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Apologia da historia Marc bloch

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UESB – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA
Curso: História
O reconhecimento do papel da história
BLOCH, MARC. Apologia da História, ou, O ofício de historiador; Prefácio: 
Jacques Le Goff; Apresentação à edição brasileira: Lilia Moritz; Tradução: André 
Telles – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001.
Marc Bloch foi um historiador medievalista francês, nascido em 1886 e morto
em 1944 por fuzilamento no período da Segunda Guerra Mundial. A obra Apologia
da História ou O ofício do historiador foi escrita, em rascunho, na prisão, porém,
ficou inacabada devido a sua morte. Bloch, juntamente a Lucien Febvre, tornou-se
referência nos estudos históricos e na maneira de se fazer história, dando origem a
uma nova linha de pensamento na qual foi chamada de “Nova História” ou ainda
“História das mentalidades”, partindo da criação da revista dos Annales, em 1929,
que conquistou espaço mundial e gerou a denominada “Escola dos Annales”, na
qual, o principal objetivo era trazer para o mundo do fazer história a influência das
ciências sociais quebrando o paradigma positivista de Comte, que era a linha de
raciocínio dominante e tinha suas bases fixadas em conhecimentos científicos
válidos, eliminando a teologia metafísica do contexto. No livro, o autor utiliza uma
linguagem simples e ressalta que não existe melhor elogio do que saber falar aos
escolares e aos doutores no mesmo tom. 
Na introdução do livro Apologia da História está uma frase em que um garoto,
com curiosidade, pergunta ao pai para que serve a história. O autor, desenvolve o
conteúdo com base nessa ideia explicitando onde a história se encaixa nas áreas de
atuação e nos campos de pesquisa, argumentando a sua importância como ciência,
apresentando seus métodos (observação, identificação, pesquisa, teoria, lei etc.).
Além disso, ele dá um conselho importante aos que pretendem aprofundar nos
ramos da história: é preciso divertir-se com a ciência e identificar-se com ela; é
preciso ter vocação. O autor concorda ainda que não é equivocado dizer que a
história é a mais difícil de todas as ciências, pois, ela é uma constante descoberta e
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está em andamento. É uma ciência em movimento em função tempo. 
Um fato importante é a definição de história. O que é história? Marc Bloch
discorda com a ideia da história ser o estudo do passado. O passado é um termo
muito vago e amplo, podendo ter acontecimentos isolados às áreas específicas do
conhecimento que não diz respeito à história. O capítulo I do livro cita um exemplo,
de fácil entendimento, de um acontecimento geográfico no século X. O ocorrido não
se encaixa no perfil da história por ser antigo, mas trata-se da geologia, porém, o
fato passa a ser da alçada da história quando reconhecido como consequência da
ação do homem. Assim, a história passa a ser a ciência dos homens. O seu objetivo
é estudar a ação, e não só a ação, mas, a essência do homem. Ele completa que o
bom historiador deve ser como o ogro da lenda: quando sente o cheiro do homem,
sabe que a sua caça ali está. Contudo, não satisfeito com a definição da história
como a ciência do homem, Bloch busca no tempo a composição da definição da
ciência acrescentando o termo (e o peso do seu significado) “no tempo” à
expressão, concluindo finalmente que a história pode ser definida como “A ciência
dos homens, no tempo”. 
Para a história, em que o tempo faz parte do objetivo de estudo, os conceitos
de presente e passado são praticamente indefinidos, onde termina o passado e
onde começa o presente. O presente, segundo alguns pensadores, é fração de
segundos e que torna-se passado, ou seja, o presente é um constante passado. O
historiador, por sua vez, deve usar a sensibilidade com relação a esse tempo
(presente x passado), pois, o estudo da história consiste em conhecer o presente e
assim buscar compreender o passado. Partindo do conhecido para o desconhecido,
este é o funcionamento da pesquisa.
Imprescindível ao ofício do historiador é a crítica. Isso significa que não se
deve confiar em qualquer evidência sem a comprovação da sua veracidade. Existem
vários relatos de falsificação na história, na qual foram solucionados graças às
habilidades e sensibilidades dos pesquisadores, que colocaram à prova os vestígios
encontrados. As escritas, o tipo de papel, a arqueologia, os materiais utilizados,
restos mortais, dentre outros, são formas de identificação da autenticidade dos
elementos encontrados. O historiador deve ser portar tal qual o perito criminal, que
analisa todos os detalhes, colhe todas as provas, verifica se são autênticas,
eliminando ao máximo a possibilidade do erro e chegando o mais próximo da
verdade. 
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Eis o ofício do historiador: estudar o homem em função do tempo,
compreender o passado com o olhar da contemporaneidade, sem permitir a
projeção do presente no passado (Anacronismo), e buscar sempre a verdade
independente do impacto que ela poderá trazer consigo. 
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