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CURSO DE GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA FRANCISCO CANINDÉ VICENTE XAVIER RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO III – DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) NATAL /RN 2022 CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA FRANCISCO CANINDÉ VICENTE XAVIER RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO III – DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA) Relatório de Estágio apresentado à Disciplina Estágio Supervisionado de Ensino Fundamental, da (FAMEN) Faculdade Metropolitana Norte Riograndense, como requisito parcial obrigatório para a conclusão da disciplina de Estágio Supervisionado III, do Curso de Pedagogia. Supervisor Acadêmico: Liliane Silva Câmara de Oliveira NATAL/ RN 2022 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 04 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................... 05 3 CONHECENDO O CAMPO DE ESTÁGIO ........................................................ 10 3.1 Aspectos materiais, físicos e socioeconômicos da escola ..................................... 10 3.2 Corpo discente: expectativas e possibilidades de aprendizagem ........................... 11 3.3 Corpo docente: formação, planejamento, avaliação e concepções ........................ 11 3.4 Direção e equipe técnica: organização das ações e seu p. político pedagógico ..... 12 4 EXPERIÊNCIAS DOCENTES .............................................................................. 13 4.1 Regência ................................................................................................................. 15 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 18 APÊNDICE ............................................................................................................... 19 ANEXOS..................................................................................................................... 23 1 INTRODUÇÃO O Estágio Supervisionado III é uma etapa de formação acadêmica muito importante para o universitário. É a principal ferramenta paro o conhecimento e habilidades essenciais para torna-se um bom educador, pois sabemos que não desenvolve a habilidade técnica para ensinar apenas com a teoria, mas sobre tudo praticando, sentindo e vivenciando todo o ambiente escolar. Para Fairchild (2010) o estágio se configura como sendo de fundamental importância na formação acadêmica, uma vez que é o momento em que o discente coloca em prática todas as experiências vividas durante o curso e que nesse momento se articula com a realidade profissional. O presente estágio teve como o objetivo observar, analisar e descrever as experiências vividas em sala de aula, concretizando o que foi estudado no decorrer do curso de Pedagogia com a realidade. As atividades que posteriormente serão relatadas ocorreram na turma da EJA (Educação de Jovens e Adultos), durante o turno vespertino, na Associação Espírita: Escola de Caridade e Estudos Herculano Dias, no período de 26/09/2022. A primeira observação ocorreu entre os dias 10 e 17 de Outubro de 2022. No que se refere ao planejamento foi desenvolvido durante o período de intervenção, proposta baseadas nas áreas do conhecimento, habilidades, conteúdos, objetivos, desenvolvimento da aula, atividades realizadas, critérios de avaliação, diálogo, brincadeiras dentro do documento legal – Diretrizes Curriculares Comum Nacional (BNCC), para o ensino da EJA. Os planos de aulas foram desenvolvidos por nós estágiarios (Francisco Canindé e Adriana Araújo), os conteúdos já lecionados pelo professor regente, dando continuidade ao seu processo de ensino. Esse tipo de experiência traz uma reflexão bem difícil, pois ser professor da EJA, não é uma tarefa fácil. A docência em Educação de Jovens e Adultos (EJA) está em pauta na contemporaneidade. As especificidades dos saberes e fazeres desta modalidade de ensino tensionam, sobretudo, o campo da formação inicial de professores na escolaridade. A presente seção tece considerações introdutórias acerca do Estágio Supervisionado III, na EJA, enquanto componente curricular de cursos de formação de professores na pedagogia, o ensino da EJA é o objetivo da minha investigação. O Estágio Supervisionado III, e tomado aqui como Relatório de estágio de reflexão, lócus da formação de professores. Ele também é um lugar que produz ecos no desenvolvimento, portanto, um processo no qual se inscreve o entrelaçamento do estágio supervisionado e convém ressaltar um grande conhecimento, entretanto, que não pretendemos problematizar a estrutura e forma de organização desse componente curricular. As reflexões emergem o estágio supervisionado III, oportuniza evidencia, desloca e provoca questões que se instauram, tangenciam ou transbordam do fazer docente. Neste Relatório analisa as experiências de estudantes do Estágio Supervisionado na EJA, do Curso de Licenciatura em Pedagogia, da Faculdade Metropolitana Norte Riograndense (FAMEN). Busca-se identificar os limites e as possibilidades da prática docente em EJA no Relatório sob a ótica dos estudantes e estagiários. O estudo é fruto de caráter exploratório, de abordagem qualitativa estruturada, na qual analisou-se os trabalhos finais do componente curricular supracitado, produzidos no ano de 2022. Para a fundamentação desta análise, tomou-se como base as premissas teóricas de Pimenta e Lima (2018); Zabalza (2015) e Costa; Álvares; Barreto (2006). 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O homem não pode ser estudado e compreendido isoladamente, por ser um ser histórico, se faz necessário compreendê-lo em cada momento da história, nas relações que estabelece com seu meio. Vemos o homem enquanto um ser social, que nas relações que estabelece com o outro nos diversos segmentos da sociedade, produz a vida e interfere no meio que vive, essa participação é possível, por meio de uma organização política e graças a autonomia do homem, que sendo um ser de vontade, pode argumentar sobre sua realidade. Numa ação intencional e planejada, o homem age na natureza, por meio do trabalho, transformando para atender suas necessidades, sendo esse um processo dinâmico e que se dá em cada momento histórico, sendo assim o autor falar: [...] tenho o direito de ter raiva, de manifestá-la, de tê-la como motivação para minha briga tal qual tenho o direito de amar, de expressar meu amor ao mundo, de tê-lo como motivação para minha briga porque, histórico, vivo a história como tempo de possibilidade e não de determinação. Se a realidade fosse assim porque estivesse dito que assim teria de ser, não haveria sequer porque ter raiva. Meu direito a raiva pressupõe que, na experiência histórica da qual participo, o amanhã não é algo pré dado, mas um desafio, um problema [...] adaptação a situações negadoras da humanização só pode ser aceita como consequência da experiência dominadora, ou como exercício de resistência, como tática na luta política. Dou a impressão de que aceito hoje a situação de silenciado para bem lutar quando puder, contra a negação de mim mesmo. (FREIRE, 2003, p. 73). Por meio dessa ação o homem vai acumulando experiências ao longo da vida e produzindo o conhecimento. Considerando o homem um ser social, é na relação com os seus semelhantes que o ser humano aprende e ensina, se constrói enquanto sujeito e adquire autonomia e valores essenciais para o convívio social tais como, respeito mútuo, solidariedade e afetividade.De posse do instrumental teórico e os meios necessários para que perceba e assuma, verdadeiramente, seu papel ativo na história, enquanto cidadão capaz de interpretar e participar da construção do mundo e sobretudo, de fazer a si mesmo ao interagir com a realidade e o mundo do trabalho de forma crítica, consciente e produtiva. Segundo Paulo Freire: “A existência humana não pode ser muda, silenciosa, nem tampouco pode nutrir-se de falsas palavras, mas de palavras verdadeiras, com que os homens transformam o mundo. Existir humanamente, é pronunciar o mundo, é modificá-lo. O mundo pronunciado, por sua vez, se volta problematizado aos sujeitos pronunciantes, a exigir deles novo pronunciar. Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação reflexão” (Freire, 1987, p.78). A formação do homem como sujeito de direitos universais é o centro do processo educacional a essência do trabalho pedagógico, buscando formar uma pessoa capaz de conduzir sua vida respeitando a diversidade cultural, ética e religiosa etc. A concepção de homem e de educação que estau falando é a que prepara o homem/aluno para ser um sujeito ativo de sua vida, autor de sua história, que cria, recria, inventa coletivamente, em parceria, constrói junto, articula teoria e prática, tem valores, saberes, compartilha, acolhe e decide democraticamente. A compreensão da educação passa pela compreensão da natureza humana, Vitor Paro define a educação como: “Entendida a educação como apropriação da cultura humana produzida historicamente e a escola como instituição que provê a educação sistematizada, sobressai a importância das medidas visando à realização eficiente dos objetivos da instituição escolar, em especial da escola pública básica, voltada ao atendimento das camadas trabalhadoras... é pela educação que o ser humano atualiza-se enquanto sujeito histórico, em termos do saber produzido pelo homem em sua progressiva diferenciação do restante da natureza” (Paro, 2003, p. 7). Como estudantes do meu curso de pedagogia e futuro professor devemos conhecer ao máximo as realidades do ambiente educacional do nosso município ou em outra localidade. Esta é uma tarefa indispensável se queremos realmente ter uma formação profissional e humana no sentido de compreender que nossos futuros alunos não são apenas mentes “vazias” que carecem ser “preenchidas” de conhecimento educacional. O conhecimento que possuem as ideias próprias, com suas identidades construídas antes da EJA, as expectativas e necessidades diferenciadas, é essencial para ingressarem e alcançarem seus objetivos. Para Arroyo (2017), a construção dessas identidades dentro dos espaços educativos deve ser valorizada socialmente. Na educação, desses adolescentes e jovens adultos, avança-se para entender que saberes, valores, identidades, constroem vivendo e sabendo-se periféricos, na sociedade, na cidade, nos campos, nos espaços de moradia, de trabalho, e até educação. (ARROYO, 2017, p. 34). Com as vivências na EJA, concordo com Arroyo (2017) que as atividades realizadas diariamente são cheios por dificuldades que os estudantes têm para se relacionarem com respeito e consideração, de se descobrirem sujeitos de si mesmo, sujeitos políticos, redescobrindo jovens e adultos como trabalhadores, durante o seu percurso de sua trajetória. A educação, segundo a Constituição Federal é um direito de todos e dever do Estado, diante disso o poder público é investido de autoridade para impô-la como obrigatória a todos e a cada um e garantir sua gratuidade. Educar é libertar o homem da condição de passivo, para sujeito que busca no conhecimento a compreensão da realidade que está inserido, passando a reconhecer o papel da história e onde a questão da identidade cultural, tanto em sua dimensão individual como em relação à classe dos educandos, é essencial à compreensão do real, entendendo que a aquisição da cultura da humanidade é um direito que deve ser assegurado ao educando. A concepção de educação de Paulo Freire vê o homem como um ser autônomo, com capacidade de contribuir para a transformação do mundo. Portanto entendemos educação como a prática social responsável pelo processo de humanização. Paulo Freire, fala em educação se referindo a profundas mudanças: “Quando falo em educação como intervenção me refiro tanto à que aspira a mudanças radicais na sociedade, no campo da economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, à terra, à educação, à saúde…”(2000, p.122). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no artigo 22, define: “A educação básica tem por finalidade desenvolver o educando, assegurando-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Demerval Saviani no seu livro: Sobre a natureza e especificidade da Educação, concebe o currículo como a “...organização do conjunto das atividades nucleares distribuídas no espaço e tempos escolares, um currículo é, pois, uma escola funcionando, quer dizer, uma escola desempenhando a função que lhe é própria” (1992 (b), p. 36). Assim, para existir a colégio não basta a existência do saber sistematizado, se faz necessário viabilizar as condições de sua transmissão e assimilação. Isso significa dosálo e sequenciá-lo de modo que o aluno vá avançando gradativamente, saindo do senso comum para o saber elaborado, respeitando o senso comum. “ O que não é possível (...) é o desrespeito ao saber de senso comum; o que não é possível é tentar superá-lo sem, partindo dele, passar por ele” ( Freire, 1997, p. 84). Nesse sentido organizacional existe o currículo, uma produção social, cultural e é uma ação coletiva, que a escola tem autonomia para organizar, buscando uma unidade entre as Diretrizes Curriculares Nacionais, Diretrizes Curriculares Estaduais ( em discussão) e as reais necessidades da comunidade escolar, não perdendo de vista que é direito das novas gerações apropriarse do conhecimento acumulado historicamente, instrumentalizando o aluno para compreender a realidade e nela atuar modificando-a. A LDB e os quatro alicerces da Educação também orientam o Currículo do Ensino Fundamental e Médio propondo: uma visão orgânica do conhecimento, interdisciplinaridade, relação entre os conteúdos, situações de aprendizagem e contextos de vida social e pessoal, reconhecimento das linguagens como formas de constituição dos conhecimentos e das identidades. Estes pressupostos terão, portanto, uma perspectiva interdisciplinar e contextualizada, buscando atingir os objetivos a que se propõe o colégio. Novos caminhos têm sido buscados nos diversos campos das ciências no sentido de romper com a organização linear do conhecimento escolar. Essa questão se configura em um grande desafio para os educadores. Percebe-se a necessidade de criar condições e estratégias, para que o aluno construa uma nova maneira de compreender a realidade da qual faz parte, extrapolando as relações locais, buscando relações mais amplas, ajudando- o a relacionar as experiências anteriores e as vivências pessoais e a formular e resolver problemas que utilizem os conhecimentos apreendidos em diferentes situações.“O currículo é um campo de produção e de criação de significado sobre os vários campos e atividades sociais, no currículo se trabalha sobre sentidos e significados recebidos, sobre materiais culturais existentes... considerando-se a cultura e o currículo como relações sociais (SILVA, T.T., 1999). Busca-se o desenvolvimento de uma concepção de ensino onde educador e educandos sejam sujeitos do seu processo de desenvolvimento, pois necessitam da mediação das experiências e saberes de ambos, para que se concretize a aprendizagem. Nessa concepção a função do educador deve ser a de oportunizar atividades queencaminhem o educando ao seu desenvolvimento potencial, dessa forma, é papel do educador ser mediador das atividades. Para tal, os conteúdos trabalhados nascem da necessidade que o educando encontra ao tentar realizar sua tarefa. Há a necessidade de criar situações em que o indivíduo seja instigado a refletir e buscar o conhecimento, por meio de circunstâncias em que ele precise fazer escolhas diante de problemas que surgem espontaneamente e não criados num clima artificial. Prezamos em nossa escola por um espaço em que o professor não assuma a posição de concentrador do saber, mas sim o professor é quem direciona o trabalho pedagógico, o sujeito que proporciona um espaço democrático e aberto. Esse espaço distancia-se daquele em que geralmente nos colocamos em sala de aula: ditadores de um conhecimento que somente nós podemos disseminar. “É preciso que, pelo contrário, desde os começos do processo, vá ficando cada vez mais claro que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se e forma ao ser formado. É nesse sentido que ensinar não é transferir conhecimento, conteúdos, nem formar é ação pela qual um sujeito criador dá forma, estilo ou alma a um corpo indeciso e acomodado” (Freire, 2000, p. 25). O eixo organizador da prática pedagógica está na aprendizagem, entendendo que alguns alunos precisam de mais tempo e de metodologias diferenciadas para garantir que ocorra a efetiva aprendizagem, e vale lembrar o que Paulo Freire não se cansava de repetir: “ensinar exige comprometimento”. Em continuidade de muitos anos sem ter contato com uma sala de aula de ensino da EJA, e com essa característica peculiar da Educação de Jovens e Adultos, despertou ainda mais os desejo de colaborar com a formação da Educação de Jovens e Adultos. Neste sentido, concordo com Freire (1996) sobre a importância do papel do educador, quando ele diz que: “Percebe-se, assim, a importância do papel do educador, o mérito do paz com que viva a certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar conteúdos mas também ensinar a pensar certo”. Dessa forma como deixa explícito o autor, Minayo: [...] é o que se aplica ao estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam. Embora já tenham sido usadas para estudos de aglomerados de grandes dimensões (IBGE, 1976; Parga Nina et.al 1985), as abordagens qualitativas se conformam melhor a investigações de grupos e segmentos delimitados e focalizados, de histórias sociais sob a ótica dos atores, de relações e para análises de discursos e de documentos, Minayo (2010, p. 57). Não se pode falar em políticas públicas educacionais para a EJA sem levar em consideração suas funções. Nesse sentido o Parecer CNE/CEB nº 11/2000 (BRASIL, 2000, p. 53), sugere: Assim, como direito de cidadania, a EJA deve ser um compromisso de institucionalização como política pública própria de uma modalidade dos ensinos fundamental e médio e consequente ao direito público subjetivo. E é muito importante que esta política pública seja articulada entre todas as esferas de governo e com a sociedade civil a fim de que a EJA seja assumida, nas suas três funções, como obrigação peremptória, regular, contínua e articulada dos sistemas de ensino dos Municípios, envolvendo os Estados e a União sob a égide da colaboração recíproca, (CNE/CEB nº 11/2000 BRASIL, 2000, p. 53). Uma das maiores dificuldades para se trabalhar com a modalidade EJA ocorre no próprio ambiente, ou seja, na sala de aula onde os alunos não conseguem se expressar de maneira ativa no processo de ensino, não acreditando na sua própria capacidade de serem construtores do seu aprendizado, no poder da sua oratória e nas suas aptidões cognitivas vistos que são cidadãos marcados por rastros de desigualdades na sua trajetória de escolar. Atualmente ainda se encontra em vigor nas instituições escolares, metodologias de ensino arcaicas baseadas no ensino tradicional, tais como: a utilização do livro didático e do quadro negro o que favorece a limitação do aluno pois torna o ensino pouco produtivo e repetitivo. O professor que atua nessa modalidade de Ensino deve considerar as vivências extraescolares dos alunos, utilizando-as como ponto de partida para a construção de saberes, enriquecendo em sua metodologia de ensino a utilização de materiais e recursos didáticos condizentes com a realidade e a faixa etária do educando. 3 CONHECENDO O CAMPO DE ESTÁGIO 3.1 Aspectos materiais, físicos e socioeconômicos da escola. Um dos maiores desafios enfrentados pela EJA na Cidade do Natal na Escola de Caridade é provavelmente, o alto índice de evasão escolar. Na turma em que vivenciei o período de estágio, por exemplo, dos vinte e dois alunos matriculados, apenas doze frequentam as aulas, sendo que destes, alguns possuíam frequência baixíssima. Podemos perceber muito claramente que o público que é atendido pela EJA possui características muito próprias. Estas particularidades fazem da EJA uma modalidade de educação extremamente desafiadora na educação. Deste ponto de vista, concordo com Moura (2009), “quando nos alerta que sem a devida qualificação os professores desenvolvem práticas pedagógicas que ignoram tais especificidades e peculiaridades dos sujeitos em processo de escolarização, o que os leva a optar por metodologias que não envolvem os alunos na dinâmica das aulas”. Vale ressaltar, no entanto, que não se trata de crucificar os professores da EJA pelos insucessos dos aluno. Pelo contrário, busca-se alertar para aquilo que o professor não está tendo acesso, principalmente, capacitação e condições dignas de trabalho. É importante fala algo interessante que observei durante o estágio, que é a falsa ideia de que qualquer professor é professor da EJA, ou seja, que estes não necessitariam de formação para atuar nesta modalidade, quando na verdade percebe-se exatamente o contrário. Estes professores carecem e muito de capacitação tanto inicial quanto continuada para atuar bem junto a este público tão peculiar que são os jovens, adultos e até mesmo idosos. Outro fato que observei na EJA, foi como já citado, que os professores que atuam nesta modalidade são os mesmo do ensino regular, ou seja, são profissionais que tem jornada dupla ou até mesmo tripla. Quando chegam na sala de aula da EJA, já estão extremamente cansados e somam seu cansaço ao dos alunos o que torna o desenvolvimento das aulas um desafio nada fácil. 3.2 Corpo discente: expectativas e possibilidades de aprendizagem. Entendemos que os alunos da EJA são capazes de realizar atividades grandiosas desde que sejam devidamente orientados e estimulados em suas habilidades. São pessoas (Jovens, Adultos e Idosos) com grande carga de conhecimento que precisa ser apenas lapidado e acrescido de outros conhecimentos que lhes foi negado ao longo de sua trajetória de vida. Nesta perspectiva, minha atuação na sala de aula foi composta por três momentos. No primeiro momento foi de observação do campo, limitei-me a observar tudo que acontece no ambiente na escola de Caridade, a dinâmica da escola, a interação entre os alunos, o trabalho das professor, e outros fatos. Na segunda e terceira semana que era só na segunda-feira, assumi a regência da turma. Este período foi dividido em dois dias entre a introdução da história da poesia e poema de conhecimentos e atividade xerocada a respeito do tema escolhido, “ Poema e Poesia “ e a parte de oficinas prática para materializar aquilo que havíamos trabalhado na teoria da aulas. 3.3 Corpo docente: formação, planejamento, avaliação e concepções No quadro de professores não tem a quantidade certa porquesão voluntários, mais quando um não vai sempre têm outro pra dá suporte sendo variadas as tarefas. Todos com nível superior. Há a inda o apoio do diretor, Silvio Carvalho e vice-diretor Assis. Nessa perspectiva profissional, busca-se o desenvolvimento de uma concepção de ensino onde educador e educandos sejam sujeitos do seu processo de desenvolvimento, pois necessitam da mediação das experiências e saberes de ambos, para que se concretize a aprendizagem. Compreende-se que a função do educador deve ser a de oportunizar atividades que encaminhem o educando ao seu desenvolvimento potencial, dessa forma, é papel do educador ser mediador das atividades. Para tal, os conteúdos trabalhados nascem da necessidade que o educando encontra ao tentar realizar suas tarefa. Há a necessidade de criar situações em que o indivíduo seja instigado a refletir e buscar o conhecimento, por meio de circunstâncias em que ele precise fazer escolhas diante de problemas que surgem espontaneamente e não criados num clima artificial. Na escola de Caridade preza-se por um espaço em que o professor não assuma a posição de concentrador do saber, mas sim o professor é quem direciona o trabalho pedagógico, o sujeito que proporciona um espaço democrático e aberto. Esse espaço distancia-se daquele em que geralmente nos colocamos em sala de aula: ditadores de um conhecimento que somente nós podemos disseminar essa situação. O eixo organizador da prática pedagógica está na aprendizagem, entendendo que alguns alunos da Educação de Jovens e Adultos precisam de mais tempo e de metodologias diferenciadas para garantir que ocorra a efetiva aprendizagem, e vale lembrar o que Paulo Freire não se cansava de repetir: “ensinar exige comprometimento”. A avaliação deve ser o momento de obter informações necessárias sobre o desenvolvimento da prática pedagógica para a intervenção/reformulação desta prática e dos processos de aprendizagem. Nesta perspectiva de avaliação, e de acordo com o Art. 24 da LDB: concebe-se recuperação de estudos como uma parte constitutiva da prática docente e não apenas recuperação de notas. Portanto a recuperação dos conteúdos não compreendidos pelos estudantes, acontecerá concomitantemente durante o processo ensino aprendizagem, não somente no final do ano letivo o que caracterizaria somente como recuperação da média final, mas a medida que o aluno vai sendo avaliado durante as aulas. 3.4 Direção e equipe técnica: organização das ações e seu projeto político pedagógico . Aqui estão assentadas as ideias, os projetos, as intenções dos agentes educacionais que desejam melhorar cada vez mais a sua prática, pois entendem que os aluno precisa de um ensino moderno, baseado nos pressupostos do mundo atual, em constante mutuação. Com esse Projeto, Associação Espírita: Escola de Caridade e Estudos Herculano Dias, tem seu referencial: um norte a indicar o caminho a ser trilhado por todos que dela fazem parte. Possue em seus planejamentos dois pontos muito importante na Educação de Jovens e Adultos, visão e missão. A VISÃO: Seremos uma escola de referência voltada a qualidade do ensino aprendizagem, caracterização por metas e ações democráticas, eficiência e eficácia nos serviços educacionais, valorizando a participação e o compromisso de todos envolvidos, almejando um reconhecimento nacional. MISSÃO: A missão da Escola é promover uma educação capaz de formar cidadãos Na área administrativa, atua-se com um diretor, Silvio e um vice- diretor , Assis. Na equipe técnica conta-se com vários funcionários voluntários. É um documento dos mais valiosos, que prevê e orienta toda a ação da escola de Caridade, com foco no alunos, no objetivo precípuo de que se explorem ações no sentido de que a educação desenvolvida no âmbito do estabelecimento seja a mais ampla possível, dando ao alunos o instrumento para que venha a exercitar em plenitude a sua cidadania, sendo sujeito ativo no mundo em que vive. Este desenvolvimento deve ser constantemente avaliado, uma vez que trata de uma realidade mutável, o contexto escolar. Deve servir também de parâmetros para reflexões e aprimoramento no fazer educativo, servindo de objeto de análise para todos os envolvidos na Educação de Jovens e Adultos no cotidiano da escola. A escola de Caridade Herculano Dias atende alunos da EJA funcionando em um turno vespertino. A mesma aposta em projetos didáticos como mecanismos de melhoramento do aprendizado, uma vez que estes ampliam as perspectivas de conhecimentos conscientes de seus deveres e direitos, que possam fazer escolhas coerentes baseados em um senso crítico apurado, desenvolvido durante suas múltiplas experiências na vida escolar, assim como nas vivências fora do contexto educativo. A formação deve ser pensada para o bem coletivo e como forma de realização plena da cidadania, contribuindo para uma vida saudável, de relações amistosas com o próximo e com o meio ambiente. 4 EXPERIÊNCIAS DOCENTES O Estágio Supervisionado III da Educação de Jovens e Adultos (EJA), além de auxiliar a teoria com a prática, antes de tudo, ele é componente Curricular obrigatório nos cursos de licenciaturas, é uma exigência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional considerando-se um momento de construção, de reflexão, de troca de saberes com a comunidade escolar. É uma execução que precisa ser realizada pelos discentes, nos futuros campos de atuação profissional, onde os estudantes devem fazer a leitura da realidade, o que exige competências para “saber observar, descrever, registrar, interpretar e problematizar e, consequentemente, propor alternativas de intervenção”. (PIMENTA, 2004, p. 76). Durante as semanas de intervenção pedagógica no período de 26/09/2022 e 10/10/2022 à 17/10/2022, no turno vespertino das 14h30min até as 16h30min, nas segunda-feira de cada semana foi realizada a intervenção sobre Poema, Poesia. Vale ressaltar que a regência da aula foi base nos assuntos lecionados pela titular de sala de aula Liliane e pelo estagiário Francisco. No primeiro dia 26/09/2022 foi feito as observações de campo do estágio, Logo após o segundo e terceiro dia de intervenção, iniciei muito ansioso, mas com o passar dos dias e o apoio da professora regente foi ocorrendo tudo bem. Planejei uma proposta na competência de Língua Portuguesa, trabalhando com o conteúdos Poema e Poesia e sua história, os diversos tipos de escrita de Poema, Poesia, e Leitura. Numa tarde bem linda e cheia de expectativa apresentar-me para turma, depois propões para os alunos da Educação de Jovens e Adultos, o que iremos estudar, fazendo uma sondagem sobre o assunto, levantando vários questionamentos. Nesse momento aconteceu uma troca de conhecimentos, opiniões, em seguida apresentei as diversas formas de escrever os poemas e Poesia, lemos e observamos os sons de cada uma das poesias e Poemas. Quando pedi para que observassem o som das rimas e a escrita, é para que os alunos percebam a diferença entre elas, partindo disso os alunos possam ler e escrever palavras. Além disso, pensaram e escreveram algumas palavras no quadro, palavras essas que nelas podemos encontrar as rimas que estudamos no início, meio ou fim da aulas. Foi riquíssimo esse momento, oportunizando os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) a pensar, identificar e estimular a escrita e a leitura. Conforme ressaltam Monteiro e Soares (2014) a passagem para a fase alfabética é resultado da aprendizagem das correspondências letra-som, resultado do processo de compreensão do princípio alfabético, assim como a familiaridade com as letras e as habilidades voltadas a consciência fonológica e grafêmica, esse processo não se dá de forma isolada, mas sim um conjunto associativo que possibilita o desenvolvimento da educação de jovens e adultos. Nesse momento todos participaram, dos onzes que estavam presentes,uma escreveu a palavra Florzinha Amarela, os demais com auxilio do estagiário. Foi observado que nesse momento eles não apresentaram dificuldades em identificar a letra ou palavras estudada. Já em outro momento quando apresentei algumas palavras tiveram dificuldades só na leitura, assim soletramos e descobrimos as palavras. Avaliar a participação, envolvimento e aprendizagem dos educandos de forma individual e durante a proposta da aula. Em grupos responder o questionário proposto na atividade. 4.1 REGÊNCIA Durante o período de regência foi observado que todos mantêm um ótimo relacionamento durante o período das aulas, a maioria demonstrou motivações excelentes nas aulas ministradas. De acordo com A Base Nacional Comum Curricular afirma que: [...] a BNCC indica que as decisões pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento de competências. Por meio da indicação clara do que os alunos devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e, sobretudo, do que devem “saber fazer” (considerando a mobilização desses conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho), a explicitação das competências oferece referências para o fortalecimento de ações que assegurem as aprendizagens essenciais definidas na BNCC. . (BRASIL, 2018, p.13).. Todos os conteúdos das atividades realizadas eram pra eles levarem pra casa pra ficar estudando, inicialmente mim apresentei aos alunos e solicitei que eles se apresentasse por meio de apresentação e comunicação com a turma e depois assim foi feito, em seguida foi realizado duas aulas durante o processo de estágio, para realização de atividades onde eu solicitei que os alunos tentasse ler os poemas e Poesia e depois completasse os nomes faltosos mas Poesia/ Poema. Posteriormente foi perguntado como estava achando da aula e como eles estavam se sentindo e que eles realizassem uma atividade pra casa de fazer um Poema ou Poesia como ele soube fazer com o intendimento de cada indivíduo. Finalmente como foi postado a cima alguma atividade realizadas e alguma aqui em baixo. O dias de regência foi efetuado atividades durante as aulas, a atividade foi pensada de modo a deixar os estudantes livre para a realização dos conteúdos disponibilizadas previamente, em um segundo momento era questionado a respeito do motivo da escolha de cada aluno, essa é uma etapa importante e induz o aluno a estabelecer a concentração e a formulação de seus argumentos. ATIVIDADE DISCIPLINA RELACIONADA MÉTODO Conhecimento da Atividades impressas de um poema da autora (CARMEM LÚCIA), o Bairro onde eu moro e a poesia A flor amarela (CECILIA MEIRELES). Caixa de som para ouvi a poesia e poema. Língua Portuguesa ➢Apresentar a folha com o texto e fazer a leitura voz alta em seguida reconhecer as rimais da poesia e poema e contextualizar. Com o conhecimento previu dos alunos. ➢Breve descrição do gênero: O poema/Poesia, gênero literário que apresenta particularidades em sua estrutura que facilitam sua identificação. ➢É elaborado a poesia, poema para despertar sensações no leitor através de sonoras ou visuais com as palavras da leitura de um poema, Poesia além de ser uma fonte de informação, é realizada pelo prazer de refletir e descobrir as ideias, sentimentos dos autores e perceber as emoções que provocam no leitor. ➢ Atividade xerocada para os alunos, realizada a leitura em conjunto, sempre que necessário auxiliando. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando-se os aspectos observados e vivenciados no tempo do estágio supervisionado III na (EJA), comprova-se que é uma etapa crucial para formação docente, uma rotina em que cada dia é diferente do outro. Essa experiência permitiu testar na prática meus conhecimentos adquiridos no decorrer do curso de pedagogia refletindo sobre a realidade do sistema educacional, em sala de aula, o contado físico, os conflitos, os caminhos, a diversidade cultural, econômica e social, enfim, o estágio supervisionado III, abre um leque de oportunidades e conhecimentos enriquecedores para a formação do docente. Por fim, a realização do estágio se tornou um momento fundamental para a formação do profissional da Educação de Jovens e Adultos. No meio acadêmico analisar a realidade escolar e seus problemas diário, é de suma importância que os professores se conservem sempre atualizados e informados para conseguir acompanhar essa geração. No entanto, considerando-se os aspectos observados e vivenciados no campo do Estágio Supervisionado no Ensino da EJA, comprova-se que é uma etapa crucial para a formação docente, juntamente com as experiências conquistadas, fortalecerá a base da prática educativa, nesse aspecto nos conduz a realidade da prática docente. Essa experiência proporcionou uma ampla visão diferenciada com as demais modalidadede de ensino, ao trabalhar com jovens fora de faixa e trabalhadores e chefes de famílias. Despertando-nos a refletir sobre os vários conflitos que iremos bater de frente na educação. O estágio em si foi bastante produtivo, pois aprendi a selecionar materiais, com previa de definição dos conteúdos que serão trabalhados, percebendo como trabalhar a faixa etária dos discentes. Constatei que o professor tem que está preparado para possíveis casualidades que venham a surgir sem previsões. Ao planejar atividades, temos que propor estratégias que serão possíveis no segundo plano, para conseguir efetivar o objetivo com sucesso. Todos os dias, as aulas conseguiram ser finalizada com o objetivo planejado, isso se deve ao um planejamento bem elaborado e bem aplicado nas aulas. Essa experiência permitiu testar na prática meus conhecimentos adquiridos no decorrer do curso de Pedagogia, refletindo sobre como e em que devemos melhorar a atuação profissional. Este estágio, foi de importância impar, pois proporcionou chances de refletir sobre a realidade do sistema educacional, o quanto o ensino aprendizagem são eficaz para cada um de nós. Juntos podemos trocar esse conhecimento e vivenciar e respeitar a diferença de cada um. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARROYO, Miguel G. Passageiros da noite: do trabalho para a EJA: itinerários pelo direito a vida justa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino de primeira à quarta série: matemática. Brasília: MECSEF,1997. BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino de primeira à quarta série: Língua Portuguesa. Brasília: MECSEF,1997. BRASIL. Parecer CNE 11/2000. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Brasília, 200. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Curricular. Brasília, 2018. Disponível em:<https://pt-br.padlet.com/diclasilva/Estagio>. Acesso em 07 de Agosto de 2022. BRITO, João Paulo da Silva. Relatório de Estagio Supervisionado em Pedagogia. 08 agosto de 2022. Disponível em: <http://www.RELATÓRIO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PEDAGOGIA (webartigos.com)>. Acesso em 08 de Agosto de 2022. FILHO, ANTONIO R. F.; CAMPOS, Ítala Rayane. Vivência do Estágio Supervisionado III: Tempo de observar e analisar a realidade docente no Ensino Fundamental . [s.d.]. Disponível em: < http://www. vivencias_do_estagio_supervisionado_iii.pdf (semanaacademica.org.br)>. Acesso em 06 de outubro de 2022. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2003. MARTINS, André Ferrer Pinto; MENDES, Iran Abreu. Tendências do pensamento didático Brasileiro. [S.I.:s.n.]. MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 18ed. Petrópolis: Vozes, 2010. 1 INTRODUÇÃO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3 CONHECENDO O CAMPO DE ESTÁGIO 4 EXPERIÊNCIAS DOCENTES 4.1 REGÊNCIA
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