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Parecer tecnico Direito constitucional

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PARECER JURÍDICO PRÉVIO DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
Órgão consulente: Relator do Projeto de Lei nº XXXX
EMENTA: “INSTITUI NO ÂMBITO DO ESTADO DE GOIAS, A PROIBIÇÃO DO HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DOS ESTABELECIMENTOS COMERCIAS E BANCÁRIOS APÓS AS 17 HORAS DAS SEGUNDAS ÀS SEXTAS-FEIRAS”. 
RELATÓRIO
O presente projeto de lei, de autoria do Deputado _________________________, INSTITUIR NO ÂMBITO do Estado de Goiás, a proibição do horário de funcionamento dos estabelecimentos comercias e bancários após as 17h00 de segunda à sexta-feira, e vetando também o funcionamento dos mesmos aos finais de semana, sob o argumento de que esses comércios são atividades integrantes do setor terciário que deve ser fixado os honorários de funcionamento em razão da segurança pública e do bem-estar dos funcionários.
Como o comércio é responsável pela circulação de riquezas de nosso PIB, trata-se de competência privativa da União regular esse tema, haja vista tratar-se de matéria de direito comercial nos termos do art. 22, inc. I, da CRFB/88.
FUNDAMENTAÇÃO
O artigo 61 da Carta Magna determina que um projeto de lei pode ser oferecido por qualquer parlamentar (deputado ou senador), de forma individual ou coletiva, por qualquer comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, pelo Presidente da República, pelo Supremo Tribunal Federal, pelos Tribunais Superiores e pelo Procurador-Geral da República.
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
Após a compreensão do texto constitucional, nota-se que a apreciação de que o horário de funcionamento municipal é de competência do município, que somente pode legislar sobre quando a lei complementar proposta versar de forma controversa a lei estadual/federal já existente. 
Sendo assim, devemos apreciar o teor do art. 22 da Constituição Federal sobre a competência:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
I - Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
No caso proposto somente a União tem competência para vedar o sistema comercial do município. Ainda que a Câmara aprove tal lei e não seja aprovada pela União é inconstitucional.
Os dispositivos são inconstitucionais, uma vez a limitação de horários estabelecida viola os princípios da livre iniciativa, da livre concorrência, da isonomia e da razoabilidade, e ainda contrários aos interesses dos consumidores locais e da economia municipal. 
Súmula vinculante 38
"No caso, verifico que a competência para disciplinar o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais é do município, tendo em vista o que dispõe o art. 30, I, da Constituição Federal. Esta Corte já possui entendimento assentado nesse sentido, consolidado no enunciado da Súmula nº 645/STF: 'É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial'." (ADI 3691, Relator Ministro Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, julgamento em 29.8.2007, DJe de 8.5.2008)
"6. Está claramente definido no artigo 30, inciso I, da Constituição Federal que o Município tem competência para legislar sobre assuntos de interesse local. 7. Polêmica ou filigrana à parte sobre saber-se de alguma nuança entre os conceitos de interesse peculiar (CF de 1967, artigo 15, II, com a redação dada pela EC nº 1/69) e interesse local (CF, artigo 30, I), quem melhor interpretou o seu significado foi o mestre Hely Lopes Meirelles, para quem 'o que define e caracteriza o 'interesse local', inscrito como dogma constitucional, é a predominância do interesse do Município sobre o do Estado ou da União', de modo que "tudo quanto repercutir direta e imediatamente na vida municipal é de interesse peculiar do Município, embora possa interessar também indireta e mediatamente ao Estado-membro e à União' ('Direito Municipal Brasileiro', 11ª ed., págs. 107-8). 8. Dentre as várias competências compreendidas na esfera legislativa do Município, sem dúvida estão aquelas que dizem respeito diretamente ao comércio, com a consequente liberação de alvarás de licença de instalação e a imposição de horário de funcionamento, daí parecer-me atual e em plena vigência, aplicável inclusive ao caso presente, a Súmula 419 desta Corte, que já assentara que 'os Municípios têm competência para regular o horário do comércio local, desde que não infrinjam leis estaduais ou federais válidas'." (RE 189170, Ministro Redator para o Acórdão Ministro Maurício Corrêa, Tribunal Pleno, julgamento em 1.2.2001, DJ de 8.8.2003)
A Constituição assegura o bem-estar social: 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
CONCLUSÃO
Portanto, essa Diretoria Jurídica e Legislativa, visa dizer que está sendo desrespeitada a titularidade de apresentação de proposta legislativa, que consiste ao crime de apoderamento ilícito de coisas e de bens, e que tal ato inconstitucional fere a economia, agindo com desobediência ao princípio da separação do poder, conforme art. 2º da Constituição Federal.
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados conclui pela inconstitucionalidade do Projeto de Lei nº XXX, em razão do art. 30, inc. I, da CRFB/88 e entendimento do STF no Enunciado Sumular vinculante nº 645.
A cerca do funcionamento dos bancos vemos que também é de Competência da União, versando sobre os princípios já citados:
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA. ALTERAÇÃO DE HORÁRIO BANCÁRIO. COMPETÊNCIA DA UNIÃO. 1 - "A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é de competência da União" (Súmula nº 19, STJ). 2 - Recurso provido. Unanimidade.
(TJ-MA - AI: 129972001 MA, Relator: RAIMUNDO FREIRE CUTRIM, Data de Julgamento: 29/11/2001, SAO LUIS)
Diante da proposta exposta e dos argumentos ressaltados, a Diretoria Jurídica e Legislativa recomenda a Presidência da Câmara a rejeição do Projeto de lei por razões obvias de inconstitucionalidade. 
É o parecer.
01 de fevereiro de 2017
Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania

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