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1 Infraestrutura de Vias Terrestres 05 - CURVAS HORIZONTAIS COM TRANSIÇÃO 2 - Introdução; - Tipos de Curva de Transição; - Características Geométrica da Espiral; - Parâmetros da Curva; - Comprimento de Transição; - Concordância da Curva de Transição; - Estacas dos Pontos Notáveis da Curva; - Desenho da Curva; CURVAS HORIZONTAIS COM TRANSIÇÃO 3 Introdução 4 Curvas Horizontais de Transição Introdução Ao passar um veículo de um alinhamento reto a uma curva circular, há uma variação instantânea do raio infinito da reta para o raio finito da curva circular, surgindo bruscamente uma força centrífuga que tende a desviar o veículo de sua trajetória. Para assegurar o conforto e a segurança nas curvas e reduzir os incômodos dessa variação brusca da aceleração centrífuga, intercala-se entre a tangente e a curva circular uma curva de transição, na qual o raio de curvatura passe gradativamente do valor infinito ao valor do raio da curva circular. Estas curvas de curvatura progressiva são chamadas de curvas de transição e são curvas cujo raio instantâneo varia em cada ponto, desde o valor Rc (na concordância com o trecho circular de raio Rc) até o valor infinito (na concordância com o trecho em tangente). 5 Curvas Horizontais de Transição Introdução Uma curva de transição exerce basicamente três funções: Proporciona um crescimento gradual da aceleração centrífuga que surge na passagem de um trecho reto para um trecho curvo. Constitui uma adequada extensão para efetuar o giro da pista até a posição superelevada em curva. Faz a transição gradual da trajetória do veículo em planta e conduz a um traçado fluente e visualmente satisfatório sob vários aspectos. 6 Curvas Horizontais de Transição Tipos Usuais de Curvas de Transição Em princípio, qualquer curva cujo raio instantâneo varie ponto a ponto poderá ser utilizada como transição. Entretanto, a experiência mostrou que algumas curvas especiais oferecem vantagens pela maior facilidade de cálculo ou porque atendem melhor às exigências técnicas de um bom traçado. As curvas mais utilizadas em projeto de rodovias são: 1. Clotóide ou espiral de Cornu, onde o raio instantâneo de curvatura (R) é inversamente proporcional ao desenvolvimento da curva (L). 2. Lemniscata de Bernouille, onde o raio instantâneo de curvatura (R) é inversamente proporcional ao raio vetor correspondente (p). 3. Parábola cúbica (y = k.x3). 7 Curvas Horizontais de Transição Tipos Usuais de Curvas de Transição De todas estas curvas, a mais amplamente utilizada é a espiral de Cornu. A clotóide, como também é chamada, foi estudada no ano de 1860 por Max Leber, e introduzida na prática da engenharia por L. Oerley, no ano de 1937. No Brasil é bastante difundido o uso de espirais como curvas de transição. Recomenda-se sempre o uso de espirais simétricas no cálculo de curvas horizontais com transição (Ls1 = Ls2 = Ls). O uso de espirais assimétricas (Ls1 ≠ Ls2) só é justificável em casos especiais. 8 Curvas Horizontais de Transição Tipos Usuais de Curvas de Transição Figura 1 – Curvas de raio variável 9 Curvas Horizontais de Transição Tipos Usuais de Curvas de Transição Considerando-se a maior conveniência técnica do uso da espiral, será tratado apenas esse tipo de curva. Para cada um dos pontos de uma clotóide, o produto do raio de curvatura R pelo seu comprimento desde a origem L, é igual a uma constante K2. A magnitude K é chamada parâmetro da clotóide. As clotóides de grandes parâmetros aumentam lentamente a sua curvatura e, por conseguinte, são aptas a serem percorridas com altas velocidades. Já as clotóides de pequenos parâmetros aumentam rapidamente sua curvatura, e por isso, as velocidades de percurso tendem a ser menores. 10 Curvas Horizontais de Transição Tipos Usuais de Curvas de Transição Figura 2 – Tipos de clotóides 11 Curvas Horizontais de Transição Tipos Usuais de Curvas de Transição Existem vários critérios diferentes visando orientar o estabelecimento do limite de emprego de curvas de transição. Para fins de projetos rodoviários convencionais, o DNER, atual DNIT, recomenda o critério associado à velocidade diretriz resumido pelos valores constantes da Tabela 1. Tabela 1 – Valores-limite dos raios R acima dos quais podem ser dispensadas curvas de transição 12 Curva Horizontal com Transição (simétrica) 13 Curvas Horizontais de Transição Curva Horizontal com Transição (simétrica) Figura 3 – Curva horizontal com espirais de transição simétricas 14 Curvas Horizontais de Transição Curva Horizontal com Transição (simétrica) Figura 3 – Curva horizontal com espirais de transição simétricas 15 Curvas Horizontais de Transição Curva Horizontal com Transição (simétrica) Figura 3 – Curva horizontal com espirais de transição simétricas 16 Curvas Horizontais de Transição Curva Horizontal com Transição (simétrica) Figura 3 – Curva horizontal com espirais de transição simétricas 17 Curvas Horizontais de Transição Curva Horizontal com Transição (simétrica) Figura 3 – Curva horizontal com espirais de transição simétricas 18 Curvas Horizontais de Transição Curva Horizontal com Transição (simétrica) Figura 3 – Curva horizontal com espirais de transição simétricas 19 Curvas Horizontais de Transição Curva Horizontal com Transição (simétrica) Figura 3 – Curva horizontal com espirais de transição simétricas 20 Curvas Horizontais de Transição Curva Horizontal com Transição (simétrica) Figura 3 – Curva horizontal com espirais de transição simétricas 21 Curvas Horizontais de Transição Curva Horizontal com Transição (simétrica) Figura 3 – Curva horizontal com espirais de transição simétricas 22 Curvas Horizontais de Transição Curva Horizontal com Transição (simétrica) 23 Cálculo dos Elementos da Espiral (método do raio conservado) 24 Curvas Horizontais de Transição Cálculo dos Elementos da Espiral (método do raio conservado) Por definição, a clotóide é uma curva tal que os raios de curvatura em qualquer um de seus pontos é inversamente proporcional aos desenvolvimentos de seus respectivos arcos. Chamando de L o comprimento do arco e R o raio de curvatura no extremo deste mesmo arco, a lei de curvatura da clotóide é expressa pela relação R.L = K2, onde K é o parâmetro da clotóide. No ponto SC (Figura 4) tem-se R = Rc e L = Ls. Sendo Ls o comprimento da transição (desenvolvimento entre os pontos TS e SC) e Rc o raio da curva circular, a equação da espiral é: sLcRKLR . 2. (1) 25 Curvas Horizontais de Transição Cálculo dos Elementos da Espiral (método do raio conservado) Figura 4 – Elementos da espiral 26 Curvas Horizontais de Transição Cálculo dos Elementos da Espiral (método do raio conservado) Da Figura 4, tem-se: c R s L s .2 ... 360.9 6 216 4 10 2 1. ssssLsX ... 600.75 7 320.1 5 42 3 3 . sssssLsY (2) (3) (4) Na prática, as equações para Xs e Ys podem ser reduzidas às equações (5) e (6), com suficiente precisão: 216 4 10 2 1. sssLsX 42 3 3 . sssLsY (5) (6) 27 Curvas Horizontais de Transição Cálculo dos Elementos da Espiral (método do raio conservado) Calculados Xs, Ys e θs, e considerando os elementos da Figura 5, pode-se obter as seguintes relações: Figura 5 – Elementosda espiral de transição 28 Curvas Horizontais de Transição Cálculo dos Elementos da Espiral (método do raio conservado) Aplicando procedimentos matemáticos, obtém-se as equações para cálculo da abscissa do centro O’ (k) e do afastamento da curva circular (p): s.senθcRsXk )sθ.(cRsYp cos1 2 tan).( pcRkTT cR p c R E 2 cos (9) (10) (11) Da equação (7), resulta a equação para o cálculo da tangente total: Da equação (8), resulta a equação para cálculo da distância do PI ao ponto médio da curva circular (E): (12) 29 Curvas Horizontais de Transição Cálculo dos Elementos da Espiral (método do raio conservado) As estacas dos pontos notáveis da curva são calculadas pelas equações: ][)()( sLTSESCE ][)()( TTPIETSE ][)()( DSCECSE ][)()( sLCSESTE (13) (14) (15) (16) Para o cálculo do desenvolvimento da curva circular (D), a equação é a seguinte (para espirais simétricas): .cRD s .2 (17) (18) 30 Curvas Horizontais de Transição Cálculo dos Elementos da Espiral (método do raio conservado) Na equação (18), D e Rc são dados em metros e ϕ em radianos. Para ϕ em graus, a equação é a seguinte: 180 .. c R D (19) O valor de D necessariamente deverá ser positivo. Quando forem escolhidos valores de Ls muito grandes, pode acontecer 2.θs > Δ, isto é, D < 0. Nesse caso, os valores de Ls devem ser diminuídos de forma que se tenha sempre D ≥ 0. 31 Comprimento Mínimo de Transição (Critério dinâmico) 32 Curvas Horizontais de Transição Comprimento Mínimo de Transição (Critério dinâmico) Como visto anteriormente, ao passar um veículo de um alinhamento reto a uma curva circular, há uma variação instantânea do raio infinito da reta para o raio finito da curva circular, surgindo bruscamente uma força centrífuga que tende a desviar o veículo de sua trajetória. Para minimizar este inconveniente, além de se usar uma curva de transição, seu comprimento deve ser adequado para que o efeito da força centrífuga apareça de maneira gradual. O valor mínimo para Ls é descrito pela seguinte equação: c R V sL 3 .036,0 min (20) 33 Curvas Horizontais de Transição Comprimento Mínimo de Transição (Critério dinâmico) Sempre que possível devem ser adotados para Ls valores maiores que o mínimo calculado pela equação (20), de preferência (Lsmin + Lsmax)/2 ou 3.Lsmin , menor valor, desde que estes valores sejam menores que Lsmax. 34 Curvas Horizontais de Transição Comprimento Mínimo de Transição (Critério dinâmico) Pelo critério de tempo de percurso na transição, o comprimento mínimo da transição corresponde à distância percorrida pelo veículo à velocidade diretriz, durante 2 segundos. Logo, o comprimento mínimo de transição de acordo com esse critério é dado pela equação (23), com V em km/h e Lsmin em metros: VsL .556,0 min (21) 35 Comprimento Máximo de Transição 36 Curvas Horizontais de Transição Comprimento Máximo de Transição Corresponde a um valor nulo para o desenvolvimento do trecho circular (D = 0), ou seja, as espirais se encontram. Então: . max cRsL Sendo Lsmax e Rc em metros, Δ em radianos. Para Δ em graus, a equação é: 180 .. max c R sL (23) (22) 37 Exemplos 38 Exemplos Exemplo 1: Calcular as coordenadas (x,y) dos pontos TS, SC, CS e ST em relação ao sistema de eixos da figura a seguir. Solução: );( 1 );( 1 );( 1 );( 1 pcRkST sYpcRsXkCS pcRsYksXSC pcRkTS );( 2 );( 2 );( 2 );( 2 pcRLkST pcRsYLksXCS sYpcRLksXSC pcRLkTS 39 Exemplos Exemplo 2: Numa curva de uma rodovia, tem-se os seguintes elementos: V = 80 km/h, Δ = 35°, Rc = 500 m e E(PI) = 228 + 17,00.m. Determinar Lsmin, Lsmax, θs, Xs, Ys, ϕ, D, k, p, TT, E, E(TS), E(SC), E(CS), E(ST). Solução: min .3 m 120 Adotando 43,305 180 .35.500 180 .. max 86,36 500 380 .036,0 3 .036,0 min LsLs mc R Ls m c R V Ls rads ss sLsY ss sLsX cR sL 370867,012,0.2 180 .35.2 m 80,4 42 312,0 3 12,0.120 42 3 3 . m 83,119 216 412,0 10 212,01.120 216 4 10 2 1. rad 1200,0 500.2 120 .2s 40 Exemplos Exemplo 2: Numa curva de uma rodovia, tem-se os seguintes elementos: V = 80 km/h, Δ = 35°, Rc = 500 m e E(PI) = 228 + 17,00.m. Determinar Lsmin, Lsmax, θs, Xs, Ys, ϕ, D, k, p, TT, E, E(TS), E(SC), E(CS), E(ST). Solução: 4,43 239 0,00) 6(4,43) 233(][)()( 4,43 233 5,43) 9(19,00) 223(][)()( 19,00 223 0,00) 6(19,00) 217(][)()( 19,00 217 18,00) 10()00,17 228(][)()( m 52,25500 2 35 cos 20,1500 2 cos m 00,218 2 35tan).20,1500(98,59 2 tan).( m 20,1)]rad 12,0cos(1.[50080,4)cos1.( m 98,59)rad 12,0(.50083,119. m 5,43 est 9m 43,185)rad 370867,0.(500. sLCSESTE DSCECSE sLTSESCE TTPIETSE cR p c R E pcRkTT scRsYp senssencRsXk cRD 41 Exemplos Exemplo 2: Numa curva de uma rodovia, tem-se os seguintes elementos: V = 80 km/h, Δ = 35°, Rc = 500 m e E(PI) = 228 + 17,00.m. Determinar Lsmin, Lsmax, θs, Xs, Ys, ϕ, D, k, p, TT, E, E(TS), E(SC), E(CS), E(ST). Solução: 42 Bibliografia ANTAS, P.M. Estradas: Projeto Geométrico e de Terraplanagem. Editora Interciência, Rio de Janeiro, 2010. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES – DNIT. Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais. 1ª ed. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Rodoviárias. 195p. 1999. DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES – DNIT. Manual de Projeto Geométrico de Travessias Urbanas. Rio de Janeiro, 2010. 392p. (IPR. Publ., 740). FILHO, G.P. Estradas de Rodagem - Projeto Geométrico. São Carlos: GP Engenharia, 1998. Lee, Shu Han. Apostila de Projeto Geométrico de Estradas. UFSC, Engenharia Civil, 2000. Disponível em: <http://pet.ecv.ufsc.br/arquivos/apoio-didatico/ECV5115%20- %20Apostila%20de%20Estradas.pdf>. Pereira, D.M.; Ratton E.; Blasi, G.F.; Pereira M.A.; Filho, K.W. Apostila de Projeto Geométrico de Rodovias. UFPR, Departamento de Transportes, 2013. Disponível em: <http://www.dtt.ufpr.br/InfraEstrutura/Arquivos/APOSTILA_ProjetoGeometrico_2013.pdf>. SENÇO, W. Manual de Técnicas de Pavimentação. Vol 1. Editora PINI, 2007. SENÇO, W. Manual de Técnicas de Pavimentação. Vol 2. Editora PINI, 2007. SILVA, T O.; Notas de Aula. UFSJ: Curso de Engenharia Civil 2012.
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