoção de medidas preventivas, de caráter geral, para defesa e proteção da saúde da coletividade e a prestação de assistência médica gratuita aos que não disponham de meios ou recursos para provê-la. Interessante notar as responsabilidades que são atribuídas também à família no diploma legal, devendo adotar as medidas preventivas recomendadas pelas autoridades sanitárias e garantir assistência médica aos seus integrantes quando doentes. 
Em linhas gerais, o Código é dividido em três eixos: proteção, promoção e recuperação da saúde. A proteção da saúde aborda as doenças transmissíveis e as medidas necessárias para impedir a sua disseminação, incluindo os casos de notificação compulsória; a competência do Ministério da Saúde no combate de doenças não transmissíveis de interesse coletivo e de acidentes pessoais; o saneamento como importante elemento de proteção da saúde individual e coletiva; a higiene da alimentação; a competência das autoridades sanitárias e as normas de direito internacional de proteção à saúde, seja em relação ao estabelecimento de acordos, convênios e tratados como aquelas relativas ao controle sanitário de estrangeiros. A promoção da saúde aborda a assistência médica permanente à maternidade, à infância, à adolescência, e os casos de psico-higiene e assistência psiquiátrica. A recuperação da saúde, por sua vez, as medidas para recuperação da saúde e reintegração social do indivíduo através dos órgãos competentes. Por fim, são estabelecidas normas referentes a: estatísticas em saúde, formação e atuação profissional, laboratórios, educação sanitárias e normas gerais sobre a matéria. 
No presente artigo abordaremos as normas de higiene de alimentação e outras normas esparsas no Código Nacional de Saúde que se constituem garantem a segurança do consumidor em termos saúde, sobre as quais passamos a expor. 
 
2 O CÓDIGO NACIONAL DE SAÚDE E A SEGURANÇA DO CONSUMIDOR 
A segurança do consumidor encontra-se devidamente prevista no Código Nacional de Saúde, principalmente no que se refere à higiene da alimentação e as normas de controle e fiscalização sanitária. 
É competência do Ministério da Saúde estabelecer padrões básicos para orientação dos problemas referentes à alimentação e à adequada execução das medidas ligadas ao controle sanitário dos alimentos, que promoverá a coordenação de todos os órgãos públicos, autárquicos, paraestatais e privados que exerçam, direta ou indiretamente, atribuições relacionadas com o problema alimentar, encarando-o em suas múltiplas relações com outras atividades correlatas.
As repartições sanitárias devem proceder a análise prévia de todos os produtos alimentícios, de procedência nacional ou estrangeira, e as matérias-primas que entrem em sua composição, bem como o registro de todo produto alimentício que tenha sofrido processo de preparação ou industrialização, para ser entregue ao consumo. 
A fiscalização a ser realizada por estas repartições estender-se-á a todos os locais onde sejam recebidos, depositados, preparados, expostos à venda ou ao consumo do público, gêneros alimentícios, incluindo os veículos destinados à distribuição e venda, os aparelhos, utensílios e recipientes utilizados no manejo dos mesmos. O Ministério da Saúde, através de órgão especializado, deve definir as taxas residuais de inseticidas e outros produtos utilizados na conservação dos produtos. 
O art. 60 do Código Nacional de Saúde estabelece competências exemplificativas da autoridade sanitárias federal, in verbis: 
a) autorizar e fiscalizar a instalação e o funcionamento de estabelecimentos que fabriquem produtos farmacêuticos, aparelhos de Raios X e substâncias radioativas;
b) autorizar e fiscalizar o plantio e a cultura de plantas entorpecentes de qualquer natureza, seja qual fôr sua finalidade; 
c) autorizar e fiscalizar a instalação e o funcionamento de estabelecimentos em que se exerça a indústria ou fabricação de entorpecentes, de qualquer natureza, inclusive os sintéticos, sua transformação, purificação e respectivo acondicionamento, exercendo contrôle rigoroso, permanente, através de autoridade sanitária fiscal, especialmente designada; 
d) licenciar e fiscalizar o comércio de entorpecentes e de suas preparações, conceder certificado e autorização para importação ou exportação, conferir e visar guias para retirada da Alfândega, bem como fiscalizar as requisições de compra e venda; 
e) licenciar e fiscalizar a produção, manipulação, acondicionamento e comércio de drogas, produtos químico-farmacêuticos, plantas medicinais, preparações oficinais, especialidades farmacêuticas, anitisséticos, desinfetantes, inseticidas, raticidas, produtos biológicos, dietéticos, de higiene, toucador e quaisquer outros que interessem a saúde pública; 
f) fiscalizar os dizeres dos rótulos, bulas e prospectos de quaisquer drogas, produtos ou preparações farmacêuticas, de especialidades farmacêuticas, antisséticos, desinfetantes, inseticidas, raticidas, produtos para uso odontológico, de higiene, toucador e outros congêneres, bem como os de propaganda qualquer que seja o meio de divulgação.
São fiscalizadas também as propagandas comerciais, visando impedir divulgação de quaisquer informações que não correspondam com a realidade ou sejamprejudiciais aos consumidores.
Todas essas medidas, previstas legalmente, visam garantir a segurança do consumidor na alimentação, evitando doenças não transmissíveis de contaminação ou intoxicação alimentar, resguardando a saúde da população. 
 
3 O CIDADÃO COMO CONSUMIDOR DE SERVIÇOS PÚBLICOS
Nos últimos anos, os paradigmas de eficácia gerencial vêm sendo cada vez mais aplicados à gestão pública: o cidadão como consumidor de serviços públicos, a qualidade total com redução de custos, o governo orientado por objetivos e a gestão descentralizada passam gradativamente a serem introduzidos na realidade nacional. 
O Estado tem o dever de superar as falhas da Administração Pública tradicional, mantida a muito custo pelos contribuintes. A ineficiência do Estado Fiscal burocrático, por múltiplas razões (apatia economia, sonegação) acaba gerando uma diminuição da receita fiscal e graves consequentes econômicos. 
Robert Dahl, em relação ao tema, afirma que:
A visão teórica da democracia é baseada no conceito de cidadão, que é como tal considerado aquele que participa de um sistema [...] uma concepção de homens como consumidores e produtores de bens e serviços. Em um país democrático, uma ordem econômica avançada será vista como um meio a serviço não só de consumidores, mas de seres humanos, a serviço de qualquer atividade para a qual essa ordem possa contribuir. 
Entre os objetivos da Administração Pública no Brasil, previstos na Constituição Federal, encontram-se o desenvolvimento econômico, a superação da pobreza, a promoção do bem comum e o atendimento das necessidades sociais.
No contexto de consecução dessas finalidades, o Código Nacional de Saúde emerge com um importante instrumento para garantia da saúde pública e para a prestação de serviços de qualidade voltados para a satisfação e segurança do cidadão como consumidor de serviços públicos, em que pese ainda destacar a importância da fiscalização das condições sanitárias de produção alimentar no país como indispensável elemento de prevenção da saúde. 
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DRUCKER, P.F Administrando para o futuro. Tradução de Nivaldo Montingelli Jr. São
Paulo: Pioneira, 1992
MARTINS, Carlos Estevam. O circuito do poder: democracia, participação, descentralização. São Paulo: Entrelinhas, 1994.
DAHL R. La democracia e i suoi Critici. Roma: Editora Riuniti, 1999. Disponível em: http://www00.unibg.it/dati/corsi/68030/44373-stoist1011lezione3democrazia.pdf. Acesso em 02 de setembro de 2015. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 16.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
BRASIL. Decreto n° 49.974-A/61 - Código Nacional de Saúde. Brasília, DF: Centro Gráfico, 1961.

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