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6. Dos Bens

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7. BENS
7.1. CONCEITO
São coisas materiais e imateriais, úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de apropriação. É tudo o que satisfaz uma necessidade do homem. O conceito de coisa corresponde ao de bens, mas nem sempre há perfeita correspondência entre as expressões. Coisa é o gênero do qual bem é espécie. Neste caso, coisa é tudo que existe objetivamente, com exclusão do homem. As coisas que existem em abundância no universo, por ex.: ar, água dos oceanos e mares, e das chuvas, deixam de ser bens em sentido jurídico (MONTEIRO, p. 144-145).
7.2. PATRIMÔNIO
É o complexo de relações jurídicas que contém valor econômico e pertencem a uma pessoa determinada. Restringem aos bens que podem ser avaliados monetariamente. Nele não se
incluem as qualidades pessoais, como a capacidade física ou técnica, o conhecimento ou a força de trabalho, porque são considerados como sendo simples fatores de obtenção de receitas quando utilizados para esses fins, malgrado a lesão a esses bens possa carretar a devida reparação. Igualmente não integram o patrimônio as relações afetivas da pessoa, os direitos personalíssimos,
familiares e públicos não economicamente apreciáveis, denominados direitos não patrimoniais. Assim, o patrimônio é uma universalidade de bens, unitário e indivisível, que se apresenta como projeção da personalidade humana. (GONÇALVES, p. 219-220).
7.3 CLASSIFICAÇÃO
7.3.1. BENS CORPÓREOS E INCORPÓREOS
a) Bens corpóreos: aqueles que têm existência física, material, real, e valor econômico.
b) Bens incorpóreos: aqueles que têm existência abstrata e valor econômico.
7.3.2. BENS CONSIDERADOS EM SI MESMOS
a) Imóveis: não podem ser removidos de um lugar para outro sem destruição de sua substância, e os assim considerados pela lei (arts. 79 e 80, CC). Por sua vez, são classificados em:
a.1.) imóveis em decorrência de sua natureza (art. 79, 1ª parte, CC).
a.2.) por acessão natural (art. 79, 2ª parte, CC).
a.3) por acessão industrial ou artificial (art. 79, 3ª parte, CC).
a.4) por destinação legal (art. 80, CC). 
b) Móveis: são aqueles que podem ser removidos de um lugar para outro, por força alheia, sem destruição de sua substância, e os assim considerados pela lei (arts. 82, CC). Podem ser classificados em:
b.1.) móveis em decorrência de sua natureza: semoventes (aqueles que se movem por força própria. Ex: animais), e os móveis propriamente ditos (são removidos por força alheia).
b.2.) móveis por determinação legal.
b.3.) móveis por antecipação (arts. 82 e 83, CC).
c) Fungíveis e infungíveis: podem ou não (respectivamente) serem substituídos por outros de mesma espécie, qualidade e quantidade (art. 85, CC). 
d) Consumíveis e inconsumíveis: os bens que importam ou não (respectivamente) na destruição imediata de sua substância a partir de seu uso (art. 86, CC). Classificam-se em:
d.1.) consumíveis de fato: são os bens cujo uso importa na destruição imediata da própria substância.
d.2.) consumíveis de direito: são os bens destinados à alienação.
e) Divisíveis e indivisíveis: referem-seaos bens que podem ser fracionados sem alteração da substância, diminuição considerável do seu valor ou prejuízo do uso a que se destinam (art. 87, CC). 
Espécies:
e.1.) indivisíveis em decorrência da natureza do bem.
e.2.) por destinação legal.
e.3) por vontade das partes.
f) Singulares e coletivos: sendo os primeiros àqueles considerados em sua individualidade, embora reunidos em conjunto, e os segundos aqueles que somente podem ser considerados em um todo unitário, uma universalidade.
f.1) universalidade de fato: em decorrência da natureza do bens.
f.2) universalidade de direito: assim considerados pela lei. Ex: herança (art. 91, CC).
7.3.3. BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
a) Principal: referem-se aos bens que têm existência própria, independentemente de outros, quer sejam da mesma espécie ou de espécie diferente.
b) Acessórios: aqueles cuja existência está condicionada à existência do bem principal (art. 92, CC). 
Espécies:
b.1.) Frutos: são as utilidades produzidas periodicamente pela coisa. Podem ser classificados em:
b.1.1) Quanto à origem:naturais (produzidos pela natureza), industriais(originados a partir do engenho humano) e civis (criados pela lei. Ex: juros).
b.1.2) Quanto ao estado:pendentes (encontram-se presos ao bem principal), percebidos ou colhidos (destacados do bem principal), estantes (colhidos e armazenados), percipiendos (deveriam ter sido colhidos, mas ainda não foram) e consumidos (utilizados).
b.2.) Produtos: são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, não havendo possibilidade de reposição.
b.3) Pertenças: são os bens móveis que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao serviço ou ornamento de outra (art. 93, CC).
b.4) Benfeitorias: acréscimos, melhoramentos ou despesas em bens já existentes (art. 96, CC). 
Podem ser classificadas em:
b.4.1) Necessárias: imprescindíveis para a conservação do bem (art. 96, § 3º, CC).
b.4.2) Úteis: não são imprescindíveis, mas trazem uma utilidade maior para o uso do bem (art. 96, § 2º, CC).
b.4.3) Voluptuárias: mero embelezamento ou deleite do bem em questão (art. 96, § 1º, CC).
7.3.4. BENS CONSIDERADOS QUANTO À TITULARIDADE DO DOMÍNIO
a) Bens públicos: são aqueles de domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno (art. 98, CC). 
Espécies:
a.1) Uso comum do povo: refere-se a utilização por todas as pessoas da sociedade, sem distinção. Ex: rios, mares, estradas, ruas, praças (art. 99, I). 
a.2) Uso especial:são aqueles que se destinam à execução de serviços públicos e são utilizados
exclusivamente pelo Poder Público. Ex: edifícios ou terrenos destinados a serviços ou estabelecimentos da administração federal, estadual, territorial ou municipal e suas autarquias (art. 99, II).
a.3) Dominicais: aqueles que constituem o patrimônio da pessoa jurídica de direito público (art. 99, III), podendo ser alvo de alienação judicial ou extrajudicial, observando os regramentos legais específicos (art. 101, CC), o que não pode acontecer com as duas modalidades anteriores (art. 100, CC).
b) Bens particulares: aqueles que pertencem aos cidadãos, aos particulares, e forma o seu patrimônio (art. 98, CC).

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