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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA Síndrome clínica complexa que resulta de qualquer alteração interferência, estrutural ou funcional, na capacidade do ventrículo de se encher ou de ejetar sangue incapacidade de manter um DÉBITO CARDÍACO ADEQUADO. A capacidade mais afetada é a DIASTÓLICA, ou seja, de enchimento. Falência ou incapacidade do coração bombear sangue suficiente para satisfazer as necessidades do corpo. A causa geralmente é a contratilidade diminuída do miocárdio, resultante do fluxo sanguíneo coronário diminuído. Outras causas: lesão das valvas cardíacas, pressão externa em torno do coração e deficiência de vitamina B. Epidemiologia: mais comum em negros e homens; mesmo com o aumento da expectativa de vida, a taxa de mortalidade continua alta sendo em 50% dentro de 5 anos de realização do diagnóstico. A IC é a MAIOR CAUSA DE INTERNAMENTOS NO MUNDO. Lesão súbita do coração, como infarto agudo do miocárdio, diminui a capacidade de bombeamento do coração. 2 efeitos principais acontecem: 1. REDUÇÃO DO DÉBITO CARDÍACO O coração não consegue contrair adequadamente para ejetar todo o sangue necessário, aí ele se acumula nos átrios. 2. ACÚMULO DE SANGUE NAS VEIAS = AUMENTO DA PRESSÃO VENOSA A pressão nos átrios aumenta pois o sangue que retorna ao coração pelas veias não é devidamente ejetado pelos ventrículos e fica represado nos átrios. Esse BAIXO DÉBITO CARDÍACO ainda é suficiente para conseguir manter a vida por poucas horas, mas é provavelmente associado a desmaios. Esse ESTÁGIO AGUDO dura em geral poucos segundos, pois os REFLEXOS NERVOSOS SIMPÁTICOS ocorrem imediatamente e compensam, em grande parte, o coração lesionado. REFLEXOS NERVOSOS SIMPÁTICOS DC = PA = ativa o REFLEXO BARORRECEPTOR DC = ativa o REFLEXO QUIMIORRECEPTOR + RESPOSTA ISQUÊMICA DO SNC + REFLEXOS QUE SE ORIGINAM DO CORAÇÃO LESADO. Estimula os reflexos simpáticos e INIBE OS REFLEXOS PARASSIMPÁTICOS. Atingem desenvolvimento máximo dentro de 30 segundos. Efeitos da estimulação simpática: 1. SOBRE O CORAÇÃO Se toda a musculatura do ventrículo for lesionada, esta será fortalecida. Se apenas uma parte da musculatura do ventrículo for lesionada, a musculatura saudável será estimulada de forma muito intensa compensando, em partes, a musculatura não-funcional. 2. SOBRE OS VASOS PERIFÉRICOS Faz vasoconstrição. Aumenta o tônus da maior parte dos vasos = AUMENTO DO RETORNO VENOSO, elevando a pressão média de enchimento. Logo, o coração passará a receber mais sangue que o usual pelas veias, o que aumentará mais ainda a pressão atrial direita, ajudando o coração a bombear quantidades ainda maiores de sangue. ESTÁGIO CRÔNICO DA IC > 6 MESES A retenção hídrica ajuda a compensar DC. 1. RETENÇÃO DE LÍQUIDO PELOS RINS De horas a dias. Baixo DC pode levar até a anúria para reter líquido e aumentar a volemia e PA. Há estímulo do ADH, hormônio anti- diurético. O débito urinário permanece reduzido abaixo do normal, enquanto o DC e a PA permanecem abaixo do normal. O débito urinário retorna ao normal quando estes 2 últimos se normalizam. A retenção de líquidos é benéfica no início e maléfica depois. Aumento da volemia = Aumento do RV = ajuda o coração a bombear melhor. Quando a incapacidade de bombeamento for muito pequena, O FLUXO SANGUÍNEO RENAL torna-se finalmente MUITO BAIXO para que a excreção de sal e água seja igual à ingestão. Redução do DC Redução da PA Ativa o ADH Retenção hídrica Aumento da pré-carga Redução do DC = Hipoperfusão renal = Ativação do sistema renina- angiotensina-aldosterona Vasoconstrição (aumenta a pós-carga) Retenção de Na e água (aumenta a pré-carga) Como o coração já estará bombeando no seu máximo, mais acúmulo de líquido não terá efeito benéfico. Os excessos extremos da retenção de líquido podes: Distender excessivamente o coração, tornando-o fraco. Levar à filtração de líquido pelos pulmões = edema pulmonar. Edema extenso na maior parte do corpo. 2. RECUPERAÇÃO DO PRÓPRIO CORAÇÃO Início dos processos reparadores do miocárdio: Circulação colateral Hipertrofia da parte não- lesionada, compensando a lesão. Quando a pessoa está com insuficiência cardíaca crônica/compensada,tem DC normal em repouso, mas diante da realização de qualquer exercício físico, os sintomas da IC logo retornam. Resumindo IC crônica/compensada... Alteração que comprometa o bombeamento do sangue pelo coração Diminui o DC Aumenta o RV Reflexos simpáticos em 30s Fortalecimento do miocárdio + aumento do RV Retenção hídrica (ativa ADH - diminui débito urinário) Circulação colateral INSUFICIÊNCIA CARDÍADA GRAVE OU DESCOMPENSADA Se o coração for gravemente lesado, nenhum mecanismo compensatório, seja pelo estímulo simpático ou retenção hídrica fará esse coração excessivamente enfraquecido bombeie um DC normal. O reflexo nervoso simpático faz o DC aumentar por um momento, mas é pouco e insuficiente para manter o débito urinário = retenção hídrica. Consequência: o DC não pode aumentar o suficiente para fazer com que os rins excretem quantidade normais de líquido o líquido continua a ser retido mais edema morte Causa principal de IC descompensada: incapacidade de o coração bombear sangue suficiente para fazer com que os rins excretem a quantidade necessária diária de líquido. TRATAMENTO DA DESCOMPENSAÇÃO Cardiotônicos(digitálicos): Fortalecimento do miocárdio (aumenta a quantidade de íons cálcio nas fibras musculares através da depressão da bomba de cálcio que coloca o cálcio para fora do músculo). Diuréticos Aumentar a excreção renal e redução da ingestão de água e sal. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA ESQUERDA UNILATERAL Quando o lado esquerdo do coração entre em falência, porém o lado direito continua a bombear sangue para os pulmões com o mesmo vigor. Como resultado, há aumento na pressão média de enchimento pulmonar devido ao deslocamento de grandes volumes de sangue da circulação sistêmica para a circulação pulmonar. Volume de sangue nos pulmões aumenta a pressão pulmonar nos capilares aumenta líquido extravsa para o interstício e alvéolos (quando supera a pressão oncótica ou coloidosmótica) = EDEMA PULMONAR Maiores problemas da IC esquerda: congestão pulmonar e edema pulmonar. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DE BAIXO DÉBITO – CHOQUE CARDIOGÊNICO Após o ataque cardíaco agudo e muitas vezes após períodos prolongados de deterioração cardíaca progressiva, o coração fica incapaz de bombear até mesmo a quantidade mínima de fluxo sanguíneo necessário para manter o corpo vivo. Consequentemente, todos os tecidos corporais sofrem com a hipooerfusão e se deterioram, levando à morte em poucas horas ou dias. O próprio sistema cardiovascular padece pela falta de nutrição e se deteriora.Choque circulatório ou cardiogênico ou cardíaco. O índice de sobrevida é menor que 15%. CÍRCULO VICIOSO DA DETERIORAÇÃO NO CHOQUE CARDIOGÊNICO Diminui DC = Diminui PA = Diminui suprimento sanguíneo nas coronárias = Coração fica mais fraco = o DC fica menor = a PA fica menor e o ciclo se reinicia. O paciente geralmente morre antes da efetivação dos processos compensatórios. Admnistração de digitálicos, infusão de sangue total ou plasma ou fármaco que eleve a PA. Usa também estreptoquinase que são trombolíticas, dissolvem o coágulo e permitem o retorno do suprimento sanguíneo em algum vaso coronário. EDEMA EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA A insuficiência cardíaca esquerda aguda pode causar CONGESTÃO ENORME E RÁPIDA NOS PULMÕES com o desenvolvimento do EDEMA PULMONAR. A insuficiência cardíaca esquerda e direita são lentas para causas edema periférico. RETENÇÃO DE LÍQUIDO PELOS RINS A LONGO PRAZO – A CAUSA DO EDEMA PERIFÉRICO NA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA PERSISTENTE Existem 3 causas de produção renal reduzida de urina durante a insuficiência cardíaca: 1. FILTRAÇÃO GLOMERULAR REDUZIDA Diminui DC Diminui PA e Vasoconstrição simpática Diminui pressão glomerular Diminui débito urinário ou anúria 2. ATIVAÇÃO DO SRAA E AUMENTO DA REABSORÇÃO DE ÁGUA E SAL PELOS TÚBULOS RENAIS Diminui DC Diminui fluxo sanguíneo para os rins Células justaglomerulares detectam a alteração e liberam RENINA Renina produz a formação de ANGIOTENSINA Angiotensina causa vasoconstrição das arteríolas e diminui mais ainda o fluxo para os rins Diminui pressão nos capilares Aumento da reabsorção de água e Na pelos túbulos. 3. AUMENTO DA SECREÇÃO DE ALDOSTERONA O córtex adrenal é estimulado pela angiotensina a produzir aldosterona nos estágios crônicos. Aumento da aldosterona aumento do potássio Aumento de potássio estímulo mais potente para aumentar a aldosterona Hipercalemia = arritmia cardíaca O aumento adicional de aldosterona aumenta a reabsorção de Na e água pelos túbulos renais. O PAPEL DO FATOR NATRIURÉTICO ATRIAL NO RETARDO DO INÍCIO DA DESCOMPENSAÇÃO CARDÍACa O FNA é um hormônio liberado pelas paredes atriais do coração, quando estas estão distendidas. Como sempre há aumento das paredes os átrios, o FNA sempre está aumentado nas IC. O FNA exerce função direta sobre os rins, aumentando a excreção de Na e água. QUADRO CLÍNICO BAIXO DÉBITO CARDÍACO Fadiga Cianose/Palidez cutânea Oligúria Sudorese fria Confusão mental HIPERVOLEMIA Dispneia aos esforços Ortopneia Tosse Edema periférico Ascite EXAME FÍSICO SINAIS DE HIPERTENSÃO VENOSA SISTÊMICA Turgência jugular pulsátil a 45º Refluxo hepato-jugular Hepatomegalia dolorosa Edema e ascite SINAIS DE HIPERTENSÃO PULMONAR Estertores e sibilos Respiração de Cheyne-Stokes Derrame pleural ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES Ictus difuso e desviado Bulhas hipofonéticas; B3 e B4 Taquicardia Sopro de regurgitação mitral e tricúspide Pulso alternante ou arrítmico PA convergente INSUFICIÊNCIA CARDÍACA COM FRAÇÃO DE EJEÇÃO NORMAL Diminuição do relaxamento do ventrículo esquerdo e/ou à redução da sua complacência (nos idosos devido à fibrose, isquemia, infarto, amiloide, hipertrofia na HAS) Insuficiência cardíaca diastólica DC é mantido às custas do volume sistólico Aumento da contração atrial para o enchimento ventricular Déficit de relaxamento dos ventrículos aumento da pressão intraventricular aumento da PA CLASSIFICAÇÕES DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 1. Quanto a apresentação: AGUDA ou CRÔNICA 2. Quanto à fração de ejeção: FE REDUZIDA ou FE NORMAL DIAGNÓSTICO 1. Critérios de Framingham O indivíduo precisa ter 1 critério maior + 2 critérios menores OU 2 critérios maiores 2. Hemograma 3. Bioquímica (Na, K e Mg) 4. Ureia e Creatinina 5. EAS 6. Hormônios tireoidianos 7. Sorologias 8. ECG 9. Radiografia de tórax 10. Ecocardiograma com Doppler 11. BNP (peptídeo natriurético cerebral) 12. Cintilografia pulmonar 13. Cateterismo cardíaco 14. Angiotomografia das coronárias 15. Angio-RM 16. Biópsia endomiocárdica CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL E ESTADIAMENTO CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DA NEW YORK HEART ASSOCIATION (NYHA) CF I Sem sintomas durante atividades cotidianas (> 6 METs na ergometria) CF II Sintomas desencadeados por atividades cotidianas (4-6 METs na ergometria) CF III Sintomas desencadeados por atividades menos intensas que as cotidianas ou aos pequenos esforços (< 4 METs na ergometria) CF IV Sintomas em repouso A classificação funcional e o estadiamento permitem estabelecer um planejamento de tratamento e acompanhar a sua evolução. Insuficiência cardíaca com baixa frequência cardíaca a estimulação crônica do SNA simpático diminui a sensibilidade dos receptores, fazendo com que eles não sejam ativados e não desencadeiem o aumento da FC. CF I: sem sintomas CF II: “fazia esportes e não me cansava, agora eu canso” FC III: “estou cansando para comer e tomar banho” CF IV: “estou cansando em repouso” ESTADIAMENTO Estágio A: risco elevado para doenças cardíacas mas se alteração estrutural e sintomas Estágio B: doença cardiovascular instalada mas sem sintomas Estágio C: doença cardiovascular instalada mas com sintomas leves a moderado Estágio D: Fase avançada da doença com sintomas intensos