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119 UNIDADE 3 QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, esperamos que você consiga: • conhecer a andragogia, os princípios andragógicos e estabelecer relação com a Pedagogia; • compreender as habilidades e os estilos de aprendizagem; • reconhecer a contribuição dada por Paulo Freire à educação de jovens e adultos; • diferenciar a pedagogia de projetos, pedagogia da alternância e o projeto de intervenção local; • refletir sobre os desafios e possibilidades na formação do educador de jo- vens e adultos; • compreender avaliação, promoção e certificação em EJA. Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada um deles você en- contrará atividades que o(a) auxiliarão a refletir sobre os temas apresentados. TÓPICO 1 – ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS TÓPICO 2 – A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA TÓPICO 3 – AVALIAÇÃO, PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA 120 121 TÓPICO 1 ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO A educação de adultos, para alguns pesquisadores, a exemplo de Oliveira (1999), teve sua origem muito antes do pós-guerra. Sob a ótica religiosa, foi Jesus o maior educador de adultos, e, sob a ótica filosófica, foi Sócrates, por meio de seus diálogos. Destacamos que, assim como Jesus, Sócrates nada escreveu, seus discípulos se incumbiram de difundir os diálogos, a exemplo de Platão. E é adentrando o campo da filosofia que incursionaremos pelo método socrático, que primava pelo diálogo, isto é, iniciava com perguntas e obtinha respostas do interlocutor que primeiramente eram aceitas, para, em seguida, transformar-se em uma investigação hábil. As opiniões da pessoa arguida eram desenvolvidas a ponto de se tornarem contraditórias, levando-a assim a uma reflexão que podia ou não chegar a uma resposta ideal, fazendo-a por vezes reconhecer sua incapacidade para alcançar uma conclusão satisfatória. Para Tomelin e Siegel (2010, p. 46-47), o método socrático de investigação “[...] tem por finalidade desenvolver nas pessoas um conhecimento mais seguro sobre as coisas e não apenas das aparências”. Os diálogos eram permeados pela ironia – o reconhecimento da própria ignorância – e pela maiêutica – a arte de fazer nascer as ideias. UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 122 Ironia: de origem grega, eironeía, significa interrogação. Maiêutica: do grego maieutikê (tékhné), “ciência ou arte do parto”, por extensão, “o fazer filosófico de Sócrates que, por meio de perguntas e dúvidas, procurava desenvolver o saber, propunha que as ideias fossem paridas no curso do diálogo”. FONTE: Disponível em:<http://provocacaofilosofica.blogspot.com/p/maieutica.html>. Acesso em: 18 set. 2011. FIGURA 29 – ESCOLA DE ATENAS (1511), OBRA DE RAFAELLO SANZIO FONTE: Disponível em: <http://www.ocaiw.com/galleria_maestri/image. php?id=867&catalog=&start=&lang=pt&letter=&id_img=1782&name=>. Acesso em: 24 out. 2011. O instigar do pensamento (por parte do professor) e a busca de subsídios (por parte do aluno) que respondam às suas próprias perguntas correspondem a uma metodologia apropriada para educação de adultos. É nessa linha de pensamento que segue a andragogia, a ser estudada no próximo subtópico. NOTA TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS 123 2 MALCOLM KNOWLES E A ANDRAGOGIA Apresentamos a educação de adultos sob um outro olhar, à luz da andragogia. Iniciaremos pela origem do termo andragogia, seus princípios, a visão de alguns autores, em especial Malcolm Knowles, e a relação entre pedagogia, andragogia e heutagogia. O termo andragogia origina-se do grego andros, que significa homem, agein, que significa conduzir, logos, que se entende por tratado, ciência e agogus no sentido de guiar, conduzir. O termo foi elaborado pelo professor alemão Alexander Kapp em 1833, que o empregou na intenção de descrever a teoria educacional de Platão, caindo no esquecimento por um longo período (RIGO, 2008). Em 1921, o termo andragogia é resgatado pelo filósofo alemão Eugin Rosenstock, em um artigo, ao mencionar que a educação de adultos necessita de profissionais e métodos específicos. Em 1926, a criação da Associação Americana para Educação de Adultos deu visibilidade a esse estudo. Em 1928, Edward Thorndike publicou Adult Learning. Conforme Holton III e Swanson (apud KNOWLES et al., 2009), o título “Educando Adultos” abre precedentes para outras interpretações, porque sua pesquisa não estava voltada aos processos de aprendizagem de adultos, mas sim às habilidades de aprendizagem. Holton III e Swanson (apud KNOWLES et al., 2009, p. 41) afirmam que no início da Segunda Guerra Mundial “[...] os educadores de adultos já tinham evidências científicas de que os adultos podiam aprender e que eles tinham interesses e habilidades diferentes dos das crianças”. Em paralelo à corrente científica, Eduard C. Lindeman, professor americano, figura como expoente da corrente artística sob a influência das ideias de John Dewey, ao publicar “The Meaning of Adult Education”, em 1926, cujo foco era “a maneira como os adultos aprendem”. Lindeman projetava seu pensamento na direção de “[...] uma abordagem que ocorrerá por meio de situações e não de disciplinas”. Todavia, a academia adotou um currículo definido. Ele trazia à reflexão outras áreas de estudo, como a psicologia, por exemplo; e primava pela complementação vida e educação, trazendo importantes contribuições: “A experiência é o livro didático vivo do adulto aprendiz” e “Concebo a educação de adultos em termos de uma nova técnica para aprendizagem, [...] tão essencial para o estudante universitário quanto para o trabalhador braçal analfabeto” (apud KNOWLES et al., 2009, p. 41, grifo nosso.) UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 124 Atualmente, seu pensamento encontra eco em muitas vozes, mesmo que nem sempre devidamente citado, quando se discute a EJA e o papel do educador. Vejamos o trecho escrito por Lindemann e explorado por Gessner (apud KNOWLES et al., 2009, p. 43, grifos nossos), em que [..] o professor encontra uma nova função. Ele não é mais o oráculo que fala a partir do palco de autoridade e sim o guia, aquele que aponta o caminho e também participa da aprendizagem de acordo com a vitalidade e a relevância de seus fatos e experiências. A relação professor e aluno, nesse sentido, passa a suscitar novos papéis: sai de cena a educação convencional – o aluno é tábula rasa, aguarda que o conteúdo seja transmitido; e entra em cena a experiência do aluno – como mola propulsora a novos conhecimentos a serem articulados pelo professor. Tábula rasa é uma expressão latina que significa literalmente “tábua raspada” e tem o sentido de “folha em branco”. [...] Como metáfora, o conceito de tábula rasa foi utilizado por Aristóteles (em oposição a Platão) [...] para indicar uma condição em que a consciência é desprovida de qualquer conhecimento inato – tal como uma folha em branco, a ser preenchida. FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Tabula_rasa>. Acesso em: 23 nov. 2011. Na década de 60, um educador de adultos iugoslavo, na Boston University, retomou o termo andragogia, atribuindo-lhe um conceito mais apropriado, que significava “[...] a arte e a ciência de auxiliar adultos a aprender” (KNOWLES et al., 2009, p. 66). A partir de 1970, Knowles inicia sua trajetória na escrita de livros e artigos tendo como foco o tema andragogia, seus princípios e contribuições, que serão detalhados nos próximos subtópicos. 2.1 PRINCÍPIOS ANDRAGÓGICOS A andragogia carrega em si muito da área da psicologia e se alinha com asteorias da aprendizagem de adultos, representadas por autores como Carl Rogers, Maslow, Dewey, Kolb, Bandura, Bruner e outros. Alguns elementos dessas teorias foram articulados por Knowles para compor o universo da andragogia. NOTA TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS 125 Knowles concebia a andragogia como “[...] hipóteses a serem testadas (não presumidas)” (KNOWLES et al., 2009, p. 155). Sendo assim, a denominação de teoria não lhe cabe, não se fecha em conceitos. Os princípios andragógicos propiciam ao educador uma trilha a ser investigada junto com os educandos. São eles: a) necessidade de saber: os adultos precisam saber porque precisam aprender algo antes de começar a aprendê-lo; b) o autoconceito do aprendiz: os adultos possuem um autoconceito de serem responsáveis; eles se ressentem e resistem a situações nas quais percebem que os outros estão impondo suas vontades sobre eles; c) o papel das experiências dos aprendizes: os adultos acumularam mais experiência; para muitos tipos de aprendizagem, os recursos mais ricos estão nos próprios aprendizes adultos; d) prontidão para aprender: os adultos ficam prontos para aprender as coisas que têm de saber, quando as situações de vida clamam por atenção; e) orientação para aprendizagem: a aprendizagem dos adultos está centrada na vida, por isso as unidades apropriadas para organizar o programa de aprendizagem são as situações de vida e não as disciplinas; f) motivação: os adultos mostram-se motivados à medida que experimentam que suas necessidades e interesses são satisfeitos. FONTE: Adaptado de: Knowles, Holton III e Swanson (2009, p. 70-75) Os seis princípios são utilizados para nortear a prática pedagógia do educador; percebemos que a simples imposição do que aprender não é mais fator relevante. Saber o porquê de estar aprendendo determinado conteúdo e qual sua utilidade para a vida isso sim é essencial; estar ciente de que o adulto resiste frente à desconstrução de seus saberes por outra pessoa nos leva a estabelecer critérios de abordagens individuais, considerando a experiência já acumulada; a disposição para aprender quando o meio exige torna-se mais prazerosa quando a aprendizagem está centrada nas situações de vida e não em meras disciplinas; a motivação decorre da satisfação de os educandos verem contempladas suas necessidades e interesses. DeAquino (2009, p. 10-12) nos apresenta uma correlação entre a pedagogia, a andragogia e a heutagogia (este último termo foi cunhado por Hase e Kenyon em 2000). Vejamos: A pedagogia, conforme DeAquino (2009, p. 10), significa literalmente “[...] a arte e a ciência de educar crianças”, cuja aprendizagem é centrada no professor UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 126 que decide o que será aprendido, como e de que forma isso ocorrerá, pois é o professor quem define os objetivos a serem alcançados e como o cumprimento desses objetivos será avaliado. A andragogia é “[...] a arte e a ciência de ajudar os adultos a aprender” (DeAQUINO, 2009, p. 11); a educação, agora, está centrada no aluno, considerando sua experiência de vida, e a responsabilidade pela aprendizagem é compartilhada entre professor e aluno. A heutagogia considera “[...] o aprendiz sozinho no processo, ou seja, não existe a figura do professor ou facilitador” (DeAQUINO, 2009, p. 12). Com as novas tecnologias, existe a escolha do próprio caminho formativo e quem o prepara é o aprendiz, numa situação de autoformação. As abordagens sobre pedagogia, andragogia e heutagogia denotam que não há uma ruptura nem a intenção de preterir uma a outra, mas, sim, de estabelecer a transição de um ambiente para outro, em um continuum pedagógico. Enquanto a pedagogia se preocupa com os saberes a serem adquiridos pelas crianças, a andragogia se preocupa com os saberes já adquiridos pelos adultos, e na heutagogia, o aluno consegue incursionar, ele próprio, pelos espaços formativos, por exemplo, em ambientes virtuais de aprendizagem. A andragogia tem sido criticada por alguns estudiosos, que apontam não ser correto presumir que a aprendizagem centrada no aprendiz corresponderá igualmente a um melhor desempenho dos alunos. “Some question the extent to which these assumptions are characteristic of adults only, pointing out that some adults are highly dependent, some children independent; some adults are externally motivated, some children intrinsically […]” (KERKA, 2002). Logo, essa miríade de experiências que recai sobre o adulto pode inexistir se contraposta hoje às experiências que uma criança tem com os recursos tecnológicos (ANZORENA, 2010, p. 110). Veja a tradução do trecho: “Alguns questionam a extensão na qual essas suposições são características apenas dos adultos, apontando que alguns adultos são altamente dependentes e que algumas crianças são independentes; alguns adultos são externamente motivados e algumas crianças, intrinsecamente [...].” (KERKA, 2002, tradução nossa). IMPORTANT E NOTA TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS 127 Nesse sentido, vale constar que é possível que uma criança, sendo nativa digital, possa se adequar melhor à andragogia, pelas experiências que possui com a tecnologia, e um adulto, na condição de imigrante digital, esteja ainda em um processo pedagógico. Ao trilhar desde cedo pelos caminhos da tecnologia, a criança, sendo bem direcionada, poderá tornar-se um adulto heutagógico. Nativo digital: é aquele que nasceu a partir da década de 1970 e cresceu com as tecnologias digitais presentes em sua vivência. Imigrante digital: é a pessoa que nasceu em um período anterior ou no início do surgimento das novas tecnologias. Knowles (1984, p. 418 apud KNOWLES et al., 2009, p. 156, grifos nossos), após duas décadas de estudos sobre a andragogia, concluiu que: O modelo andragógico é um sistema de elementos que pode ser adotado ou adaptado por completo ou em parte. Não se trata de uma ideologia que deve ser aplicada totalmente e sem modificações. Na verdade, uma característica essencial da andragogia é sua flexibilidade. O ponto de partida apropriado e as estratégias para a aplicação do modelo andragógico dependem da situação. A especificidade da EJA coloca à nossa frente desafios díspares quanto aos grupos sociais. Esse contexto pressupõe que os profissionais da educação alicercem seu fazer pedagógico na aprendizagem, por meio de uma “leitura do seu aprendiz” (DeAQUINO, 2009), a fim de situá-lo em um contexto pedagógico ou andragógico. Uma pergunta ainda continua viva em todos os tempos na mente do andragogo: “Em quais lugares e não lugares o meu povo caminha e o que a ele interessa atualmente?” (SANTAREM, 2010). NOTA ATENCAO UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 128 2.2 CONTRIBUIÇÕES ANDRAGÓGICAS Knowles (apud KNOWLES et al., 2009, p. 275), ao relatar sua experiência como professor, reconhece que no princípio conduzia as aulas de maneira tradicional, transmitia conteúdos, controlava e avaliava cada passo dado em direção à aprendizagem. Essa educação foi passada por seus professores e ele, por sua vez, tinha a incumbência de dar continuidade tal qual recebera. Sentia-se satisfeito com as notas das avaliações aplicadas aos seus alunos. Num seminário de orientação psicológica, ministrado por um professor fundamentado em Carl Rogers, explica que passou por uma situação muito adversa: Fiquei chocado com o que aconteceu na primeira palestra. Quinze alunos sentaram-se à mesa do seminário e jogaram conversa fora durante 20 minutos. Finalmente, alguém perguntou se sabiam onde o professor estava. Um deles respondeu que seu nome era Art e que ele fora designado pelo Depto. de Psicologiapara reunir-se conosco. Então, outra pessoa perguntou se existia um programa do curso. E o Art respondeu: ‘Você gostaria de ter o programa do curso?’ Houve um silêncio por alguns minutos. Outro aluno quebrou o silêncio dizendo: ‘Gostaria de saber por que todos estão aqui - o que vocês vieram aprender?’ Então, ficamos lá, falando sobre nossas metas e expectativas. Quando chegou a vez de Art, ele disse: ‘Espero que vocês me ajudem a me tornar um melhor facilitador de aprendizagem’ (KNOWLES et al., 2009, p. 276). Desde aquele momento, Knowles nunca se viu tão empenhado em ler os livros de Rogers, buscar mais informações a respeito do tema. Sentiu-se responsável por sua aprendizagem e mais interessado em aprender. Trazendo ao seu contexto, caro(a) acadêmico(a), perguntamos: Você procura saber do que trata uma disciplina antes de seu início? Realiza leituras prévias para dialogar com o tutor e seus colegas ou aguarda as leituras que são disponibilizadas no AVA? Participa de um grupo de estudo em sala de aula para enriquecer sua aprendizagem? Você tem espaço para contribuir com novos conceitos? Está motivado(a) com seu curso? Essas e outras questões merecem um olhar mais atento. Knowles viu seu autoconceito de aprendiz mudar. Embora pouco conhecida no meio acadêmico, a andragogia há muito tempo encontra guarida na educação corporativa. Prova está no livro “Aprendizagem de Resultados”, o qual estamos utilizando como referência por conter, ainda que associado à temática dos Recursos Humanos, a tradução de alguns livros de Knowles. TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS 129 Alguns artigos, dissertações e teses sobre a EJA já estão tendo como embasamento teórico a andragogia. Leia sobre o tema em: Para uma Andragogia do Esporte: discutindo as diretrizes e a formação profissional para a educação física de jovens e adultos, de Chacon Filho (2007); A Andragogia: que Contributos para a Prática Educativa? (NOGUEIRA, 2004); A Andragogia no Limiar da Relação entre Velhice, Trabalho e Educação (PERES, 2006). As metodologias andragógicas que auxiliam o processo de aprendizagem se subdividem em: aprendizagem autodirecionada representada por Knowles e Rogers, aprendizagem transformadora sob os estudos de Mezirow. A aprendizagem autodirecionada compreende que o foco está no aprendiz, predispondo-o ao debate e a descobertas. O objetivo da educação está mais para o processo “desenvolvimento de pensamento crítico, crescimento como pessoa e cidadão” do que para o conteúdo “aquisição de conhecimento e habilidades direcionadas para determinado assunto” (DeAQUINO, 2009, p. 24). A aprendizagem transformadora se interessa pela mudança no indivíduo, sua transformação pessoal e sua visão de mundo. O aprendiz, por meio dela, é incentivado a correr riscos, não temer o erro, justificar suas escolhas e argumentar sobre elas. Nesse sentido, ao professor cabe respeitar os limites do aluno, sem interferir em seu livre-arbítrio, procurando olhar e se envolver no processo positivamente (DeAQUINO, 2009, p. 25). Você já ouviu falar no “efeito Pigmalião”? Ele ilustra com clareza a situação do envolvimento do educador. Da mitologia, surge o escultor Pigmalião que, após várias tentativas sem êxito com as mulheres, decidiu viver só. Para transpor esse problema, idealizou e esculpiu o que para ele seria a mulher ideal, delineou com perfeição cada detalhe e, de tão perfeita, acabou apaixonando-se por sua própria obra (BONINO, 2009, p. 42). DICAS UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 130 FIGURA 30 – PIGMALIÃO E GALATHEA FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Pigmale%C3%A3o>. Acesso em: 24 out. 2011. DeAquino (2009, p. 25) traz, nas palavras de Rehm, uma adequação do mito ao universo escolar: Colocando de uma forma simples, quando os professores/facilitadores esperam que seus alunos/aprendizes se saiam bem e demonstrem crescimento intelectual, isso acaba acontecendo; quando os educadores não demonstram tais expectativas, o desempenho e o crescimento não são tão encorajados e podem, na verdade, ser até desencorajados por uma variedade de formas. Você já havia pensado sobre isso? Acredita que as expectativas que forem lançadas pelo educador podem, em maior ou menor grau, influenciar o desempenho dos educandos? Pense a respeito e troque ideias no fórum com seus colegas. TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS 131 2.3 HABILIDADES DeAquino (2009, p. 71) conceitua a aprendizagem como “[...] um conjunto de habilidades e, como toda habilidade, esse conjunto pode ser melhorado e desenvolvido com o passar do tempo”. Que habilidades serão essas? Você tem domínio verbal maior que o escrito? Aprende algo com mais facilidade se for pela manhã ou à noite? Pinta melhor do que dramatiza? Aprecia tarefas em grupo ou prefere fazer sozinho(a)? Você já identificou seus pontos fracos? Sabe ouvir críticas ou já se antecipa em sua própria defesa? Pense: quais são suas habilidades? FIGURA 31 – COMO EU APRENDO FONTE: Disponível em: <http://www.oncocamp.com.br/duvidas.htm>. Acesso em: 24 out. 2011. É importante que você descubra como aprende, assim potencializará o que tem de melhor e procurará corrigir os pontos fracos. Lembra-se de Sócrates? É dele a expressão: “Conhece-te a ti mesmo”. E as habilidades do educador de adultos, quais são? Gostaria que você refletisse sobre algumas habilidades mencionadas no Diagnóstico de Competências idealizado por Knowles et al. (2009, p. 297): UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 132 • Habilidade para planejar experiências de aprendizagem e executar uma variedade de propostas que levem em consideração as diferenças individuais entre os aprendizes (educandos). • Habilidade para criar um ambiente físico e psicológico no qual respeito, confiança, sinceridade, apoio e segurança sejam mútuos. • Habilidade para estabelecer uma relação afetuosa, empática e facilitadora com todos os tipos de aprendizes. • Habilidade para envolver aprendizes na formulação de objetivos que são significativos para eles. • Habilidade para identificar os diversos materiais disponíveis como recursos para a aprendizagem. Aliadas a essas habilidades, outras se somam; o uso do computador, por exemplo. O professor que possui familiaridade com as ferramentas tecnológicas pode enriquecer suas aulas e propiciar ao aluno o compartilhamento de saberes que possui, favorecendo a sua interação com o grupo, desenvolvendo a autonomia, mesmo que cada um tenha seu próprio estilo de aprendizagem. Em se tratando de estilos de aprendizagem, esse é o tema que aprofundaremos a seguir. 2.4 ESTILOS DE APRENDIZAGEM Você considera que todos os indivíduos aprendem da mesma maneira? Como será que o adulto aprende? Estratégias diversificadas possibilitam uma melhor aprendizagem? Qual o papel da leitura na aprendizagem? Articular bem as palavras auxilia na compreensão do que se está lendo? Como o educador pode proporcionar um ambiente de aprendizagem produtivo? Quantas coisas para pensar, não é mesmo? E para responder também. Planejar uma aula significa contemplar a diversidade de educandos, suas habilidades e estilos de aprendizagem, de forma a manter o grupo coeso e interessado. A aprendizagem vivencial desenvolvida por Kolb, em meados de 80, parte da premissa de que o conhecimento sobre algo é mais profundo se vivenciado. Denominado de Ciclo de Kolb e seus estágios, o “aprender fazendo” de Kolb (DeAQUINO, 2009, p. 27) subdivide-se em quatro estágios: TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS 133 1. experiência concreta (EC): aprender sobreum tema por meio de uma vivência e não apenas receber o conhecimento sem experienciá-lo, ou seja, aprende-se sentindo. Estratégia sugerida: estudo de caso, visita de estudo; 2. observação reflexiva (OR): pensar criticamente sobre a experiência da qual se participou, ou seja, aprende-se refletindo, observando e escutando. Estratégia sugerida: diálogo sobre a percepção de cada aluno; 3. conceitualização abstrata (CA): conectar a experiência com a teoria e os conceitos que a fundamentam, ou seja, aprende-se pensando. Estratégia sugerida: aula expositiva, leitura; 4. experimentação ativa (EA): estar apto a aplicar aquilo que foi aprendido em novas situações e desafios reais, ou seja, aprende-se fazendo. Estratégia sugerida: dramatização e/ou uso de vídeos. As questões metodológicas apresentadas constituem-se de subsídios para um planejamento focado na diversidade de alunos, suas habilidades e estilos de aprendizagem, de forma a desconstruir o modelo cristalizado de aula. O modelo anteriormente mencionado não se aplica à metodologia empregada por Paulo Freire, pois ele sabia muito bem como destacar as habilidades dos educandos. 3 PAULO FREIRE: O EDUCADOR DE ADULTOS Na mesma linha de pensamento de Sócrates, Freire (1981, p. 39) declara que “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” Considerado um expoente na educação brasileira, destacou-se de forma considerável por seu trabalho com a educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência. Sua preocupação era resgatar a dignidade do povo, especialmente por meio da educação. Alertava sobre “o grande perigo do assistencialismo”, que, pela ausência de diálogo, colocava o homem em estado de inércia, sem proporcionar meios de ele próprio ser artífice de seu destino, e a isso somava: “Sem esta consciência cada vez mais crítica não será possível ao homem brasileiro integrar-se à sua sociedade em transição, intensamente cambiante e contraditória” (FREIRE, 1967, p. 56). Sob essa ótica, mais especificamente nos anos 60, buscou a criação de um método de alfabetização que transcendesse o método baseado em cartilhas preparadas para o universo infantil. Conforme Brandão (2005, p. 63), o que UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 134 FIGURA 32 – MANCHETE DE JORNAL FONTE: Disponível em: <http://www.projetomemoria.art.br/PauloFreire/pecas_culturais/02_pc_ livro_fotobiografico.html>. Acesso em: 3 out. 2011 Em 1963, Paulo Freire ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias. Estabelecia-se aí seu método, que era baseado em um "convite" ao alfabetizando adulto para que ele se percebesse enquanto homem, vivendo e produzindo em determinada sociedade. Conforme Romão e Rodrigues (2011, p. 22), o educador “[...] utilizou um processo de alfabetização para pessoas adultas, de caráter extremamente inovador se comparado à concepção de ‘educação bancária’, como ele mesmo a denominou, e que se desenvolvia no interior das escolas brasileiras”. O método de Paulo Freire estruturava-se em três etapas: investigação, tematização e problematização. Nos círculos de cultura promovia-se uma conversa informal para levantar as palavras que Freire denominou de universo vocabular mínimo. O educador buscava visualizar os vocábulos mais presentes, os mais usuais, que integravam o cotidiano daquela comunidade. Selecionava em torno de 17 palavras, aproximadamente, que eram postas em cartazes; denominadas de palavras geradoras, elas fariam parte dos debates nos círculos de cultura, para assim significá-las na realidade daquela turma. Freire buscava era um método para “[...] formar pessoas educadas e conscientes, exigia uma outra compreensão do processo ensino-aprendizagem, do educador- alfabetizador para o educando-alfabetizado”. Garcia (2005) enfatiza que o adulto não retorna à escola com a intenção de recuperar um tempo perdido ou para aprender algo que não aprendeu quando criança. O que ele busca é um aprendizado para as suas necessidades atuais. 3.1 ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS 135 Saiba mais sobre o método criado por Paulo Freire em sua obra intitulada “Educação como Prática da Liberdade”, que está disponível para download no site do Portal Fórum EJA, por meio do link: <http://forumeja.org.br/df/ files/Educa%C3%A7ao%20como%20Pratica%20da%20 Liberdade%20pdf.pdf>. Nesse sentido, Romão e Rodrigues (2011, p. 23) afirmam que Paulo Freire sempre se mostrou muito cauteloso na escolha das palavras que empregava, quando expunha o seu pensamento pedagógico. O mesmo deve ter ocorrido no momento em que procurou o termo mais adequado para conceber o processo de alfabetização, que não se reduzisse à decodificação de uma língua. Acabou chegando à ‘leitura de mundo’. A mera repetição alienada e alienante de frases, palavras e sílabas presente nas cartilhas era abandonada. A proposta feita aos alfabetizandos era a de “ler o mundo” e “ler a palavra”, leituras, aliás, como enfatizava Freire, indissociáveis. 3.2 OS CÍRCULOS DE CULTURA Os Círculos de Cultura são espaços de encontro nascidos do Movimento de Cultura Popular no Recife na década de 1960. Conforme Pelandré (2005, p. 72), As aulas eram chamadas de ‘Círculos de Cultura’, espaço de desenvolvimento dos debates sobre a realidade existencial dos alfabetizandos, no momento em que os monitores, por meio dos ‘temas geradores’, problematizavam as situações, estimulando a participação e o posicionamento crítico. DICAS UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 136 FIGURA 33 – CÍRCULO DE CULTURA FONTE: Disponível em: <http://www.projetomemoria.art.br/PauloFreire/pecas_culturais/02_pc_ livro_fotobiografico.html>. Acesso em: 27 out. 2011. Na figura do círculo de cultura, educador e educando estabelecem um contato visual. O professor é um animador das discussões, que, como um companheiro alfabetizado, participa de uma atividade em que todos se ensinam e aprendem. O professor coordena o grupo que ele mesmo não dirige. Em todo momento, promove um trabalho, orienta uma equipe cuja maior qualidade pedagógica é o permanente incentivo a momentos de diálogo. O objetivo maior do círculo é impulsionar o educando para que seja artífice de seu próprio destino, consciente e crítico dos caminhos que poderá escolher. Freire (1967, p. 56) aborda que “[...] o que importa, realmente, ao ajudar-se o homem, é ajudá-lo a ajudar-se. [...] É fazê-lo agente de sua própria recuperação. É, repitamos, pô-lo numa postura conscientemente crítica diante de seus problemas”. Com essa atitude temos o resgate da cidadania, um papel que a educação, nos domínios da leitura e da escrita, realiza a fim de promover a emancipação do sujeito da EJA. TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS 137 4 PRÁTICA PEDAGÓGICA Acabamos de relatar a prática pedagógica proposta e efetivada por Paulo Freire. Pelandré (2005, p. 34) alerta: O que restou naquele grupo pioneiro de alfabetizados de 1963, das 40 horas de Angicos? Que mudanças ocorreram na vida dessas pessoas a partir desse aprendizado? Quais as motivações do adulto para aprender a ler e a escrever? Qual o tempo necessário para alfabetizar e consolidar o processo? Pelandré (2005, p. 34) acrescenta que: Os estudos de psicolinguística vêm demonstrando que é preciso ter clareza sobre o processo de aprendizagem da leitura e da escrita e sobre as funções diferenciadas que desempenham, pois, certamente, a intensidade do impacto do letramento, no adulto, vai ter repercussões sobre os esquemas cognitivos, sua autorrepresentaçãoe sua atuação no mundo. Na obra intitulada Pedagogia da Esperança, Freire relata a visita que fez a um assentamento da reforma agrária, próximo a Santiago, no Chile. Um camponês, ao dizer que nada sabia frente a um doutor que sabia, suscita em Freire a proposta de um jogo de saberes (2001, p. 48-49): [...] gostaria de lhes propor um jogo que, para funcionar bem, exige de nós absoluta lealdade. Vou dividir o quadro-negro em dois pedaços, em que irei registrando, do meu lado e do lado de vocês, os gols que faremos eu, em vocês; vocês em mim. O jogo consiste em cada um perguntar algo ao outro. Se o perguntado não sabe responder, é gol do perguntador. Começarei o jogo fazendo uma primeira pergunta a vocês. A essa altura, precisamente porque assumira o “momento” do grupo, o clima era mais vivo do que quando começáramos, antes do silêncio. Primeira pergunta: - Que significa a maiêutica socrática? Gargalhada geral e eu registrei o meu primeiro gol. - Agora cabe a vocês fazer a pergunta a mim - disse. Houve uns cochichos e um deles lançou a questão: - Que é curva de nível? Não soube responder. Registrei um a um. - Qual a importância de Hegel no pensamento de Marx? Dois a um. - Para que serve a calagem do solo? Dois a dois. DICAS UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 138 - Que é um verbo intransitivo? Três a dois. - Que relação há entre uma curva de nível e erosão? Três a três. - Que significa epistemologia? Quatro a três. - O que é adubação verde? Quatro a quatro. Assim, sucessivamente, até chegarmos a dez a dez. Ao me despedir deles fiz uma sugestão: Pensem no que houve esta tarde aqui. Vocês começaram discutindo muito bem comigo. Em certo momento ficaram silenciosos e disseram que só eu poderia falar porque só eu sabia e vocês não. Fizemos um jogo sobre saberes e empatamos dez a dez. Eu sabia dez coisas que vocês não sabiam e vocês sabiam dez coisas que eu não sabia. Pensem sobre isto. As práticas pedagógicas, como sabemos, não são neutras. Ou elas consideram os saberes trazidos pelos sujeitos que buscam o aprender e os incluem na construção de outros saberes, ou elas os afastarão para sempre. 4.1 PEDAGOGIA DE PROJETOS O trabalho com projetos é uma das temáticas que vêm sendo discutidas no campo educacional. Mas, que projeto? O projeto de sala de aula? O projeto do professor? Dos alunos? O Projeto Político-Pedagógico? O projeto para educação formal de jovens, de adultos, de idosos? O uso de projetos pedagógicos em sala de aula, enfatiza Freire (2001), tem se revelado uma forma alternativa de prática educativa que auxilia a integração e flexibilização de objetivos e conteúdos. O trabalho nesta perspectiva permite a alunos e professores se engajarem em uma ação conjunta, buscando maior eficiência da prática pedagógica a partir da interação que entre eles se estabelece. No trabalho com projetos, o aluno aprende no processo de produzir, de levantar dúvidas, de pesquisar e de criar relações, que incentivam novas buscas, descobertas, compreensões e reconstruções do conhecimento. E o professor deixa de ser aquele que ensina por meio da transmissão de informações e passa a mediar o processo de ensinar e aprender no cotidiano do aluno, para que ele possa encontrar sentido naquilo que está aprendendo. TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS 139 Conforme Prado (2005, p. 7), “[...] a pedagogia de projetos permite que o aluno aprenda fazendo e reconheça a própria autoria naquilo que produz, por meio de questões de investigação que lhe impulsionam a contextualizar conceitos já conhecidos e descobrir outros que surgem durante o desenvolvimento do projeto”. O desenvolvimento do trabalho pedagógico centrado em projetos é uma ação que pressupõe aberturas, é dinâmico, permite modificações, ajustes que podem ser definidos pelo aproveitamento de histórias dos alunos por um lado, e pelos objetivos que se pretende atingir naquele dado momento, por outro. A elaboração, execução, avaliação e reformulação do projeto é o caminho que vem garantir escolhas apropriadas e, por conseguinte, o sucesso do projeto pedagógico. 4.2 PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA A Pedagogia da Alternância originou-se na França, em meados de 1935. As Maisons Familiales Rurales surgiram em decorrência do descontentamento de agricultores que não viam o sistema educacional de seu país atender as necessidades de estudo vinculadas ao campo. Apenas em 1960 o governo francês reconheceu os Centros Familiares de Formação por Alternância (CEFFAs). FIGURA 34 – ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE OLIVÂNIA FONTE: Disponível em: <http://www.mepes.org.br/efa_olivania.html>. Acesso em: 25 set. 2011. As dificuldades no setor econômico do Espírito Santo fizeram deste estado o pioneiro, no Brasil, por meio da criação da Escola Família Agrícola de Olivânia no ano de 1969, em parceria com o Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo – MEPES. A Pedagogia da Alternância foi brevemente abordada na Unidade 1 deste caderno. Vamos relembrar? Volte ao subtópico referente ao PRONERA. NOTA UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 140 FIGURA 35 – CASAS FAMILIARES RURAIS FONTE: Disponível em: <www.arcafarsul.org.br>. Acesso em: 25 set. 2011. Como se organizam estas Casas Familiares Rurais? Quem as frequenta? Tomamos por base a Associação Regional das Casas Familiares Rurais do Sul do Brasil (ARCAFAR SUL), cujo trabalho propicia aos jovens uma formação de acordo com a realidade em que vivem sem precisarem abandonar o campo, e tem por missão a [...] representação, assessoramento e qualificação das Associações das Casas Familiares Rurais e do Mar, buscando o desenvolvimento sustentável e solidário da agricultura familiar e da pesca artesanal, pela Pedagogia da Alternância, para a Educação do Campo, em benefício da sociedade (ARCAFAR SUL, 2011). Como se dá a alternância? Knob e Corona (2011 apud CORREIA; CRUZ, 2009) nos relatam com precisão essa abordagem metodológica: O jovem permanece uma semana na Casa Familiar Rural, no sistema de internato. Nesta semana o jovem é orientado no sentido de refletir sobre os diferentes momentos de sua vida; recebe orientação técnica, científica e humana. São momentos educativos que promovem o aproveitamento das experiências concretas de cada jovem [para compartilhar] com os colegas e monitores. Nas duas semanas em que o jovem permanece na propriedade junto com a família, [...] trabalha no sentido de descrever suas experiências de vida junto à família e à comunidade, analisando a realidade em que se encontra. É um período em que o diálogo e a reflexão com a família são fundamentais, bem como é quando o jovem aplica na prática os conhecimentos recebidos na semana que passou na Casa Familiar. Burgardt (2011) registra as práticas pedagógicas utilizadas na Pedagogia da Alternância sob a forma de técnicas de ensino que auxiliam os jovens a expor suas ideias; ao educador cabe “ouvir mais e falar menos”. Estar TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS 141 a par do que sabem estes jovens sobre certos temas, reunir as informações e dialogar com eles, fazendo-os refletir; a complementação deve ser feita de modo não impositivo, mas com a intenção de desfazer mitos e inverdades que possivelmente apareçam em suas falas. FIGURA 36 – PEDAGOGIA POR ALTERNÂNCIA FONTE: Disponível em: <http://www.pedagogiadaalternancia.com/>. Acesso em: 25 set. 2011. Que tal escutar um pouco de música e refletir sobre a letra de Cio da Terra e a Pedagogia da Alternância? Acesse: <http://www.youtube.com/watch?v=u5M6dH_Ftq0>. A Educação do Campo constrói pouco a pouco suas bases. A área da formação de educadores já apresenta resultados por meio da promoçãode cursos de licenciatura em Educação do Campo, sob a forma de alternância, bem como discussões foram feitas para a construção de políticas públicas nos estados, em 2011. Assim como a Pedagogia da Alternância alia teoria e prática, encontra-se na mesma direção o Projeto de Intervenção Local. Este será o nosso próximo subtópico. DICAS UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 142 4.3 PROJETO DE INTERVENÇÃO LOCAL Quando nos propomos a realizar algo, pensamos bastante a respeito, mas, para que saia do plano das ideias e tome forma, é preciso que façamos um planejamento focado em determinado assunto. Assim também ocorre com o Projeto de Intervenção Local (PIL). Vejamos como, iniciando pela compreensão dos termos. AUTOATIVIDADE 1º Procure a definição das palavras-chave. Você poderá encontrar muitos significados. Selecione o que mais se identificar com a educação. Conseguiu?! Projeto:______________________________________________________ Intervenção:__________________________________________________ Local:________________________________________________________ 2º Agora pense sobre as três palavras juntas e construa a sua concepção de PIL: _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ FIGURA 37 – PASSO A PASSO FONTE: Disponível em: <http://juliana-ayres.blogspot.com/2010/01/intervencao- urbana.html>. Acesso em: 25 set. 2011. TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS 143 AUTOATIVIDADE Na elaboração de um projeto, precisamos elencar algumas etapas a fim de estruturá-lo. Leia o resumo apresentado por Gomes (1986, adaptado para o português do Brasil) em Portugal e nomeie os itens que compõem o projeto: 1º _______________________________ _____ Trata-se de um projeto de educação para saúde e motivação para o planeamento familiar, integrado com outras atividades de desenvolvimento numa pequena comunidade rural. 2º ____________________________________ Enquanto projeto de intervenção na comunidade: Que a população da aldeia adote novas atitudes e práticas em relação à saúde e ao planeamento familiar. [...] 3º ____________________________________ Integrou animadores de formações profissionais diferentes (entre outros, professores, enfermeiros de saúde pública, assistentes sociais) [...] 4º ____________________________________ Decorreu em Farreginhas, uma aldeia do concelho de Castro Daire (distrito de Viseu) com cerca de 350 habitantes e baixos indicadores socioeconômicos e de saúde. 5º _____________________________________ Cerca de quatro anos, de outubro de 1978 a janeiro de 1983, incluindo as fases de preparação, implementação e avaliação do projeto. O trabalho de intervenção propriamente dito na aldeia ocorreu entre finais de 1979 e meados de 1982, durante aproximadamente dois anos. 6º _____________________________________ A animação da comunidade foi baseada em princípios de educação não formal participativa. O projeto privilegiou a partir das mulheres a educação para a saúde e planeamento familiar. A partir destas áreas, integrou gradualmente outras necessidades das mulheres e de outros grupos da população, como a alfabetização de adultos, a animação UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 144 de jovens e o estudo do cotidiano das mulheres e da tradição na aldeia. Concluíram os seguintes programas na aldeia: Programas de Saúde Educação para saúde, incluindo a informação sobre planeamento familiar. Prestação de cuidados primários à população da aldeia (vacinação, saúde escolar, visitas domiciliares, controle de hipertensão [...] Animação da população para resolver os problemas de saneamento. Formação de promotores de saúde [...] Outros programas Alfabetização/animação de jovens/investigação participativa sobre o cotidiano das mulheres e a tradição da aldeia. 7º ______________________________________ Novos conhecimentos e novas práticas sobre a saúde. Mudança de atitudes sobre planejamento familiar e a sexualidade. Interesse das mulheres pela saúde da comunidade. Constituição de novos grupos na aldeia: grupo de alfabetização, grupo das senhoras, grupo de jovens [...] Novos hábitos e atitudes: de reunião, de cooperação, de maior apreciação de si e dos outros. Valorização da tradição cultural. Modelo de intervenção comunitária, com base na metodologia de animação não formal participativa. FONTE: Gomes (1986, adaptado para o português do Brasil). Disponível em: <http://analisesocial. ics.ul.pt/documentos/1223553577H1vXM7xw8Gq59ZC0.pdf>. Acesso em: 25 out. 2011. Então, você conseguiu descobrir quais partes constituíram o projeto realizado em Portugal? Vejamos: 1 descrição do tema; 2 objetivos; 3 equipe que fará parte do projeto; 4 local onde será aplicado; 5 duração prevista; 6 metodologia; 7 resultados obtidos. Vamos verificar seu desempenho? • Você identificou sozinho(a) as respostas?, muito bem! • Você olhou a estrutura dada e depois localizou no texto?, que pena! Você queimou uma etapa importante (a descoberta). • Você identificou no texto, depois observou a estrutura dada e comparou com a sua?, parabéns! Você vai longe! O Projeto de Intervenção Local (PIL): “É a produção escrita de um projeto que visa responder (ou solucionar) uma pergunta (problema) construída (formulada) por uma equipe de trabalho, constituída por professores no ambiente educativo” (COSTA, 2009, p. 10). TÓPICO 1 | ABORDAGENS E ESTRATÉGIAS 145 A estrutura do PIL apresenta, conforme Costa (2009, p. 25): 1 Tema (descrição) 2 Problema 3 Hipóteses 4 Objetivos 5 Justificativa 6 Referencial teórico 7 Metodologia 8 Recursos 9 Cronograma 10 Referências Projeto de Intervenção Local: que tal dar uma olhada na orientação para elaboração do PIL? Disponível em: <forumeja.org.br/sites/forumeja.org.br/files/Doc_ Orientador_PIL.pdf>. Acesso em: 7 nov. 2011. Apresentação do Projeto de Intervenção Local, que aconteceu durante o IV Encontro Presencial de Apresentação dos Projetos de Intervenção Local (PIL) e avaliação pelas bancas examinadoras, em 2010. É uma parceria entre a Universidade de Brasília - UnB/Faculdade de Educação e Universidade Aberta do Brasil - UAB/UnB. FONTE: Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=mmGMkRTPHXs&feature=relatede <http://www.youtube.com/watch?v=eaOYsMc49lk>. Acesso em: 7 nov. 2011. Salientamos que os projetos de intervenção local utilizam como metodologia basicamente os pressupostos da pesquisa-ação, pois, segundo Thiollent (2000, p. 75), “[...] promovem a participação dos usuários do sistema escolar na busca de soluções aos seus problemas”. Pode ser uma intervenção aliada à saúde, às tecnologias de informação e comunicação (TICs), à evasão ou até como no projeto de Gomes (1986), intersetorializado. DICAS 146 • A educação de adultos recebe contributo de diversas áreas, como filosofia e psicologia. • A andragogia, segundo Malcolm Knowles (2009), é a arte e ciência de ajudar adultos a aprender. • Os princípios andragógicos podem auxiliar na prática docente, observe que a aprendizagem está centrada no aluno. • As abordagens e estratégias na EJA podem estar ancoradas nos princípios andragógicos de Knowles ou na Pedagogia de Projetos de Paulo Freire. • As habilidades e o estilo de aprendizagem demonstrado pelos educandos auxiliam o educador a planejar, a fazer inferências, a aproximar-se mais do grupo. • A Pedagogia de Projetos permite a inserção de temas diversos e de interesse dos educandos, de forma a ampliar o entendimento e promover a condição de cidadão. • A Pedagogia da Alternânciapermite trazer a realidade do jovem para uma discussão em prol da melhoria de sua condição de vida no campo. Dá voz aos sujeitos dentro da própria comunidade. • O Projeto de Intervenção Local atende a comunidade e a questão se expande para além dos muros da escola, podendo envolver outros segmentos intersetoriais. RESUMO DO TÓPICO 1 147 1 Pesquise o passo a passo para a elaboração de um projeto. Você pode consultar o Caderno de EJA 2, acessando o site do MEC, disponível em: <http://portal. mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=13536%3Am ateriais-didaticos&catid=194%3Asecad-educacao-continuada&Itemid=913>. Acesso em: 21 nov. 2011. 2 Com base nos itens pesquisados, elabore uma simulação de um projeto de leitura para uma turma de EJA. AUTOATIVIDADE 148 149 TÓPICO 2 A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO FIGURA 38 – FOCO FONTE: Disponível em: <http://office.microsoft. com/pt-br/images/educacao-CM079001901. aspx?AxInstalled=copy&Download=MP900411673&ext=JPG&c=0#ai:MP900411673|>. Acesso em: 22 nov. 2011. A discussão em torno da formação do educador de EJA será o foco desta seção. São muitas as questões envolvidas no processo de aprendizagem de adultos, metodologias, currículo, material didático, as especificidades do campo de atuação, entre outras. 150 UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? Se entendermos que a Educação de Jovens e Adultos está para além da escolarização e o que lhe confere destaque é prover, ao aluno da EJA, subsídios para que ele consiga exercer plenamente sua cidadania, então lhe daremos a devida importância, pensando mais em termos de dignidade (em nível pessoal) e de sustentabilidade (em nível mundial). Nessa direção, apontamos como essencial a atuação do professor. Como Nóvoa (2007) assevera: “Nada substitui o bom professor”. No que tange ao conhecimento, sim, é basilar; mas existe toda uma articulação com outros saberes que visam promover a aprendizagem e estimular o aprender a aprender, que faz do educador um maestro por excelência. Como um educador de EJA incursiona na profissão, é o que explicitaremos a seguir. 2 PROFISSÃO: EDUCADOR DE ADULTOS Como um educador se fez educador, que caminhos trilhou, que experiências somou, que rumo seguiu? Como foi se constituindo ao longo de sua trajetória sem formação específica? O educador de EJA, na maioria das vezes, sem formação prévia, se fez educador no contato com o educando. À medida que se lhe apresentavam os reveses da profissão, foi moldando seu fazer pedagógico. A incursão da profissão docente com adultos se deu por meio da prática, respaldada, na maioria das vezes, por anos de magistério, o que Tardif (2002, p. 49) corrobora ao conceituar a expressão habitus, “[...] isto é, certas disposições adquiridas na e pela prática real, [...] através de um saber-ser e de um saber-fazer pessoais e profissionais validados pelo trabalho cotidiano”. Há práticas que superam em muito a formação recebida; sem respaldo formativo, os educadores foram abrindo trilhas e ocupando seu espaço. Evidenciamos a transformação pela qual está passando a profissão docente voltada a jovens e adultos; já não podemos mais ficar à deriva, temos que pleitear políticas que contemplem uma formação adequada. Atualmente, os recursos tecnológicos nos têm possibilitado uma maior aproximação com diversas realidades, sendo possível estar a par das discussões em torno da temática da EJA, a exemplo do Portal Fórum EJA. Ir ao encontro de cursos que nos levem a uma melhoria da profissão docente é outro ponto a considerar, uma vez que podemos (re)elaborar nossos conceitos, nossas práticas, promovendo assim uma educação de qualidade. Será tarefa fácil? Certamente que não! Há desafios que precisaremos enfrentar, mas também há possibilidades a serem consideradas. TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA 151 2.1 IDENTIDADE: DESAFIOS E POSSIBILIDADES FIGURA 39 – DESAFIOS FONTE: Disponível em: <http://office.microsoft.com/pt-br/images/results. aspx?qu=Fotografias#ai:MP900255363|>. Acesso em: 25 nov. 2011. Por ocasião das campanhas (CNEA, CEAA), mencionadas no Tópico 1 desse caderno, a profissão de professor era exercida como vocação e, portanto, o professor não deveria se importar em transformá-la em missão, voluntariado, ou ainda de tratamento compensatório e assistencialista, segundo Ribeiro (1999). Arroyo (2006, p. 17) concorda ao afirmar que “[...] a formação do educador e da educadora de jovens e adultos sempre foi um pouco pelas bordas, nas próprias fronteiras onde estava acontecendo a EJA”. Mesmo que de forma incipiente, algumas instituições de Ensino Superior já se articulam na inserção de estudos em EJA nas matrizes curriculares dos cursos de Pedagogia; necessário se faz ainda estender às demais licenciaturas. O Relatório Final do I Seminário Nacional de Formação de Educadores de Jovens e Adultos (I SNF) registra que “[...] a identidade da EJA está ainda em definição” e traz à tona pontos cruciais e recorrentes que você poderá conferir na Leitura Complementar. Nóvoa (2007) destaca três desafios para o futuro da profissão docente: o primeiro diz respeito à organização da profissão; o segundo refere-se à formação mais centrada nas práticas e na análise das práticas e o terceiro no tocante à credibilidade da profissão. 152 UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? Acreditamos que, no que concerne ao primeiro desafio e pensando no educador de jovens e adultos, a organização esteja caminhando lado a lado com a construção da identidade. No tocante ao terceiro desafio, muito dependerá do sucesso do segundo desafio. É sobre este que temos que nos debruçar. A formação mais centrada nas práticas e na análise das práticas surge em um momento em que não podemos mais nos ater à teoria e deixarmos as práticas para serem colocadas ao crivo de nossa razão durante o estágio. Precisamos estar cientes da realidade que encontraremos no exercício da profissão; o que acontece nas escolas que contemplam a modalidade EJA precisa ser discutido dentro dos espaços formativos, com o intuito de promover o crescimento de quem está atuando e de quem vai atuar. De acordo com Soares (2005b, p. 129), “[...] a questão da profissionalização do educador de adultos tem se tornado cada vez mais nuclear nas práticas educativas e nas discussões teóricas da área”. Na construção de sua identidade profissional, você será um professor ou educador? Já possui a resposta? O próximo subtópico auxiliará você nessa reflexão. 2.1.1 Professor ou educador Qual será a diferença entre professor(a) e educador(a)? Residirá em uma prática pedagógica diferenciada? Um é melhor do que o outro? A titulação estará contemplada na resposta? O tempo de serviço prevalecerá na escolha do termo mais adequado? Esse tema foi posto em pauta no terceiro Seminário Nacional de Formação do Educador de EJA – III SNF, 2010, em palestra proferida pelo Prof. Luiz Percival L. Britto/UFOPA sobre “A Formação do Educador de EJA - desafios e possibilidades: mudar é difícil, mas não impossível”. Em sua apresentação, destaca elementos que quis discutir antes de fazer a distinção entre um termo e outro. Buscamos dois deles: O núcleo intelectual e político da EDA [Educação de Jovens e Adultos]/ EJA sustentou-se à revelia da escola regular, constituindo programas paralelos com o estatuto de correspondência dos níveis escolares estabelecidos. A crítica aos valores hegemônicos que se afirmam pela educação escolar firmou a noção de que os conhecimentos adquiridos na vida prática (independentementeda experiência escolar) são tão importantes quanto o saber escolar (BRITTO, 2010, p. 19, grifo do autor). TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA 153 Ao primeiro, inferimos que, mesmo sendo relegada a segundo plano, a Educação de Jovens e Adultos se expandiu em paralelo à educação básica. Acrescentamos ainda que constituiu seu próprio espaço de discussão, a exemplo dos Fóruns de EJA. Ao segundo, nos reportamos ao analfabeto ou mesmo ao indivíduo que não ingressou na universidade, tem experiência de vida que não pode ser desconsiderada na escola. E para adentrar o universo do questionamento, apresentamos um paralelo entre: EDUCADOR PROFESSOR Reconhece o outro como um sujeito pleno (“um igual”). Está numa posição diferenciada e de poder diante do aluno. Assume posição crítica/recusa à educação tradicional. Reproduz a educação tradicional (bancária). Busca a organização política dos envolvidos, reconhecendo que educação é política. Separa a educação da política e vê o sucesso como fruto do esforço individual. Esse é o esclarecimento que não poderíamos deixar de mostrar, embora saibamos que muitos professores agem como educadores, mesmo que não nomeados dessa forma. Novamente, trazemos aqui a relevância dos Fóruns de EJA e da pauta de discussão instaurada no interior desses grupos que, seguramente, fazem a diferença para aquele profissional engajado, participante do Fórum, que, ao tomar conhecimento dos assuntos em voga, pode opinar, intervir e propor deliberações em documentos que venham a contribuir na criação e/ou (re)elaboração de políticas educacionais. 154 UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? Assista ao filme: O Grande Desafio. Você terá uma autoatividade sobre a atuação do professor com base neste filme. Sinopse: Melvin Thompson (Denzel Washington) é um brilhante professor e amante das palavras. Embora tenha convicções políticas que possam atrapalhar sua carreira, ele decide apostar nos seus alunos para formar um grupo de debatedores e colocar a pequena Wiley College, do Texas, no circuito dos campeonatos entre as universidades. Mas o seu maior objetivo é enfrentar a tradição de Harvard diante de uma enorme plateia. Inspirado em fatos reais. Título original: The Great Debaters Lançamento: 2007 (EUA) Direção: Denzel Washington Atores: Denzel Washington, Nate Parker, Denzel Whitaker, Jurnee Smollett Duração: 126 min Gênero: Drama FONTE: Disponível em: <http://www.adorocinema.com/filmes/o-grande-desafio/>. Acesso em: 23 mar. 2011. 3 PERCURSO FORMATIVO Morin (2004, p. 10) destaca que “[...] a formação possui conotação de moldagem e conformação, tem o defeito de ignorar que a missão do didatismo é encorajar o autodidatismo, despertando, provocando, favorecendo a autonomia do espírito”. Nesse aspecto, concordamos que o professor não pode ficar com seu saber estagnado nem transmiti-lo da mesma forma como lhe foi ensinado. Contudo, antes convém perguntar: como aperfeiçoar algo que não foi dado? Como ter uma formação continuada, se não teve uma formação inicial, considerando que estamos falando da Educação de Adultos? Aqui, cabe esclarecer que não desmerecemos a formação continuada, mas que, não havendo uma formação inicial específica, aquela é o meio de nos aproximarmos do que é relevante na Educação de Adultos. DICAS TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA 155 A respeito de ter ou não formação na área de Educação de Jovens e Adultos, Zaragoza afirma que: [...] ao chegar às instituições escolares, o professor iniciante vai deparar- se com uma realidade que não corresponde exatamente a essa concepção idílica da relação educativa. Para a maioria deles, é a primeira vez que devem enfrentar a responsabilidade de uma classe, assumindo as consequências de seus próprios erros. Desde os primeiros dias inicia- se, portanto, uma crise em seus conceitos idealizados, até conseguir a articulação de alguns conceitos do magistério compatíveis com sua vprática cotidiana (1999, p. 134). Ao nos referirmos às práticas e com algumas inserções, pensamos que o trecho do estudo de Castro et al. (2006) pode esclarecer a você aspectos importantes do percurso formativo. [...] A escola pesquisada conta com 180 educandos pertencentes a duas comunidades rivais, a maioria com idade entre 15 e 24 anos; possui sete educadores cuja prática está pautada nas disciplinas (1º momento da aula) de Matemática, Língua Portuguesa, História, Geografia, Ciências, Língua Inglesa e Arte e na pesquisa (2º momento). As pesquisas são distribuídas por temas geradores previamente definidos pelo programa da EJA do município e a escola possui sala informatizada com dez computadores e biblioteca com material dedicado às séries iniciais (crianças) (CASTRO et al., 2006, p. 20). Os questionamentos de Castro et al. sobre a desmotivação que observou nos educadores, em sua pesquisa, foram esclarecidos por uma das participantes do seu estudo: São professores sem identidade com a profissão, que não têm experiência e formação para trabalhar com essa clientela, não se sentem preparados para trabalhar com projetos de pesquisa e, o que é pior, não veem sentido em suas profissões, ou seja, não acreditam no poder emancipatório da educação (CASTRO et al., 2006, p. 21). Uma professora participante da pesquisa assim se pronunciou: [...] que nós tenhamos formação voltada para lidar com tais situações. Porque eu simplesmente não sei fazer. É difícil conter nervosismo, é difícil... eu não sei nem de que forma falar com eles para que eles contenham os ânimos. É meu primeiro ano de magistério mesmo, de Educação de Jovens e Adultos, então eu não sei lidar com esse tipo de situação de fato (CASTRO et al., 2006, p. 87). 156 UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? Segundo Castro et al. (2006), a maioria dos educandos participantes da sua pesquisa disse não saber e demonstrar pouca motivação pelo assunto pesquisado, quando a eles foi perguntado sobre o porquê da temática. Podemos entrelaçar alguns temas que você estudou, com a ausência sentida no percurso formativo, de estudos em EJA, de que falam as participantes da pesquisa, a saber: formação para o exercício da profissão, conhecimento sobre os sujeitos da EJA, pedagogia de projetos. Para Nóvoa (2010), o acompanhamento dos professores recém-formados merece igual atenção que é dada aos médicos, uma vez que esses não iniciam realizando operações complexas para, depois, apenas “curar constipações”: Os jovens professores deveriam ser protegidos nos primeiros anos de exercício. Como os médicos. [...] As situações escolares mais difíceis deviam estar a cargo dos melhores professores. Infelizmente, é para estas situações que os jovens professores são muitas vezes lançados sem qualquer apoio. É um erro de graves consequências (NÓVOA, 2010, p. 8). A respeito do assunto, Nóvoa (2010, p. 7) afirma em relação à formação inicial: Os primeiros anos de exercício docente são absolutamente fundamentais. E ninguém cuida destes anos [...]. É urgente criar formas de acolhimento, de enquadramento e de supervisão dos professores durante os primeiros anos da sua atividade profissional. Referente à Pedagogia de Projetos, podemos articulá-la com a andragogia, de Knowles et al. (2009), e a um dos seis princípios, a motivação, isto é, os adultos são motivados a aprender à medida que experimentam que suas necessidades e interesses serão satisfeitos. “O trabalho com projetos caracteriza-se como um avanço que já consegue se distanciar de um currículo engessado, mas como, para o educando adulto,é essencial que o tema seja de seu interesse, para o educador é essencial que passe por sua experienciação” (AROZENA; SOUZA, 2009, p. 7467) e/ou que saiba buscar subsídios em fontes que contemplem o contexto do adulto. Considerar a problemática em que esses educandos estão inseridos já se faz um referencial para um projeto que perpassa o interesse de todos. Como fazê-los refletir sobre a rivalidade, discorrendo sobre o “enfrentamento” de um grupo para com o outro, constitui-se em tarefa árdua. O educador passa a ser um agente de transformação, um facilitador na resolução desse problema. Essa análise requer do educador conhecimento prévio, discussões, um preparo que a academia pode propiciar por meio de estudos de caso, com base no corpus de pesquisas – evitando- se, assim, o “cair de paraquedas”. TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA 157 3.1 FORMAÇÃO INICIAL A partir da premissa de que todo curso de licenciatura (formação inicial) habilita para atuar em diferentes campos e, mesmo que o curso esteja em andamento, os acadêmicos podem dar início à carreira profissional já nas fases iniciais do curso, a exemplo de editais que circulam para provimento de cargos em ACT (admissão em caráter temporário), inferimos que o acadêmico pode ir para o campo de atuação em EJA sem ter tido, em sua formação inicial, estudos em EJA que lhe deem embasamento para tal atuação. Soares (2006, p. 15) nos chama atenção para o fato de que: Mesmo que a formação inicial ofertada pela universidade seja considerada de qualidade, os egressos não necessariamente têm essa qualificação valorizada no momento da inserção profissional. Não existe, assim, uma relação estreita entre formação inicial na universidade e campo de atuação. Entretanto, para o autor, “[...] uma linha de preocupação que se traduza em intencionalidade ainda está por acontecer” (SOARES, 2006, p. 15). Temos a compreensão de que há uma mobilização com o propósito de alargar o entendimento sobre a reconfiguração da EJA, por meio dos Fóruns de EJA, ENEJAs, SNF I, II, III e pela própria CONFINTEA. Conforme Soares (2006, p.17), a constituição “[...] de um quadro profissional – formado nos cursos de Pedagogia, nas licenciaturas e pelas próprias redes de educação formal e não formal – para atuar com um público específico contribuirá para o fortalecimento da área, [...].” Já mencionamos que nem todas as instituições de Ensino Superior possuem a temática da EJA inserida nas matrizes curriculares dos cursos de licenciaturas? Talvez seja esse o motivo de encontrarmos na internet diversos pedidos de ajuda. Constatamos que há lacunas quanto às temáticas de: psicologia do adulto, neurociência (como o adulto aprende), literatura voltada aos jovens e adultos, dinâmicas de interação com adultos, saídas de estudo com adultos. Em se tratando, ainda, da educação de jovens e adultos, a neurociência, uma nova ciência do século XX, cujo cerne de pesquisa está no cérebro humano, traz uma nova contribuição em relação ao “como aprender”. A aprendizagem se efetiva quando há alternância nos momentos de concentração e relaxamento (RIGO, 2008). Segundo os neurocientistas, o tempo máximo de concentração depende da idade de cada um. Uma criança de sete anos de idade, por exemplo, pode aprender durante sete minutos, ao passo que o tempo de aprender para um adolescente de quinze anos é de quinze minutos. O tempo para o adulto é entre 20 e 30 minutos (RIGO, 2008). 158 UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? De acordo com as entrevistas, a pergunta singular que o professor se faz é COMO auxiliar o adulto a aprender. Não há respostas prontas, o que existem são experiências que podem ser analisadas e buriladas. Trabalho com textos informativos na alfabetização de jovens e adultos, esse é o tema do vídeo que você pode acessar. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=hZ_ BAwQAVU4&feature=PlayList&p=BEFFF8294ED6EF4B&playnext=1&playnext_ from=PL&index=1>. Acesso em: 14 mar. 2011. O Relatório Final do II Seminário Nacional de Formação de Educadores de Jovens e Adultos (II SNF) reafirma itens propostos no I SNF e especificamente para as IES: Diante disso, podemos inferir que ao educador cabe alternar atividades e recursos, a fim de promover melhores situações de aprendizagem para os educandos. Destaca-se ainda a necessidade de se organizar o projeto político- pedagógico do curso de Pedagogia e demais licenciaturas assumindo a diversidade dos sujeitos da educação – crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos – e as múltiplas identidades desses sujeitos (trabalhadores, pescadores, sem terra, do campo, da cidade, pessoas com necessidades educacionais especiais etc.). Esta centralidade deve perpassar os cursos como um todo, não se restringindo a disciplinas isoladas ou apenas nos momentos de estágios. Da mesma forma, cabe a este projeto político-pedagógico reforçar a necessidade da interação entre as atividades de ensino, pesquisa e extensão, para a formação do sujeito crítico, que atuará na EJA. Uma reflexão, por exemplo, a respeito do curso de Pedagogia, aponta para a necessidade de ampliação da perspectiva da formação deste educador: envolvendo as áreas de arte, educação física, novas tecnologias, neurociência, entre outras, considerando, inclusive, que este profissional atua não apenas no ambiente escolar, mas para além dele. FONTE: II SNF (2008, p. 2) DICAS TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA 159 3.2 FORMAÇÃO CONTINUADA FIGURA 41 – ÁRVORE DO CONHECIMENTO FONTE: Disponível em: <http://office.microsoft.com/pt-br/images/results. aspx?qu=educa%C3%A7%C3%A3o&ex=1#ai:MP900398745|>. Acesso em: 26 nov. 2011. Caro(a) acadêmico(a)! Não perca a explanação da Profª Maria Margarida Machado/UFG sobre a organização do II SNF, em Goiás. Será uma forma de você aprofundar o que leu no Tópico 2, dessa unidade. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=in4Sd0nKGZ8&feature=player_embedded>.Acesso em: 24 maio 2009. DICAS 160 UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? Conforme Pinto (2007, p. 113), a formação continuada do educador ocorre de duas maneiras: a via externa, por meio de “[...] cursos de aperfeiçoamento, seminários, leitura de periódicos especializados”; e a via interior, por meio de um processo reflexivo referente ao “cumprimento de seu papel social”. O “aprender ao longo da vida”, de que tratamos na Unidade 1 desse caderno, deve ser aplicado não apenas aos educandos, mas ao próprio educador, que, uma vez sendo partícipe de uma sociedade em constante mudança, necessita saber do desencadeamento dos acontecimentos. O porquê do saber implica estar a par das discussões que envolvem o sujeito educando: realidades díspares, práticas pedagógicas mais assertivas, políticas apropriadas à EJA. Nesse sentido, Pinto (2007, p. 113) menciona que: Não são tanto os negligentes, mas principalmente os autossuficientes os que estacionam no caminho de sua formação profissional. Julgar que sabem todo o necessário, considerar que seu papel na educação elementar nada mais exige deles, é uma noção que paralisa a consciência do educador e o torna inapto para progredir. É nesse sentido que Piconez (2009, p. 109) sugere: “É preciso insuflar novos ares de atualização e adaptação ao trabalho dos professores.” Veja mais: EJA na sala de aula. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=pzuXIWmewbE&feature=related>. Acesso em: 25 abr. 2011. 3.3 A RELEVÂNCIA DA PESQUISA O educador, ante as constantes discussões sobre a temática da EJA, por meio da pesquisa estará em permanente atualização. Mas, de que maneira poderá fazê-lo? Pesquisa não tem manual;você desenvolve seu próprio estilo. Algumas dicas podem ser bem-vindas. Comece rastreando temas de seu interesse na internet. Vejamos as palavras-chave: alfabetização de jovens e adultos, isso pode conduzir você a um link. Veja a figura. NOTA TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA 161 FIGURA 42 – LINK DA INTERNET FONTE: Disponível em: <https://www.google.com.br /#q=alfabetiza%C3%A7%C3%A3o+e+jovens+e+ adultos+no+Brasil+li%C3%A7oes+da+pr%C3%A1tica>. Acesso em: 24 set. 2013. Melhor conferir se o site é confiável, por exemplo, este é da Unesco; ao abrir o documento, você pode chegar a um livro que aborde a “Alfabetização de Jovens e Adultos no Brasil: lições da prática” e baixá-lo automaticamente, são 207 páginas. FIGURA 43 – CAPA DE LIVRO FONTE: Disponível em: <unesdoc.unesco.org/ images/0016/001626/162640por.pdf>. Acesso em: 28 out. 2011. Não se assuste com o número de páginas, verifique o sumário, vá percorrendo os temas, de repente você lê sobre o método silábico, depois, lá na página 76, pode ter uma sugestão de leitura: 162 UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? FIGURA 44 – SUGESTÃO DE LEITURA FONTE: Disponível em: <unesdoc.unesco.org/images/0016/001626/162640por.pdf>. Acesso em: 28 out. 2011. E não se esqueça de conferir as referências, que podem lhe propiciar outros passeios pela internet. Outra fonte importante de subsídios para pesquisa é o Portal Fórum EJA, como já estudamos. Que tal outro passeio? AUTOATIVIDADE Acesse o portal: <www.forumeja.org.br>. Clique na bandeira do RS e leia os slides da prof.ª Jane Paiva (UFRJ), em apresentação realizada no I EREJA SUL, em Porto Alegre, 2011. Agora responda: quem também faz parte dos sujeitos da EJA? TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA 163 Você concorda? “Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.” Isso não ocorre só na vida pessoal, mas na profissional também. São tantas coisas que deixamos de lado, tanta correria, que não sobra tempo. Que tempo? Cadê o tempo, não é mesmo?! Ele passa tão rápido que mal o vemos. Tantos sonhos se perdem no tempo. Deixamos cursos para fazer depois; livros para ler depois; tarefas para cumprir depois; dinâmicas para aplicar com os educandos depois; ideias criativas que ficam para depois; visitas a lugares interessantes para depois; filmes para assistir depois. Então, agora que tudo ficou para depois, já não lembramos mais o que era mesmo que queríamos fazer. Ah! Não importa, passou. E, porque passou, não buscamos mais, não nos interessamos mais. Vamos nos acostumando. Esquecemos... Autonomia é para ser desenvolvida no educando. Ah! Esquecemos que o educador também necessita desenvolver sua autonomia. Quem escolhe o caminho da profissão docente necessita ter autonomia. Tolhe a criatividade quem se acostuma com a rotina. Ter autonomia, decidir, buscar, compartilhar, ir ao encontro de novos saberes, novas práticas, novos desafios, novas conquistas. Sabe, a gente também se acostuma! É que o processo de aprender, em que historicamente descobrimos que era possível ensinar como tarefa não apenas embutida no aprender, mas perfilada em si, com relação a aprender, é um processo que pode deflagrar no aprendiz uma curiosidade crescente, que pode torná-lo mais e mais criador (FREIRE, 2009, p. 24). A possibilidade de aprender a aprender e estar em constante “aprendizagem ao longo da vida”, comprometido com a docência, pode transformar o educador. 4 AUTONOMIA FIGURA 45 – POEMA DE MARINA COLASANTI FONTE: Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0018/001859/185905por.pdf>. Acesso em: 12 out. 2011. 164 UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 5 ESPECIFICIDADES NA FORMAÇÃO DO EDUCADOR A inquietação quanto à formação do educador de EJA resultou no tema “Formação de Educadores de Jovens e Adultos: desafios e perspectivas”, enfocado no III Seminário Nacional de Formação de Educadores de Jovens e Adultos - III SNF (2010), o qual tratou das especificidades dessa formação; veja alguns temas abordados: • a formação inicial e continuada do educador de jovens e adultos nas IES; • a formação do educador de EJA em países latino-americanos: desafios e possibilidades; • a pesquisa sobre a formação de educadores da EJA: desafios e possibilidades; • a formação de educadores de EJA com ênfase em Educação Prisional; Educação do/no Campo; Educação Indígena; Educação Quilombola; Educação, Gênero e Sexualidade; Juventude; Educação Especial, Ambientes Virtuais Multimídias e Educação a Distância. Observando esse quadro, percebemos que há muito o que fazer em se tratando da EJA e da formação do educador. Uma educação de qualidade passa pelo entendimento de seu contexto histórico, pelos estudos teóricos já realizados, pela análise das práticas já instituídas, resultando num posicionamento crítico que conduza a uma atuação fundamentada e, ao mesmo tempo, aberta a novas possibilidades metodológicas. No estudo de Anzorena (2010, p. 127) percebe-se que, diante de tantas especificidades, na EJA se distancia de uma prática adequada ao adulto o educador que: • desconhece tais discussões em torno da temática da EJA; • na disciplina de Artes, utiliza com os alunos da modalidade EJA o mesmo desenho dado ao seu aluno do Ensino Fundamental regular, porque incorre na infantilização do adulto; • cumpre a função de docência em EJA como um “bico”; • considera seus alunos da EJA “coitados”, por estarem cursando a escola com defasagem série/idade e, portanto, não acredita no potencial que podem desenvolver, nem os estimula com métodos criativos; • conhece muito da sua área de atuação, mas não da área da EJA; • se deixa cristalizar pelo tempo, quando ele próprio não estuda, não lê. A autora infere que, da mesma forma, aproxima-se de uma prática adequada ao adulto o educador que: • sabe que a EJA é uma modalidade da educação básica e possui caráter de permanência, não sendo um programa, portanto o correto seria dizer a EJA, em vez de o EJA; TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA 165 • quando possível, se aperfeiçoa não apenas na sua área de graduação, mas também na área de atuação; • compartilha o planejamento de suas aulas com os alunos, demonstrando flexibilidade; • reconhece a diversidade de sua sala de aula pelo fator intergeracional, racial, étnico, religioso, político, entre outros; • compreende a relevância de seu papel como educador para o aluno, para a sociedade e para o mundo, a esse último, por meio das discussões que foram levadas até a VI CONFINTEA. 166 UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? LEITURA COMPLEMENTAR CONTRIBUIÇÕES DO I SEMINÁRIO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE JOVENS E ADULTOS II – Trajetórias de formação dos educadores da EJA 1. No caso da EJA, a formação acadêmica de seus educadores nem sempre antecede a prática docente. Não raras vezes, o educador, qualquer que seja sua escolaridade, constitui-se na prática e, desafiado por ela, procura a formação acadêmica, que, nesse caso, não pode ser denominada “inicial”. 2. As oportunidades de formação acadêmica ou de formação permanente em serviço constituem momentos do continuum de formação, que se deve estender ao longo da vida do educador de jovens e adultos. 3. O diagnóstico da situação presente, entretanto, revela a ausência de diretrizes e políticas públicas de formação de educadores de jovens e adultos. As experiências e a reflexão por elas demandada e alimentada aponta, porém, alguns princípios que deveriam ser incorporados à constituição dessas diretrizes e políticas. 4. Aspira-se a quea formação dos educadores os prepare para inserir-se em processos educativos com jovens e adultos, prioritariamente naqueles que se realizam no âmbito das redes de ensino público, mas também naqueles que se desenvolvem junto aos movimentos e às instituições sociais e demais espaços educativos. 5. Propõe-se que a formação tome o educador em suas múltiplas dimensões, considere sua condição socioeconômica e também sua subjetividade, sua corporeidade e a pluralidade de suas identidades singulares (de gênero, étnica, cultural, geracional, religiosa etc.), mediante a elaboração de memoriais ou diários etnográficos que realizem a recuperação da experiência em narrativas de histórias de vida e de práticas pedagógicas. 6. Embora a matriz freireana seja a inspiração inicial e predominante nas habilitações em EJA, observa-se a emergência de outras referências teóricas, denotando que a construção epistemológica, neste campo, encontra-se em processo e aberta. 7. Propõe-se que a pesquisa sobre a (e na) prática seja tomada como princípio e TÓPICO 2 | A FORMAÇÃO DO EDUCADOR DE EJA 167 diretriz da formação do educador da EJA. 8. A constatação da existência de certa descontinuidade entre a formação acadêmica e o mercado de trabalho, entre a oferta de habilitações específicas e os critérios pelos quais as redes de ensino realizam o recrutamento e a atribuição de funções docentes recomenda a abertura de canais de diálogo entre os centros de formação e os gestores. Esses canais devem, por um lado, permitir às instâncias de formação conhecer melhor as demandas do mercado e avaliar as interferências que possam vir a ter na proposta de formação; por outro lado, colaborariam para que as instituições educativas compreendessem melhor as contribuições da formação específica para a atuação do educador de jovens e adultos. Nessa mesma perspectiva, deve-se incentivar a realização de estudos sobre o destino profissional dos egressos dos cursos de habilitação de educadores para a EJA e sobre a influência dos cursos nesses destinos. 9. Além de ainda serem escassas as experiências de formação, no nível da graduação, de pedagogos com habilitação específica para atuar na EJA, as existentes terão de ser revistas, à luz das novas diretrizes nacionais para os cursos de Pedagogia. Em relação a essas diretrizes, embora considerando que representam um avanço, à medida que convergem com a luta histórica da ANFOPE e do FORUMDIR pela qualificação da formação do professor da Educação Infantil e dos Ciclos Iniciais do Ensino Fundamental, deve-se avaliar os riscos de se remeter a formação do educador da EJA para a pós-graduação lato ou stricto sensu. 10. Junto à preocupação com a nova configuração da formação de educadores de jovens e adultos nos cursos de Pedagogia, deve-se também estar atento para a inserção dessa formação nos demais cursos de licenciatura. Com efeito, se em relação à formação dos pedagogos já existe algum acúmulo em termos de experiências e estudos, o mesmo não ocorre para as demais licenciaturas, sendo esse um campo em que a preocupação com a especificidade da EJA ainda está por construir. Num esforço de instaurar essa discussão no âmbito dos cursos de Licenciatura, uma alternativa experimentada em algumas universidades tem sido a de abrir aos demais licenciandos a oportunidade de cursar, como eletivas, as disciplinas específicas das habilitações em EJA dos cursos de Pedagogia que a possuem ou a de conceder-lhes a oportunidade de participar de projetos de extensão universitária no campo da EJA. 11. Tanto para a formação de pedagogos quanto para a formação de outros licenciados, deve-se considerar ainda a possibilidade de se transversalizar a construção de uma compreensão dos jovens e dos adultos – alunos e alunas da EJA – como sujeitos da aprendizagem, inserindo nas ementas das diversas disciplinas, ou em disciplinas específicas, ao longo dos currículos, a abordagem de questões relativas à formação do educador de jovens e adultos. 12. O emprego dos recursos da educação a distância para a formação inicial de 168 UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? educadores da EJA ainda é polêmico e requer maior aprofundamento nas discussões, fundamentadas em estudos sobre os princípios, demandas e interesses que esse emprego envolve e na análise cuidadosa das experiências já desenvolvidas. 13. Embora crescente, a produção editorial comercial, assim como as revistas e publicações universitárias, são ainda insuficientes para suprir as necessidades de bibliografia dos cursos de formação de educadores de EJA. Deve-se investir não só no aumento da produção e na diversificação de gêneros e veículos, mas também no estabelecimento de canais de divulgação e de circulação do que é produzido. FONTE: SEMINÁRIO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES DE JOVENS E ADULTOS, 1., 2006, Belo Horizonte. Disponível em: <http://forumeja.org.br/un/node/2>. Acesso em: 20 mar. 2011 169 • A constituição da profissão do educador de adultos teve como base a própria experiência em sala de aula do educador com o educando, fez-se ao longo do percurso. • Os desafios e possibilidades na construção da identidade do educador de EJA foram antes atravessados por uma visão minimalista, assistencialista, de voluntariado. Atualmente a discussão em torno de um perfil do educador de jovens e adultos carece de mais aprofundamento, mas vem sendo problematizada nos fóruns da EJA. • O percurso formativo do educador da EJA, anteriormente sem formação inicial, fez os educadores assumirem turmas de EJA sem o devido preparo, seja em termos de conhecimento dos sujeitos da EJA, seja em metodologias diferenciadas. • A formação inicial aos poucos começa a se tornar visível nas instituições de Ensino Superior, ainda que incipiente; aos poucos os estudos em EJA estão sendo inseridos nas matrizes curriculares sob a forma de uma disciplina e/ou estágio. • A formação continuada necessita passar por um período de reelaboração, a fim de que sejam incorporados novos conceitos e um estudo mais aprofundado das práticas pedagógicas que possibilite uma reflexão do fazer pedagógico. • A relevância da pesquisa na formação do educador de EJA é primordial, para que sejam incorporadas diferentes metodologias, assimilados novos conceitos e se fazerem conhecidos os materiais didáticos voltados aos jovens e adultos. • Autonomia é um dos quesitos que precisa ser revisto nas práticas pedagógicas e na formação do educador de EJA. O interesse pela qualidade da educação passa pela autonomia. • As especificidades na formação do educador são pontos a serem discutidos e aprofundados na formação inicial e continuada, incorporando novos diálogos provenientes do interior dos Fóruns de EJA. RESUMO DO TÓPICO 2 170 AUTOATIVIDADE 1 Assista ao filme sugerido: O Grande Desafio. Dialogue com seus colegas (pode ser via fórum ou na aula presencial) e registre sua opinião sobre: a) a interação que se estabelece entre o professor Melvin Tolson e os alunos em sala de aula; b) os valores que o professor Melvin Tolson e os alunos atribuem à universidade; c) diferença quanto à atuação e postura dos dois professores. 2 Isaac Newton dedicou-se à pesquisa e, conforme a história apresentada na revista Pateta faz História, o professor João Bafo de Onça “[...] representa o lado reacionário da trama, personificando o pensamento retrógrado daqueles que se opuseram às descobertas de Newton” (PATETA faz História. São Paulo: Abril, v. 1, p. 54, 2011). a) Relacione as duas cenas em que há demonstração do sistema solar e comente a metodologia de ensino e os recursos utlilizados pelosdois personagens (Pateta Newton e Prof. Bafo). AS SEGUINTES REGRAS DEVEM SER RESPEITADAS: VOCÊS ALUNOS, NÃO SABEM NADA! NÓS, PROFESSORES, SABEMOS DE TUDO E ESTAMOS SEMPRE CERTOS! MUITO BEM, PATETA NEWTON! LEMBRE-SE DISSO: NA MINHA AULA VOCÊS DEVEM APRENDER E NÃO FICAR FUÇANDO UM LIVRO QUALQUER. ENTENDIDO? AQUI ESTÁ A TERRA! O PRÓXIMO MAIOR PLANETA É A LUA, ENTÃO DEPOIS VEM MERCÚRIO, VÊNUS... MARTE, JÚPITER E SATURNO! DEVO FAZER UMA INTERRUPÇÃO, PROFESSOR! 171 AS SEGUINTES REGRAS DEVEM SER RESPEITADAS: VOCÊS ALUNOS, NÃO SABEM NADA! NÓS, PROFESSORES, SABEMOS DE TUDO E ESTAMOS SEMPRE CERTOS! PATETA! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AÍ? VOU AJUDAR O PROFES- SOR A EXPLICAR O SISTEMA SOLAR! TALVEZ ASSIM ELE NÃO FIQUE MAIS TÃO BRAVO COMIGO! ... E NETUNO! ANTES DE JÚPITER, TEM MARTE, TERRA, VÊNUS E MERCÚRIO 172 173 TÓPICO 3 AVALIAÇÃO, PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA UNIDADE 3 1 INTRODUÇÃO O indivíduo, ao buscar a modalidade EJA, passa por uma avaliação, que tem a função de realizar um levantamento prévio para localizar o aluno no processo educacional. Conforme o programa de EJA oferecido, que tem como orientação considerar o contexto social do aluno, a sua promoção dentro do programa se realiza com apoio no processo de avaliação desenvolvido e, por conseguinte, nos avanços que o aluno vai apresentando em sua aprendizagem. Segundo Vasconcellos (2001, p. 58-59), A avaliação deve ser contínua para que possa cumprir sua função de auxílio ao processo ensino-aprendizagem. A avaliação que importa é aquela que é feita no processo, quando o professor pode estar acompanhando a construção do conhecimento pelo educando; avaliar na hora que precisa ser avaliado, para ajudar o aluno a construir o seu conhecimento, verificando os vários estágios do desenvolvimento dos alunos e não os julgando apenas num determinado momento. Nesse sentido, a avaliação não ocorre somente em um momento pontual utilizando o instrumento x ou y, mas acontece no decorrer dos trabalhos desenvolvidos. A ação pedagógica somente por meio de provas e testes é algo questionável, uma vez que são insuficientes para representar o conhecimento em que o educando de EJA pode apresentar domínio. Um mero exercício repetitivo, em que o aluno tem que ser capaz de devolver ao professor o que ele passou ou verbalizou, pode não ser atrativo, especialmente ao aluno da EJA. Considerando que a avaliação faz parte do processo, ela está diretamente ligada à construção de conhecimentos significativos para os alunos. Realizar a avaliação de forma tradicional recorda, muitas vezes, histórias já vivenciadas por muitos desses alunos, o que pode não somar para sua promoção, mas, sim, para uma nova exclusão e abandono da escola. UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 174 2 INSTRUMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO FIGURA 46 – INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://office.microsoft.com/pt-br/images/results. aspx?qu=Avalia%C3%A7%C3%A3o&ex=1#ai:MC900341860|>. Acesso em: 28 nov. 2011. Para que a avaliação alcance seu lugar e atinja a sua finalidade é esperado o cumprimento dos objetivos, aliados aos instrumentos adequados. Os instrumentos avaliativos, nesta perspectiva, podem e devem ser variados, como, por exemplo: registros, produções escritas, músicas, filmes, resenhas, debates feitos em mesa redonda com os alunos (valorizando o conhecimento que já trazem sobre a realidade), palestras, textos e/ou livros, revistas, jornais, reportagens, enfim, são meios que irão permitir avaliar e levar o aluno à promoção para a etapa seguinte. A finalidade do ensino e, por conseguinte, da avaliação, é a de favorecer o desenvolvimento da aprendizagem e não se tornar uma possível ameaça, gerando receio em muitas situações e tolhendo a sua possível eficácia. TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO, PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA 175 Para uma melhor compreensão, vejamos o que pontua Hoffmann (2003, p. 18): A seleção dos instrumentos de avaliação deve estar pautada na natureza da área de estudo ou do componente curricular; os objetivos a serem alcançados, as condições de trabalho do professor, o número de alunos na sala de aula, tudo isto deve ser levado em conta no momento de escolher os instrumentos avaliativos. Os meios ou instrumentos de avaliação, sejam quais forem, devem ser usados de forma consciente, considerando o espaço em que o aluno está inserido, lembrando que o objetivo é contribuir para sua aprendizagem, para sua promoção no sistema formativo. Afinal, a avaliação não pode ser uma ameaça ao aluno. O conhecimento prévio do aluno pode ser avaliado por meio de seu cadastro e pelo diagnóstico inicial, que servirá de base para o planejamento das atividades. A intenção é tornar o processo de escolarização participativo e democrático. O estabelecimento de critérios de avaliação é tarefa imprescindível, posto que orienta a tomada de decisão, a valorização dos avanços demonstrados pelo aluno. É necessário prever como recolher indicadores do grau de alcance dos objetivos, por parte de cada um dos alunos, nas várias fases do processo, da adequação das atividades propostas e das intervenções do aluno. Desta forma, eles estarão aptos a receber a certificação corrrespondente e, ao mesmo tempo, poderão habilitar-se para ingresso em fases seguintes de sua formação. Neste sentido, Paiva (2005, p. 202-203) chama atenção: Educar jovens e adultos, em última instância, não se restringe somente a tratar de conteúdos intelectuais, mas implica lidar com valores, com formas de respeitar e reconhecer as diferenças e os iguais. E isto se faz desde o lugar que passam a ocupar nas políticas públicas, como sujeitos de direitos. Nenhuma aprendizagem, portanto, pode se fazer destituída do sentido ético, humano e solidário que justifica a condição de seres humanizados, providos de inteligência [...] Os conceitos e saberes já apreendidos pelos alunos não se fecham em si mesmos, podem ser incorporados, relacionados e usufruídos. Desnecessário o montante de anotações, de conteúdos e conceitos abordados e absorvidos pelo estudante; nem sempre isso definirá o seu percurso formativo, mas sim a qualidade dos saberes de que ele vai se apropriando e que consequentemente passam a integrar as bases do seu agir, do seu fazer, do seu ser, no espaço social em que se encontra. No cotidiano da ação docente, conforme Oliveira e Matos (2009 apud CAETANO e SANTOS, 2011), é comum dispormos de uma variedade de UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 176 instrumentos de avaliação que podem ser usados pelo professor e pelo coletivo da escola, com o intuito de envolver o aluno no processo avaliativo e ampliar a sua aprendizagem. Entre os mais usuais encontramos: registros diversos, mapa conceitual, portfólio, autoavaliação, discussão coletiva, o conselho de classe, produções textuais, sem esquecer a observação, que se constitui um considerável instrumento em se tratando de avaliação. Oliveira e Matos (2009 apud CAETANO; SANTOS, 2011) chamam atenção de que não é o instrumento que vai garantir o aprendizado do aluno, que “não existe o melhor ou pior instrumento de avaliação”, o que importa é perceber como os alunos constroem o seu conhecimento, especialmente em se tratando da EJA, uma vez que os alunos já possuem experiências de vida que podem servir de ponto de partida para o trabalho a ser desencadeado em sala de aula. 2.1 FUNÇÕES BÁSICAS DA AVALIAÇÃO Como vimos, a avaliação não é uma ação utilizada de forma aleatória ou pontualno processo de ensino e aprendizagem, ou então realizada para cumprir um preceito legal. Simplesmente ela se dá porque detém funções específicas. Destacamos que, de maneira geral, três funções básicas integram o ato de avaliar no contexto didático-pedagógico: função diagnóstica, função formativa e função somática. A função diagnóstica inicia com a chegada dos alunos à sala de aula, mediante levantamento de seus interesses, suas habilidades, seus conhecimentos advindos da experiência de vida, uma conversa informal, que não lhes transmita pressão, mas credibilidade. Lembre-se de que é preciso registrar o que lhe chamou mais atenção. A função formativa tem como utilidade primeira dar visibilidade aos erros e acertos tanto de alunos como de professores no decorrer do processo didático- pedagógico. Por meio desta função é possível identificar deficiências e reorganizar os trabalhos, visando aperfeiçoá-los. Por meio da avaliação somativa é possível perceber o rendimento dos alunos e, neste sentido, classificá-lo com base nos níveis de aproveitamento apresentados no processo de ensino e aprendizagem. Conforme Haidt (2000), normalmente se dá no final de um curso, período letivo ou unidade de ensino. Os critérios para realização desta função avaliativa são previamente impostos ou negociados e geralmente têm em vista a promoção de um grau para outro. TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO, PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA 177 3 PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA FIGURA 47 – AVALIAÇÃO A avaliação é um procedimento que consiste em coletar e interpretar dados no que tange ao processo de ensino e aprendizagem. É o ponto de partida e o ponto de chegada no ato de ensinar e de aprender. É um processo que auxilia a tomada de decisão para a realização da promoção do aluno no processo de escolarização, de um ano para outro, em sua trajetória escolar. Além da oferta de forma regular da Educação de Jovens e Adultos, com avaliação processual, esta modalidade também é oferecida por meio de exames supletivos, conforme estabelece a legislação educacional, mais precisamente no artigo 38 da LDB (Lei nº 9.394/96). Refletindo sobre estas funções avaliativas que integram o processo ensino-aprendizagem, mesmo com as especificidades de cada função, elas alcançam com maior propriedade a sua projeção quando desenvolvidas de forma interdependente. Esta delimitação existe e dá identidade a cada função, mas, ao mesmo tempo, elas se efetivam de fato quando pensadas e utilizadas de forma articulada, interdependente. UNIDADE 3 | QUEM ENSINA E QUEM APRENDE NA EJA? 178 O ENCCEJA certifica apenas o Ensino Fundamental. Desde 2009, a certificação para o Ensino Médio ocorre por meio da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Consulte o site <http://encceja.inep.gov.br/exame> e saiba mais sobre o ENCCEJA. Você pode divulgar esta oportunidade para pessoas de seu entorno que buscam melhorar sua formação escolar. 3.1 ENCCEJA O Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) é o exame realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), que permite diagnosticar a educação básica brasileira e desta forma construir uma referência nacional de Educação para Jovens e Adultos. É considerada também uma avaliação voluntária e gratuita destinada a pessoas que não concluíram o Ensino Fundamental na idade curricular apropriada. Para obter a certificação, o candidato precisa ter, no mínimo, 15 anos completos na data de realização do exame. O exame é formado por provas de língua portuguesa, língua estrangeira moderna (inglês), artes, educação física e redação (prova I); matemática (prova II); história e geografia (prova III); ciências naturais (prova IV). A emissão dos certificados é de competência das secretarias estaduais de educação ou das secretarias municipais de educação indicadas pelos estados, conforme suas resoluções próprias e do Conselho Estadual de Educação de cada ente federado. É uma formação que, conforme Haddad (2002, p. 16), considera que “[...] os conhecimentos e as habilidades adquiridos pelos educandos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames”. Isto pode ser conferido e analisado por meio da oferta do ENCCEJA e do ENEM, de que trataremos a seguir. IMPORTANT E IMPORTANT E TÓPICO 3 | AVALIAÇÃO, PROMOÇÃO E CERTIFICAÇÃO EM EJA 179 3.2 ENEM O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado pelo Ministério da Educação em 1998. A intenção inicial era avaliar anualmente o aprendizado dos alunos do Ensino Médio em todo o país e com isto auxiliar o Ministério da Educação na elaboração de políticas pontuais e estruturais de melhoria do ensino brasileiro. Além de avaliar a qualidade geral do Ensino Médio ofertado no país, também passou a ser utilizado como porta de entrada para acesso ao Ensino Superior em universidades públicas brasileiras. A partir de 2009, também passou a ser feito por pessoas com interesse, por meio do ProUni – Programa Universidade para Todos –, em certificação de conclusão do Ensino Médio em cursos de EJA. 3.3 EXAMES SUPLETIVOS PARA BRASILEIROS RESIDENTES NO EXTERIOR Os Exames Supletivos, no nível de conclusão do Ensino Fundamental e Médio, são destinados para brasileiros residentes no exterior. Estão amparados pelo Parecer nº 19/2005 (BRASIL, 2005) elaborado pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, datado de 15 de setembro de 2005. As provas são de responsabilidade do Ministério da Educação, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. A inscrição, conforme o site do MEC, somente poderá ser realizada por candidatos cuja idade cronológica, até o dia da realização do exame, seja igual ou superior a 15 anos, para candidatos do Ensino Fundamental, e 18 anos, para candidatos do Ensino Médio. Em maio de 2011, o ENCCEJA foi realizado em três cidades no Japão: Hamamatsu, Nagoia e Oizumi. Participaram do exame brasileiros que estão temporariamente no país, bem como privados de liberdade. Maiores informações podem ser obtidas no site do INEP. Disponível em: <http:// encceja.inep.gov.br/>. Acesso em: 26 nov. 2011. DICAS 180 • Ao ingressar na modalidade EJA o aluno normalmente dá início a um processo contínuo de troca de ideias, de revisão e aprofundamento de conceitos, de conteúdos, de seu processo de aprendizagem. • Para que se possa oferecer um processo competente de sondagem, de expressão de saberes é importante que o professor proporcione a realização deste momento de sondagem, a chamada avaliação diagnóstica. Por meio deste mecanismo é possível saber o que o aluno já sabe, já apresenta domínio e o que ele precisa de ajuda, onde retomar o processo, o que introduzir, enfim como poderá ser melhor estruturado o planejamento de ensino para a oferta de um trabalho de qualidade e desta forma atingir a todos os alunos que buscam mais uma vez a escola e têm sede de aprender e atuar de forma competente enquanto cidadãos. • O material básico de alfabetização no método criado por Paulo Freire constituiu- se, portanto, de palavras e imagens que tratam da linguagem, da vida, da cultura do lugar onde vivem os trabalhadores que buscam sua alfabetização, ou seja, o domínio da leitura e da escrita, da palavra e da vida. • A realização da avaliação, no processo de ensinar e aprender, não é uma ação opcional, pelo contrário, integra o processo de ensino e aprendizagem e não se fixa somente na figura do aluno, pois estão inclusos também o fazer, o agir e o saber do professor. • Há vários intrumentos que integrama ação avaliativa, entre eles destacamos: mapa conceitual, portfólio, registros, testes, produções individuais e coletivas, autoavaliação, observação, entre outros. • No processo de escolarização podemos contar com funções específicas, como: função avaliativa, função formativa e função somativa. RESUMO DO TÓPICO 3 181 AUTOATIVIDADE 1 Leia com atenção: FONTE: HARPER, B.; CECCON, C.; OLIVEIRA, M. D. Cuidado, escola: desigualdade, domesticação e algumas saídas. 35. ed. São Paulo: Brasiliense, 2000. a) Servindo-se da reflexão presente no diálogo que consta na imagem aqui retratada, como o processo avaliativo pode auxiliar nesta situação envolvendo o processo ensino-aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos? b) Crie outro(s) quadrinho(s) propondo alternativas de superação de questões envolvendo reprovações, fracasso escolar na EJA. c) Faça uma exposição de situações que normalmente precisam ser consideradas ao elaborar critérios de avaliação. 2 Apresentamos o trecho da escrita de uma aluna das séries iniciais da EJA. Pense: como você faria a avaliação? Que critérios usaria? Apontaria os erros ortográficos? Quanto à formação do ser humano que deve ser contemplada pelo professor, você percebe quais as dificuldades pelas quais a aluna está passando? Isso poderia interferir ou contribuir para sua avaliação? 182 Hoje um irmão que não falava comigo me ligou para saber como eu estava fiquei alegre cada pessoa que me liga eu fico contente a gente sabe que se importa com a gente. Aqui no hospital a gente aprende muitas coisas. Depressão é uma coisa que eu não desejo para ninguém, muitas pessoas não entendem o que é uma depressão: é tu querer fazer as coisas e não conseguir. 183 Em casa, marido pergunta do porque tu não conseguiu fazer as coisas da casa e tu não conseguires pode porque tenho muitos motivos os braços doem e a depressão não deixa fazer. O meu Deus, me de força para sair desse buraco. Preciso sair dele porque quero me formar em advogada, tenho prazer de mostrar para muitas pessoas que eu posso e consigo vencer as minhas batalhas. 184 185 REFERÊNCIAS A GAZETA. Jornais ajudam adultos a realizar o sonho de ler. 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