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1. Introdução Metabolismo é o conjunto de reações químicas que ocorrem no nosso corpo para a degradação de nutrientes visando a obtenção de energia, síntese de macromoléculas tais como polissacarídeos, proteínas e ácidos nucléicos, que são necessárias para o crescimento e replicação da célula. A regulação do metabolismo é fundamental para que o organismo corresponda de modo eficaz às variações das condições ambientais, alimentares ou ainda a traumas e patologias. A regulação metabólica é feita pela modulação de enzimas regulatórias de processos metabólicos chaves, de tal modo que possa ativar ou inibir reações químicas específicas para cada situação resultando em respostas biológicas adequadas (Malheiros,S.V.P, 2006). 2. Objetivo Este relatório tem por objetivo revisar os principais processos envolvidos na regulação do metabolismo celular. Destacando os principais órgãos/tecidos envolvidos na fisiologia do processo de regulação. Uma vez que a deficiência na realização das atividades metabólicas pode causar diversos tipos de doenças. 3. Desenvolvimento Principais órgãos na regulação do metabolismo corporal: 3.1 Pâncreas O sistema endócrino do pâncreas tem células exócrinas, que secretam enzimas digestivas. As células B pancreáticas, secretam insulina em resposta a alterações na glicose sanguínea. Período Pós-Prandial Quando a glicose entra na corrente sanguínea a partir do intestino após uma refeição rica em carboidratos a quantidade aumentada de glicose no sangue, provoca um aumento na secreção de insulina para o pâncreas. A liberação de insulina é regulamentada pelo nível de glicose no sangue que irriga o pâncreas. Os hormônios peptídicos insulina, glucagon, e somatostatina são grupamentos de células que produzidas por ilhotas de langers. Cada tipo celular das ilhotas produzem um único hormônio, as células A, glucagon, células B e somatostatina. Indivíduos em jejum A gliconeogenese não pode ser estimulada quando os níveis de glicose sanguínea forem baixos, levando à um nível glicêmico perigosamente baixo se forem por longos períodos de jejum. A queda da glicose sanguínea desencadeia a queda de glucagon pelo pâncreas. Indivíduos que praticam exercícios físicos intenso Durante a atividade física intensa a demanda para ATP no tecido muscular aumenta. O ATP é produzido quase exclusivamente por fermentação lática, e também é formado na fase de pagamento da glicose por meio de duas reações; fosfoglicerato – cinase piruvato – cinase. Diabetes Tipo I No diabetes melitus tipo I (o depende de insulina) a inserção de glut 4 nas membranas assim como outros processos normalmente estimulados pela insulina estão inibidos. A deficiência de insulina impede a captação de glicose, com consequência as células são privadas de glicose enquanto ela está elevada na corrente sanguínea, sem glicose para o suprimento de energia, as células degradam triacilgliceróis estocadas em gotas de gorduras e fornecem ácidos graxos resultantes para outros tecidos para produção de ATP. 3.2 Fígado Período pós prandial O papel especial do fígado na manutenção de um nível constante de glicose sanguínea requer mecanismos reguladores adicionais para coordenar a produção e o consumo de glicose. Uma das fontes de glicose é o glicogênio armazenado no fígado, polímero de alta massa molecular, isso permite que uma célula contenha maior massa de glicogênio com mínimo efeito na osmolaridade do citosol; outra fonte é a via de gliconeogênese, usando piruvato, lactato, glicerol ou determinados aminoácidos como material de partida. Quando a glicose sanguínea esta alta, a insulina sinaliza para o fígado usar o açúcar como combustível e como precursor na síntese e no armazenamento de glicogênio e triacilglicerol. A glicose produzida pela gliconeogênese no fígado, nos rins ou ingerida na dieta é entregue aos tecidos, inclusive o cérebro e os músculos, pela corrente sanguínea. Indivíduos em Jejum A glicose estocada como glicogênio no fígado não é sempre suficiente; entre as refeições e durante períodos de jejum mais longos, ou após exercício vigoroso, o glicogênio se esgota. Para esses períodos, os organismos precisam de um método para sintetizar glicose a partir de precursores que não são carboidratos. Isso e realizado por uma via chamada de gliconeogênese (nova formação de açúcar) e os compostos relacionados, com três e quatro carbonos. Em mamíferos, a gliconeogênese ocorre principalmente no fígado, e em menor extensão no córtex renal e nas células epiteliais que revestem internamente o intestino delgado. A glicose assim produzida passa para o sangue e vai suprir outros tecidos. Durante o jejum, quando os níveis de glicose no sangue diminuem para menos de 5 mM, a frutose-6-fosfato provoca a inibição da hexocinase IV pela proteína reguladora, de forma que o fígado não compete com outros órgãos pela glicose escassa. Indivíduos que praticam exercício físico intenso O lactato formado pelo músculo esquelético em atividade (ou pelos eritrócitos) pode ser reciclado; ele e transportado pelo sangue até o fígado, onde e convertido em glicose durante a recuperação da atividade muscular exaustiva. Assim, os músculos utilizam seus estoques de glicose (glicogênio) como combustível para gerar ATP por fermentação, com lactato como produto final. Na arrancada de uma corrida, a concentração de lactato no sangue aumenta muito. No fígado, ele e lentamente convertido em glicose pela gliconeogênese no período de descanso ou recuperação, quando, então, o oxigênio e consumido em taxas gradualmente menores até a velocidade da respiração retornar ao normal. Os vertebrados são em sua maior parte organismos essencialmente aeróbios: eles convertem glicose em piruvato pela glicólise, depois utilizam o oxigênio molecular para oxidar o piruvato a CO2 e H2O. O catabolismo anaeróbio da glicose a lactato ocorre durante curtos pulsos de atividade muscular extrema, por exemplo, em uma corrida de 100 m, durante a qual o oxigênio não pode ser transportado para os músculos com a rapidez suficiente para oxidar o piruvato. Assim, os músculos utilizam seus estoques de glicose (glicogênio) como combustível para gerar ATP por fermentação, com lactato como produto final. Na arrancada de uma corrida, a concentração de lactato no sangue aumenta muito. No fígado, ele e lentamente convertido em glicose pela gliconeogênese no período de descanso ou recuperação, quando, então, o oxigênio e consumido em taxas gradualmente menores até a velocidade da respiração retornar ao normal. O excesso de oxigênio consumido no período de recuperação representa a reposição do débito de oxigênio. Essa e a quantidade de oxigênio necessária para suprir ATP para a gliconeogênese durante a recuperação da respiração,para regenerar o glicogênio “tomado emprestado” do fígado e do músculo para realizar atividade muscular intensa na corrida de velocidade. O ciclo de reações que incluem a conversão de glicose em lactato no músculo e a conversão de lactato em glicose no fígado e chamado de ciclo de Cori, em homenagem a Carl e Gerty Cori, cujos estudos, nas décadas de 1930 e 1940, elucidaram a via e seu papel. Quando o lactato e produzido em grande quantidade durante a contração muscular vigorosa (p. ex., durante uma arrancada do ácido láctico nos músculos e no sangue limita o período de atividade vigorosa. Os atletas mais bem condicionados só podem correr por um minuto em velocidade máxima. Diabetes Tipo 1 Os indivíduos com diabetes melitus tipo 1 (também chamado de diabetes dependente de insulina) células b e são incapazes de liberar insulina suficiente para desencadear a captação de glicose pelas células do músculo esquelético, do coração ou do tecido adiposo. Assim, após uma refeição contendo carboidratos, a glicose se acumula a níveis anormalmente altos no sangue, condição conhecida como hiperglicemia. Incapazes de captar glicose, o músculo e o tecido adiposo utilizam os ácidos graxos armazenados nos triacilglicerois como seu principal combustível. No fígado, a acetil-CoA derivada da degradação desses ácidos graxos e convertida a “corpos cetônicos” – acetoacetato e b-hidroxibutirato – que são exportados e levados a outros tecidos para serem utilizados como combustível. 3.3 Cérebro Função metabólica do cérebro: Transportar íons para manter o potencial de membrana; integrar sinais do corpo e do ambiente; enviar sinais para outros órgãos. O cérebro usa a energia para a transmissão de impulsos elétricos. Usa quase exclusivamente glicose como fonte de energia (exceto em condições jejum prolongado). Em um homem adulto, consome cerca de 120g glicose/dia. Não possui estoques de glicogênio. Ácidos graxos não podem ser utilizados pelo cérebro pois não cruzam a barreira encefálica. • Em indivíduos de jejum prolongado: - Corpos cetônicos podem substituir parcialmente a glicose; • Em indivíduos com diabetes do tipo I: - A captação da glicose é deficiente; - Os corpos cetônicos são produzidos em excesso; - O diabetes pode ser resultado de defeitos nas mitocôndrias das células β pancreáticas; - Diabetes melito origina-se por defeitos na produção ou na ação da insulina. • Em indivíduos que praticam exercício físico intenso: - O lactato é utilizado durante períodos de atividade física intensa e ativação neuronal. Período pós-prandial O cérebro utiliza energia em uma taxa constante. Uma vez que é vital para o funcionamento apropriado de todos os órgãos do corpo, uma atenção especial é dada as suas necessidades energéticas. Para fornecer energia ao cérebro, os substratos devem ser capazes de atravessar as células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos do cérebro. No estado alimentado, o cérebro utiliza exclusivamente glicose como combustível, oxidando completamente glicose a dióxido de carbono e água. O cérebro contém uma quantidade muito pequena de glicogênio e, portanto, depende completamente da disponibilidade de glicose no sangue. A maior parte da energia utilizada pelo cérebro é usada na bomba Na+ - K+ ATPase, responsável pela repolarização do potencial de membrana nas células nervosas. Indivíduos em Jejum Após algumas horas sem alimento, o fígado torna-se a principal fonte de glicose para o cérebro. Durante os primeiros dias de jejum, o cérebro continua a utilizar exclusivamente glicose como um combustível. O cérebro é particularmente dependente dos corpos cetônicos quando há deficiência de fornecimento de glicose. Ou seja, o aumento da cetogênese têm efeito importante para o cérebro, fornece uma outra alternativa à glicose como fonte de energia para o cérebro, quando em jejum prolongado. Para fornecer glicose para o cérebro, o fígado degrada determinadas proteínas, aquelas mais dispensáveis em um organismo que não está se alimentando. Seus aminoácidos não essenciais são transaminados ou desaminados. Após dois a quatro dias de jejum, diminuem os níveis de glicose e aumentam os níveis de corpos cetônicos no sangue à medida que são exportados do fígado para o coração, o músculo esquelético e o cérebro. Estas cetonas hidrossolúveis, acetoacetato e β-hidroxibutirato, suplementam a glicose como fonte de energia para o cérebro durante o jejum prolongado. Isto reduz a necessidade de catabolismo protéico para a gliconeogênese. As alterações metabólicas que ocorrem durante o jejum asseguram que todos os tecidos tenham um suprimento adequado de moléculas de combustível. A capacidade do cérebro de oxidar β-hidroxibutirato via acetil-CoA torna-se importante durante o jejum prolongado ou a inanição, depois da degradação total do glicogênio hepático, porque permite que o cérebro use a gordura corporal como fonte de energia. Isso poupa proteínas musculares, até que se tornem a fonte final de glicose do cérebro (via gliconeogênese no fígado) durante a inanição grave. Os neurônios do cérebro usam somente glicose e β-hidroxibutirato como combustíveis, sendo que o último é importante durante o jejum ou a inanição. O cérebro utiliza a maior parte do seu ATP para o transporte ativo de Na1 e K1 para manter o potencial elétrico através da membrana neuronal. Indivíduos que praticam exercício físico intenso Por muito tempo, o lactato foi considerado somente um produto final da glicólise anaeróbia com nenhuma função no metabolismo. Porém, um estudo conduzido por McIlwain revelou que o tecido cerebral pode utilizar monocarboxilatos como substrato energético no lugar de glicose. O grupo desses compostos inclui o lactato, o piruvato e os corpos cetônicos. Por serem substâncias hidrofílicas, os ácidos monocarboxílicos não difundem através da membrana plasmática. Existem transportadores específicos para carrear esses compostos através da barreira hemato-encefátlica e através das membranas de cada tipo celular. A família dos transportadores de monocarboxilatos (MCT, monocarboxylate transporter). Ao longo dos anos, diversos estudos confirmaram que o lactato é eficientemente oxidado no cérebro e, particularmente, pelas células neuronais. Esses resultados conduziram à hipótese da existência de uma lançadeira de lactato astrócito-neurônio in vivo, pela qual os astrócitos forneceriam aos neurônios um substrato energético complementar durante um período de grande atividade. Além disso, já foi demonstrado que o lactato tem a capacidade de preservar atividade neuronal e função cerebral durante episódio hipoglicêmico e até mesmo é um substrato obrigatório na recuperação pós-hipóxia. O lactato revelou ser importante para o metabolismo energético cerebral, o que inclui seu potencial neuroprotetor no SNC, além de abrir novaspossibilidades para o entendimento da interação neurônio-glia. Indivíduos com diabetes do tipo 1 Também chamado de diabetes melito dependente de insulina (IDDM, de insulin-dependent diabetes mellitus), é causado por um ataque autoimune às células β pancreáticas produtoras de insulina. As pessoas com IDDM devem usar insulina injetável ou por inalação para compensar a perda das células b. Baixa glicose sanguínea provoca a liberação do glucagon, que estimula a liberação da glicose a partir do glicogênio hepático e modifica o metabolismo energético no fígado e no músculo no sentido de oxidar ácidos graxos, poupando glicose para ser usada pelo cérebro. A maior parte da glicose captada por mecanismos de transporte insulino independentes (80%), em situações de euglicemia, ocorre no sistema nervoso central (SNC). O metabolismo de glicose em mamíferos é limitado pela taxa de captação da glicose pelas células e sua fosforilação pela hexocinase. A captação da glicose do sangue é mediada pela família GLUT de transportadores de glicose. Os transportadores nos hepatócitos (GLUT1, GLUT2) e nos neurônios cerebrais (GLUT3) estão sempre presentes nas membranas plasmáticas. No diabetes melito tipo 1 (dependente de insulina), a inserção de GLUT4 nas membranas, assim como outros processos normalmente estimulados por insulina, estão inibidos como indicado por X. A deficiência de insulina impede a captação de glicose por GLUT4; como consequência, as células são privadas de glicose, enquanto ela está elevada na corrente sanguínea. 3.4 Músculos Período Pós prandial O período pós-prandial é caracterizado por uma estimulação da oxidação da glicose em vários órgãos e os músculos são responsáveis por uma parte importante da glicose que é oxidada pelo organismo. A insulina tem aqui um papel muito importante porque estimula a degradação da glicose pelos músculos em várias etapas do processo. Então, a insulina aumenta a velocidade de entrada de glicose para o sarcoplasma via estimulação da migração de GLUT4 para a membrana celular das fibras musculares. (Este efeito também ocorre nos adipócitos, mas os adipócitos não tem um papel tão relevante como o dos músculos na oxidação da glicose.) Esta glicose vai ser fosforilada por ação da hexocínase II; parte da glicose-6-fosfato formada é convertida em glicogénio (via glicogénese) e outra parte é, via glicólise, convertida em piruvato. A oxidação do piruvato a acetil-CoA ocorre via ação catalítica da desidrogénase do piruvato. A atividade da desidrogénase do piruvato depende da percentagem de moléculas da enzima que estão na forma ativa (a forma desfosforilada) e na forma inativa (a forma fosforilada). Estas formas da desidrogénase do piruvato são interconvertíveis por ação da cínase da desidrogénase do piruvato que promove a sua inativação e da fosfátase da desidrogénase do piruvato que promove a sua ativação. A insulina, via ativação da fosfátase da desidrogénase do piruvato e inibição da cínase da desidrogénase do piruvato aumenta a percentagem de moléculas de enzima que ficam na forma desfosforilada (a forma ativa) e, por isso, estimula a conversão do piruvato em acetil-CoA. Esta pode depois reagir com o oxalacetato formando citrato e “entrar” no ciclo de Krebs. Via ação catalítica das enzimas do ciclo de Krebs, o resíduo de acetato da acetil-CoA é oxidado a CO2 pelo NAD+ e pelo FAD e, por ação das enzimas da cadeia respiratória, o NADH e o FADH2 formados são oxidados pelo O2. O processo oxidativo está acoplado com a síntese de ATP em que participa a síntase do ATP). (Admitindo acoplagem perfeita entre a oxidação do NADH e do FADH2 na cadeia respiratória e a síntese de ATP, a oxidação de um resíduo de acetato da acetil-CoA permite a síntese de 10 moléculas de ATP. Indivíduos em Jejum O principal combustível para o músculo é a glicose (a partir do glicogênio), ácidos graxos, corpos cetônicos. Um músculo bem nutrido, em repouso sintetiza um estoque de glicogênio. O triacilglicerol é a forma mais eficiente de estoque de energia, o esforço metabólico mais rentável é sintetizar glicogênio, porque o glicogênio pode ser mobilizado mais rapidamente do que a gordura; e a glicose, pode ser metabolizada anaerobicamente. No músculo em repouso, os ácidos graxos preenchem 85% dos principais compostos energéticos das necessidades energéticas. O músculo difere do cérebro por ter grande depósito de glicogênio (cerca de ¾ do glicogênio do organismo está armazenado nos músculos). Este glicogênio é prontamente transformado em glicose-6-fosfato para uso dentro das células musculares. O músculo assim como o cérebro não possui a enzima Glicose-6-fosfatase, e assim não exporta glicose. O músculo retém glicose, sua fonte de energia preferida para explosões de atividades. Apesar de sintetizar glicogênio proveniente da glicose, os músculos não participam da gliconeogênese, pois não possui maquinaria enzimática necessária. Obtendo como consequência, o metabolismo dos carboidratos servindo somente ao músculo. A velocidade da glicólise excede a do ciclo do ácido cítrico, e muito do piruvato formado nestas condições e reduzido a lactato, do qual uma parte flui para o fígado onde é transformado em glicose. Assim essas permutas desviam parte da carga metabólica do músculo para o fígado. Grande quantidade de alanina é formada no músculo ativo, por transaminação do piruvato.A alanina, como o lactato, pode ser transformada em glicose pelo fígado. E o músculo libera alanina para poder absorver e transaminar aminoácidos de cadeia ramificada usando seus arcabouços carbonados como fontes de energia, mas não pode formar ureia. Em consequência o nitrogênio é liberado no sangue como alanina, o fígado absorve e remove o nitrogênio para excretá-lo como ureia e processa o piruvato em glicose ou ácidos graxos. Indivíduos que praticam exercícios físicos intenso No músculo, a utilização de corpos cetônicos e ácidos graxos livres pode substituir a de glicose. No entanto, em situações de intensa atividade física, o metabolismo anaeróbico é favorecido, o que significa, que nesses momentos, o músculo será mantido principalmente pela utilização anaeróbica da glicose. Isto justifica, a necessidade do músculo esquelético e cardíaco, manterem uma reserva de glicose, o glicogênio. O glicogênio muscular, diferentemente do hepático, somente alimenta o próprio músculo, pois há ausência da enzima glicose-6-fosfatase nas células musculares, de tal modo que a glicose liberada pelo glicogênio muscular mantenha-se fosforilada e seja incapaz de ser transportada para fora da célula. A contribuição do glicogênio armazenado no músculo é fundamental para garantir a eficiência do trabalho muscular, principalmente quando é exigida do organismo uma atividade física intensa num período muitocurto de tempo. A captação de glicose no músculo ocorre pelos transportadores GLUT4, os mesmos que aparecem no tecido adiposo, e é extremamente dependente da ação da insulina. A insulina aumenta o número de receptores GLUT4 expostos nas membranas celulares musculares e do tecido adiposo, porque estimula a mobilização destes receptores dos locais de armazenamento e sua migração para a membrana plasmática. Outra ação da insulina no tecido muscular é a inibição da degradação protéica com favorecimento da síntese de proteínas, de tal modo que dietas adequadas em aminoácidos e carboidratos tornam-se importantes coadjuvantes para a obtenção de hipertrofia muscular induzida pelo exercício físico. No músculo esquelético em alta atividade a velocidade da glicólise é maior do que a do ciclo do ácido cítrico, então, uma grande parte do piruvato será convertido a lactato, o qual é captado pelo fígado, tornando-se substrato para a gliconeogênese. Nesta situação fígado e músculo estabelecem uma relação de interdependência, o músculo consome glicose de maneira importante, produzindo lactato, o lactato é levado ao fígado pela corrente circulatória e lá é novamente convertido em glicose, este ciclo de reações, é conhecido como ciclo de Cori. Parte do piruvato produzido no músculo é convertido em alanina por reação de transaminação, e esta alanina, também irá alimentar a via de gliconeogênese hepática. Em períodos de trabalho muscular intenso, ou ainda, durante o jejum prolongado, ocorre uma proteólise importante, e liberação do aminoácido alanina que funciona como importante substrato da gliconeogênese nestas situações. Indivíduos com diabetes do tipo 1 Na diabetes tipo 1 há uma completa incapacidade de produção de insulina pelas células β do pâncreas e destruição das mesmas. Assim, a relação insulina/glucagon não aumenta, mantendo o fígado em constante gluconeogénese e cetogénese, não sendo os níveis de glucose no sangue devidamente controlados. No estado pós-prandial este efeito é aumentado, pois a gluconeogénese contínua produz mais glucose, para além da obtida pela dieta, contribuindo assim para a hiperglicemia. No tecido muscular e adiposo, os GLUT-4 permanecem no interior das células, não permitindo assim o transporte da glucose. Juntamente com a gluconeogénese alterada no fígado, ocorre também a degradação de proteínas de forma descontrolada no músculo esquelético, permitindo manter a hiperglicemia mesmo em jejum. A degradação de lípidos pelo tecido adiposo também fica desregulada, aumentando a concentração plasmática de ácidos gordos e a produção de corpos cetónicos pelo fígado. Deste modo, uma das primeiras e principais manifestações da doença, a cetoacidose, desenvolve-se devido à acumulação dos corpos cetónicos e de H+. A oxidação dos ácidos gordos e a formação de corpos cetónicos não conseguem eliminar completamente os ácidos gordos produzidos no fígado, sendo o excesso esterificado em triacilgliceróis e direcionados para a síntese de VLDL. Tanto as VLDL como os quilomicrons não podem ser eliminados da corrente sanguínea pela proteína lipase, uma vez que a sua síntese depende da estimulação pela insulina, resultando assim em hipertriacilglicerolemia e hiperquilomicronemia. Na diabetes tipo 1, os tecidos e o metabolismo têm o mesmo comportamento que no estado de jejum, catabólico, com o objetivo de obter energia, apesar de haver fontes de aporte energético suficientes ou em excesso a partir da absorção no intestino. Assim, uma vez que o organismo reage como se estivesse sempre no estado de jejum, devido à falta de produção de insulina, há um grande gasto dos tecidos, que pode levar à morte se não for administrada insulina exógena. 3.5 Tecido Adiposo Para garantir a sobrevivência de todas as espécies, mesmo em condições de escassez de nutrientes no meio ambiente, os mamíferos são capazes de estocar o excesso de calorias consumidas e não requisitadas para suprir suas necessidades metabólicas imediatas, como lipídios (triacilgliceróis - TAG), proteínas e carboidratos (glicogênio). Os lipídeos, por serem hidrofóbicos, podem ser armazenados em grandes quantidades dispensando a participação da água como solvente, e contêm, por unidade de massa, mais do que o dobro de energia armazenada que os outros dois componentes, fornecendo mais energia metabólica quando oxidados. O tecido adiposo é o principal reservatório energético do organismo. Os adipócitos são as únicas células especializadas no armazenamento de lipídios na forma de triacilglicerol (TAG) em seu citoplasma, sem que isto seja nocivo para sua integridade funcional. Essas células possuem todas as enzimas e proteínas reguladoras necessárias para sintetizar ácidos graxos (lipogênese) e estocar TAG em períodos em que a oferta de energia é abundante, e para mobilizá-los pela lipólise quando há déficit calórico. A regulação desses processos ocorre por meio de nutrientes e sinais aferentes dos tradicionais sistemas neurais e hormonais, e depende das necessidades energéticas do indivíduo. Nos mamíferos, existem dois tipos de tecido adiposo: o branco (TAB) e o marrom (TAM). O adipócito branco maduro armazena os TAG em uma única e grande gota lipídica que ocupa de 85-90% do citoplasma e empurra o núcleo e uma fina camada de citosol para a periferia da célula. O TAM é especializado na produção de calor (termogênese) e, portanto, participa ativamente na regulação da temperatura corporal. Os depósitos de TAM estão praticamente ausentes em humanos adultos, mas são encontrados em fetos e recém-nascidos. Além dos adipócitos, o tecido adiposo contém uma matriz de tecido conjuntivo (fibras colágenas e reticulares), tecido nervoso, células do estroma vascular, nódulos linfáticos, células imunes (leucócitos, macrófagos), fibroblastos e pré-adipócitos (células adiposas indiferenciadas). As principais ações metabólicas do TAB podem ser divididas em atividades lipogênicas e atividades lipolíticas. Entende-se sobre atividade lipogênica todos os processos metabólicos que resultam em biossíntese, incorporação e armazenamento de TAG na gotícula de gordura intracitoplasmática, ao passo que atividade lipolítica se refere às ações que resultam na hidrólise do TAG armazenado e na liberação de ácidos graxos livres (AGL) e glicerol. As propriedades metabólicas do tecido adiposo, sua capacidade em produzir hormônios atuantes em processos fisiológicos e fisiopatológicos, o seu envolvimento em processos como obesidade, diabetes do tipo 1, hipertensão arterial, arteriosclerose, dislipidemias, processos inflamatórios agudos e crônicos, entre outros, indicam que a compreensão das suas propriedades funcionais contribuirão para melhorar o prognóstico daquelas doenças, cuja prevalência vem crescendo de forma preocupante.Período pós-prandial Logo após uma refeição, a maior parte dos carboidratos, aminoácidos e uma pequena parte dos triglicerídeos advindos da dieta são diretamente levados ao fígado pela veia porta. A maior parte dos triglicerídeos advindos da dieta, no entanto, percorre um caminho diferente, eles migram pelo sistema linfático, caem na circulação sistêmica podendo ser metabolizados pelo fígado ou captados pelo tecido adiposo. A grande parte dos ácidos graxos que constituirão a moléculas de TG chegam ao tecido adiposo transportados pelas lipoproteínas plasmáticas. A síntese de TG, a partir de moléculas de glicerol-3- fosfato e ácidos graxos ou a hidrólise, da molécula de TG são processos regulados pela disponibilidade de glicose nas células do tecido adiposo. A entrada de glicose no tecido adiposo é feita pelos receptores GLUT4 dependentes da ação da insulina, e, assim, quando a razão insulina/glucagon for alta, o glicerol-3-fosfato é produzido no tecido adiposo pela redução da di-hidroxiacetona fosfato, intermediária da via glicolítica e novas moléculas de TG podem ser armazenadas. No entanto, quando a razão insulina/glucagon diminui, a disponibilidade de glicose diminui. Com a diminuição da produção de glicerol-3-fosfato, a síntese de TG no tecido adiposo será dificultada. Por outro lado, quando a presença de insulina está diminuída e a de glucagon aumentada, as enzimas lipases que promovem a quebra de TG em ácido graxo e glicerol, serão ativadas, e assim, tanto ácidos graxos como glicerol, serão liberados para a corrente circulatória e serão captados pelo fígado. Os hormônios T3 e T4, o hormônio do crescimento (GH) e o cortisol também acionam a via lipolítica por aumento do AMPc, de modo semelhante ao glucagon e às catecolaminas. De um modo geral podemos afirmar que a oferta de nutrientes garante uma série de condições que culminam na ativação das vias anabólicas, é o momento propício para o armazenamento. No período pós prandial, estimulado pela insulina, os ácidos graxos podem ser sintetizados em alta velocidade pelo fígado a partir de moléculas de acetil-coA. Os ácidos graxos sintetizados pelo fígado serão exportados através das lipoproteínas transportadoras VLDL até o tecido adiposo, local onde serão armazenados. Toda vez que o consumo de alimentos exceder a demanda energética teremos o acúmulo de reservas (glicogênio e triglicerídeos). No entanto, a capacidade de armazenamento de glicogênio é bastante limitada quando comparada a de triglicerídeos. Veja que a capacidade total do fígado armazenar glicogênio é em torno de 70 g e do músculo esquelético 120 g, mas o tecido adiposo pode conter dezenas de quilogramas de triglicerídeos. A capacidade de transformar excessos alimentares em lipídeos é praticamente ilimitada e toda vez que houver desequilíbrio neste processo teremos a obesidade. Indivíduos em Jejum No período de jejum que se segue a uma refeição as células passam ter um metabolismo predominantemente catabólico. Os principais, reservatórios energéticos, como glicogênio, triglicerídeos e proteínas serão mobilizados para suprir a carência energética do organismo. Em casos de jejum prolongado, uma série de adaptações metabólicas ocorre para garantir o funcionamento do organismo, sendo que a produção e utilização de corpos cetônicos passa ter uma importância ímpar na manutenção da vida. A outra habilidade importante do adipócito é a de realizar a lipólise dos TAG, liberando AGL e glicerol. Este processo depende da ativação da enzima lipase hormônio-sensível (HSL). A sua ativação se dá por meio de fosforilação em serina, pela ação da cinase protéica A (PKA). Este processo é estimulado principalmente por catecolaminas, e ocorre durante o jejum ou em condições de grande demanda de energia metabólica, como o exercício físico e certas situações de estresse, nas quais há uma intensa solicitação simpática. Durante a ativação da lipólise, aumentam os níveis intracelulares de AMP cíclico (AMPc) com a consequente ativação da PKA. Esta atua também sobre as perilipinas de forma semelhante à HSL. As perilipinas fosforiladas se deslocam da superfície das gotículas de óleo, se dispersam pelo citosol e abrem espaços para o acesso da HSL ao seu substrato, o TAG. Os AGL formados se ligam à FABP (proteína ligadora) e são levados à membrana celular, onde são liberados para o meio extracelular mediante o transporte através da FATP (proteína transportadora de AGL). O glicerol é transportado para o exterior celular através de transportadores específicos, que são proteínas pertencentes à família das aquagliceroporinas. Em situação de jejum, o fígado capta ácidos graxos liberados pela mobilização de triglicerídeos do tecido adiposo, os quais serão utilizados para a síntese de corpos cetônicos. A cetose é favorecida, pois, o outro caminho possível para a utilização dos ácidos graxos, a beta-oxidação, está inibida no fígado neste momento, já que há um desvio do oxaloacetato para a gliconeogênese, diminuindo a velocidade do ciclo do ácido cítrico. A produção de corpos cetônicos pelo fígado tem como principal objetivo fornecer um nutriente alternativo à glicose, para os tecidos extra-hepáticos. O SNC, por exemplo, adapta-se paulatinamente a chegada do novo nutriente e após algumas semanas inverte sua preferência nutricional passando de consumidor exclusivo de glicose (120g/dia) a consumidor preferencial de corpos cetônicos (100g/dia), embora seja sempre dependente de glicose, mesmo que em pequena proporção (40mg/dia). A profunda adaptação do SNC em relação à fonte energética se deve ao fato de que no jejum, a manutenção continuada da gliconeogênese significa importante depleção de proteínas do músculo esquelético, assim, caso a gliconeogênese fosse a única forma de suprimento energético, haveria uma debilidade protéica importante no organismo. Por outro lado, a manutenção da cetose implica importante perda de lipídeos do tecido adiposo, uma reserva imensamente maior do que a de proteínas, e, portanto, quantitativamente mais disponível. É mantendo uma gliconeogênese moderada e intensificando a cetose que o organismo pode suportar um jejum prolongado por períodos bastante longos de tempo, de 30 a 60 dias. O papel do fígado como fornecedor energético do jejum, seja ele curto ou longo, exportando glicose ou corpos cetônicos para o restante do organismo, é fundamental para manter o funcionamento adequado do SNC e de outras células e conseqüentemente, para a manutenção da vida. Indivíduos que praticam exercícios físicos intenso Conforme citado anteriormente, a outra habilidade importante do adipócito é a de realizar a lipólise dos TAG, liberando AGL e glicerol. Este processo depende da ativação da enzima lipase hormônio-sensível(HSL). A sua ativação se dá por meio de fosforilação em serina, pela ação da cinase protéica A (PKA). Este processo é estimulado principalmente por catecolaminas, e ocorre durante o jejum ou em condições de grande demanda de energia metabólica, como o exercício físico e certas situações de estresse, nas quais há uma intensa solicitação simpática. Durante a ativação da lipólise, aumentam os níveis intracelulares de AMP cíclico (AMPc) com a consequente ativação da PKA. Esta atua também sobre as perilipinas de forma semelhante à HSL. As perilipinas fosforiladas se deslocam da superfície das gotículas de óleo, se dispersam pelo citosol e abrem espaços para o acesso da HSL ao seu substrato, o TAG. Os AGL formados se ligam à FABP (proteína ligadora) e são levados à membrana celular, onde são liberados para o meio extracelular mediante o transporte através da FATP (proteína transportadora de AGL). O glicerol é transportado para o exterior celular através de transportadores específicos, que são proteínas pertencentes à família das aquagliceroporinas. Os tipos de exercícios físicos que se beneficiam de forma significativa do metabolismo dos AG são aqueles com duração maior que 30 minutos e que se prolongam por algumas horas. A intensidade é um fator determinante na mobilização e utilização dos carboidratos e lipídios, visto que há uma relação direta entre a intensidade do esforço e a utilização de glicose como substrato. O exercício físico de baixa intensidade aumenta cerca de 5 a 10 vezes a oxidação de AGL quando comparado ao repouso, devido à alta demanda energética dos músculos ativos e disponibilidade dos AGL provenientes do tecido adiposo. Por sua vez, o exercício de intensidade moderada aumenta ainda mais o fluxo sanguíneo no tecido adiposo e causa aumento ainda maior deste no músculo esquelético. Indivíduos com diabetes do tipo 1 O Diabetes Mellitus tipo 1 (DM1) é a endocrinopatia mais comum na infância e adolescência. A intensificação do tratamento insulínico no DM1 está resultando em uma melhora do controle clínico e metabólico da doença, com consequente aumento da sobrevida dos pacientes. Este fato, associado ao aumento da prevalência de sobrepeso e/ou obesidade com aumento da gordura visceral e dislipidemia nestes pacientes, poderia estar contribuindo para um maior risco de desenvolvimento de complicações macrovasculares. Diferentemente do paciente com diabetes mellitus tipo 2 (DM2), onde os fatores de risco cardiovasculares estão devidamente definidos, na população com DM1 esta relação ainda não está bem estabelecida. Para o fisiologista Guyton e Hall o Diabetes Metillus (DM) é uma síndrome do metabolismo defeituoso de carboidratos, proteínas e lipídios, causados tanto pela ausência de secreção de insulina, como pela diminuição da sensibilidade dos tecidos à mesma. Quando se tem uma situação de deficiência de insulina e a associamos a um Diabetes tipo 1, tem-se como consequência problemas por parte do organismo para armazenar Lipídios no tecido adiposo. Como o organismo não consegue armazenar os Lipídios, eles circularão livremente na forma de lipoproteínas e ácidos graxos. O fígado oxida os ácidos graxos gerando as cetonas que, em grandes quantidades, podem elevar o pH do sangue ou levar à cetoacidose, levar o organismo a utilizar a gordura como fonte de energia. 4. Bibliografia NONOSE, Y. Metabolismo Energético Cerebral é Modulado em Ambos os Hemisférios em Um Modelo Experimental de Isquemia Focal Permanente. Porto Alegre, 2016. MALHEIROS, S.V.P. Integração Metabólica nos Períodos Pós-Prandial e de Jejum – um resumo. Revista Brasileira de Ensino de Bioquímica e Biologia Molecular, No. 01/2006. Disponível em: bioquimica.org.br/revista/ojs/index.php/REB/article/download/20/18. NELSON, D. L.; COX, M. M. LEHNINGER, A. Princípios de Bioquímica. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 2002. Miriam H. Fonseca-Alaniz Julie Takada Maria Isabel C. Alonso-Vale Fabio Bessa Lima. O Tecido Adiposo Como Centro Regulador do Metabolismo. Arq Bras Endocrinol Metab vol 50 nº 2 Abril 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abem/v50n2/29305.pdf
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