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1 Ditadura Militar: O período de mudança constitucional, autoritarismo e democracia no Brasil pós-1964. 1º período de Direito – UFERSA Edição exclusiva – 10 de maio de 2017 2 SEÇÕES Imagens históricas ....................................... 2 Apresentação da Revista ............................. 3 Visão introdutória ....................................... 4 Engenharia constitucional do Regime: contexto e manobras ................................... 6 Uma Constituição para (pára) a Revolução? ....................................................................... 9 Processo histórico que viabilizou a convocação da Assembleia Nacional Constituinte ................................................. 12 Debate acerca da forma de convocação Constituinte ................................................ 15 Processo de convocação da Constituinte ....................................................................... 16 O legado do Processo Constituinte ........... 19 Processos de Reforma ................................ 20 Revisão Constitucional de 1993/1994 ....... 21 O Governo de Fernando Henrique Cardoso e as sugestões de mudança da Constituição de 1988 ......................................................... 22 Ideias finais ................................................. 23 Anexos ......................................................... 26 Assinatura do Ato Institucional nº 1 por Costa e Silva Passeata dos Cem Mil contra o Regime Militar Movimento exigindo as eleições diretas (Diretas Já!) Assembleia Nacional Constituinte Discurso de Jango na Central do Brasil 3 Apresentação Esta revista de edição exclusiva surgiu a partir da ideia dos estudantes do primeiro período de Direito da Universidade Federal Rural do Semiárido abordarem de forma mais criativa e dinâmica o trabalho exigido pelo professor Me. Dr. Rafael Lamera Giesta Cabral, da disciplina de História do Direito. Com isso, o tema aqui trabalhado estudará a Ditadura Militar no Brasil e o período pós-1964, tendo como embasamento principal a obra de Leonardo Augusto de Andrade Barbosa, "História Constitucional Brasileira", a partir das investigações e estudos da "Mudança constitucional, autoritarismo e democracia no Brasil pós-1964". Assim, serão feitos os recortes principais da sua honrosa tese, a partir dos pontos de vista analítico e crítico, podendo então construir uma análise da época não só sob a perspectiva histórica, mas também sob a visão do Direito. 4 VISÃO INTRODUTÓRIA Em sua introdução, Leonardo Barbosa explica primeiramente a distinção que há entre constitucionalismo e Constituição. Partindo da análise que o constitucionalismo não possui uma definição verdadeira, mas se estrutura a partir de pelo menos três existências, que são elas: A imposição de limites ao poder do governo; adesão ao princípio do Estado de direito; e a proteção ao direitos fundamentais. Normalmente, detectamos constitucionalismo e Constituição, porém há Constituições que não satisfazem as demandas do constitucionalismo. Ou seja, às exigências que, como será mostrado mais à frente, foram violadas no Regime Militar. Mostrando também que "ao longo do século XX regimes autoritários valeram-se largamente de constituições em processo de institucionalização" (BARBOSA, 2012, p. 17). Ressaltando que Constituições não só são incapazes de evitar a invasão do autoritarismo como também podem ser amplamente utilizadas por regimes autoritários. Direito e Política A obra de Leonardo aborda de maneira ampla, como as relações entre Direito e Política impactaram no processo de mudança constitucional no Brasil pós- 1964. Nessa síntese, ele inicia partindo da hipótese de que as alterações nos procedimentos especiais de reforma constitucional apontam para momentos em que se reorganiza essa relação. As Constituições modernas, de um ponto de vista sociológico, estabelecem limites entre Direito e Política, fixam regras por meio das quais um sistema provoca o outro, permitindo, ao mesmo tempo, que eles permaneçam distintos. Em resumo, a função da Política é a produção de decisões coletivamente vinculantes, ela fornece ao direito uma organização institucional dotada de coercibilidade. Enquanto a função do Direito, é a estabilização de expectativas comportamentais, oferecendo à política justificação normativa, permitindo assim que ela se apresente não como mero arbítrio, mas como poder. O resultado de um exemplo dessa explicação é o contexto da Ditadura. Partindo dessa premissa, isso sugere que regimes autoritários, ao adotar ou mesmo manter uma determinada Constituição, buscam dessa forma construir uma narrativa de legitimidade. Uma explicação sobre isso diz respeito a narrativa em que o Direito não apresenta para os regimes militares apenas uma "solução mágica" para obter apoio ou até prejudicar oposição. De acordo com Barbosa (2012), para que o Direito possa funcionar como reserva de autoridade política de maneira admissível, é preciso que haja primeiramente condições de separar Direito e arbítrio, ou seja, diferenciar entre as normas vigentes e a vontade política que governa. No decorrer do texto é possível notar que essa analogia estará presente na maior parte do período, pois não apenas o direito foi violado “A ditadura mais descarada adora leis.” - Vladimir Palmeira, em 1968, durante a Passeata dos Cem Mil 5 abertamente, como foi usado como forma de "legitimar" o poder, quando sua função era limitá-lo. Autoritarismo e Democracia são opostos? Com base nesse contexto, sugere-se que regimes autoritários pagam um preço pela manutenção - ainda que deficientes - de instituições típicas de um Estado de direito. Apesar de seu poder para funcionar em prol da democracia em regimes ditatoriais, o Direito pode ainda ser usado em contextos autoritários. Isso reafirma que seu uso apresenta-se de variadas formas, o que não implica na anulação de sua função ou definição. Portanto, o potencial emancipatório do constitucionalismo pode se afirmar em regimes autoritários, mas a peculiaridade excludente e legitimadora do status quo do Direito pode se apresentar também em regimes democráticos. É importante salientar que "o pensamento autoritário é, mais que antiliberal, anticonstitucional, e não apenas contrário à concepção liberal de Constituição" (BARBOSA, 2012, p. 23). Para esse pensamento interessa a unidade, a identidade e a homogeneidade. Enquanto instituições democráticas, por sua vez, encarnam a "essência" do povo. Não se fundindo por um ato de razão, mas por uma vontade que expressa opção por um modo de vida e de organização política concretos. Barbosa ressalta ainda que no Brasil, durante toda a Ditadura Militar, não só regras destinadas a reger a Constituição foram várias vezes modificadas, como também atos institucionais conviveram com normas constitucionais durante grande parte do período. Nessa linha, um importante esclarecimento, abordado pelo autor, é que o direito à memória e à verdade jamais será o direito a um saber total e final sobre o passado, mas a chance de se exigir que a história institucional seja pensada também a partir de informações ocultadas ou propositalmente "esquecidas".Dando veracidade em suas palavras: "para compreender o permanente embate entre democracia e autoritarismo em nossa cultura constitucional, é necessário olhar para a história". Portanto, "a história não é um repositório de fatos extraídos do passado, mas um elemento constitutivo da experiência presente" (BARBOSA, 2012, p. 27, 42) 6 ENGENHARIA CONSTITUCIONAL DO REGIME: CONTEXTO E MANOBRAS Contexto Além da estabilidade governamental comprometida desde o seu pré-governo, Jango não dispunha de apoio parlamentar no Congresso Nacional para aprovar seus projetos políticos, econômicos e sociais. Haviam ainda inúmeros envolvidos visando combater seu governo, dentre eles, algumas instituições como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES). Este último participou ativamente de manobras que culminaram no golpe, constituindo uma articulação da elite que, dentre suas ações, destacaram-se as famosas campanhas anticomunistas vinculadas nos meios de comunicação em massa bem como o financiamento de políticos que custou milhares de dólares nas eleições de 1962. A Escola Superior de Guerra também foi decisiva já que pregava a teoria da “guerra interna”, ou seja, a ameaça principal não viria de invasões externas, mas dos sindicatos de esquerda, estudantes, intelectuais, professores ou qualquer possível simpatizante com as ideias comunistas. Evidentemente, nesse clima instável havia uma forte polarização, a qual se tornava notória em inúmeros momentos, principalmente no embate ideológico observado entre as duas grandes mobilizações que houve na época: A marcha da família com Deus pela liberdade (série de marchas a favor da intervenção militar) e o comício de Jango na Central do Brasil. Os golpistas tinham um forte aliado que seria decisivo para impulsionar o apoio da população: A imprensa. Diversos periódicos como Jornal do Brasil, Folha de São Paulo, O Globo e mais adiante, emissoras de televisão, foram grandes aliadas dos militares. Além da mídia, grande parte da classe política, a Igreja Católica e a OAB também se manifestaram favoráveis aos militares. Como se pode ver, a ditadura não ocorreu por acidente; ela foi fruto de uma verdadeira construção histórico-social. Assim, diante de todo esse apoio, não é tão surpreendente o fato de que o período entre 1964 a 1988 praticamente não foi debatido até passados em média 30 anos do Regime. Como Leonardo Barbosa traz à tona de forma provocativa e em referência a um artigo sobre memórias da ditadura, esse cômodo esquecimento encaixa-se perfeitamente na Diário de Notícias (Rio), 2 de Abril de 1964: ''Marinha caça Goulart''. ''Ibrahim Sued informa: É o fim do comunismo no Brasil.'' 7 citação de Ernst Renan: “A essência de uma nação (...) é que todos sejam capazes de esquecer muitas coisas”. (2004, p.29). Manobra do discurso constitucional autoritário Comumente, quando se discute sobre ditaduras bem como as proporções que estas costumam alcançar, surgem questionamentos sobre como foi possível chegar àquilo, ou se ninguém tomou atitude alguma para impedir. Bem, como visto no decorrer da obra “História Constitucional Brasileira”, os militares assumiram o poder afirmando que estavam começando uma Revolução para manter a legitimidade do país e protegê-lo da ameaça de uma ditadura comunista. Assim, como seria contraditório derrubar a Constituição logo que tomassem o poder (já que o compromisso firmado era em manter a legalidade), decidiram então manter a Constituição de 1946. Dessa forma, seria necessário um subterfúgio que os permitisse deterem o poder autoritariamente sem empecilhos. Como seria possível conseguir uma legalidade autoritária? Tal reforma seria golpe ou realmente uma revolução? Leonardo Barbosa traz essa diferenciação sucintamente em sua obra de forma a nos possibilitar entender que: Revolução: Trata-se de uma quebra, um novo começo. Um acontecimento ou processo que rompe com a legalidade, mas que se legitima por si só. É empregada buscando uma forma de governo completamente diferente. Reforma: Apesar de, assim como a Revolução, tratar-se de meios de mudanças sociais, se opõem à medida que a Revolução geralmente tem no Estado o objeto da mudança, enquanto na Reforma, o Estado seria o sujeito dela, promovendo transformações por intermédio de, por exemplo, aprovação de emendas. Golpe de estado: Prevalecem os interesses de uma pessoa ou pequeno grupo que ascende ao poder, podendo tomar para si até mesmo atribuições do Poder Legislativo e Judiciário a fim de legalizar seus atos. Apesar do discurso atraente, estava cada vez mais nítido que mesmo mantida a Constituição, esta estava sendo violada desde o começo da “Revolução”, pois Jango ainda estava no país quando a vaga à Presidência foi declarada. Diante das inúmeras contrariedades à Carta que ainda estaria por vir, seria cada vez mais difícil tornar plausível que o movimento tratava-se de uma “Revolução” sem o auxílio de um código jurídico que o legitimasse. E foi partindo dessa necessidade que iria revelar- se a engenhosidade criativa dos militares com os Atos Institucionais e a fachada democrática. Ato institucional nº 1 (9 de abril de 1964) O AI-1 (que seria o único, só recebendo enumeração, portanto após a institucionalização do AI-2) era composto por 11 artigos; foi assinado pelos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica que formavam o Comando Supremo da Revolução e redigido por Francisco Campos (responsável pela Constituição autoritária de 1937). Dentre suas principais medidas, destacam-se as eleições indiretas para presidência e vice presidência (o mandato dessas eleições expiraria junto ao próprio Ato); direito ao presidente de suspender direitos políticos; atribuía ao presidente a 8 prerrogativa de propor emendas à Constituição e que essas emendas teriam regra excepcional de apreciação (o que evidenciava que o interesse não era em revolucionar mas em reformar sem enfrentar maiores dificuldades). No dia seguinte à divulgação do AI, a junta militar divulgou a primeira lista- com mais de 100 nomes- dos atingidos pela cassação dos direitos políticos e como não tinham direito à defesa, vários desses acusados partiram para o exílio. Mesmo com essas medidas de impacto, o governo militar seguia sua manobra do discurso, assegurando que a “Revolução” não pretendia radicalizar-se. Ato institucional n° 2 (27 de outubro de 1965) Até o AI-2 o trabalho militar praticamente se resumia a afastar a questão sucessória do governo de Castello Branco. Começaram então a se preocupar com as eleições diretas para governador. Nesse contexto, destacam-se então as novidades trazidas com a Emenda 14 que estabelecia, dentre outras coisas, que os candidatos a governador possuíssem domicílio eleitoral de pelo menos 4 anos no estado em que iriam concorrer; além disso, possibilitava que outros casos de inelegibilidade fossem definidos. Ficou claro que essas regras eram apenas para dificultar a vitória dos candidatos de oposição. No entanto, mesmo com tais medidas, os militares foram derrotados em Minas Gerais e na Guanabara, o que abriu os olhos dos militares de que a derrota seria bastante provávelem caso de eleições diretas para presidência. Essa constatação, somada à crescente impopularidade do governo, à recessão e às tensões entre os militares e Castello, levaram a edição do AI-2. Composto por 33 artigos, o Ato definiu de forma autoritária os termos do seu antecessor, estabelecendo de vez as eleições indiretas para presidência. Dentre suas principais medidas destacam-se ainda Costa e Silva edita o Ato Institucional nº 1 (AI-1). Ele permite a cassação de mandatos e a suspensão de direitos políticos. Também são marcadas eleições indiretas em dois dias para Presidência e vice- presidência da República. (09/04/64) Jornal Folha de S. Paulo, em 27 de Outubro de 1965, divulgando a imposição do Ato Institucional nº 2. 9 o fim dos partidos políticos, o aumento do número de ministros do STF (que teria mais 5 ministros, os quais possuíam afinidades militares), o presidente poderia decretar estado de sítio por 180 dias sem consulta prévia do congresso, baixar decretos de lei, demitir funcionários civis ou militares etc. Estava claro para os militares que os maiores riscos ao regime não estavam no Legislativo nem no Judiciário, mas nas urnas. Por isso, o AI-2 tratou de abolir as eleições diretas para presidência. Ato institucional n°3 (5 de fevereiro de 1966) A solução para o problema da presidência foi utilizada para as eleições de 1966 ao governo dos estados. O AI-3 era composto por 7 artigos e sucinto em seu preâmbulo, afirmando ser imprescindível que se estendesse a eleição indireta para os governadores e seus vices. Além disso, estabelecia que os prefeitos das capitais fossem nomeados pelo governador por motivos de segurança nacional e firmava o calendário das eleições. Portanto, como se pode observar, no decorrer dessas primeiras manobras da engenharia constitucional militar para firmar sua legalidade autoritária, houveram muitas falhas, contradições e formação de problemas advindos das próprias escolhas deles. De modo geral, pode-se analisar a gênese desses problemas (além do fato de não ter sido uma Revolução) com base na observação de Leonardo Barbosa de que em movimentos, como uma verdadeira Revolução, os objetivos não são alcançados ao longo do processo, mas a partir do desenvolvimento de uma ordem política e jurídica que tal processo se limita a inaugurar. Portanto, a fundação de planos e sua manutenção devem andar juntos, algo que o Regime foi incapaz de perceber e elaborar. UMA CONSTITUIÇÃO PARA (PÁRA) A REVOLUÇÃO? É imprescindível dentro desse contexto entender o uso do termo Revolução, forma pela qual os militares intitulavam o período vigente, já que a expressão Golpe Militar só começa a ser usada no final do governo ditatorial. O termo golpe traz consigo a ideia de ilegitimidade e violência, é importante destacar que este não se limita ao Estado, mas afeta de uma maneira geral toda a sociedade. Assim, neste percurso, o ponto máximo desta discussão é entender como as leis, e sobretudo a nossa Constituição, contribuíram com a Revolução - se contribuíram para a Revolução, ou para parar a Revolução. Assim nos deteremos a explicações sobre esta “Revolução” em curso, o uso feito pela Constituição e a relação de ambas neste contexto. Após o golpe de 1964, é notório que a Constituição transformou-se em meras letras mortas nas mãos dos governantes militares, pois a decretação dos Atos Institucionais foram sobrepostas à própria Constituição. Diante disso, pôde ser observado o endurecimento do Regime Militar, já que eram os Atos Institucionais que possuíam força normativa. 10 Constituição e Revolução são duas palavras antagônicas, não é possível que as duas caminhem juntas de forma harmoniosa. Afirmar a Constituição significa necessariamente pôr fim à revolução (ZAGREBELSKY, 2005 p. 39 apud BARBOSA, 2012, p. 98). Assim, podemos inferir que a Constituição colocaria fim à revolução, desde que a Carta Magna fosse respeitada, e não burlada da forma como foi. Os militares já pensavam em uma nova Constituição, a fim de incorporar a esta todos os atos institucionais já declarados e efetivar um novo ordenamento jurídico, com os ideais militares. Ato institucional nº 4 (12 de dezembro de 1966) O Ato Institucional nº 4, convocou o Congresso Nacional para discussão, votação e promulgação do Projeto de Constituição, apresentado pelo presidente da República. Com o AI-4 o governo adquiriu poderes para produzir uma Nova Constituição, cujo o principal objetivo era fortalecer o poder Executivo e enfraquecer o Legislativo e o Judiciário. A Constituição de 1967 Com a Constituição de 1967, os militares tiveram a oportunidade de inserir na Constituição os textos normativos das emendas constitucionais e os atos institucionais, mesmo constatando a divergência destes com os princípios da Constituição, a ideia era estar sempre resguardados pelas leis, na verdade por uma legislação de exceção. Segundo Barbosa: A Constituição passou a ser manobrada de acordo com a vontade dos militares, usada a partir de seus interesses, mesmo que estes ferissem a essência da Constituição. Diante disso, governar já não era mais agir dentro da lei, mas sim dirigir as próprias leis que iriam lhes proporcionar mais autonomia para governar a seu próprio favor. Segundo Barbosa (2012, p. 107), “a nova Constituição se apresentava como consolidação do compromisso do Regime Militar com o Estado de direito, mesmo que brotasse de uma prática que negava um por um dos seus pressupostos.” “O primeiro período militar buscou reduzir a Constituição a um instrumento do governo e para o governo, maquiando em tons revolucionários uma agenda desenganadamente reformista. As amarras ao exercício do poder foram salapadas: direitos fundamentais (como o direito de eleger seus representantes máximos ou a inafastabilidade da jurisdição), solenemente ignorados. A domesticação da minoria parlamentar somou-se à desnecessidade de formação da maioria para a gestão legislativa cotidiana. A independência do judiciário foi severamente mitigada por meio da interferência direta na composição e competência dos tribunais.” (BARBOSA, 2012, p. 105) Jornal "O Globo" (Rio) divulga em manchete, no dia 25 de Janeiro de 1967, a nova Constituição. 11 A Constituição de 1967, diferente de todas as anteriores (1891, 1934, 1946) não foi analisada como deveria, tendo sido apreciada de forma precária e em desconformidade com os princípios necessários. O rápido aprofundamento da ditadura Como foi visto, a Constituição de 1967, legitimava o regime iniciado pelo golpe de 1964, concentrava os poderes no Executivo, abandonava a fachada democrática e formalizava de uma vez por todas a Ditadura Militar. Costa e Silva já assumira sob a vigência da nova Constituição, e o clima passaria de aparentemente tranquilo para uma tensão até então nunca vista, a oposição pedia a revisão da obra legislativa de 1967, pois entendia que essa não revogava os atos institucionais, e esses ainda tinham uma força de lei que estaria acima da carta constitucional. Vários problemas começariam a vir à tona e a ganhar visibilidade, dentre eles a redução de renda da população, o que ocasionou insatisfação salarial e acabou sendo um fator contribuinte para a explosão de várias greves no país. Costae Silva já se via pressionado. Um outro grande destaque foi encabeçado pelo movimento estudantil, que vinha ganhando visibilidade e que foi um importante meio de mobilização social contra a ditadura. O movimento dispunha de várias organizações, sendo a União Nacional dos Estudantes – UNE a mais significativa, e que levantavam sua bandeira de luta contra a ditadura e a repressão policial. A repressão policial ao movimento estudantil acabou causando a morte de um estudante, Edson Luís de Lima Souto, de apenas dezessete anos, que acabou desencadeando uma série de protestos contra a Ditadura, dentre eles a Passeata dos Cem Mil, que aconteceu no Rio de Janeiro e foi considerada a maior manifestação estudantil durante a ditadura. Estudantes protestam na Cinelândia (RJ) pela morte de Edson Luís. Os problemas para o governo não paravam por aí, o número de estudantes que se interessaram pela academia das Agulhas Negras caíra drasticamente, a tensão sindical, política, estudantil e policial já levara o presidente Costa e Silva a decretar o estado de sítio. O suplício maior viria na sequência, com a decretação do AI-5. A foto de Evandro Teixeira na passeata dos Cem Mil marcou uma época. 12 Ato institucional nº 5 (13 de dezembro de 1968) O Ato Institucional nº 5 é considerado o pior de todos ao atos, com ele se dá o ápice da ditadura. Tal imposição suspende a garantia do habeas corpus para determinados crimes; dispõe sobre os poderes do Presidente da República de decretar: Estado de Sítio, nos casos previstos na Constituição Federal de 1967; permite a intervenção federal, sem os limites constitucionais; aborda sobre a suspensão de direitos políticos e restrição ao exercício de qualquer direito público ou privado; permite a cassação de mandatos eletivos; versa sobre o recesso do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras de Vereadores; ele exclui da apreciação judicial atos praticados de acordo com suas normas e Atos Complementares decorrentes; e dá outras providências. Com o AI-5 vem à tona a repressão generalizada e a quase paralização da atividade política institucional. Segundo Barbosa (2012), com o AI-5 foram aplicadas mais de 1500 sanções entre suspensão e cassação de mandatos, aposentadoria, reforma, destituição e outros, algumas delas atingindo, inclusive, o Judiciário. O AI-5 produziu várias ações arbitrárias e de efeitos duradouros. Foi o período mais duro do Regime Militar, marcado pela suspensão e alteração das normas constitucionais, pela suspensão de direitos políticos e a restrição de exercício de qualquer direito. Neste contexto o Direito fica a serviço da política, ou melhor, a serviço de quem detém o poder em suas mãos e dita as normas, desrespeitando todos os seus princípios, criando assim uma legislação que atende seus próprios interesses e que é usada como um instrumento de quem tem o poder. PROCESSO HISTÓRICO QUE VIABILIZOU A CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLEIA NACIONAL CONSTITUINTE É certo que a primeira manifestação pública em favor de uma Constituinte, após o golpe de 64, aconteceu em julho de 1971, na cidade de Recife, onde o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) realizou um seminário de estudos e debates acerca da realidade brasileira da época. Nesse encontro, líderes do movimento pressionaram a direção do partido por uma ação mais agressiva de oposição ao regime. No entanto, os políticos conhecidos como "moderados" não concordaram com a proposta e acabaram colocando a ideia abaixo, temendo uma reação negativa do governo de Médici. Anos depois, o MDB voltou a discutir a convocação de uma Constituinte. Dessa vez, o partido entraria de vez na luta pela redemocratização do Brasil. Jornal carioca "A Última Hora" publica no dia seguinte (14 de dezembro de 1968), em manchete, a edição do AI-5. 13 O enfraquecimento do governo militar Em 1974, já no governo do general Ernesto Geisel, iniciou-se o projeto de abertura “lenta, gradual e segura”, que tinha como principal objetivo retirar os militares do poder e repassa-lo ao povo, em um processo demorado e que não permitia revogar as medidas autoritárias que haviam sido impostas pelo regime. Ainda em 74, a situação política mudou totalmente após o expressivo resultado do MDB nas eleições, depois de um período em que os candidatos da oposição (MDB) percorreram o país pedindo apoio dos civis contra o Ato Institucional nº 5. Visto que na época era proibido ter opiniões contrárias ao governo, o partido obteve grande apoio da sociedade contra os militares. Medidas utilizadas por Geisel para recolocar o governo em vantagem A reação governista começou pela mudança das regras do pleito municipal de 1976, através da Lei nº 6.639 (Lei Falcão), a qual restringia a propaganda eleitoral gratuita em rádio e TV. Contudo, não foi suficiente para parar o crescimento da oposição, e nos resultados das eleições de 1976, o MDB obteve maioria expressiva nos principais centros econômicos do Brasil; e a Arena (Aliança Renovadora Nacional) venceu nas regiões de menor desenvolvimento econômico. O governo não estava preparado para sofrer uma nova derrota nas eleições diretas para governador em 1978. Como a maioria no Congresso era emedebista, não havia possibilidades de o governo aprovar alguma medida para frear a oposição, então o presidente Geisel decidiu tomar algumas atitudes para frear a oposição. A principal medida utilizada foi se valer da prerrogativa nº 2 do Ato Institucional nº 5, que concedia o poder ao presidente de decretar recesso no Congresso e passar a legislar em todas as matérias. O Pacote de Abril O "Jornal do Brasil" traz em sua manchete a reforma política de Geisel, publicado em 2 de abril de 1977. Utilizando-se dos poderes concedidos pelo AI-5, Geisel baixou o “Pacote de Abril”. Entre as medidas impostas destacavam-se a extensão da Lei Falcão para as eleições de 1978; a terça parte do Senado seria eleita indiretamente; a alteração da composição do Colégio Eleitoral que elegeria o sucessor de Geisel; a definição do mandato presidencial em seis anos; e a redução, para maioria absoluta, do quórum de aprovação de emendas constitucionais. As respostas às medidas adotadas por Geisel não se limitaram ao âmbito político- partidário, e resultou na mobilização de setores organizados da sociedade civil, que juntamente ao MBD e outras instituições de grande relevância no país lutaram pela volta das eleições diretas, bem como o fim do Regime Militar e, consequentemente, a volta da democracia. Com isso, o MDB adotou a luta pela convocação de uma Constituinte como sua principal bandeira. A situação ficou desfavorável ao governo, que através da “Missão Portela”, decretou o fim 14 do AI-5; o restabelecimento do habeas- corpus; o término das cassações sumárias e do poder do Executivo de decretar o recesso do Congresso. O governo adotou essas medidas para manter sob controle a transição que estava ameaçada com o crescimento dos movimentos em favor da Constituinte. Para finalizar o período histórico que culminou com a convocação da Constituinte, é importante mencionar dois movimentos que demonstraram grande poder de mobilização popular no período de redemocratização: A luta pela anistia e as manifestações pelas eleições diretas. Em1979, Figueiredo entra no governo de forma indireta e declara que sua intenção é de fazer do Brasil uma democracia. Com o plano de distensão ainda de pé, as alterações institucionais prosseguiram. No mesmo ano, Figueiredo encaminha o Projeto de Lei nº 14, que anistiava parte dos punidos por ato de exceção ao longo do Regime Militar, fazendo parte do processo de revogação dos atos institucionais. Apesar de haver, naquela época, uma grande mobilização em favor da anistia, a forma com que ela foi proposta não satisfez os setores organizados da sociedade, que adotaram uma nova bandeira: a “anistia ampla, geral e irrestrita”. Em 1977, Hermes Lima afirmava: “O passo fundamental para chegarmos à Constituinte é a anistia. Sem anistia não é possível nem chegarmos à Constituinte nem abrirmos um ambiente para que ela possa seguir o seu caminho” (LIMA, 1977, p. 8 apud BARBOSA, 2012, p. 177). Além da luta pela “anistia ampla, geral e irrestrita”, outro movimento teve grande importância no processo de convocação da ANC: as Diretas já. O movimento reunia a sociedade em busca da redemocratização do país através da volta das eleições diretas. As Diretas ganharam bastante força em 1983, quando se tornou o centro das atenções da política brasileira. Ainda no mesmo ano, foi apresentada a proposta de emenda constitucional conhecida como “Emenda Dante de Oliveira”, que pretendia restabelecer as eleições diretas. Após a proposta, o primeiro passo do movimento foi percorrer o país realizando comícios em busca de aumentar a mobilização da sociedade com o objetivo de fazer a opinião pública agir contra as forças políticas. O segundo passo foi o monitoramento da votação da emenda no Congresso, marcada para o final de abril de 83. O governo não permitiu que a sessão fosse transmitida ao vivo pela televisão, entretanto, permitiu a transmissão direta por rádio. Com isso, os líderes do movimento convocaram o público para uma manifestação que propunha um desfile em torno do Congresso Nacional com seus carros buzinando, como um sinal de apoio à emenda. O governo, se sentindo intimidado, tratou de criar regras para reduzir os riscos de manifestações no dia da votação. Em 18 de abril, Figueiredo editou o Decreto nº Comício pelas Diretas Já em Goiânia, junho de 1983. 15 89.566, que estabelecia medidas de emergências na área do Distrito Federal, para impedir qualquer deslocamento de pessoas em direção ao Congresso. A censura imposta pelo governo não parou por aí. Logo após limitar manifestações na área do Distrito Federal, outra providência foi tomada: a criação da Resolução nº 1/ME/84, do Comando Militar do Planalto, que estabelecia censura às telecomunicações no Distrito Federal. Qualquer programa noticioso de qualquer emissora de rádio ou TV, teria, antes de levar ao ar, que submeter-se a aprovação das autoridades militares. A eleição do primeiro presidente civil A Emenda Dante de Oliveira foi derrotada na Câmara dos Deputados, contudo, o impacto causado pela mobilização popular em favor do retorno das eleições diretas sinalizava que o país precisava de uma nova gramática política. Portanto, nas eleições de 1985, a população que manifestava apoio à volta das eleições diretas foram as urnas e elegeram Tancredo Neves como presidente, e José Sarney como vice. A principal pauta do governo eleito era a convocação da Assembleia Nacional Constituinte e, mesmo com a morte de Tancredo, Sarney não se recusou a cumprir o compromisso assumido pela chapa e posteriormente colaboraria com a convocação da Constituinte. DEBATE ACERCA DA FORMA DE CONVOCAÇÃO DA CONSTITUINTE Com a eleição de Tancredo Neves e José Sarney, a convocação da Assembleia Nacional Constituinte chegou ao poder. Como foi citado anteriormente, apesar da morte de Tancredo, José Sarney cumpriu o compromisso e tratou de encaminhar a proposta de emenda constitucional para o Congresso. Diante disso, surge o debate a respeito da forma de convocação da Assembleia Nacional Constituinte por meio de uma emenda constitucional. Em primeiro lugar, a importância da convocação da Constituinte por emenda constitucional; e em segundo lugar, o recurso à emenda constitucional decorrente da aprovação do Congresso Nacional. É importante saber que as outras constituintes que haviam sido convocadas no decorrer da história se deram por meio de ato monocrático, ou seja, por meio da intervenção do presidente da época, sem qualquer participação do Poder Legislativo. Em outras palavras, o recurso à emenda constitucional foi de extrema importância para atribuir o poder ao Legislativo, que atuaria em conjunto com a sociedade na criação da nova Carta. Das críticas ao recurso à emenda constitucional, é de se destacar o fato do constitucionalismo autoritário estar presente na nova ordem constitucional. Essa posição seria tratada mais adiante, com o Tancredo discursa logo após ser eleito presidente da República pelo Colégio Eleitoral. 16 destaque para o que seriam os principais problemas da convocação da Constituinte por emenda constitucional. Em primeiro lugar, as literaturas constituintes produzidas por diversos setores da sociedade mostravam interesse em romper com a ordem autocrática. Não era um desenlace com a revolução de 1964, mas sim um rompimento das ideias do regime. A proposta de emenda não buscava emendar a Constituição de 67/69, e sim suplantar a ordem constitucional anterior. Em segundo lugar, apesar do problema supracitado, a convocação pelo Poder Legislativo trazia possibilidades inovadoras, entre elas, o chamamento à participação popular no processo, e não um confinamento com o objetivo de debate institucional entre os congressistas. Por último, a convocação da Constituinte por emenda era importante para evitar a quebra da ordem constitucional vigente na época, mas, que, posteriormente, resultaria na perda de eficácia da Constituição de 67/69. Constituinte Exclusiva A apreciação da proposta de Emenda Constitucional nº 26 foi marcada por várias polêmicas, havendo destaque para uma: A ideia de convocação de um órgão diverso do Congresso para a realização da Constituinte, ou seja, foi proposto a realização de uma Constituinte Exclusiva. A proposta não teve aprovação por parte da maioria, que defendia a tese de que o Congresso teria autoridade suficiente para falar em nome do povo, sem a necessidade de criar um órgão composto por diversas pessoas de diferentes áreas para a elaboração da nova carta. Com isso, a convocação da Constituinte Congressual ganhou ainda mais força, entretanto, mais à frente, quando ocorreu o desfecho institucional da transição para então convocar a Assembleia Nacional Constituinte, e o presidente José Sarney propôs, por meio de emenda à Constituição, a concessão de poderes constitucionais ao Congresso, sendo lida em 7 de agosto de 1985, surgiu uma nova proposta por parte do relator do processo, Flávio Bierrenbach. O substitutivo proposto pelo relator apresentava profundas alterações na proposta do governo, destacando-se a previsão de um plebiscito para que a população decidisse o caráter Congressual ou Exclusivo da Constituinte. A proposta desagradou as lideranças da Aliança Democrática, e a sugestão inicial do governo se concretizou. Votada no dia 22 de novembro do mesmo ano, a EmendaConstitucional nº 26 foi aprovada, dando início à Assembleia Nacional Constituinte. PROCESSO DE CONVOCAÇÃO DA CONSTITUINTE “Vontade de ruptura" que permeou os movimentos políticos Barbosa define esse período de convocação e instalação da Constituinte como marco de dúvidas e expectativas. Vale comentar que havia ainda muita esperança, anseio e perspectiva de futuro e durante a apreciação da proposta de emenda à Constituição que convocou a Assembleia Nacional Constituinte, a forma mais clara de materializar essa “vontade de ruptura” era a convocação de uma “Constituinte exclusiva”. Razão pela qual as forças políticas alinhadas ao regime militar construíram uma narrativa alternativa, 17 apoiada em duas palavras de ordem: Reconciliação e continuidade. Encadeando os eventos associados ao processo de convocação da Constituinte de modo a apresentá-los sempre como uma benesse, nunca como uma conquista. Diante disso, haviam muitas controvérsias, e alguns parlamentares discordavam dessa ideia de ruptura, realçando o argumento em que o período revolucionário se encerrava por via da conciliação e resultado de uma transição política. Percebe-se que não só o elemento de continuidade estava presente nas narrativas históricas desse período, mas o desejo por encerrar, finalmente, o ciclo revolucionário. Vale questionar, por que não simplesmente retornaram à carta de 1946? Justamente pelo fato de que vários atores importantes da redemocratização vieram do regime e de sua institucionalização. E era nesse fundamento que se encontrava o elemento de continuidade, presente no processo constituinte assim como o elemento de não continuidade. Esse persistente discurso de continuidade se somava a outros fatores que enfraqueciam as esperanças em um processo constituinte capaz de libertar-se da cultura constitucional e institucional que ameaçava confiná-lo. Durante esse período, foram propostos alguns modelos de anteprojetos de Constituição. É possível citar, além da derrota da Constituinte exclusiva, o funcionamento de uma Comissão Provisória de Estudos Constitucionais, chamada de Comissão de Notáveis, a qual teve um destaque por reunir nomes ilustres do Direito Constitucional brasileiro, a despeito recebida com críticas, trabalhava em um “anteprojeto” de Constituição, e como ressalta Barbosa, sequer chegou a ser encaminhado oficialmente à Constituinte. Processo de transição constitucional de 1987 Marcado por disputas conjunturais entre lideranças parlamentares, mobilização social e o efeito da participação popular estiveram bem presentes nesse processo, como é claramente exposto na obra de Leonardo Barbosa, um conjunto de acontecimentos que, juntamente ao contexto econômico da época, levaram a ressaltar as turbulências políticas. Para que os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte obtivessem “ampla representatividade nacional” era necessário a colaboração de todos. Sarney enfatizara que "o documento continha sugestões dos mais diversos setores da sociedade brasileira", (BONAVIDES; PAES DE ANDRADE, 2002, p. 457 apud BARBOSA, 2012, p. 208) o que deu ênfase a participação popular e grande atuação e interesse da sociedade nesse processo. A discussão sobre o funcionamento da Constituinte e sobre o sentido de sua “soberania” Com festa, a Constituinte é instalada. O povo lota a Esplanada dos Ministérios em Brasília - 1987. 18 A ideia de Poder Constituinte remete a de soberania popular, porém, foi apropriada autoritariamente porque o povo precisaria se encarnar em uma instituição para poder ter plenos poderes políticos e instaurar outro regime. A participação social na Constituinte modelou seu caminho inaugurando com isso uma nova prática constitucional no Brasil. Obtendo finalmente o seu espaço no processo de elaboração da Constituição de 1988, permitindo uma imensa mobilização na esfera social e discutindo os principais debates constituintes. Rotulando que a extensão dos poderes constituintes outorgados à assembleia num contexto de transição não era uma questão nova no Direito Constitucional brasileiro, pois discussão semelhante foi posta durante a Constituinte de 1946. Na mesma análise, em 1987, vivia-se um período de transição, “ainda sob a vigência de uma Constituição outorgada e uma série de dispositivos autoritários” (BARBOSA, 2012, p. 212). Havia o grande debate em razão dos limites do poder constituinte, a discussão que se seguiu em relação a soberania da Constituinte seria sobre definir de fato o seu papel, levando alguns a temerem o resultado disso. Especialmente o PT e o PDT, afirmavam que a soberania da Constituinte deveria seguir em dois sentidos: Um proativo, no qual a assembleia poderia regular o processo de transição elaborando normas constitucionais e infraconstitucionais; e um defensivo, que seria o de evitar que qualquer poder instituído importunasse o exercício de suas concessões. Tensão nas relações entre os poderes instituídos e o poder constituinte É evidente que isso resultou em bastantes tensões, pois poucos se dispunham a afirmar que a Constituinte encontrava-se submetida pela ordem constitucional autoritária, porém havia pouco interesse em afirmar o contrário. Algo que podia ser observado na pressão do Executivo sobre a assembleia, gerando mais tarde diversas discussões em torno do funcionamento da constituinte. Processo de organização dos trabalhos constituintes Os componentes da Assembleia Constituinte reuniram-se propriamente num período de interrupção, crise e transição. Segundo Barbosa (2012, p. 215), “nesse contexto, sua soberania dificilmente pode ser assegurada exclusivamente por fatores institucionais e declarações formais de onipotência jurídica. Tampouco se sustentam pelo recurso à força bruta.” E é a partir dessa nova conjuntura democrática que a Constituição ressurge exatamente para moderar as relações sociais, resguardando os ideais de liberdade e igualdade. Além disso, com o intuito de regular e organizar democraticamente os trabalhos da Constituinte, além de atribuir legitimidade às suas decisões, foi definido – após muitas discussões – o seu regimento interno. Centrão: Interesses, objetivos e força O Centrão veio a ser um grupo de constituintes insatisfeitos com as ideias abordadas no projeto de Constituição. Eles uniram-se justamente porque o projeto já estava chegando ao fim e as ideias 19 delineadas iam contra as preferências de parte significativa do Plenário. Assim, como essa situação só poderia ser modificada através de uma votação nominal com quórum de maioria absoluta, houve essa “união”. Portanto, o principal objetivo do Centrão baseava-se na alteração do regimento e na adoção de regras que facilitassem a propositura de alternativas ao projeto de Constituição. Porém, além disso, havia um descontentamento desse grupo em relação ao método e trabalho da constituinte, juntamente com a falta de compromisso, ao permitirem que "dispositivos sem nenhuma referência ao processo desenvolvido nas subcomissões e comissões temáticas fossem a plenário" (BARBOSA, 2012, p 225), algo que apresentava a insatisfação de muitos e o interesse elitista dos grupos dominantes. Durante o processo de discussão do regimento interno, várias emendas pretenderam aprofundar aspossibilidades de colocar os constituintes em contato direto com a população. O LEGADO DO PROCESSO CONSTITUINTE A constituinte de 1987-1988 Na abordagem do livro em questão – História Constitucional Brasileira – observamos uma ideia conveniente, em que Leonardo nos afirma que as regras procedimentais funcionam em regimes democráticos como garantias da minoria, asseverando a participação do povo nos debates e tomada de decisões. A crença de que a composição da Constituinte era majoritariamente conservadora (MICHILES, 1989, p. 54 apud BARBOSA, 2012, p. 238) fortalecia a ideia de construção de expedientes procedimentais que permitissem a mobilização da esfera pública por parte dos partidos políticos numericamente inferiorizados. Além de tudo, “nenhuma das forças políticas presentes na Constituinte era capaz de organizar os trabalhos em torno de um projeto hegemônico.” (BARBOSA, 2012, p. 238). É necessário ainda destacar um trecho no qual o autor nos traz uma ideia vital quanto aos processos de constitucionalização no decorrer da história: Processo de transição “lenta, gradual e segura” Diante disso, a obra nos permite refletir a respeito da narrativa oficial que visava a nova Constituição como fim do ciclo revolucionário, percebido nos discursos que se seguiam. O processo de transição "lenta, gradual e segura", assim chamado por Geisel, trazia consigo à reflexão e resumo dos trâmites que ocorreram durante todo esse longo processo. Barbosa relata que a transição “Todas as demais assembleias constituintes da história brasileira tinham diante de si a missão de traduzir juridicamente um movimento político que estabelecera, a priori, sua agenda: a fundação de um país independente, a adoção da forma republicana de governo, a consagração de um Estado centralizador em detrimento do governo oligárquico da Primeira República, a retomada do constitucionalismo liberal, em consonância com o desenlace da Segunda Guerra Mundial e, enfim, a institucionalização da ditadura militar.” (BARBOSA, 2012, p. 239) 20 não apresentava ruptura mas sim a "continuidade de um projeto já construído" (BARBOSA, 2012, p. 239), mostrando desde o começo a preocupação em afirmar a Constituinte como espaço da ordem e da estabilidade. Entretanto, como pode-se ver, a Constituição de 1988, vigente atualmente, demonstra o contrário. Além das mobilizações em torno da constituinte no Brasil juntamente com o aparecimento de demandas sociais, o amplo interesse do espaço público nos movimentos de crítica ao Estado marcaram de modo a trazer mudanças significativas no contexto histórico brasileiro. Por fim, a crise do Estado Social, os movimentos de base e a participação popular, somados a outros fatores encarnados nesse processo de transição, engajaram um série de acontecimentos essenciais em pauta para o seu legado. PROCESSOS DE REFORMA A história das mudanças constitucionais foi desenvolvida em torno de discursos que tinham a finalidade de corrigir os excessos de uma Constituição que consagra direitos demais, que regula demais, tornando o desempenho do governo complicado (BARBOSA, 2012). A Constituição de 1988 estabeleceu dois processos de reforma: A revisão constitucional, que foi realizada cinco anos após a sua promulgação, prevista no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) e o processo de aprovação de Emendas ao texto constitucional. O objetivo da revisão e das emendas era justamente “corrigir esses excessos” que muitos diziam fazer parte da Constituição. O governo apresentou a ideia da revisão da Constituição como uma das medidas necessárias para enfrentar a grave crise econômica brasileira. Esse processo gerou insatisfação por parte dos constituintes. Alguns censuravam essa medida, explanando que essa revisão enfraqueceria a autoridade da Constituição e outros apoiavam esse processo de reforma formulada pelo Governo. A primeira investida de peso dos reformistas ocorreu no Governo Collor e ficou conhecida como Emendão. Esse pacote, enquanto primeiro esforço revisionista da Constituição de 1988, representou a tentativa de agregar apoio por parte de um Governo desgastado pelo fracasso de sua política econômica. Mas o Emendão não obteve tanto êxito dentro dessas reformas e o processo reformista continuou buscando meios de articular as mudanças constitucionais. O Governo procurava construir alternativas que superassem o iminente quadro de paralisia política que ameaçava sua gestão. Entre as possibilidades que começaram a se moldar, a que dispunha de maior popularidade era, sem dúvida, a antecipação da revisão constitucional. Para o governo, uma vantagem da antecipação da revisão constitucional era a abertura do caminho para a aprovação de alterações constitucionais com base em um rito que se ajustava às suas possibilidades políticas: Quórum de maioria absoluta em sessão unicameral. Isto é, não só Senado e Câmara deliberariam na mesma oportunidade, mas deliberariam como se fossem uma só Casa Legislativa. A estratégia do governo esbarrava, entretanto, em significativa resistência por 21 parte de partidos oposicionistas e também por parte de entidades da sociedade civil que haviam desempenhado um papel mais ativo ao longo do processo constituinte, como a Ordem dos Advogados do Brasil, a Associação Brasileira de Imprensa, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil e a Central Única dos Trabalhadores. E tal oposição não se limitava à antecipação da revisão, mas estendia-se à própria realização da revisão constitucional, postura alimentada pela incerteza que marcava o debate sobre os limites do poder outorgado ao Congresso Revisor. A preocupação compartilhada pelas entidades da sociedade civil e pelos partidos que faziam oposição a Collor, como o PT, o PDT e o PCdoB, era que a revisão constitucional se convertesse em uma ameaça às conquistas obtidas ao longo da Constituinte de 1987-1988. O temor de que a revisão constitucional implicasse o sacrifício de conquistas sociais da Constituição de 1988 não era infundado. O discurso acerca das dificuldades geradas pela Constituição para a “governabilidade” se popularizava, expressando a convicção de que parte das garantias constitucionais referentes ao direito do trabalho e à previdência social, por exemplo, contribuíam diretamente para piorar o desempenho do setor público e privado do país. Mesmo diante de tantas críticas e resistências com relação a essas reformas, em Outubro de 1993 o Congresso Nacional instalou os trabalhos da revisão constitucional. A ideia de que a revisão constitucional seria uma alternativa para que o Brasil conseguisse contornar a crise econômica e a crise política permanecia forte, sendo utilizada por alguns como a maneira mais viável de reconstituir o país. Essa revisão (“reconstituinte”) seria o escape para que o colapso econômico- financeiro brasileiro fosse amenizado. O uso da expressão reconstituinte é repleta de possibilidades interpretativas. De toda forma, os múltiplos sentidos que o termo evoca traduzem bem as diversas concepções em disputa no Congresso sobre a natureza do processo revisional, concepções que ora se confrontavam, ora se interpenetravam. A ruptura operada na história constitucional brasileira pela experiência constituinte de 1987-1988 reside,precisamente, no transbordamento do debate constitucional para a esfera pública e na construção de mecanismos institucionais de participação da sociedade civil no processo constituinte. No Brasil, observa-se que quando existe uma ameaça de crise ou uma crise de fato, a Constituição, que é nossa Lei Maior, sempre é atacada de alguma forma, gerando transtornos com relação à legitimidade da mesma. Essas reformas são frutos de interesses políticos e da complexidade que o texto constitucional possui. Porém, mais do que reformar a Constituição, é necessário fazer com que se cumpram os princípios e as normas nela estabelecidas. O descumprimento da ordem estabelecida pode possibilitar um grave problema em todo o sistema jurídico: A descrença do povo nas suas próprias leis, e o que é pior, a banalização da própria Constituição, que é nossa Lei Máxima, fragilizando-a. REVISÃO CONSTITUCIONAL DE 1993/1994 22 A revisão constitucional no período de 1993-1994 foi entendida como necessária para a população pois era um processo que – supostamente - corrigiria os anacronismos congênitos da Constituição de 1988. Porém, tal revisão foi considerada por todos um fracasso, pois se deu em um período de instabilidade: Estava ocorrendo a CPI do orçamento que cassou e renunciou vários parlamentares; a apreciação de medidas associadas aos planos econômicos de estabilização do governo Itamar Franco; além da aproximação das próximas eleições gerais - Inclusive, as únicas avaliações “positivas” remontavam a pronunciamentos dos opositores à ideia, que comemoravam a falta de resultados. Além disso, após a promulgação, o povo reclamava por Emendas Constitucionais que tratassem de temas como o sistema tributário, o sistema eleitoral e a previdência. O GOVERNO DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO E AS SUGESTÕES DE MUDANÇA DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 Em 1995, no início do governo de Fernando Henrique Cardoso, houveram, só naquele ano, três sugestões de alteração das regras do art. 60. Porém, durante o seu mandato de oito anos – pois o mesmo foi reeleito – foram aprovadas 35 emendas constitucionais. Tal número de emendas aprovadas e suas modificações apenas provam que o previsto no art. 60 da Constituição não é uma barreira insuperável, muito menos um risco sério para a “governabilidade”. Infelizmente essa comprovação não foi o suficiente para encerrar as diversas ideias de que novas revisões são necessárias para solucionar os problemas do Brasil. Como retrata Leonardo Barbosa, existem duas características que marcam as propostas de alteração dos procedimentos de reforma constitucional estabelecidas pela Constituição, de 1993 para cá. Primeiro, as reformas sempre compõem a agenda do governo, independentemente de qual é o partido da vez. E, segundo, elas normalmente enfraquecem, sem muita perspectiva de futuro. Outra ideia, veio a propor uma nova Assembleia Nacional Constituinte, usando como um de seus argumentos o caráter analítico da Constituição. Texto analítico esse que estimularia alterações, importando em uma evidente instabilidade jurídica e na sensibilidade da sua força normativa. Entretanto, de acordo com Leonardo Barbosa (2012, p. 339), a ideia de que “a força normativa de uma Constituição depende de sua estabilidade é, no mínimo, problemática.” Um procedimento de aprovação de emendas mais rígido, como o da nossa Constituição não objetiva pouca mudança, apenas que seja mais difícil a aprovação dessas. E o sucesso do empreendimento constitucional decorre justamente dessa abertura da Constituição, no qual é permitido a inserção do povo para um debate público – como ocorreu na constituinte de 1988. Não é uma nova revisão constitucional que parará as mudanças, pois nas sociedades contemporâneas a Constituição, que acompanha as mudanças de regimes e formas de governo, encontra- se permanentemente em jogo. 23 Por fim, o nosso autor prestigiado, Leonardo Barbosa, afirma que há uma conexão entre Direito e Política que se reflete na complementaridade entre constitucionalismo e soberania popular, nos apresentando, ainda, a ideia de Menelick de Carvalho Netto: IDEIAS FINAIS É imprescindível destacar o caráter historiográfico da obra analisada, que atua na busca incessante pelo entendimento da atuação do Direito naquela época, além do seu impacto no presente. E foi essa forma de abordagem que nos habilitou a observar o sistema jurídico de outra perspectiva. Iniciamos a matéria tratando as diversas formas inter-relacionadas de modificação ou violação dos procedimentos especiais de reforma constitucional observados ao longo do período ditatorial. São elas, como citadas pelo autor do livro – Leonardo Barbosa: (a) A alteração das regras de emenda constitucional por meio de atos institucionais; (b) A introdução de regras constitucionais no ordenamento diretamente por atos institucionais; (c) A outorga de emendas constitucionais; (d) A utilização de emendas constitucionais para transpor conteúdos normativos já versados em atos institucionais para o texto da Constituição; (e) A frágil “constitucionalização” do regime militar em 1966-67. Ainda nessa mesma abordagem, podemos destacar a forma pela qual os militares superavam os obstáculos que as regras antepunham ao regime – manobra que se dava, segundo Barbosa (2012, p. 352), “por meio de medidas excepcionais, apoiadas em um discurso reformista travestido de revolucionário”. Além disso, foi possível observar que, naquele período, o Congresso e o Judiciário eram problemas para os militares, não representando uma simples “fachada” – como desejava o governo. Essa dificuldade imposta, de acordo com Renato Lemos, expressava uma necessidade de legitimação da ditadura e de seu projeto político institucional, centrado no fortalecimento do Executivo (LEMOS, 2004ª, p. 420 apud BARBOSA, 2012, p. 353). Mas, não deixando de fora, o fato do próprio eleitorado não apoiar os militares também foi marcante para que o recurso a medidas excepcionais fosse indispensável. É perceptível a artimanha do Regime Militar nesse período, quando eles usaram a Constituição como um “instrumento de governo”, tornando o conteúdo normativo mais permeável às suas vontades, além de alterar e quebrar o procedimento especial de “Não mais podemos opor como domínios antitéticos a ideia de ‘Constituição’ à de ‘democracia’ ou ‘soberania popular’, pois o constitucionalismo só é efetivamente constitucional se institucionaliza a democracia, o pluralismo, a cidadania de todos, se não o fizer é despotismo, autoritarismo; bem como a democracia só é democrática se impõe limites constitucionais à vontade popular, à vontade da maioria, se assim não for estaremos diante de uma ditadura, do despotismo, do autoritarismo.” (CARVALHO NETTO, 2003b, p. 238 apud BARBOSA, 2012, p. 347) 24 reforma. Os militares viam nos atos institucionais um amparo para a sua reinvindicação de legitimidade, ou pelo menos legalidade. Uma evidência dessa artimanha foi a adoção do AI-5 como medida excepcional, buscando evitar que a Constituição servisse contra o governo. Posteriormente apresentamos o movimento em prol da convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, que ganhou força justamente no momento em que o Pacote de Abril reveloutoda a manipulação das regras de reforma constitucional. Nas palavras de Leonardo Barbosa (2012, p. 355), “o movimento em prol da constituinte desde muito cedo transbordou os espaços institucionais e penetrou na sociedade civil brasileira”. É necessário relembrar que essa constituinte não foi apenas um acordo entre elites, mas sim uma conquista da oposição e sociedade. Houveram fatores importantes para essa conquista, como: A mobilização das Diretas Já; a rejeição da Emenda Dante de Oliveira; e a morte do que seria o primeiro presidente civil após a ditadura – Tancredo Neves. Por não possuir um anteprojeto, os constituintes utilizaram de um método de trabalho inédito, como afirma Leonardo, que tinha como diferencial a abertura para a ampla participação popular. Outro componente, que apreciamos por último, foi o período de vigência da Constituição de 1988, além do apontamento de numerosas tentativas de alteração do procedimento especial de reforma constitucional, sendo indicado pelo autor como uma problemática na relação entre Direito e Política. É interessante que ao longo de todos esses anos de vigência da Constituição, as investidas reformistas ainda continuam buscando “corrigir” os seus erros originários, ao invés de “aumentar e desenvolver suas fundações.” (BARBOSA, 2012, p. 366). E foi essa premissa que permitiu uma reflexão sobre tal passado não tão distante e os impactos futuros que ele proporcionou. Com quase 30 anos da sua promulgação, a Constituição Federal Brasileira já possui 95 Emendas Constitucionais. “Isso se dá em razão de ser sempre interessante e tentador a qualquer governo ampliar sua margem de manobra.” (BARBOSA, 2012, p. 366) Por último e não menos importante, queremos deixar claro uma ideia exposta no livro que nos permitiu certificar que durante a Ditadura o Direito foi capaz de servir, ainda que de forma tímida, como instrumento de resistência ao arbítrio. “De toda forma, não há notícia, na história do país, de movimento em prol de uma mudança constitucional que tenha articulado, ao longo de tantos anos, um leque tão vasto de apoio por parte de instituições e movimentos tão representativos.” (BARBOSA, 2012, p. 356) 25 EXPEDIENTE DA REVISTA DIRETORA DE REDAÇÃO: Ana Carolina Mota Souto EDITORA: Ana Carolina Mota Souto REPÓRTERES: Ana Carolina Mota Souto; Bruno Willis Bezerra Rocha; Gildeneide Samantha do Vale Costa; Juliete Dutra de Oliveira; Kennia Átara Bezerra Sousa; Vitória Kelly Castro dos Santos. DESIGNER: Ana Carolina Mota Souto REVISORES: Bruno Willis Bezerra Rocha; Gildeneide Samantha do Vale Costa; Juliete Dutra de Oliveira; Kennia Átara Bezerra Sousa; Vitória Kelly Castro dos Santos. COLABORADORES: Bruno Willis Bezerra Rocha; Gildeneide Samantha do Vale Costa; Juliete Dutra de Oliveira; Kennia Átara Bezerra Sousa; Vitória Kelly Castro dos Santos. ILUSTRADORES: Bruno Willis Bezerra Rocha; Gildeneide Samantha do Vale Costa; Juliete Dutra de Oliveira; Kennia Átara Bezerra Sousa; Vitória Kelly Castro dos Santos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1985 - 30 anos de democracia: A Constituinte. Direção de Univesp Tv. Produção de Univesp Tv. Realização de Univesp Tv. Coordenação de Univesp Tv. 2015. Vídeo do YouTube, son., color. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LkBOhfYKZ_s>. Acesso em: 31 abr. 2017. ALONSO JUNIOR, Antônio et al (Org.). PACOTE DE ABRIL IMPÕE NOVO RETROCESSO: Governo fecha Congresso, cancela eleição a governador e inventa senador biônico Compartilhar. 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