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Farmácia 3° período Química Analítica qualitativa Professora: Anne Dayse 1. EQUILÍBRIO QUÍMICO Quando certas substâncias são colocadas para reagir, o que ocorre mais frequentemente é a reação não se completar. Na verdade, à medida que a reação vai ocorrendo as concentrações dos reagentes vão diminuindo até atingir um ponto em que permanecem constantes. Este estado em que as concentrações dos reagentes permanecem constantes é chamado de estado de equilíbrio. Considere que a seguinte reação: Onde A e B são os reagentes e C e D são os produtos da reação. Suponha que todas as espécies são solúveis no meio em que a reação é realizada. Agora, vamos imaginar uma experiência onde misturamos A e B num frasco. A concentração inicial de A é definida, dependente do número de mols de A e do volume do frasco. Com o tempo, a concentração de A diminui, a princípio rapidamente e depois mais vagarosamente para, finalmente, estabilizar-se, tornando-se constante. A concentração de B varia do mesmo modo, não sendo, porém necessário que tenha um valor inicial igual ao de A. As concentrações iniciais de C e D são iguais a zero. Com o tempo, C e D vão sendo formados e suas concentrações aumentam rapidamente a princípio e depois estabilizam-se. No tempo t, todas as concentrações se tornam essencialmente constantes (Figura 1). Após o estabelecimento do equilíbrio, a reação pode ser descrita como: A interpretação correta das concentrações aparentemente constantes dos reagentes e produtos após um dado tempo envolve o reconhecimento de que os produtos alcançam uma concentração onde sua velocidade de reação para tornar a formar as substâncias reagentes, em outras palavras, a reação inversa ocorre tão rapidamente quanto à reação direta: O resultado exato é que os produtos da reação direta (v1) são formados com a mesma velocidade com que eles desaparecem na reação inversa (v2). Esta situação é expressa matematicamente como: Uma vez estabelecido o estado de equilíbrio, este persiste indefinidamente, se não for perturbado (Figura 2). Quando uma reação química pode ocorrer em extensão apreciável tanto na direção direta quanto na direção inversa, diz-se que é uma reação reversível. Sendo assim, temos: 2. Lei da ação das massas O conceito que descreve o equilíbrio químico foi proposto por Cato Guldberg e Peter Waage em 1864. Guldberg e Waage observaram que a concentração molar dos reagentes e produtos em uma reação química em equilíbrio sempre obedecia a certa relação. Esta relação era característica para cada tipo de reação e dependente apenas da temperatura, a qual eles denominaram de constante de equilíbrio. Sendo assim, propuseram a lei da ação das massas para resumir suas conclusões, cujo enunciado é: Figura 2. O fator importante na determinação da velocidade ou taxa de uma reação química não é apenas a quantidade de reagente, mas sim a quantidade de reagente por unidade de volume (concentração). Para uma reação do tipo aA (g) + bB (g) ↔ cC (g) + dD (g) , podemos escrever o quociente da reação como: Onde Kc é a constante de equilíbrio expressa em concentrações molares. Na expressão acima os símbolos entre colchetes representam concentrações em mols por litro ou pressões parciais (atm) e os expoentes representam os coeficientes na reação. A constante Kc é chamada constante de equilíbrio, a qual é característica para uma reação e varia apenas com a temperatura. A condição de equilíbrio dada pela expressão acima é chamada lei do equilíbrio químico. As regras para escrever as constantes de equilíbrio são: 1º) As concentrações ou pressões parciais dos produtos são sempre colocadas no numerador; 2º) As concentrações ou pressões parciais são sempre colocadas no denominador; 3º) Expressar as concentrações dos gases como pressões parciais, P, e das espécies dissolvidas em concentrações molares, [ ]; 4º) As pressões parciais ou concentrações são elevadas às potências dos coeficientes estequiométricos da reação balanceada; 5º) Elimine os sólidos ou líquidos puros e qualquer solvente da expressão. O valor da constante de equilíbrio indica a extensão com que a reação química favorece os reagentes ou os produtos no equilíbrio químico. a) Valores elevados de K > 103: O equilíbrio favorece fortemente os produtos. b) Valores intermediários de K (entre 10-3 e 103): Os reagentes e produtos estão presentes no equilíbrio em quantidades iguais. c) Valores pequenos de K < 10-3: O equilíbrio favorece fortemente os reagentes. A Figura 3 exemplifica os diferentes valores da constante de equilíbrio, em relação às concentrações dos reagentes e dos produtos. Figura 3: Diferentes valores da constante de equilíbrio em relação às concentrações dos reagentes e dos produtos. EXEMPLO 1. Um químico misturou nitrogênio e hidrogênio e deixou-os reagir a 500 K até a mistura atingir o equilíbrio com o produto final, amônia. Quando analisou a mistura, encontrou 0,796 mol/L de NH3, 0,305 mol/L de N2 e 0,324 mol/L de H2 no equilíbrio, a 500 K. Qual é a constante de equilíbrio (Kc) para a reação? SOLUÇÃO: A equação química é mostrada abaixo. N2 + 3 H2 ↔ 2 NH3 Agora, substituindo as concentrações molares na expressão da constante de equilíbrio. Eleve cada concentração a uma potência igual a coeficiente estequiométrico da espécie na reação química. Sendo assim, temos: 3. O PRINCÍPIO DE LE CHATELIER O princípio de Le Châtelier, postulado por Henri Louis Le Châtelier (1850-1936), um químico industrial francês, estabelece que: 3.1. FATORES QUE INTERFEREM NO ESTADO DE EQUILÍBRIO DE UMA REAÇÃO QUÍMICA a) Efeito da concentração As variações nas concentrações as diversas espécies que intervém no equilíbrio químico pode alterá-lo. O princípio de Le Chatelier explica este fato considerando que, para um sistema em equilíbrio químico, a variação da concentração de um dos componentes constitui uma força. Por exemplo, se adicionamos H2(g) ao sistema em equilíbrio. Este tende a se ajustar de modo a anular o efeito do hidrogênio adicionado. Isto acontece quando o H2 se combina com o I2 para formar moléculas de HI, deslocando o equilíbrio para a direita no sentido dos produtos. Isto significa que a [HI] aumenta e a [I2] diminui. Por outro lado, se retiramos um dos componentes do sistema, por exemplo, H2 no sistema abaixo. O princípio de Le Chatelier prediz que o sistema se ajustará para fugir do efeito causado pela remoção de H2. Parte do HI se decompõe para formar H2, para substituir o que foi retirado. O efeito obtido é a diminuição da concentração de HI e o aumento da concentração de I2. O equilíbrio agora se desloca para a esquerda no sentido dos reagentes. b) Efeito da pressão As mudanças de pressão podem exercer considerável efeito sobre a posição de equilíbrio, ou quase nenhum efeito em absoluto. Por exemplo, um aumento na pressão de um sistema em que ocorre o seguinte equilíbrio: A reação se deslocará para o lado com menor número de mols de gás, a fim de atenuar a elevação da pressão. Por outro lado, se a pressão diminui, a reação se deslocará para o lado com maior número de mols de gás para ajudar a não reduzir a pressão. Quando a reação alcança o equilíbrio, um aumento da pressão faz com que a reação prossiga no sentido do N2O4, pois isso reduz os mols totais de gás presentes e, consequentemente, a pressão. c) Efeito da temperatura Se no sistema onde acontece uma reação eleva-se a temperatura, a reação se deslocará para o lado que absorvacalor (reação endotérmica). Por outro lado, se a temperatura diminui, a reação se deslocará para o lado que desprenda calor (reação exotérmica). Voltemos ao exemplo anterior. No sentido da esquerda para a direita, a reação é exotérmica, e no sentido contrário, é endotérmica, pois precisa romper uma ligação no dímero. Assim sendo, se T aumenta, a reação ocorrerá do produto ao reagente, e se T diminui, a reação ocorrerá no sentido contrário. Se a reação de esquerda para direita fosse endotérmica, dever-se-ia inverter a direção das setas. c) Ação de catalisadores O princípio de Le Chatelier ignora a presença do catalisador. O que acontece é que a velocidade de reação aumenta com a ação do catalisador porque ele abrevia o tempo necessário para que o sistema alcance o equilíbrio. Ele não modifica a posição de equilíbrio, pois tanto a reação direta como a inversa são catalisadas na mesma extensão, já que ele não sofre uma transformação permanente no curso da reação. O catalisador participa da reação formando substâncias intermediárias que reagem imediatamente fazendo com que ele seja regenerado. A Tabela 4.2 resume o efeito das perturbações sobre o equilíbrio. 4.3.2. RELAÇÃO ENTRE A CONSTANTE DE IONIZAÇÃO E A EXTENSÃO DE IONIZAÇÃO DE ELETRÓLITOS FRACOS O comportamento dos eletrólitos fracos é descrito pelo grau de dissociação (ou extensão de ionização). Vamos estudar agora como a extensão de ionização está relacionada com a sua constante de ionização. A extensão da ionização (ou grau de dissociação) é a fração do número total de mols do eletrólito fraco que se ioniza ou dissocia. É representada pela letra grega α e pode ser obtido a partir da equação abaixo. Consideremos como exemplo o ácido fraco CH3COOH. Seu equilíbrio de ionização é representado por: Aplicando a lei da ação das massas a este equilíbrio, temos: Onde Ka é a constante de equilíbrio do sistema e é conhecida como constante de ionização ácida ou dissociação do ácido fraco CH3COOH. Em uma solução C molar deste ácido, temos que: A partir da equação da reação podemos assumir que números iguais dos íons CH3COO - e H+ são produzidos. Então podemos escrever o seguinte: Quando as relações acima são substituídos nas expressão do Ka, obtemos: Para os valores de α < 0,1 ou Ka/C < 0,01, podemos considerar que (1 - α) ≅ 1. Sendo assim, podemos obter a seguinte equação aproximada: EXEMPLO 5. A extensão de ionização de um ácido HA numa solução 0,05 M é 5,8%. Qual é a extensão de ionização deste ácido numa solução 0,2 M? Logo, a extensão de ionização mais concentrada de HA é 2,9%.
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