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Vanessa Medeiros 1 introdução INTRODUÇÃO DEFINIDA COMO CONDIÇÃO INFLAMATÓRIA AGUDA DO PÂNCREAS, COM ACOMETIMENTO VARIÁVEL DAS ESTRUTURAS PERIPANCREÁTICAS E ÓRGÃOS À DISTÂNCIA, CUJA GÊNESE DEPENDE DA AUTODIGESTÃO TECIDUAL PELAS PROPRIAS ENZIMAS PANCREÁTICAS. 2 DOS 3 ABAIXO 1. DOR ABDOMINAL FORTEMENTE SUGESTIVA 2. ELEVAÇÃO DAS ENZIMAS 3X O NORMAL 3. ACHADOS CARACTERISTICOS NA IMAGEM GRAVES – doença multissistêmica e leva à Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS), com alta letalidade. SNC: encefalopatia pancreática ACV: choque AR: insuficiência respiratória, atelectasia e derrame pleural Renal: insuficiência renal Digestivo: íleo adinamico e hemorragia digestiva Metabolismo: distúrbios ácido-básico e eletrolítico e desnutrição aguda Não deixa sequelas pancreáticas (morfológica sou funcionais) 80-90% (PANCREATITE AGUDA EDEMATOSA) - edema do pâncreas, s/ necrose, s/complicações de curso autolimitado 3-7 dias 10-20% (PANCREATITE AGUDA NECROSANTE) – extensa necrose parenquimatosa, hemorragia retroperitoneal, quadro sistêmico grave e evolução de 3-6 semanas. PATOLOGIA, PATOGÊNESE E ETIOLOGIA Reação inflamatória aguda difusa do pâncreas + áreas de necrose gordurosa (no órgão e nos tecidos peripancreaticos). GRAVES – extensas áreas de necrose glandular, ruptura vascular e focos de hemorragia O QUE ACONTECE NA PANCREATITE AGUDA? Inicia pela lesão das CÉLULAS ACINARES que vão liberar as enzimas pancreáticas ativas para o interstício. 1. Fusão dos grânulos contendo zimogênio com as vesículas lisossomais que contem a enzima catepsina B (capaz de converter o tripsinogênio em tripsina dentro da célula acinar). Logo, todos os zimogênios passam a ser ativados. 2. As vesículas vão para a borda intersticial e são liberadas no interstício pancreativo, dando inicio ao processo AUTODIGESTIVO. Enzimas fosfolipase A e lipase são responsáveis pela autodigestão da gordura pancreática e peripancreática. Ácido graxos irão formar complexos com cálcio (saponificação), contribuindo para a hipocalcemia da pancreatite. Elastase -> responsável pela lesão do tecido intersticial e pela ruptura da parede vascular. DANO À MICROCIRCULAÇÃO Microtrombose Vasocontrição Estase capilar Redução da saturação de oxigênio Isquemia progressiva VAÕ PRODUZIR -> aumento na permeabilidade capilar e edema da glândula TRANSLOCAÇÃO BACTERIANA Quebra da barreira intestinal é ocasionada pela hipovolemia, isquemia e shunts arteriovenosos induzidos pela pancreatite. Cólon transverso - -> mais próximo do pâncreas 30-40% dos casos de pancreatite aguda grave CAUSAS LITIASE BILIAR 30-60% Cálculos menores >> cálculos maiores (menos perigosos) – cálculos maiores impactam mais em cima e os menores conseguem chegar mais lá em baixo. Teoria da colocalizaçã o lisossomal Vanessa Medeiros 2 clínica Impactação causando estase biliar e refluxo para os ductos pancreáticos que irão provocar lesão aos ácinos pancreáticos -> AUTODIGESTÃO Fisiopatologia pouco compreendida ÁLCOOL 15-30% Possivelmente por: Disfunção no esfíncter de Oddi Formação de rolhas proteicas Efeito tóxico direto Maior pressão intrapancreática, obstrução ou lesão por estresse oxidativo PÓS-CPRE 5-20% Esfincterotomia de papila Disfunção no esfíncter de Oddi Historia Progressiva > 2 injeções de contraste Estagiários no exame USO DE DROGAS 0,3-1,4% Azatioprina Diuréticos Estrogenio Furosemia SMZ-TMP HIPERTRIGLICERIDEMIA 1,3-1,8% TG > 1000 mg/ml CLÍNICA Dor abdominal aguda + vômitos + náuseas Dor abdominal -> andar superior do abdome, continua, mesogástrio, QSD, pode ser difusa ou raramente à esquerda. DISPOSIÇÃO EM BARRA E IRRADIAÇÃO PARA O DORSO. Em geral, se mantém por dia, mas melhora com analgésicos opiáceos. Mais intensa em DD, com alivio em posição sentada, pernas fletidas A dor atinge intensidade máxiam dentro de 10-20 minutos Pancreatite aguda relacionada ao álcool frequentemente aparecem após um ou três dias de uma libação alcoolica intensa. Náuseas e vômitos -> dura várias horas, vômitos incoercíveis e não aliviam a dor EXAME FÍSICO Febre Sinais de desidratação Taquicardia Choque e coma -> casos graves PANCREATITE NECROSANTE -> mau estado geral, toxêmico, pálido, hipotenso, taquicárdio, taquipneico, febril e com sensório deprimido. Dor leve à palpalção até sinais de irritação peritoneal com descompressão dolorosa (Blumberg) nos casos mais graves Distensão abdominal – íleo paralitico Icterícia em 10% Sinal de grey turner, sinal de cullen, paniculite (necrose gordurosa subcutânea) e sinal de foz (equimose na base do pênis) DIAGNÓSTICO AMILASE SÉRICA Se eleva no primeiro dia (2-12h após o inicio dos sintomas) e se mantem alta por 3-5 dias. Sensibilidade de 8590% entre 2-5 dias Especificidade 70-75% NORMAL – 160 >500 (especificidade é maior), > 1000 (maior ainda) LIPASE Se eleva com 4 a 8h de quadro, e permanece elevada por 7 a 14 dias. Considerado com maior especificidade e sensibilidade NÃO SÃO FATORES PROGNÓSTICOS OUTROS EXAMES Hemograma -> hemodiluição (pior prognostico) Eletrolitos Ureia e creatinina -> uremia (pior prognostico) Triglicerideos RX -> excluir outras patologias USG -> avaliar litíase biliar TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA 48-72h Analisar áreas de necrose em casos graves Complicações: pseudocisto, coleções Vanessa Medeiros 3 diagnostico diferencial DIAGNOSTICO DIFERENCIAL Perfuração intestinal e gástrica Obstrução de trato intestinal Colecistite aguda Oclusão vascular mesentérica Cólica biliar -> colecistite e colangite Cólica renal Aneurisma de aorta IAM Vasculite Pneumonia -> dor em epigástrio a esclarecer CAD -> cetoacidose diabética PROGNOSTICO Critérios: CRITÉRIOS DE RANSON 3 ou mais desses critérios em 48h, indica que o paciente vai piorar Pensar em intervenção ou UTI PRIMEIRA FASE Definição de gravidade -> parâmetros clínicos SEGUNDA FASE (TARDIA) Parametros clínicos e parâmetros morfológicos Falência orgânica persistente Desenvolvimento de pancreatite necrosante Criterios de Balthazar Pontos Complicações Mortalidade 0-1 0% 0% 2-3 8% 3% 4-6 35% 6% 7-10 92% 17% TRATAMENTO Maioria dos casos -> AUTOLIMITADA -> 3-7 dias Dieta ZERO -> evitar o estimulo à produção de enzimas Dieta VO apenas depois de melhora da dor ou de começa a vomitar, caso após alguns dias com dieta zero, sonda nasojejunal (pós duodeno) ATB E. coli, Pseudomonas, Klebsiella, Enterococcus Infecção costuma ocorrer após cerca de 10 dias Apenas em confirmação de infecção Não é recomendado em forma profilática Necrose pancreática ou extra pancreática que pioram ou não melhoram após 7-10 dias de hospitalização Considerar: 1. TC -> punção e aspiração para cultura e antibiograma 2. Uso empírico após obter cultura Ranson Apache II Baltazar e Ranson PCR Vanessa Medeiros 4 pancreatite recorrente 3. ATB que penetram melhor no tecido pancreático: carbapenemicos, quinolonas e metronidazol. 4. ADM rotineira de agentes antifúngicos -> não é recomendada ABORDAGEM INICIALREPOSIÇÃO HÍDRICA Ringuer lactato 250-500 mlh/h (5-10ml/kg/h/ até as metas serem atingidas. Cuidado nos pacientes cardiovasculares, renais e hepatopatas. Hipovolemia grave que tem hipotensão arterial e taquicardia -> reposição mais rápide em bolus REAVALIADA A CADA 6H METAS: PAM 65-85 mmHg FC <120 bpm Débito urinário >0,5-1 ml/kg/h ↓ ureia no sangue (BUN) e Hto em torno de 34-44% ANALGESIA TERAPIA NUTRICIONAL Geralmente é necessária para pancreatite leve (VO – após resolução da dor e náuseas) a moderada. (grau A) Necessária em doença leve a moderada, quando temos jejum durante 5-7 dias. (grau B) É indicada precocemente na pancreatite grave (Grau A) Enteral > parenteral Não é necessário a colocação pós pilórica (Grau B) CPER: colangite Cirurgia: colecistectomia, crenagem de coleções, necrosectomia e síndrome compartimental CPRE DE URGÊNCIA <24H PANCREATOCOLANGIOGRAFIA ENDOSCÓPICA RETRÓGRADA Indicada em pancreatite biliar aguda GRAVE com falência orgânica ou colangite Não é necessário na maioria dos paciente com pancreatite biliar Ausência de colangite e/ou icterícia -> fazer por RNM ou Ultrassom endoscópico para triagem de coledoclitiase SE altamente suspeito CPRE ELETIVA COM ESFINCTERECTOMIA Pode ser considerada nas obstruções biliares, caso não haja indicação de colecistectomia. COLECISTECTOMIA 1. Em pacientes com PA biliar leve, a colecistectomia deve ser realizada antes da alta hospitalar 2. Num paciente com necrotizante AP biliar, a colecistectomia, deve ser adiada até desaparecimento da inflamação ativa e coleções liquidas. 3. Pseudocistos assintomáticos e / ou necrose extrapancreática não justifica a intervenção cirúrgica, independentemente do tamanho, localização e / ou extensão 4. Em pacientes estáveis com necrose infectada, a drenagem endoscópica, cirurgica ou radiológica deve ser adiada de preferência por mais de 4 semanas para permitir liquefação do conteúdos e o desenvolvimento de uma parede fibrosa em torno da necrose 5. Em pacientes sintomáticos com necrose infectada dar- se preferencia aos metodos minimamente invasivos para drenagem TC CONSTRASTADA Realizar com 3 a 5 dias de hospitalização PANCREATITE RECORRENTE 25% sofrem recidiva Fatores mais comuns: álcool, colelitiase Causa oculta: 66% por microlitíase Considerar: neoplasia, hipertrigliceridemia, drogas, fibrose cística COMPLICAÇÕES NECROSE Pode se infectar com 7 a 10 dias DX de infecção em aspiração guiada por TC, com coloração gram e cultura Febre persistente, falência orgânica e leucocitose Tamanho da necrose reflete risco maior de infecção Vanessa Medeiros 5 complicações PSEUDOCISTO Acumulo extrapancreático de liquido pancreático, com enzimas e detritos Vistos em USG -> 85% em corpo ou cauda Se apresenta com dor abdominal e massa palpável se grande Risco: ruptura, abcesso e hemorragia Indicada cirurgia em expansão ou complicação
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