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Ação Declaratória de Constitucionalidade - ADC 1º Aspectos Gerais Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; A Ação Declaratória de Constitucionalidade foi introduzida em nosso ordenamento por meio da Emenda Constitucional nº 03, de 1993. Trata-se de uma ação objetiva integrante do controle concentrado de constitucionalidade que proporciona a provocação da jurisdição constitucional exercida, com exclusividade, pelo Supremo Tribunal Federal. Atualmente se acha regulamentada pela Lei nº 9.868/1999. 2º Legitimidade Ativa A legitimidade ativa da ADC é a mesma da ADI, estando prevista no artigo 103 da Constituição: https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; Com relação a legitimidade, é importante analisar a capacidade postulatória e pertinência temática: O STF entende que o partido político representado no Congresso Nacional e a confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional, não possuem capacidade postulatória, sendo necessária a presença de um advogado para o ajuizamento da ação. Assim, os demais legitimados, inclusive o Presidente da República, possuem capacidade postulatória autônoma para ingressar com ADPF, independentemente de se fazerem representar por advogado (QO – ADI 127-AL). https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Insta destacar que o art. 3°, Lei nº 9.868/1999 determina que a petição inicial, quando subscrita por advogado, deverá ser acompanhada pelo instrumento de mandato, com poderes específicos e no qual conste expressa referência à lei ou ao outro ato normativo. Outro ponto relevante, diz respeito a chamada pertinência temática para a propositura da ação. Segundo o próprio STF, a pertinência temática se traduz na relação de congruência que necessariamente deve existir entre os objetivos estatutários ou as finalidades institucionais da entidade autora e o conteúdo material da norma questionada em sede de controle abstrato (ADI 1.157- MC). Embora não haja nenhuma discriminação no texto constitucional, o STF, em construção jurisprudencial, diferenciou os legitimados em dois grupos: a) os universais, e b) os especiais. Os universais, também intitulados neutros, possuem dentre as suas atribuições institucionais a de defender a ordem constitucional objetiva, de forma que o interesse deles na impugnação de agir pode ser presumido. São considerados universais: 1° - o Presidente da República; 2º - a Mesa do Senado Federal; 3º - a Mesa da Câmara dos Depurados; 4º - o Procurador-Geral da República; 5º - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 6º - partido político com representação no Congresso Nacional. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Por sua vez, os legitimados especiais (ou interessados) deverão comprovar o requisito de pertinência temática, sob pena de ação não ser conhecida por ausência de legitimidade ad causam, segundo o STF (ADI 1.157-MC). São considerados legitimados especiais: 1º - a Mesa de Assembleia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; 2º - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 3º - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Associação que abranja apenas uma fração da categoria profissional não possui legitimidade para ADI/ADPF de norma que envolva outros representados: As associações que representam fração de categoria profissional não são legitimadas para instaurar controle concentrado de constitucionalidade de norma que extrapole o universo de seus representados. Ex: a ANAMAGES, associação que representa apenas os juízes estaduais, não pode ajuizar ADPF questionando dispositivo da LOMAN, considerando que esta lei rege não apenas os juízes estaduais, mas sim os magistrados de todo o Poder Judiciário, seja ele federal ou estadual (ADPF 254 AgR/DF). O fato de essa distinção não ter sido feita pela Constituição, mas pelo STF, é alvo de diversas críticas pela doutrina. Contudo, até o momento, o STF não mudou seu posicionamento. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ 3º Parâmetro e Objeto Em controle de constitucionalidade, quando falamos em "parâmetro", queremos dizer quais serão as normas da Constituição que serão analisadas para sabermos se a lei ou o ato atacado realmente as violou. Em outras palavras, parâmetro são as normas que servirão como referência para que o Tribunal analise se determinada lei/ato é ou não inconstitucional. Se a lei/ato está em confronto com o parâmetro, ela é inconstitucional. O parâmetro da ADC é o mesmo da ADI, abrangendo: 1º as normas constitucionais originárias, introduzidas no texto constitucional pelo poder constituinte originário, independentemente de seu conteúdo, desde que ainda estejam em vigor; 2º os princípios constitucionais não escritos (implícitos); 3º as normas constitucionais derivadas, isto é, as emendas constitucionais, incluindo aqui os dispositivos constantes da emenda que não são incorporados ao texto constitucional; 4º as normas constitucionais oriundas da revisão constitucional; 5º normas constitucionais transitórias (constantes do ADCT), enquanto sua aplicabilidade não se esgota e sua eficácia não se exaure; 6º os tratados e as convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ respectivos membros, pois estes são equiparados às emendas constitucionais (nos termos do art. 5°, § 3°, CF/88). Já em relação ao objeto, temos que o ADC é mais restrito que o da ADI. Enquanto a ADI abrange leis e normas federais e estaduais, na ADC o objeto abrange somente as leis e demais atos normativos federais. Além disso, cumpre ressaltar que somente as leis e atos normativos federais editados após a Constituição de 1988 podem ter sua constitucionalidade analisada pela ADC. Cumpre ressaltar, aqui, que o fato de a ADC ter sido criada em nosso ordenamento em 1993, não impede que sejam analisados leis ou atos federais editados durante o intervalo da promulgação da Constituição (1988) e a criação da ADC (1993). O próprio STF já discutiu a constitucionalidade norma editada antes de 1933, por meio da ADC (QO) 1-DF. Outro ponto que merece destaque é o seguinte: quando se diz que a norma objeto deve ser pós-constitucional, o que se quer dizer é que a lei ou norma federal tem que ser, necessariamente, posterior à norma constitucional parâmetro. Assim, se o dispositivo constitucional invocado como parâmetro for uma norma constitucional derivada (emenda constitucional), há que se verificar se a norma objeto, cuja constitucionalidade se pretende aferir, é posterior à emenda (Ex: uma lei editada em 1999 não pode ter como parâmetro uma norma constitucional incluída na Constituiçãopor meio de uma emenda de 2016. Nesse caso, a lei é https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ pré-constitucional, vale dizer, anterior à norma constitucional que se invoca como referência. 4º Aspectos Procedimentais Inicialmente, a característica principal da ADC é a necessidade de se comprovar, como requisito formal para propositura da ADC, a relevante controvérsia judicial: Art. 14. A petição inicial indicará: III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória. Este requisito de admissibilidade para a ação declaratória é decorrência direta do princípio da presunção de constitucionalidade das leis. Como todas as normas constitucionais ingressam em nosso ordenamento de forma presumivelmente constitucionais, não é cabível ADC apenas para realizar consultar sobre a constitucionalidade de determinada lei. @direitodiretoblog – No âmbito da ADC, o critério para a verificação da controvérsia judicial relevante é quantitativo ou qualitativo?: Inicialmente, cumpre destacar que a lei exigiu que a controvérsia sobre o tema fosse judicial. Assim, caso a controvérsia se restrinja ao campo doutrinário, não será possível o manejo de ADC. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Outro ponto que merece destaque é saber se o critério para que exista controvérsia judicial relevante é quantitativo ou qualitativo. Explico: é necessário que haja diversas decisões judiciais conflitantes sobre o tema (critério quantitativo) ou basta que a matéria tratada na lei seja relevante e haja risco de diversas decisões judiciais contrárias a sua constitucionalidade (critério qualitativo)? Ao analisar o tema, o STF (ADI 5313/MC/DF) decidiu que o critério para a configuração da controvérsia relevante é qualitativo, é dizer, para verificar se a controvérsia é relevante não se examina apenas o número de decisões judiciais. Mesmo havendo ainda poucas decisões julgando inconstitucional a lei, já pode ser possível o ajuizamento da ADC se o ato normativo impugnado for uma emenda constitucional ou mesmo em se tratando de lei se a matéria nela versada dor relevante e houver risco de decisões contrárias à sua constitucionalidade se multiplicarem. Outra distinção procedimental entre ADI e ADC refere-se à ausência de previsão de prazo para a prestação de informações pelas autoridades responsáveis pelo ato, assim como a inexistência de menção à participação do Advogado-Geral da União. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Embora haja doutrina (Nathalia Masson) defendendo a necessidade de participação do AGU, tendo em vista o caráter dúplice da ADC, onde sua improcedência significa a declaração de inconstitucionalidade da norma, o STF tem entendido pela desnecessidade de participação do AGU, uma vez que o papel do AGU nas ações de constitucionalidade é de defensor da constitucionalidade, o que não existe no caso concreto. Por sua vez, a lei previu a participação do PGR, que deverá se pronunciar no prazo de 15 dias: Art. 19. Decorrido o prazo do artigo anterior, será aberta vista ao Procurador-Geral da República, que deverá pronunciar-se no prazo de quinze dias. Além disso, é possível que o relator poderá requisitar informações adicionais, inclusive prestadas por Tribunais federais ou estaduais, ou designar perito e marcar audiências públicas, se houver necessidade de esclarecer alguma matéria ou circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações existentes nos autos: Art. 20. (…) § 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar informações adicionais, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão ou fixar data https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria. § 2o O relator poderá solicitar, ainda, informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma questionada no âmbito de sua jurisdição. § 3o As informações, perícias e audiências a que se referem os parágrafos anteriores serão realizadas no prazo de trinta dias, contado da solicitação do relator. Com relação há previsão de “amicus curiae” em sede de ADC, houve um incompreensível veto presidencial da sua participação em ADC (§2° do art. 18). Apesar da falta de previsão legal, o STF tem admitido sua participação, com fundamento na alogia, aplicando-se o disposto no art. 7º, §3º, da Lei 9.868/1999, que trata da participação do amicus em ADI. Isso porque as ações em muito se aproximam. Nesse sentido, dispõe o artigo 7º, §2°, da Lei 9.868/99: Art. 7º (…) § 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de outros órgãos ou entidades. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Note que a lei exige dois requisitos cumulativos para aplicação do instituto: a) a relevância da matéria e b) a representatividade dos postulantes. Além dos dois requisitos legais, o STF também tem exigido a presença de um terceiro requisito: c) a pertinência temática (ADI 3.943-DF). A pertinência temática pode ser conceituada como a necessária de congruência que deve existir entre os objetivos da entidade que pleiteia seu ingresso no feito na qualidade de amicus curiae e o conteúdo da norma objeto da impugnação. Cumpre destacar ainda que não há direito subjetivo para nenhum interessado a participar como "amicus curiae" de um processo. A decisão de ingresso compete ao relator do processo, que levará em conta a representatividade do postulante, a relevância da matéria e, por fim, a pertinência temática. Embora a lei classifique a decisão de ingresso do “amicus curiae” como “despacho irrecorrível”, o STF tem entendido que se trata de decisão interlocutória suscetível de recurso de agravo regimental (ADI 3.615-PB). Ressalta-se, ainda, que após a admissão no processo do “amicus curiae”, ele não tem mais legitimidade para propor nenhum tipo de recurso, nem mesmo embargos declaratórios da decisão final (ADI 3615 ED/PB). Assim, o único recurso disponível ao amicus https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ curiae é o agravo regimental contra a decisão que indefere sua participação nos autos. Por fim, a decisão que admite sua participação é irrecorrível. Por sua vez, em relação ao prazo para ingresso do amicus curiae, em razão do veto presidencial ao § 1°, do art. 7° da lei, a previsão legal deixou de existir, criando uma lacuna normativa, competindo ao STF a fixação de um momento limite. Nesse sentido, o STF entendeu que o amicus curiae não poderá intervir se o processo já foi liberado pelo Relator para que seja incluído na pauta de julgamentos (ADI 5104 MC/DF). O fundamento aqui é que nesse momento o relator já terá firmado seu entendimento e suas convicções sobre o tema, não havendo justificativa para o amicus ainda ser admitido. O STF já decidiu que o pedido de admissão do amicus curiae deve ser assinado por advogado constituído, sob pena de não ser conhecido (ADPF 180/SP). Com relação aos poderes, o amicus curiae, uma vez admitido seu ingresso no processo objetivo, tem direito a ter seus argumentos apreciados pelo Tribunal, inclusive com direito a sustentação oral, mas NÃO TEM direito a formular pedido ou de aditar o pedido já delimitado pelo autor da ação (AC 1362/MG). Por fim, para o STF,o “amicus curiae”, uma vez formalmente admitido no processo tem o direito de fazer sustentação oral (ADI 2777/SP). 5º Medida Liminar https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo. Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia. A cautelar será concedida pela maioria absoluta dos membros da Corte (seis Ministros), inexistindo na lei previsão de regramento para a concessão se efetivar no período de recesso. Segunda Nathalia Masson, essa ausência indica a possibilidade de aplicação, por analogia, do art. 10 da Lei nº 9.868/1999, que autoriza a concessão da cautelar em ADI pelo relator, ad referendum do Tribunal Pleno, no curso do recesso. Para a concessão da cautelar exige-se da comprovação dos pressupostos legitimadores, fumus boni juris (concernente ao indício de plausibilidade ou verossimilhança jurídica do pedido) e o periculum in mora (a possibilidade de que a demora acarrete dano de difícil ou impossível reparação), sendo que a decisão que a concede produz eficácia contra todos (erga omnes) e efeito https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ vinculante (aos demais órgãos do Poder Judiciário e a Administração Pública Direta e Indireta). A cautelar eventualmente concedida começa a valer da data da publicação da ata da sessão de julgamento no Diário da Justiça da União (DJU), possuindo, em regra, efeitos ex-nunc. Por fim, a cautelar deferida tem como conteúdo a determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo, que deverá ocorrer em até cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia. Embora a lei expressamente preveja um prazo máximo de 180 dias, o STF admite a prorrogação deste prazo por um período superior a cento e oitenta dias (ADC (MC) 18-DF). 6º Decisão Definitiva As decisões proferidas em sede de ADC tem os seguintes efeitos: a) Efeitos “erga omnes”: significando que a decisão alcança a rodos, indistintamente. b) Efeito “ex tunc”: em regra, a decisão retroage a data da edição da lei. No caso de improcedência da ADC, é dizer, do reconhecimento da inconstitucionalidade do ato normativo, o art. 27 da lei autoriza o Supremo Tribunal Federal a modular temporalmente os efeitos de sua decisão, desde que haja razões de segurança jurídica ou excepcional interesse social e que a decisão seja prolatada pela maioria qualificada de 2/3. https://www.instagram.com/direitodiretoblog/ Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. c) Efeito vinculante: em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e toda Administração Pública. Bibliografia consultada para elaboração da apostila e indicada para aprofundamento do tema: – Curso de Direito Constitucional – Marcelo Novelino. - Manual de Direito Constitucional – Nathalia Masson. – Dizer o Direito (www.dizerodireito.com.br/). https://www.instagram.com/direitodiretoblog/
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