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Aula 07 - Administração Pública

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CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU 
PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS 
 
Aula 07 
 
 
 
 
Olá, Pessoal! 
 
Está é nossa sétima e penúltima aula do curso. Estamos chegando perto do fim. Espero 
que até agora esteja tudo de acordo com as expectativas de vocês, até mesmo as 
superando. Nesta aula veremos os seguintes itens dos editais: 
 
 
TCU: 4. Convergências e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada. 
O paradigma do cliente na gestão pública. 
 
 
6. Governo eletrônico. Transparência da administração pública. Controle 
social e cidadania. Accountability. 
 
 
10. Administração de pessoal. Noções de SIAPE. 
 
 
11. Administração de compras e materiais: processos de compras 
governamentais e gerência de materiais e estoques. Noções de SIASG. 
 
CGU: 10. Accountability. 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
 
 
 
1 Convergências e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada ........................... 2 
 
2 Paradigma do Cliente na Administração Pública ............................................................ 14 
 
3 Governo Eletrônico ......................................................................................................... 15 
 
4 Controle Social ............................................................................................................... 25 
 
5 Accountability.................................................................................................................. 38 
 
6 Administração de Pessoal .............................................................................................. 40 
 
7 Noções de SIAPE ........................................................................................................... 48 
 
8 Administração de Compras e Materiais .......................................................................... 50 
 
9 Processos de Compras Governamentais ....................................................................... 57 
 
10 Noções de SIASG......................................................................................................... 64 
 
11 Questões Comentadas ................................................................................................. 66 
 
 
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CURSO ON-LINE – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA P/ TCU E CGU 
PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS 
 
12 Lista das Questões ....................................................................................................... 94 
 
13 Gabarito ...................................................................................................................... 105 
 
14 Leitura Sugerida ......................................................................................................... 106 
 
15 Bibliografia .................................................................................................................. 106 
 
 
 
 
 
1 Convergências e diferenças entre a gestão pública e a 
gestão privada 
 
Quando falamos das semelhanças e diferenças entre a gestão pública e a gestão privada, 
podemos citar inúmeras características que aproximam ou distanciam estes dois tipos de 
gestão. As questões, então, abordam uma gama enorme de aspectos. Podemos dizer que 
praticamente toda a matéria que estamos estudando pode ser cobrada de forma a se 
comparar a administração pública com a privada. Vou tentar ver aqui os pontos mais 
importantes. 
 
Vamos começar retomando um pouco da Aula 04. Vimos que empreendedor não é a 
mesma coisa que empresário. Na visão de Osborne e Gaebler, empreendedor é aquele 
que emprega recursos de novas formas, para maximizar a produtividade e a eficiência. 
Assim, quando os autores defendem um governo empreendedor, não estão dizendo que o 
Estado deve ser administrado como uma empresa. Eles afirmam que: 
 
O governo é uma instituição fundamentalmente diferente da empresa. 
Os empresários são movidos pela busca do lucro; as autoridades 
governamentais se orientam pelo desejo de serem reeleitas. As 
empresas recebem dos clientes a maior parte dos seus recursos; os 
governos são custeados pelos contribuintes. As empresas normalmente 
trabalham em regime de competição; os governos usam habitualmente o 
sistema do monopólio. 
 
Aqui já podemos enumerar algumas diferenças entre a gestão pública e a gestão privada. 
A primeira delas é a motivação daqueles que definem as diretrizes. 
 
 
 
ƒ A motivação das autoridades públicas é a reeleição, dos empresários é o 
lucro. 
 
 
Contudo, quando comparamos a motivação da Administração Pública como figura 
abstrata, a que tem por dever gerir a res pública, com as empresas, temos entender que a 
motivação não é a reeleição: 
 
 
 
ƒ Enquanto as empresas se motivam pelo lucro, a gestão pública tem como 
motivação a consecução do interesse público. 
 
 
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PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS 
 
Isto faz com que os “investimentos” da gestão pública sigam uma lógica diferente da 
gestão privada, inclusive no que se refere ao risco. 
 
Outra diferença entre a gestão pública e a privada citada pelos autores é que: 
 
 
 
ƒ As empresas recebem seus recursos dos clientes, enquanto o governo recebe 
por meio de impostos. 
 
 
Assim, enquanto nas empresas os clientes têm a possibilidade de se retirarem no 
momento que quiserem, os contribuintes continuam pagando impostos mesmo que 
insatisfeitos. Vimos algo parecido na aula 04, que os governos são pouco orientados 
pelos seus “clientes”, enquanto as empresas focam suas energias em tentar satisfazê-los. 
Vimos na aula passada a Gestão da Qualidade Total. Uma das suas maiores inovações 
foi a mudança no conceito de qualidade, que deixou de ser a conformidade com o projeto, 
o produto sem defeitos, para ser considerada como aquilo que o cliente enxerga no 
produto, se ele fica satisfeito ou não. Assim, um produto sem defeitos não significa que 
será um produto de qualidade. 
 
A razão pela qual os órgãos públicos não são orientados pelos “clientes” está justamente 
no fato de não receberem seus recursos diretamente dos clientes, mas sim do Executivo 
e do Legislativo. A conseqüência é que os gestores públicos se preocupam em agradar 
mais a estes entes do que aos seus verdadeiros clientes, a população. Soma-se a isso o 
fato de não haver alternativas a que a sociedade possa recorrer quando estiver 
insatisfeita com determinado serviço. Se alguém não gostar do serviço do DETRAN, não 
há nenhum outro órgão ou empresa que emite carteiras de motoristas. Esta é outra 
diferença colocada pelos autores: 
 
 
 
ƒ As empresas normalmente trabalham em regime de competição; os governos 
usam habitualmente o sistema do monopólio. 
 
 
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado também traça algumas diferenças 
entre a administração gerencial e a administração de empresas: 
 
A administração pública gerencial inspira-se na administração de 
empresas, mas não pode ser confundida com esta última. Enquanto a 
receita das empresas depende dos pagamentos que os clientes fazem 
livremente na compra de seus produtos e serviços, a receita do Estado 
deriva de impostos, ou seja, de contribuições obrigatórias, sem 
contrapartida direta. Enquanto o mercado controla a administração das 
empresas, a sociedade - por meio de políticos eleitos - controla a 
administração pública. Enquanto a administração de empresas está 
voltada para o lucro privado, para a maximização dos interesses dos 
acionistas, esperando-se que, através do mercado, o interesse coletivo 
seja atendido, a administração pública gerencial está explícitae 
diretamente voltada para o interesse público. 
 
A primeira diferença a que o PDRAE se refere é a mesma que vimos acima: as empresas 
recebem seus recursos dos clientes e os governos dos impostos. A terceira diferença 
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PROFESSOR: RAFAEL ENCINAS 
 
também já foi vista, que é o fato de a motivação das empresas ser o lucro e da 
administração pública o interesse público. Há uma diferença que não foi falada antes: 
 
 
 
ƒ O controle das empresas é feito pelo mercado; o da administração pública é 
feito pela sociedade mediante políticos eleitos; 
 
 
Podemos dizer até que o controle da administração pública não passa necessariamente 
pelos políticos. O controle social é uma das bandeiras da administração gerencial. 
Atualmente existem diversos instrumentos que permitem que a sociedade realize o 
controle social da administração pública, como os conselhos gestores, as ações judiciais 
como a ação popular e o mandado de segurança coletivo, as ouvidorias, etc. 
 
Esta necessidade de controle implica em outra diferença, que é o rigor com que se devem 
tratar questões como a transparência na administração pública. A administração privada, 
fora as sociedades anônimas e outros tipos de sociedades que devem obedecer a regras 
de governança corporativa, não precisar motivar nem divulgar que medidas adota para 
atingir seus objetivos. Veremos melhor esta questão da transparência abaixo, no princípio 
da publicidade. Os princípios constitucionais da administração pública, assim como outros 
princípios administrativos, são bastante cobrados quando falamos em diferenças entre a 
gestão pública e a gestão privada, já que eles determinam limites para a atuação dos 
gestores públicos. Veremos agora estes princípios. 
 
 
 
 
Princípios Administrativos 
 
Princípios administrativos são os valores, as diretrizes, os mandamentos mais gerais que 
orientam a elaboração das leis administrativas, direcionam a atuação da Administração 
Pública e condicionam a validade de todos os atos por ela praticados. 
 
Segundo a CF/88: 
 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos 
Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: 
 
Temos aqui os cinco princípios constitucionais da Administração Pública, o famoso 
LIMPE: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. O princípio da 
eficiência não estava na redação original do art. 37, ele foi incluído pela Emenda 
Constitucional 19/98, a que resultou do Plano Diretor. 
 
 
 
 
Princípio da Legalidade 
Segundo o princípio da legalidade, a Administração só pode fazer o que a lei permite. 
Este conceito diverge da aplicação do princípio da legalidade na relação entre particulares 
(princípio da autonomia das vontades), que podem fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, 
segundo o inciso II do art. 5º da CF: 
 
 
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II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei; 
 
Aqui temos uma das diferenças mais importantes da gestão pública para a gestão 
privada. Segundo Hely Lopes Meireles: 
 
A eficácia de toda atividade administrativa está condicionada ao 
atendimento da lei. Na Administração Pública não há liberdade nem 
vontade pessoal. Enquanto na administração particular é lícito fazer tudo 
que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o 
que a lei autoriza. 
 
Assim, para os administrados, o princípio da legalidade possui uma conotação negativa, 
já que os particulares são autorizados desempenhar todos os comportamentos para os 
quais não exista expressa proibição em lei. No caso da Administração Pública, o princípio 
tem uma conotação positiva, pois a ausência de norma proibitiva não é suficiente para 
que determinados comportamentos possam ser exercidos, é preciso que haja uma lei que 
a autorize a agir (nas competências discricionárias) ou que determine que o faça (nas 
competências vinculadas). 
 
Toda ação administrativa apresenta-se como exercício de um poder atribuído previamente 
pela lei e por ela é construído e delimitado. O que legitima a ação administrativa é retirar 
seu fundamento de uma lei anterior. O pessoal do Direito gosta muito dos termos em 
latim. Michel Stassinopoulos afirma que: 
 
A lei não é apenas o limite do ato administrativo, mas a sua condição e a 
sua base. Em um Estado de Direito, a Administração não se encontra 
apenas impossibilitada de agir contra legem ou praeter legem, mas é 
obrigada a agir sempre secundum legem. 
 
O que ele quis dizer é que não basta que a atividade administrativa não seja contra a lei 
(contra legem) ou além da lei (praeter legem), é preciso que ela seja segundo a lei 
(secundum legem). 
 
Vimos acima que pode haver competências discricionárias. É praticamente impossível 
que a lei atinja todos os vários aspectos de uma atividade administrativa. Quando ela faz 
isso, dizemos que o poder da Administração é vinculado, porque a lei não deixa opções. A 
lei estabelece que, diante de determinados requisitos, a Administração deve agir de tal ou 
qual forma. Nos casos em que a lei não atinge todos os aspectos da atuação 
administrativa, quando ela deixa certa margem de liberdade de decisão para autoridade 
no caso concreto, dizemos que o poder da Administração é discricionário. Diante de uma 
situação, a Administração poderá optar por uma dentre várias soluções possíveis, todas 
válidas perante o direito. 
 
José dos Santos Carvalho Filho, o poder discricionário como 
 
A prerrogativa concedida aos agentes administrativos de eleger, entre 
várias condutas possíveis, a que traduz maior conveniência e 
oportunidade para o interesse público. 
 
Quando falamos em conveniência e oportunidade, estamos nos referindo onde que é 
possível a discricionariedade. A discricionariedade pode ainda residir no conteúdo do ato. 
Um primeiro aspecto ao qual concerne a discricionariedade é o momento da prática do 
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ato. Se a lei nada estabelece, a Administração escolhe o momento que lhe pareça mais 
adequado para atingir a consecução de determinado fim. Aqui temos a oportunidade. 
 
A discricionariedade ainda pode dizer respeito a uma escolha entre o agir e o não agir. 
Quando há uma ilícito administrativo, a Administração atua de forma vinculada, é obrigada 
a agir, a apurar o ilícito. No entanto, depois de realizada a licitação, a Administração pode 
ou não celebrar o contrato, ou revogar a licitação, segundo razões de interesse público 
devidamente demonstradas. Aqui temos a discricionariedade sob a forma da 
conveniência. 
 
Com relação ao conteúdo, ou objeto, o ato será vinculado quando a lei estabelecer 
apenas um objeto possível para atingir determinado fim. Por exemplo, quando a lei prevê 
uma única penalidade possível para punir uma infração. Será discricionário quando 
houver vários objetos possíveis. É o que ocorre quando a lei diz que, para uma 
determinada infração, a Administração pode punir com as penas de suspensão ou multa. 
Nos casos de discricionariedade, o Judiciário não pode atuar sobre o mérito, ou seja, 
sobre o tripé visto acima: conveniência, oportunidade e conteúdo. No entanto, o Judiciário 
poderá fazer o controle da discricionariedade, é aqui que entram osprincípios da 
razoabilidade e da proporcionalidade. 
 
O princípio da razoabilidade aplica-se na aferição da legitimidade de atos discricionários, 
em especial daqueles que estabelecem limitações ou condicionamentos ao exercício de 
direitos ou atividades individuais, impõem obrigações ou aplicam sanções. Ele acabou 
dividido em três subprincípios: a adequação, a necessidade e a proporcionalidade em 
sentido estrito. 
 
A adequação traduz uma exigência de compatibilidade entre o fim pretendido pela norma 
e os meios por ela enunciados para sua consecução. A necessidade diz respeito ao fato 
de a medida restritiva de direitos ser indispensável à preservação do próprio direito por 
ela restringido ou a outro em igual ou superior patamar de importância, isto é, o ato que 
restringe direito só deve ser edita se for indispensável. Por último, o subprincípio da 
proporcionalidade em sentido estrito diz respeito à valoração entre o direito que está 
sendo protegido em comparação com o que está sendo restringido. O juízo de 
proporcionalidade permite um equilíbrio entre o fim almejado e o meio empregado, ou 
seja, o resultado obtido com a intervenção na esfera de direitos do particular deve ser 
proporcional à carga coativa da mesma. 
 
Vamos ver um exemplo. Para acabar com os congestionamentos em uma via, a prefeitura 
decide alarga-la. Mas, para isso, terá que utilizar parte dos terrenos que estão ao longo da 
via, desapropriando-os. O ato será adequado se está medida for realmente a melhor 
solução para o trânsito, se ela realmente vai reduzir os congestionamentos. Talvez a 
solução fosse retirar os semáforos. O ato é necessário se há realmente 
congestionamentos e isso prejudica a qualidade de vida da população. Por fim, será 
proporcional se a parcela dos terrenos não exceder ao necessário. Assim, se uma 
desapropriação de um metro é suficiente, será desproporcional uma desapropriação de 
três metros. 
 
 
 
 
 
 
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Princípio da Impessoalidade 
O princípio da impessoalidade é outro que gera diferenças entre a gestão pública e a 
gestão privada. Duas dessas diferenças mais importantes estão diretamente relacionadas 
com a agilidade e flexibilidade da gestão: o concurso público e as licitações. 
 
Este princípio pode ser entendido em três sentidos: finalidade, isonomia e promoção 
pessoal. 
 
Pelo primeiro sentido, o princípio da impessoalidade relaciona-se com a finalidade 
pública. Toda a atividade administrativa deve ser desenvolvida sempre visando à 
finalidade pública, o interesse público. Assim, quando os juízes viajam para um 
Congresso na Costa do Sauípe com diárias pagas pela Administração, tal viagem tem 
como objetivo aprimorar o conhecimento dos magistrados, e não proporcionar férias 
pagas. 
 
Pelo segundo sentido, a Administração deve tratar isonomicamente todos os 
administrados. Aqui que entra o concurso e a licitação. A administração deve proporcionar 
as mesmas condições e oportunidades para aqueles que desejem ter algum tipo de 
relação com ela. Nem sempre se deve considerar que todos são iguais. A equidade prevê 
tratamento igual para os iguais e desigual para os desiguais. Estudaremos ela na próxima 
aula. E isso não fere o princípio da isonomia. A CF/88 afirma que: 
 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
Contudo, quando ela diz que “todos são iguais perante a lei”, não está dizendo que não 
poderá haver tratamentos diferenciados. Aqui a Constituição quer dizer que a lei não será 
aplicada de forma diferenciada, que, na sua aplicação, não haverá tratamento desigual. É 
o universalismo de procedimentos. Mas a própria Constituição prevê tratamento desigual 
em determinados casos, como na aposentadoria para homens e mulheres, vantagens 
para as microempresas, entre outros. O princípio da igualdade é entendido aqui como 
equidade: significa tratar os iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual. 
 
O terceiro sentido do princípio da impessoalidade está relacionado com a publicidade dos 
atos administrativos, sendo vedada a promoção pessoal dos agentes públicos em relação 
a atos da administração, como determina o §1º do art. 37 da CF: 
 
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas 
dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de 
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou 
imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou 
servidores públicos. 
 
Os atos e provimentos da administração são imputáveis não ao funcionário que os 
pratica, mas ao órgão ou entidade da Administração Pública. Uma aplicação prática disso 
ocorre quando se reconhece validade aos atos praticados por funcionário irregularmente 
investido no cargo ou função, sob o fundamento de que os atos são do órgão e não do 
agente público. 
 
 
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Princípio da Moralidade 
A administração deve saber decidir não somente entre o bem e o mal, entre o legal e o 
ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o conveniente, mas também entre o honesto e o 
desonesto. 
 
Muitos autores consideram que a imoralidade se reduz a uma das hipóteses de 
ilegalidade, uma ilegalidade quanto aos fins, já que a moralidade se desenvolveu ligada a 
idéia de desvio de poder. No entanto, não podemos considerar que imoralidade e 
ilegalidade sejam a mesma coisa. Um ato pode ser legal e ao mesmo tempo imoral. Um 
exemplo é o caso do prefeito em fim de mandato que congela o IPTU com o objetivo de 
prejudicar financeiramente a próxima administração. Apesar de legal, esta atitude fere o 
princípio da moralidade. 
 
O princípio da moralidade também possui três aspectos. No primeiro, o servidor público 
deve atuar de forma ética. Ele não pode, por exemplo, fornecer informações incompletas 
para os administrados, levando-os a se equivocar perante uma situação com a 
Administração. 
 
No segundo, cria-se para o agente a obrigação de não limitar sua atuação a uma mera 
aplicação formal da lei, mas respeitando os valores que a norteiam. Assim, o agente 
público deve agir não só dentro da lei, mas também de forma a efetivar os valores nela 
consagrados. 
 
Por fim, no terceiro sentido, a moralidade relaciona-se com os costumes administrativos. 
O princípio vincula a validade da conduta administrativa à observância dos costumes 
administrativos, ou seja, das regras que surgem informalmente no quotidiano 
administrativo, a partir da adoção reiterada de determinadas condutas pela administração. 
Assim, segundo a doutrina, mesmo que determinada conduta da Administração vá contra 
a lei, se ela for praticada de forma repetida e constante, passa a se tornar um direito do 
administrado. 
 
O princípio deve ser observado não apenas pelo administrador, mas também pelo 
particular que se relaciona com a Administração, como nas licitações, quando ocorrem 
conluios entre licitantes. 
 
 
 
 
Princípio da Publicidade 
Esse princípio exige a ampla divulgação dos atos praticados pela Administração Pública, 
ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas em lei. Os atos administrativos devem ser 
divulgados para o público. A publicidade não é elemento formativo do ato administrativo, 
portanto nãodetermina sua validade, mas é requisito de eficácia e moralidade. 
 
A partir deste princípio exige-se da Administração Pública que preste contas de todos os 
seus atos, contratos e procedimentos. Deve manter plena transparência de seus 
comportamentos, exceto nas hipóteses em que o impedir o interesse público, nos casos 
extremos de segurança nacional ou em situações em que a divulgação prévia possa 
eliminar a viabilização de medidas justificáveis. 
 
 
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A CF/88 traz este princípio em alguns dispositivos, além do caput do art. 37. 
 
CF, art. 37, § 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e 
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, 
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, 
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de 
autoridades ou servidores públicos. 
 
Art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais 
quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; 
 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o 
sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; 
 
A publicação não é obrigatória para todos os atos administrativos, somente para os aos 
gerais de efeitos externos. Ato geral é o que tem destinatários indeterminados, ou seja, o 
ato não visa gerar efeitos sobre apenas uma pessoa determinada ou um grupo de 
pessoas específico. Que gera efeitos externos é o ato que tem por destinatários os 
administrados. Existem atos não-gerais e não-externos que também devem ser 
publicados, como a nomeação de vocês como analisas do STJ. 
 
Podemos ver, portanto, que o princípio da publicidade está intimamente ligado com a 
transparência. A gestão da coisa pública não é atividade sigilosa, que deve ser feita às 
ocultas. Ao contrário, é atividade que a todos interessa. Logo, ao administrado deve ser 
propiciado o conhecimento dos atos produzidos pela Administração, sendo de seu próprio 
interesse individual, sejam de interesse geral, coletivo. 
 
 
 
 
Princípio da Eficiência 
O princípio da eficiência não estava na redação original do art. 37, ele foi incluído pela 
Emenda Constitucional 19/98, a que resultou do Plano Diretor. Hely Lopes Meireles fala 
na eficiência como um dos deveres da Administração Pública, definindo-o como: 
 
O que se impõe a todo agente público de realizar suas atribuições com 
presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio 
da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada 
apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço 
público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e 
de seus membros. 
 
O princípio da eficiência pode ser considerado em dois sentidos diversos: pode ser 
considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o 
melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; e 
em relação ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública, 
também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do 
serviço público. 
 
No primeiro sentido, o princípio impõe aos agentes públicos uma atuação célere e 
tecnicamente adequada, sempre objetivando um melhor desempenho das suas 
atribuições. As principais aplicações do princípio são: a avaliação especial de 
desempenho do servidor ocupante de cargo efetivo, requisito para a aquisição da 
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estabilidade; a avaliação periódica de desempenho, nova hipótese de perda do cargo 
para o servidor estável; e o concurso público, procedimento de adoção obrigatória para o 
preenchimento de cargos efetivos e empregos públicos. 
 
Ainda num terceiro possível sentido, o princípio da eficiência consagra o princípio da 
economicidade, impondo à Administração uma atuação sob uma adequada relação 
custo/benefício, visando sempre à obtenção de um máximo de benefícios com um mínimo 
de despesas. Com o menor gasto possível os melhores resultados possíveis, tanto em 
termos quantitativos como qualitativos. 
 
Vamos ver uma questão do CESPE. 
 
 
 
1. (CESPE/AGU/2004) A transparência e a desburocratização são, 
entre outras, obrigações do Estado decorrentes do princípio da 
eficiência. 
 
 
 
Esta questão foi dada como CERTE. Neste concurso o CESPE fez algo que deveria fazer 
em todos os demais: explicou não só porque alterou ou anulou questões, mas também 
porque manteve o gabarito de algumas que foram alvo de recursos. A justificativa para a 
manutenção deste gabarito foi: 
 
As características citadas na assertiva são do princípio da eficiência, 
apontadas por Alexandre de Moraes, Direito Constitucional, 15.ed. São 
Paulo: Atlas, 2004, pp. 321-322. O fato de a transparência ser também 
característica do princípio da publicidade não invalida a veracidade da 
assertiva, como também a existência de outras características do 
princípio da eficiência não a invalida, uma vez que esta traz a expressão 
“entre outras”. 
 
Segundo Alexandre de Moraes, o princípio da eficiência 
 
é aquele que impõe à Administração Pública direta e indireta e a seus 
agentes a persecução do bem comum, por meio do exercício de suas 
competências de forma imparcial, neutra, transparente, participativa, 
eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualidade, primando pela 
adoção dos critérios legais e morais necessários para a melhor utilização 
possível dos recursos públicos, de maneira a evitar-se desperdícios e 
garantir-se uma maior rentabilidade social. 
 
Portanto, devemos entender que a transparência é decorrência também do princípio da 
eficiência. Isso deveria ser estendido então a tudo que o Alexandre de Moraes falou em 
relação ao princípio da eficiência: imparcial, neutra, participativa, eficaz, sem burocracia e 
sempre em busca da qualidade. Mas nem sempre é assim. Vejamos a próxima questão: 
 
 
 
2. (CESPE/MPE-AM/2007) Fere o princípio da eficiência a atitude 
praticada pelo prefeito de uma cidade do interior que, com o 
objetivo de valorizar sua propriedade, abre processo de licitação 
 
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para asfaltar a estrada que liga a cidade à sua fazenda. 
 
 
 
Esta questão foi dada como ERRADA. Contudo, se formos seguir a lógica do Alexandre 
de Moraes, esta atitude seria sim contrária ao princípio da eficiência, já que não é 
imparcial. 
 
Para Paulo Modesto: 
 
Eficiência, para fins jurídicos, não é apenas o razoável ou correto 
aproveitamento dos recursos e meios disponíveis em função dos fins 
prezados. A eficiência, para os administradores, é um simples problema 
de otimização de meios; para o jurista, diz respeito tanto à otimização 
dos meios quanto à qualidade do agir final. 
 
Outro ponto importante é que o princípio da eficiência não pode sobrepor-se aos demais, 
especialmente ao da legalidade, sob pena de sérios riscos à segurança jurídica e ao 
próprio Estado de Direito. Dessa forma, não se pode identificar a eficiência como algo fora 
da legalidade, mas sim como uma nova versão, que enfatiza o elemento discricionário, 
conferindo ao administrador a utilização de critérios subjetivos de apreciação baseados 
em conveniência e oportunidade. Modesto acredita que o princípio da eficiência pode ser 
percebido como componente da própria legalidade, percebida sob ângulomaterial e não 
formal. 
 
 
 
 
Princípio da Supremacia do Interesse Público sobre o Privado 
Este é um princípio implícito, que não é objeto de qualquer norma expressa de caráter 
geral (ele atualmente é citado no art. 2º da Lei 9.784/99, aplicável na esfera federal). A 
própria razão de existir da Administração é a busca dos interesses públicos, e para 
cumprir a contento sua missão é necessário assegurar que esses interesses, porque 
pertinentes a toda a coletividade, prevaleçam sobre os interesses privados de seus 
membros. É o princípio que distingue o Direito Administrativo dos demais ramos, no 
disciplinamento das relações jurídicas. 
 
É justamente essa a essência do princípio: a Administração atua voltada aos interesses 
da coletividade, aos interesses mais básicos e relevantes do corpo social. Logo, deve 
gozar de superioridade perante os administrados, como medida indispensável para 
assegurar a prevalência desses interesses, os interesses públicos, sobre os interesses 
privados dos membros da coletividade. Tais considerações fazem com que nossa 
doutrina amplamente majoritária este princípio como o princípio fundamental do regime 
jurídico-administrativo. 
 
Este princípio serve de fundamento para todas as prerrogativas administrativas, os 
poderes conferidos por lei à Administração que lhe asseguram uma posição de 
superioridade perante o administrado, quando e enquanto age na busca do interesse 
público. Entre as principais prerrogativas administrativas, podemos citar: 
 
ƒ Os atributos dos atos administrativos, a exemplo da presunção de 
legitimidade e veracidade, da auto-executoriedade e da imperatividade; 
ƒ As cláusulas exorbitantes dos contratos administrativos, a exemplo dos 
 
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poderes de alteração unilateral do contrato e de rescisão unilateral do 
contrato; 
ƒ As diversas formas de intervenção do Estado na propriedade privada, dentre 
as quais podemos citar a desapropriação, a servidão administrativa, o 
tombamento, a requisição administrativa, a ocupação temporária e as 
limitações administrativas. 
 
 
 
Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público 
Para Celso Antonio Bandeira de Mello, este é um dos dois princípios basilares do Direito 
Administrativo, juntamente com a Supremacia do Interesse Público. Enquanto este 
princípio está ligado às prerrogativas da Administração que fazem com que ela seja 
preponderante numa relação com os administrados, o princípio da indisponibilidade do 
interesse público está ligado às sujeições da Administração. É mais um princípio implícito. A 
Administração tem o dever de defender o interesse público. Não é uma faculdade sua 
escolher se irá praticar um ato ou não que tenha como objetivo a satisfação do interesse 
público. O que nós denominamos como poderes da Administração (hierárquico, de 
polícia, etc.) são na realidade poderes-deveres. Sempre que a finalidade, o interesse 
público previsto em lei o requerer, são eles de utilização obrigatória para o agente. 
 
Esta é a aplicação mais importante do princípio da indisponibilidade do interesse público: 
sempre que a ordem jurídica confere a um agente público um poder, o faz tendo em vista 
dada finalidade; presente esta, tal poder é de exercício obrigatório para o agente. As 
questões, além de poder-dever, chamam isto de caráter instrumental dos poderes 
administrativos e aspecto dúplice dos poderes administrativos. 
 
A segunda aplicação deste princípio é a indisponibilidade dos bens públicos. Qualquer 
aplicação dos recursos financeiros, qualquer utilização dos bens públicos, deve-se voltar 
para o interesse previsto em lei. Destinação contrária à lei, desvirtuada de qualquer 
interesse legítimo, caracteriza ato ilícito. 
 
O princípio é a justificativa para todas as sujeições administrativas, as limitações e 
restrições impostas por lei à Administração com o intuito de evitar que ela atue de forma 
lesiva aos interesses públicos ou de modo ofensivo aos direitos fundamentais dos 
administrados. Sempre que estivermos perante uma regra imposta à Administração e que 
limita seu comportamento, comparativamente ao dos particulares, estaremos perante uma 
sujeição administrativa, a qual tem seu fundamento o princípio da indisponibilidade do 
interesse público. Exemplos de sujeições é a necessidade de concurso público para 
contratação de pessoal, as licitações, entre outros. 
 
Uma quarta interpretação do princípio é o impedimento imposto à Administração de 
transferir aos particulares os direitos relacionados aos interesses públicos que a lei lhe 
encarregou de defender (Bandeira de Mello inclusive trata a matéria como um princípio à 
parte, o princípio da inalienabilidade dos direitos concernentes a interesses públicos). 
 
A inalienabilidade dos bens públicos, enquanto utilizados para a satisfação de certo 
interesse coletivo, também pode aqui ser lembrada. 
 
 
 
 
Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos 
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Denominado também de princípio da permanência, defende que o serviço público não 
pode ser interrompido, já que está ligado à dignidade da pessoa humana. Os serviços 
públicos têm um caráter de indispensabilidade, de essencialidade à vida em sociedade. 
Deste modo, sua prestação, em regra, não pode ser paralisada. 
 
Em importante posicionamento, O Superior Tribunal de Justiça admite a suspensão do 
serviço, por inadimplemento, mesmo em se tratando de pessoas políticas. Entende a 
Corte que a inadimplência do ente público autoriza o delegatário a paralisar a prestação 
até a regularização dos pagamentos, ressalvadas as atividades essenciais que poderão 
sofrer dano irreparável com a medida. 
 
Por este princípio entende-se que o serviço público, sendo a forma pela qual o Estado 
desempenha funções essenciais ou necessárias à coletividade, não pode parar. Dele 
decorrem conseqüências importantes. 
 
A primeira delas é a proibição de greve nos serviços públicos. Apesar de a CF de 88 
conceder o direito a greve aos servidores públicos, ela o condiciona a legislação 
específica, ou seja, é uma norma de eficácia contida: 
 
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos 
em lei específica 
 
A segunda delas é a impossibilidade de quem contrata com a administração de invocar a 
exceptio non adimpleti nos contratos que tenham por objeto a execução de serviço 
público. Assim, O princípio da continuidade dos serviços públicos também abrange os 
particulares que prestam serviços públicos mediante vínculo contratual, os 
concessionários e permissionários de serviços público, os quais, ao lado dos 
autorizatários, compõem o grupo dos delegatários de serviços públicos. A fim de fazer 
valer o princípio da continuidade, a lei não lhes confere a possibilidade de paralisarem a 
prestação do serviço delegado em virtude de eventual inadimplemento da Administração, 
sendo tal impedimento a eles imposto denominado inoponibilidade da exceção do 
contrato não cumprido. 
 
Aos particulares que firmam os demais tipos de contratos administrativos é facultada, 
após um atraso de mais de 90 dias dos pagamentos devidos pela Administração (salvo 
em caso de guerra, comoção interna ou calamidade pública), a possibilidade de decidirem 
pela suspensão do cumprimento das obrigações pactuadas. Num contrato para 
construção de uma obra pública, por exemplo, a construçãopode ter seu curso 
interrompido pelo particular contratado, até a regularização dos pagamentos atrasados 
pela Administração. No caso dos prestadores de serviços públicos a disciplina nesta 
situação é diferente: o inadimplemento da Administração, por si só, não lhes autoriza 
suspender o desempenho de suas atividades, o que só podem fazer por decisão judicial 
transitada em julgado reconhecendo a falta da Administração. 
 
Também é aplicação do princípio o instituto da reversão, pelo qual, uma vez extinto o 
contrato de concessão ou permissão de serviços públicos, os bens diretamente utilizados 
na prestação do serviço passam para o patrimônio público, mediante o pagamento de 
justa indenização aos seus proprietários. Também se pode citar a prerrogativa que possui 
a Administração de ocupar os bens, pessoal, instalações e equipamentos dos 
concessionários e permissionários de serviços públicos, durante o prazo de vigência do 
contrato, quando tal medida for necessária para se assegurar a continuidade da prestação 
 
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do serviço. 
 
A regra geral é a impossibilidade da suspensão do serviço. A Lei, todavia, admite a 
paralisação em três hipóteses que elenca, sem que reste configurada violação ao 
requisito da continuidade. Tais hipóteses constam do § 3º do art. 6º, e são as seguintes: 
 
ƒ Em situações de emergência, independentemente de aviso-prévio (a 
imprevisibilidade da situação impede esta medida); 
ƒ Devido a razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, após 
aviso-prévio ao usuário; 
ƒ Em função do inadimplemento do usuário, também após aviso prévio. 
 
 
 
 
 
 
2 Paradigma do Cliente na Administração Pública 
Vimos na aula demonstrativa que o paradigma pós-burocrático evoluiu através de três 
momentos: o managerialism, o consumerism e o public service orientation. Vamos rever a 
tabela que traz as principais características dos três modelos: 
 
 
 
Managerialism Consumerism Public Service Orientation (PSO) 
 
Economia / eficiência - 
produtividade Efetividade / qualidade Accountability / eqüidade 
Contribuintes Clientes / consumidores Cidadãos 
 
 
 
O managerialism, ou gerencialismo puro, se preocupava apenas com a produtividade e 
eficiência da administração pública por meio da redução de custos. O consumerism 
agregou a idéia de que a administração pública deve se voltar para as necessidades de 
seu cliente. A qualidade deve ser entendida como a satisfação do cliente e não como 
conformidade com as regras. 
 
A administração pública voltada para o cidadão-usuário tem origem ainda nos anos 80. 
Em 1987, a OCDE publica um documento, intitulado “Administration as Service, the Public 
as Client”, que traz alguns princípios gerais dessa nova administração. Segundo esse 
documento, os clientes devem saber como a administração funciona, o que a constrange, 
como é controlada e quem são os responsáveis. Além disso, a administração deve 
possibilitar a participação dos clientes, satisfazer suas necessidades e ser, ao máximo, 
acessível ao público. 
 
O paradigma do cliente na administração pública surge, portanto, dentro da evolução da 
administração gerencial. A administração burocrática era auto-referida, ou seja, não 
olhava para fora da organização para saber qual eram as reais necessidades das 
pessoas. Havia a desconfiança tanto em relação aos servidores quanto em relação 
àqueles que lhe traziam demandas. A administração gerencial tenta mudar esta 
perspectiva, incorporando a visão do cliente à noção de qualidade no serviço público. É a 
partir daí que se aprimoram os processos de participação na administração pública, o 
Estado precisa fornecer meios para que as pessoas se comuniquem com os órgãos 
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públicos e participem das decisões. 
 
Na fase mais recente, o entendimento de que o usuário do serviço deve ser visto como 
cliente-consumidor perdeu força, principalmente porque a idéia de consumidor poderia 
levar a um atendimento melhor para alguns e pior para outros, num universo em que 
todos têm os mesmos direitos. É possível perceber isso quando levamos em 
consideração que clientes melhores organizados e estruturados teriam mais poder para 
pleitear mais ou melhores serviços, culminando em prejuízo para os menos estruturados. 
Por isso, nesta abordagem é preferível o uso do conceito de cidadão, que ao invés de 
buscar a sua satisfação, estaria voltado para a consecução do bem-comum. Com isso, o 
que se busca é a eqüidade, ou seja, o tratamento igual a todos os que se encontram em 
situações equivalentes. 
 
O Public Service Orientation tem como uma de suas idéias-chave a conjugação entre a 
accountability e o binômio justiça/equidade. Ele veio agregar os valores relacionados à 
transparência e à participação, entendendo que a administração não lida somente com 
clientes, mas principalmente com cidadãos. 
 
Vamos dar uma olhada em uma questão do CESPE: 
 
 
 
3. (CESPE/SEGER/2007) Na análise do paradigma do cliente na 
gestão pública, é de grande relevância a distinção que cada 
sociedade estabelece entre bens públicos e privados. Aos bens 
considerados públicos, deve-se aplicar o princípio da não- 
exclusão, segundo o qual o consumo é efetuado individualmente, 
e não, coletivamente. 
 
 
 
A questão é ERRADA porque o princípio da não-exclusão defende que o consumo é feito 
coletivamente e não individualmente. Os bens públicos são caracterizados pela não 
rivalidade ou indivisibilidade e pela não exclusão no seu consumo, o que indica que o 
consumo de um bem público é realizado por toda a população e o consumo de um 
indivíduo não exclui o consumo dos demais indivíduos da sociedade. Além disso o seu 
consumo não pode ser realizado em partes, por exemplo a Segurança, um bem público 
clássico, não pode ser feita apenas para um indivíduo especificamente. 
 
Esta característica dos bens públicos reforça a noção de que o Estado lida com cidadãos 
e não com clientes. Esta é a principal diferença entre os bens públicos e os bens de 
mercado, pois o mercado trabalha exatamente com a exclusão, o consumo de um 
indivíduo exclui automaticamente o consumo de outro indivíduo, como por exemplo 
quando existe em uma loja apenas um determinado produto e existem do outro lado dois 
consumidores, um deles com certeza será excluído. 
 
 
 
 
 
3 Governo Eletrônico 
O Governo Eletrônico caracteriza-se pela utilização de tecnologias de informação e 
comunicação para melhorar a gestão da informação na administração pública e aprimorar 
os serviços oferecidos aos cidadãos, aumentando a eficiência e a eficácia da gestão 
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pública além de incrementar substantivamente a transparência do setor público e a 
transparência do cidadão nas suas relações com o Estado. 
 
O termo governo eletrônico tem foco no uso das novas tecnologias de informação e 
comunicação aplicadas a um amplo arco das funções de governo e, em especial, deste 
para com a sociedade. Em termos gerais pode-se pensar nas seguintes relações 
sustentadas pelo governo eletrônico: 
 
ƒ relação governo-negócio; 
ƒ relação governo-cidadão; 
ƒ relação governo-governo. 
 
 
No primeiro tipo, a tecnologia da informação é utilizada como um instrumento de 
racionalização e otimização das relações do governo com seusfornecedores, por meio de 
sistemas como o Pregão Eletrônico, o Sistema de Cadastramento Unificado de 
Fornecedores, etc. 
 
Na relação governo-cidadão, o principal objetivo é o desenvolvimento da cidadania, por 
meio da universalização de serviços públicos, promoção da transparência, abertura de 
canais de comunicação para sugestões e reclamações, etc. 
 
Na última relação, a tecnologia da informação é usada como uma forma de maior 
coordenação e integração entre os órgãos governamentais, os três Poderes e os demais 
níveis da federação. 
 
Em conjunto, o governo eletrônico além de promover essas relações em tempo real e de 
forma efetiva, seria ainda, potencializador de boas práticas de governança e catalisador 
de uma mudança profunda nas estruturas de governo, proporcionando mais efetividade, 
transparência e desenvolvimento, além do provimento democrático de informações para 
decisão. 
 
Para o Banco Mundial, e-gov refere-se ao uso, por agências governamentais, de 
tecnologias de informação (como redes de longa distância, Internet e computação móvel) 
capazes de transformar as relações com o cidadão, empresas e outras unidades de 
governo. 
 
De acordo com o National Audit Office (NAO), entidade de fiscalização superior 
equivalente ao TCU no Reino Unido, governo eletrônico significa prover acesso público 
via Internet a informações sobre os serviços oferecidos pelos departamentos centrais do 
governo e suas agências, habilitando o público à condução e conclusão de transações 
para tais serviços. 
 
A Organização das Nações Unidas (ONU) define e-gov como a utilização da Internet e da 
web para ofertar informações e serviços governamentais aos cidadãos. 
 
 
 
 
Do Governo Eletrônico para a Governança Conectada 
 
Em 2008, a ONU lançou uma pesquisa sobre governo eletrônico intitulada: “UN e- 
Government Survey: From E-Government to Connected Governance”. 
 
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Segundo o estudo, os avanços das Tecnologias da Informação e Comunicação 
possibilitaram uma nova racionalização no setor público. O governo eletrônico estaria 
possibilitando não só que o Estado forneça serviços públicos, assim como uma maior 
eficiência, transparência e accountability, além de reduzir custos na administração 
pública. 
 
Muitos governos teriam iniciado suas atividades de governo eletrônico como um foco na 
prestação de serviços e informações para os cidadãos, mas as plataformas de prestação 
de serviços permaneceram separadas nos órgãos individualmente. No entanto, a 
sociedade tem exigido cada vez mais que haja uma integração entre os diversos sistemas 
governamentais. 
 
Os governos estão passando a ver o governo eletrônico como um conceito amplo, que 
foca na prestação de serviços na linha de frente, suportada pela integração, consolidação 
e inovação nos processos de retaguarda, com o objetivo de atingir a maior redução de 
custos possível e aprimoramento da entrega de serviços. 
 
Não basta se concentrar na melhor prestação de sérvios na linha de frente, é preciso 
também usar a tecnologia para reduzir custos e aumentar a eficiência dos processos de 
retaguarda. Um governo eletrônico efetivo será aquele maior e melhor na linha de frente e 
menor e mais racional na retaguarda. 
 
Ganhou espaço, então, a concepção de “todo o governo”, que defende o trabalho 
conjunto de todos os órgãos trabalhando com objetivos comuns e trabalhando de forma 
conjunta, além de conjugar uma melhor prestação de serviços com a racionalização dos 
processos internos. Muda-se do paradigma da “prestação de serviços” para a “prestação 
de serviços com valor”. Surge daí o conceito de Governança Conectada, que busca, por 
meio da promoção de ações coletivas, o envolvimento de toda a sociedade, 
desenvolvendo a cooperação entre agências governamentais e permitindo uma maior 
participação e engajamento dos cidadãos. 
 
 
 
 
Governo Eletrônico no Brasil: 
 
No Brasil, o marco inicial do processo de inserção do governo nas discussões acerca do 
uso das tecnologias da informação e comunicação foi a criação do programa “Sociedade 
da Informação”, em dezembro de 1999, com o objetivo de “viabilizar a nova geração da 
Internet e suas aplicações em benefício da Sociedade Brasileira”. 
 
Com tal esforço, em setembro de 2000, o Governo brasileiro produziu, dentre outros 
documentos, o chamado “Livro Verde”, que identificou o conjunto das ações estabelecidas 
para impulsionar a Sociedade da Informação no Brasil, contemplando ampliação do 
acesso à Internet, meios de conectividade, formação de recursos humanos, incentivo à 
pesquisa e ao crescimento, comércio eletrônico e desenvolvimento de novas aplicações. No 
ano 2000 o Governo Brasileiro lançou as bases para a criação de uma sociedade 
digital ao criar um Grupo de Trabalho Interministerial com a finalidade de examinar e 
propor políticas, diretrizes e normas relacionadas com as novas formas eletrônicas de 
interação. 
 
Em julho de 2000, o GTTI propôs uma nova política de interação eletrônica do Governo 
 
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com a sociedade apresentando um relatório preliminar GTTI-Consolidado contendo um 
diagnóstico da situação da infra-estrutura e serviços do Governo Federal, as aplicações 
existentes e desejadas e a situação da legislação de interação eletrônica. 
 
Em outubro de 2000 foi criado o Comitê Executivo de Governo Eletrônico, o que pode ser 
considerado um dos grandes marcos do compromisso do Conselho de Governo em prol 
da evolução da prestação de serviços e informações ao cidadão. A gestão do governo 
eletrônico brasileiro é da atribuição do CEGE, presidido pelo Chefe da Casa Civil da 
Presidência da República. 
 
No Brasil, a política de governo eletrônico segue um conjunto de diretrizes que atuam em 
três frentes fundamentais: junto ao cidadão; na melhoria da sua própria gestão interna; e 
na integração com parceiros e fornecedores. Podemos observar que são as trÊs relações 
de que falamos acima. 
 
 
 
 
I . Papéis do Governo: 
 
O governo eletrônico deve ser tratado como instrumento de transformação profunda da 
sociedade brasileira, o que obriga a levar em conta os múltiplos papéis do governo federal 
neste processo: 
 
 
 
 
a) Promotor da cidadania e do desenvolvimento: 
 
Isto significa que o governo eletrônico deve orientar-se para as demandas dos cidadãos 
enquanto indivíduos e também, para promover o acesso e a consolidação dos direitos da 
cidadania especialmente o direito: 
 
ƒ ao acesso aos serviços públicos; 
ƒ à informação; 
ƒ ao usufruto do próprio tempo pelo cidadão (economia de tempo e 
deslocamentos); 
ƒ a ser ouvido pelo governo; 
ƒ ao controle social das ações dos agentes públicos; 
ƒ à participação política. 
ƒ à inclusão digital. 
 
 
 
b) Instrumento de mudança das organizações públicas: 
 
Busca-se a melhoria do atendimento ao cidadão e de racionalização do uso de recursos 
públicos, além de aumentar a transparência da informação, permitindo que o governo 
eletrônico construa capacidades coletivas de controle social e participação política. 
 
Não se trata somente de colocar mais serviços disponíveis na Internet, mas de fazer com 
que a sua presença na Internet beneficie o conjunto dos cidadãos e promova o efetivo 
acesso ao direito aos serviços públicos. 
 
O governo eletrônico deve promover um deslocamento em direção à apropriação dos 
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recursos de relacionamento entre governo e sociedade pelas organizações da sociedade 
civil, de forma a garantir que o governo eletrônico construa capacidades coletivas de 
controle social e participação política. 
 
 
 
 
c) Promover a disseminação da tecnologia de informação e comunicação: 
 
O governo eletrônico deve contribuir para o desenvolvimento do país. Não basta que o 
governo funcione como “exemplo indutor para a sociedade na utilização de documentos 
eletrônicos e novas aplicações de suporte aos processos de trabalho”, numa perspectiva 
voluntarista e na qual o governo federal renuncia a um papel mais ativo na sociedade. 
Sua intervenção deve ir além do exemplo. 
 
O desenho da política de governo eletrônico e das políticas correlacionadas deve abrir 
espaços para a promoção ativa do desenvolvimento nacional pelo campo da geração de 
demanda de produtos e serviços e da articulação de iniciativas de fomento e 
financiamento. Cabe à política de governo eletrônico eliminar a dependência de um 
número restrito de fornecedores de bens, serviços e licenças de software, estimular a 
promover o desenvolvimento de software e de novas tecnologias computacionais por 
entidades de pesquisa e empresas nacionais e fomentar a adoção de instrumentos de 
governo eletrônico pelos outros níveis de governo. 
 
Espera-se, com isto, que possam emergir novas empresas nacionais, novas tecnologias e 
ambientes colaborativos de desenvolvimento que preparem a superação do paradigma do 
software proprietário de maneira a reduzir as fragilidades brasileiras nos embates 
internacionais em torno da propriedade intelectual. 
 
 
 
 
d) Promover práticas de Gestão do Conhecimento na administração pública: 
 
A Gestão do Conhecimento é o conjunto de processos sistematizados, articulados e 
intencionais, que governam as ações de criação, captação, armazenamento, tratamento, 
disseminação e utilização de conhecimentos, com o propósito de atingir objetivos 
institucionais. 
 
Essa inovadora visão de trabalho no setor público, no âmbito do Governo Eletrônico, 
constitui nova capacidade de articulação do processo decisório, de gestão das suas 
políticas estratégicas e de inclusão de um novo produtor de conhecimento geralmente 
esquecido: a sociedade e suas organizações. Além disso, os modelos e práticas da 
gestão do conhecimento são iniciativas essenciais para integração das três esferas de 
governo. 
 
 
 
 
II . Princípios: 
 
O governo eletrônico está sendo implementado segundo sete princípios, que são 
adotados como referência geral para estruturar as estratégias de intervenção, adotadas 
como orientações para todas as ações de governo eletrônico, gestão do conhecimento e 
gestão da TI no governo federal. São elas: 
 
 
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a) Promoção da cidadania como prioridade; 
 
A política de governo eletrônico do governo brasileiro abandona a visão que vinha sendo 
adotada, que apresentava o cidadão-usuário antes de tudo como “cliente” dos serviços 
públicos, em uma perspectiva de provisão de inspiração neoliberal. O deslocamento não é 
somente semântico. Significa que o governo eletrônico tem como referência os direitos 
coletivos e uma visão de cidadania que não se restringe à somatória dos direitos dos 
indivíduos. Assim, forçosamente incorpora a promoção da participação e do controle 
social e a indissociabilidade entre a prestação de serviços e sua afirmação como direito 
dos indivíduos e da sociedade. 
 
 
 
1. O governo eletrônico deve promover a universalização do acesso aos 
serviços públicos em termos de cobertura e equanimidade da qualidade 
oferecida: 
 
ƒ O provimento de serviços deve priorizar os serviços básicos de interesse 
dos cidadãos que cubram amplas parcelas da população; 
 
ƒ Os sítios e serviços on-line do Governo Federal devem priorizar a prestação 
de serviços para as classes C, D, E, sem detrimento da qualidade dos 
demais serviços já disponíveis na Internet. 
 
ƒ Os sítios e serviços on-line do Governo Federal devem utilizar tecnologias 
inclusivas e não excludentes e oferecer garantia de acesso universal, 
abrangendo portadores de necessidades especiais, cidadãos de baixa 
escolaridade e usuários de diversas plataformas 
 
 
 
2. Os sítios e serviços on-line do Governo Federal devem ser estruturados de 
acordo com os assuntos de interesse e perfil do público-alvo: 
 
ƒ acesso e a utilização de portais pelos seus usuários devem se dar de forma 
flexível, o que significa que diferentes dispositivos podem permitir o 
acesso (computadores pessoais, computadores de mão, telefones 
celulares); 
 
ƒ o governo eletrônico deve promover a centralização e simplificação do 
acesso. Assim, os portais governamentais devem conter acesso não 
somente a serviços e informações providos pelo órgão ou nível de 
governo, mas também por outras instâncias estatais. 
 
 
 
3. Os serviços on-line devem ser oferecidos com base nos “eventos da vida” do 
cidadão: 
 
ƒ Os portais governamentais devem ser estruturados predominantemente 
pelas demandas dos indivíduos e eventos da linha da vida”, ou seja, 
devem oferecer acesso a serviços e informações correspondentes a 
demandas pré-estabelecidas e vinculadas a eventos da vida dos cidadãos 
 
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e cidadãs e organizações. Para tanto, devem ser organizados por 
agrupamentos lógicos de informação e aplicações destinados a atender 
categorias de necessidades dos usuários, em substituição ao critério 
departamental. 
 
 
 
4. Tornar disponível a informação pública de maneira largamente acessível e 
compreensível: 
 
ƒ Os sítios e serviços on-line devem ser estruturados de forma a promover a 
transparência das ações governamentais; 
 
ƒ Os recursos de governo eletrônico devem oferecer novas formas de 
organizar e apresentar a informação de maneira a facilitar o controle social 
das ações de governo; 
 
ƒ Deve-se buscar quebrar monopólios de informação, tanto no interior da 
administração pública como no conjunto da sociedade, de maneira a 
ampliar e democratizar a circulação de informações. 
 
 
 
5. Fazer uso da Internet como um canal de comunicação entre governo e 
sociedade, permitindo a participação popular e a interatividade com os 
cidadãos: 
 
ƒ O governo eletrônico deve ter entre seus objetivos fortalecer processos 
participativos, o que significa que deve incorporar recursos de 
interatividade que estimulem a participação ativa da sociedade. 
 
ƒ Não somente pela via da inclusão digital, mas também pelo fornecimento de 
conteúdos relevantes, o governo eletrônico deve contribuir para ampliar a 
capacidade de participação das organizações da sociedade civil nas 
políticas públicas. 
 
 
 
6. Os sítios e serviços online devem ter assegurado a qualidade e confiabilidade 
do seu conteúdo, o que significa que: 
 
ƒ O governo deve estabelecer padrões públicos de qualidade para os serviços 
de governo eletrônico, no formato de “cartas de serviço” do governo 
eletrônico. As cartas de serviço são um tipo de documento público que 
estabelece compromissos entre governo, trabalhadores e cidadãos- 
usuários quanto aos direitos dos cidadãos, às características e qualidade 
dos serviços, os mecanismos de monitoramento e os canais de sugestões 
e reclamações.ƒ Os padrões de qualidade dos serviços oferecidos através do governo 
eletrônico devem dar conta de um mínimo de compromissos, como: 
tempos de resposta, nível de satisfação, condições de prestação do 
serviço, responsabilidades e direito a recurso. 
 
 
 
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7. Articulação do governo eletrônico com o desenvolvimento e a inclusão social: 
 
ƒ Além do acesso aos serviços públicos, o governo eletrônico também deve 
promover a inclusão social por meio da articulação com iniciativas de 
promoção do desenvolvimento de maneira includente e desconcentradora 
de riqueza, com atenção às oportunidades de criação de novas 
oportunidades, à articulação com a política industrial, a geração de 
empregos e iniciativas de apoio às empresas nacionais. 
 
 
 
b) Indissociabilidade entre inclusão digital e o governo eletrônico; 
 
A Inclusão digital deve ser tratada como um elemento constituinte da política de governo 
eletrônico, para que esta possa configurar-se como política universal. Esta visão funda-se 
no entendimento da inclusão digital como direito de cidadania e, portanto, objeto de 
políticas públicas para sua promoção. 
 
 
 
 
1. Segmentação de públicos: 
 
ƒ Escolas e crianças são públicos prioritários e indispensáveis, mas não 
exclusivos; 
 
ƒ As iniciativas devem enfocar o público como sujeito do processo, não 
apenas destinatário de serviços; 
 
ƒ A segmentação de públicos não pode impedir que as iniciativas garantam 
acessibilidade universal. Poderão ser desenhados programas para 
públicos específicos, sem levar a constituição de “guetos” e a alimentação 
de exclusão e discriminação pela política de inclusão digital. 
 
 
 
2. Utilização de software livre 
 
ƒ As iniciativas de inclusão digital devem privilegiar a utilização de software 
livre, devendo ser este utilizado como a opção tecnológica de inclusão 
digital do governo federal; 
 
ƒ Legados de licenças existentes podem ser utilizados em iniciativas de 
inclusão digital, por conta da racionalização de recursos. 
 
 
 
c) Utilização do software livre como recurso estratégico; 
 
O software livre deve ser entendido como opção tecnológica do governo federal. Onde 
possível deve ser promovida sua utilização. Para tanto, deve-se priorizar soluções, 
programas e serviços baseados em software livre que promovam a otimização de 
recursos e investimentos em tecnologia da informação. Entretanto, a opção pelo software 
livre não pode ser entendida somente como motivada por aspectos econômicos, mas 
pelas possibilidades que abrem no campo da produção e circulação de conhecimento, no 
acesso a novas tecnologias e no estímulo ao desenvolvimento de software em ambientes 
colaborativos e ao desenvolvimento de software nacional. 
 
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d) Gestão do Conhecimento como instrumento estratégico de articulação e gestão das 
políticas públicas: 
 
A Gestão do Conhecimento é compreendida, no âmbito das políticas de governo 
eletrônico, como um conjunto de processos sistematizados, articulados e intencionais, 
capazes de incrementar a habilidade dos gestores públicos em criar, coletar, organizar, 
transferir e compartilhar informações e conhecimentos estratégicos que podem servir para 
a tomada de decisões, para a gestão de políticas públicas e para inclusão do cidadão 
como produtor de conhecimento coletivo. 
 
 
 
 
e) Racionalização dos recursos; 
 
O governo eletrônico não deve significar aumento dos dispêndios do governo federal na 
prestação de serviços e em tecnologia da informação. Ainda que seus benefícios não 
possam ficar restritos a este aspecto, é inegável que deve produzir redução de custos 
unitários e racionalização do uso de recursos. 
 
Grande parte das iniciativas de governo eletrônico pode ser realizada através do 
compartilhamento de recursos entre órgãos públicos. Este compartilhamento pode se dar 
tanto no desenvolvimento quanto na operação de soluções, inclusive através do 
compartilhamento de equipamentos e recursos humanos. Destaque especial deve 
merecer o desenvolvimento compartilhado em ambiente colaborativo, envolvendo 
múltiplas organizações. Um exemplo de compartilhamento de recursos está no Projeto 
Infovia Brasil. 
 
 
 
 
f) Adoção de políticas, normas e padrões comuns; 
 
O sucesso da política de governo eletrônico depende da definição e publicação de 
políticas, padrões, normas e métodos para sustentar as ações de implantação e operação 
do Governo Eletrônico que cubram uma série de fatores críticos para o sucesso das 
iniciativas. Neste sentido, a arquitetura e-PING – Padrões de Interoperabilidade de 
Governo Eletrônico – define um conjunto mínimo de premissas, políticas e especificações 
técnicas que regulamentam a utilização da Tecnologia da Informação e Comunicação 
(TIC) no governo federal, estabelecendo as condições de interação com os demais 
poderes e esferas de governo e com a sociedade em geral. 
 
 
 
 
g) Integração com outros níveis de governo e com os demais poderes. 
 
A implantação do governo eletrônico não pode ser vista como um conjunto de iniciativas 
de diferentes atores governamentais que podem manter-se isoladas entre si. Pela própria 
natureza do governo eletrônico, este não pode prescindir da integração de ações e de 
informações. 
 
A natureza federativa do Estado brasileiro e a divisão dos Poderes não pode significar 
obstáculo para a integração das ações de governo eletrônico. Cabe ao Governo Federal 
um papel de destaque nesse processo, garantindo um conjunto de políticas, padrões e 
 
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iniciativas que garantam a integração das ações dos vários níveis de governo e dos três 
Poderes. 
 
 
 
 
III . Projetos: 
Foram desenvolvidos alguns projetos dentro desta nova visão de governo eletrônico. 
a) Infovia Brasil: 
 
O projeto Infovia Brasil consiste na obtenção de uma rede de comunicação de voz, dados 
e imagens de alta velocidade, com abrangência nacional, o que irá permitir a integração 
de todos os órgãos da administração pública federal no País. Na primeira etapa, chamada 
Infovia Brasília, a rede irá abranger prédios e órgãos da Administração Pública Federal, 
que estão localizados na Esplanada dos Ministérios, setor de autarquias Sul e Norte , 
setor bancários Sul e norte e setor de grandes áreas Norte. 
 
O primeiro ponto a ser levado em conta para a implementação do projeto é a redução e 
um melhor controle de gastos, além de contribuir para a padronização, aumentar a 
confiança e a segurança das informações governamentais que trafegam nas redes. 
 
 
 
 
b) e-PING: Padrões de Interoperabilidade de Governo Eletrônico 
 
A arquitetura e-PING – define um conjunto mínimo de premissas, políticas e padrões que 
regulamentam a utilização da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) no 
Governo Federal, estabelecendo as condições de interação com os demais poderes e 
esferas de governo e com a sociedade em geral. Em outras palavras, significa fazer com 
que os diferentes sistemas de informação existentes nas diferentes esferas de governo 
consigam “falar entre si”, o que não acontece hoje em dia. 
 
Alguns dos benefícios que a arquitetura e-PING pode trazer ao governo e à sociedade em 
geral são a unificação dos cadastrossociais, a unificação dos sistemas de segurança, a 
unificação dos Detrans, entre outros. 
 
Para que se estabeleça os objetivos da e-PING, é fundamental que se defina claramente 
o que se entende por Interoperabilidade. A seguir alguns conceitos: 
 
ƒ Habilidade de transferir e utilizar informações de maneira uniforme e eficiente 
entre varias organizações e sistemas de informações. (Governo da Austrália) 
 
ƒ Intercâmbio coerente de informações entre serviços e sistemas. Deve 
possibilitar a substituição de qualquer componente ou produto usado nos pontos 
de interligação por outro de especificação similar, sem comprometer as 
funcionalidades do sistema. (Governo do Reino Unido) 
 
ƒ Habilidade de dois ou mais sistema (computadores, meios de comunicação, 
redes e outros componentes de TI) de interagir e intercambiar dados de acordo 
com um método definido, de forma a obter os resultados esperados. (ISO). 
 
 
Na verdade, Interoperabilidade é uma soma de todos esses fatores. Alem disso, deve ser 
levado em conta a existência de um legado de sistemas, de plataformas de Hardware e 
 
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software instaladas. Tem por meta a consideração de todos os fatores para que os 
sistemas possam atuar cooperativamente, fixando as normas, as políticas e os padrões 
necessários para consecução desses objetivos. 
 
 
 
 
c) e-Mag: Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico 
 
A construção de sítios acessíveis é uma exigência do Decreto 5.296 de 2004: 
 
Art. 47. No prazo de até doze meses a contar da data de publicação 
deste Decreto, será obrigatória a acessibilidade nos portais e sítios 
eletrônicos da administração pública na rede mundial de computadores 
(internet), para o uso das pessoas portadoras de deficiência visual, 
garantindo-lhes o pleno acesso às informações disponíveis. 
 
O mesmo Decreto define acessibilidade como: 
 
Condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, 
dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos 
serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de 
comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com 
mobilidade reduzida; 
 
Portanto, a acessibilidade nos sites da internet significa a previsão de instrumentos que 
permitam que pessoas portadoras de necessidades especiais possam utilizar os serviços 
destes sites. 
 
O Modelo de Acessibilidade de Governo Eletrônico (e-MAG), consiste em um conjunto de 
recomendações a ser considerado para que o processo de acessibilidade dos sítios e 
portais do governo brasileiro seja conduzido de forma padronizada e de fácil 
implementação. 
 
No que se refere a acesso ao computador, foram identificados quatro tipos principais de 
situações por parte de usuários portadores de necessidades especiais: 
 
1. Acesso ao computador sem mouse: pessoas com cegueira, dificuldade de 
controle dos movimentos, paralisia ou amputação de um membro superior. Tais 
pessoas sentem várias dificuldades na utilização do mouse; 
 
2. Acesso ao computador sem teclado: pessoas com amputações, grandes 
limitações de movimentos ou falta de força nos membros superiores. Essas 
pessoas têm sérias dificuldades para utilizar o teclado tradicional. Nesses 
casos, a interação poderá ser feita através de um periférico especial de 
reconhecimento da fala ou de um emulador de teclado na tela; 
 
3. Acesso ao computador sem monitor: a verdade é que a informação processada 
por um computador não é de natureza visual. Para obterem a informação que é 
projetada na tela, os cegos recorrem a um software (programa leitor de tela) 
que capta essa informação e a envia para um sintetizador de voz ou para um 
terminal Braille; 
 
4. Acesso ao computador sem áudio: encontram-se relacionadas neste caso 
pessoas com baixa audição e pessoas com surdez completa. Este grupo de 
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usuários possui dificuldade em acessar determinadas informações que se 
encontram disponíveis somente através de dispositivos de áudio. 
 
 
 
 
d) Guia Livre – Referência de Migração para Software Livre 
 
Foi elaborado um manual com o objetivo de ajudar os administradores a definir uma 
estratégia para migração planejada e gerenciada, descrevendo, em termos técnicos 
amplos, como pode ser realizada tal migração. Ele visa ser uma referência para 
processos de Migração para o Software Livre no Governo Federal, bem como em 
qualquer outro nível de governo ou esfera de poder que porventura necessitem utilizar tal 
material como referencial ou desejem planejar e executar seus processos de migração 
com base de sustentação em casos concretos de estratégias já implementadas. 
 
 
 
 
e) ONID – Observatório Nacional de Inclusão Digital 
 
O Observatório Nacional de Inclusão Digital – ONID é uma entidade que está sendo 
articulada pelo Governo Federal na forma de rede, envolvendo órgãos e entidades da 
administração pública e da sociedade civil, para conhecer e promover o intercâmbio entre 
iniciativas, e orientar investimentos em ações de inclusão digital no País. 
 
 
 
 
 
4 Controle Social 
O conceito de controle social se refere ao espaço de controle da Administração Pública 
que se dá com a participação da Sociedade Civil, ou seja, por pessoas e instituições que 
não estão vinculadas à estrutura governamental. 
 
O controle social pode ser definido de diversas formas. Vamos ver as mais importantes: 
 
“Capacidade que tem a sociedade organizada de intervir nas políticas 
públicas, interagindo com o Estado na definição de prioridades e na 
elaboração dos planos de ação do município, estado ou do governo 
federal” 
 
“Poder legítimo utilizado pela população para fiscalizar a ação dos 
governantes, indicar soluções e criar planos e políticas em todas as áreas 
de interesse social” 
 
Algo importante que podemos guardar destas definições é que o controle social não 
significa apenas participação, mas também, e principalmente, participação. Vamos ver 
uma questão do CESPE: 
 
 
 
4. (CESPE/SGA-ESP/2006) Entre os mecanismos que concretizam 
os princípios constitucionais de democratização e de controle 
social, incluem-se os conselhos de políticas públicas e as 
 
 
 
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conferências. 
 
 
 
A questão é certa, já que os conselhos de políticas públicas e as conferências são 
mecanismos que permitem à sociedade participar das decisões. O controle social 
pressupõe um avanço na construção de uma sociedade democrática e que determina 
alterações profundas nas formas de relação do aparelho de Estado com o cidadão. 
Através da reforma e modernização do aparelho do Estado é possível se criar 
mecanismos capazes de viabilizarem a integração dos cidadãos no processo de 
definição, implementação e avaliação da ação pública. 
 
Além disso, o controle social é uma forma de se estabelecer uma parceria eficaz e gerar a 
partir dela um compromisso entre poder público e população capaz de garantir a 
construção de saídas para o desenvolvimento econômico e social do país. 
 
Controle social pressupõe, igualmente, que haja descentralização do Estado em direção à 
sociedade, ou seja, a participação da população na gestão pública e a possibilidade do 
cidadão em controlar instituições e organizações

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