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Capítulo-42-Procedimentos-em-Neonatologia.pdf

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PROCEDIMENTOS EM NEONATOLOGIA 
 
CATETERISMO UMBILICAL ARTERIAL E VENOSO: 
INDICAÇÕES: 
Arterial: 
 Medições frequentes e contínuas da gasometria arterial; 
 Monitorização continua da pressão arterial. 
Venoso: 
 Exsanguineotransfusão; 
 Reanimação na sala de parto; 
 Infusão de soluções de manutenção e/ou medicações. 
 
PROCEDIMENTO: 
1. Preparar o material; 
2. Colocar o paciente em posição supina; 
3. Medir a distância ombro-umbigo com fitamétrica e verificar o tamanho de 
cateter a ser introduzido na tabela; 
4. Precauções padrão. Usar máscara, touca, avental estéril, luvas estéreis; 
5. Limpar a área do cordão umbilical com solução antisséptica e colocar campos 
estéreis. 
6. Amarrar um pedaço de fita cardíaca na base e cortar a parte excedente do 
cordão umbilical; 
7. Identificar duas artérias e uma veia; 
8. Utilizar uma pinça curva para segurar o umbigo na vertical firmemente; 
9. Se cateterismo arterial, usar uma pinça íris sem dentes para abrir 
delicadamente a artéria; 
10. Introduzir o cateter delicadamente até a distância estabelecida; 
11. Checar se o cateter reflui; 
12. Procurar sinais de isquemia em pés, se realizado cacterismo arterial; 
13. Retirar a fita cardíaca e suturar em bolsa ao redor do cateter, fixando 
separadamente artéria e veia; 
14. Retirar os campos; 
15. Radiografar tórax e abdome para verificar a posição dos cateteres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TAMANHO DO CATETER A SER INSERIDO 
 
Distância ombro-
umbigo ( cm ) 
Tamanho do cateter a ser inserido ( cm) 
Cateter arterial baixo Cateter arterial alto Cateter venoso 
9 5,0 9,0 5,7 
10 5,5 10,5 6,5 
11 6,3 11,5 7,2 
12 7,0 13,0 8,0 
13 7,8 14,0 8,5 
14 8,5 15,0 9,5 
15 9,3 16,5 10,0 
16 10,0 17,5 10,5 
17 11,0 19,0 11,5 
 Fonte: Atenção à Saúde do Recém-Nascido, Ministério da Saúde do Brasil, Volume 2, p19 
 
Localização: o cateter arterial desce até a ilíaca antes de entrar na aorta, e deve estar 
posicionado for a da região de saída das artérias renais e outros ramos arteriais 
importantes acima de T12 ou entre L3 e L4. O cateter venoso deve estar acima do 
diafragma. 
 
Manutenção: os cateteres devem ser mantidos pérvios por meio infusão de líquidos 
ou de soluções salinas. 
 
COMPLICAÇÕES: 
 Acidentes vasculares ou tromboembólicos; 
 Infecção; 
 Sangramento secundário a deslocamento do cateter devido à má fixação; 
 Alteração de perfusão de membros inferiores: 
Verificar a posição do cateter com RX e reposicionar, se necessário; 
Aquecer o membro contralateral envolvendo-o com algodão e 
ataduras; 
Retirar o cateter se não melhorar perfusão em 30 minutos. 
 
EXSANGUINEOTRANSFUSÃO 
INDICAÇÕES: 
 Diminuir os níveis de bilirrubina e reduzir o risco de encefalopatia 
bilirribínica; 
 Remover as hemácias com anticorpos ligados e/ou circulantes; 
 Corrigir a anemia e melhorar a função cardíaca nos RN hidrópicos por doença 
hemolítica. 
 
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EXAMES NECESSÁRIOS ANTES DO PROCEDIMENTO: 
 Do cordão umbilical: níveis de bilirrubina, hematócrito, e hemoglobina; 
 Do RN: tipagem sanguínea, Coombs direto, níveis de bilirrubina, hematócrito 
e hemoglobina; 
 Da mãe: pesquisa de anticorpos eritrocitários ( Coombs indireto), tipagem 
sanguínea, testes para outros anticorpos, se necessário. 
 
Escolha do sangue: 
Devem ser utilizados: 
 Glóbulos vermelhos colhidos há menos de sete dias reconstituídos em plasma 
congelado com hematócrito em torno de 45%; 
 Evitar concentrados de hemácias de doadores com traço falcêmico; 
 Se doença hemolítica Rh, utilizar sangue O negativo submetido a contraprova 
com sangue materno; 
 Se incompatibilidade ABO, usar hemácias O positivo reconstituídas em 
plasma AB ou receptor compatível; 
 Se doença hemolítica por outros anticorpos eritrocitários, optar por sangue 
compatível com com o do RN e submetido a contraprova com o sangue da 
mãe; 
 Se hiperbilirrubinemia não hemolítica usar sangue compatível com o do RN, 
contraprova obrigatória; 
 Volume: 2 volemias (2 x 80mL/kg). 
 
Acesso venoso: 
Vaso calibroso central ( veia umbilical ou dissecção venosa). Nunca usar artéria 
umbilical. 
Material necessário: 
 Suporte para o sangue; 
 Recipiente para descarte do sangue retirado; 
 Cateter n 3,5 ou 5,0; 
 Bandeja de cateterismo; 
 Duas conexões com torneiras de três vias; 
 Seringas de 10 mL ou 20 mL; 
 Equipo para sangue com filtro; 
 Equipo simples; 
 Material para fixação do cateter. 
Técnica: 
 
1. Monitorizar o RN: oximetria de pulso, frequência cardíaca ( FC); 
2. Aquecer o sangue até temperatura corporal; 
3. Preparar material de reanimação para utilização, se necessário; 
 
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4. Manter o RN com acesso periférico e e hidratação venosa com gluconato de 
cálcio; 
5. Conter o RN; 
6. Precauções padrão. Usar máscara, touca, avental estéril, luvas estéreis; 
7. Fazer antissepsia local; 
8. Colocar campos estéreis; 
9. Montar o sistema: duas torneiras ligadas ao cateter. Na primeira, acoplar 
equipo do sangue.. Na segunda, o equipo para descarte e seringa. 
10. Alíquotas: 
 < 1500 g: 5 mL; 
 1500-2500 g: 10mL; 
 2500 g: até 15 mL; 
11. Abrir as vias para RN e seringa; 
12. Aspirar sangue do RN para a seringa, usando inicialmente duas alíquotas, a 
fim de manter balanço negativo. Utilizar este sangue para os exames 
necessários. As trocas posteriores serão de uma alíquota. 
13. Abrir a via para descarte, fechando a do RN e desprezar o sangue no lixo; 
14. Fechar a via do descarte e abrir a via e aspirar o sangue da bolsa; 
15. Fechar a via para a bolsa de sangue; abrir a via para o RN e infundir o sangue 
lentamente; 
16. Repetir os passos até término do sangue; 
17. Registrar volumes retirados e infundidos; 
18. Se alterações de FC ou SatO2, parar o procedimento temporariamente; 
19. Ao término verificar: funções vitais, glicemia, bilirrubinas, eletrólitos; 
20. Retornar fototerapia; 
21. Monitorizar glicemia nas horas seguintes. 
 
 
 
 
DRENAGEM TORÁCICA 
 
 
Pneumotórax: acúmulo de ar no espaço pleural com colapso parcial ou total do 
pulmão afetado. 
 
Classificação: 
 
 Assintomático: se o RN não estiver em ventilação mecânica, não é necessário 
drenagem. Acompanhar até total reabsorção; 
 Sintomático: tratar inicialmente com aspiração por agulha ( punção pleural). 
Se ocorrer novo acúmulo de ar deve-se colocar dreno sob selo d’água; 
 Hipertensivo: emergência; fazer a punção pleural e posteriormente drenagem 
torácica. 
PUNÇÃO PLEURAL 
 Aspiração imediata – medida salvadora; 
 Realizar mesmo antes da confirmação radiológica; 
 Procedimento doloroso ( fazer analgesia tópica com xilocaína); 
 
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 Considerar o uso de fentanil e sedativos. 
 
Técnica: 
1. Limpar a pele com clorexidina degermante, soro fisiológico e clorexidina 
alccólica; 
2. Inserir cateter intravenoso flexivel no 14,16 ou 18 ou agulhado calibre 23 ou 
25, previamente conectado a uma torneira de três vias e uma seringa de 20 mL 
entre o 3
o
 e o 5
o
 espaço intercostal na linha axilar anterior , ou no 2
o
 espaço 
intercostal na linha hemiclavicular 
3. Aspirar cuidadosamente o ar até que a melhore a condição clínica do RN ou a 
pressão diminua. 
 
Drenagem do tórax 
1. Preparar a pele; 
2. Fazer o botão anestésico no local de incisão e analgesia sistêmica; 
3. Dissecar músculo intercostal até atingir a pleura e perfurá-la com uma pinça 
curva; 
4. Inserir o dreno no espaço pleural; 
5. Conectar o dreno ao selo d’água; 
6. Fixar o dreno à parede torácica com sutura; 
7. Fazer curativo; 
8. Checar posicionamento e resoluçãodo pneumotórax por meio de raio X; 
9. Avaliar necessidade de aspiração continua com pressão negativa. 
 
Cuidados pós-drenagem 
 Observar se há oscilação no circuito. Se não houver, verificar: obstrução, 
vazamento ou irregularidades no sistema; 
 Posicionar o frasco de drenagem em nível inferior ao tórax; 
 Evitar o pinçamento inadvertido do dreno. 
 
Retirada do dreno: 
 Clampear dreno após 24 horas sem oscilação; 
 Remover entre 12 e 24 horas após clampeamento, se não houver novo 
acúmulo de ar ou piora do RN; 
 Raio X de controle até 6 horas após retirada. 
 
PARACENTESE 
Indicação: alívio dos sintomas em situações de distensão abdominal intense com 
repercussão clínica ( hidropsia, insuficiência cardíaca congestiva, ascite). 
 
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Técnica: 
1. Esvaziar a bexiga do RN e imobilizá-lo em posição supine; 
2. Fazer assepsia do local com clorexidina degermante, soro fisiológico e 
clorexidina alcoólica; 
3. Anestesiar com lidocaína 1%, colocar campo estéril e fazer incisão de 0,5 cm 
no local; 
4. Inserir trocater no 12 pela incisão e transpor a musculatura abdominal até 
penetrar o peritônio parietal. Introduzir o cateter e fixá-lo posteriormente à 
pele; 
5. Retirar o cateter e conectar o cateter a uma torneira de três vias por onde o 
líquido ascítico sera drenado lentamente evitando-se o choque hipovolêmico. 
 
Complicações: 
Perfuração intestinal; 
Perfuração de bexiga; 
Choque ( drenagem excessiva e rápida); 
Peritonite (técnica não asséptica).

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