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adoção tardia de Ednaperolas | trabalhosfeitos.com ADOÇÃO TARDIA Direito Familiar Curso: Serviço Social Disciplina: Introdução ao Trabalho Científico Núcleo 2 – Noturno – 2013 Novembro / 2013 São Paulo / SP SUMÁRIO INTRODUÇÃO.....................................................................................................................03 JUSTIFICATIVA..................................................................................................................03 DELIMITAÇÃO DO TEMA..................................................................................................04 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA.......................................................................................04 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DA CRIANÇA NA LEGISLAÇÃO..................04 O MITO DA ADOÇÃO.........................................................................................................05 EVOLUÇÃO DO INSTITUTO DE ADOÇÃO TARDIA NO PAÍS.........................................06 CÓDIGO DE MENORES 1979 (LEI 6. 697, 10.10.79..........................................................06 A ADOÇÃO ÉTICA E DE NATUREZA CONSTITUCIONAL...............................................08 A FUNÇÃO DO ECA NA ADOÇÃO....................................................................................09 A FUNÇÃO DA ADOÇÃO TARDIA.....................................................................................10 A ADOÇÃO APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL.............................................................10 QUEM PODEADOTAR.......................................................................................................10 A ADOÇÃO SEGUNDO TEÓRICOS...................................................................................11 O SERVIÇO SOCIAL NO PODER JUDICIÁRIO: ENTENDENDO O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROCESSO DE ADOÇÃO.....................................................14 OBJETIVO GERAL..............................................................................................................15 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................................................15 METODOLOGIA..................................................................................................................15 INSTRUMENTOS DE COLETA...........................................................................................15 FONTES PARA COLETAS DE DADOS.............................................................................16 CRONOGRAMA..................................................................................................................16 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................17 ANEXO I..............................................................................................................................19 ANEXO II.............................................................................................................................20 ANEXO III............................................................................................................................21 INTRODUÇÃO A nova lei nacional de adoção, sancionadarecentemente, que prevê também a Adoção Tardia chega para dar mais esperança a tantas crianças que vivem em abrigos espalhados pelo País, em contrapartida a desburocratização do processo de adoção. A nova legislação visou facilitar o acesso para aquelas pessoas que querem adotar uma criança, que não se restringe apenas aos recém-nascidos e crianças de até dois anos, o benefício abrange crianças maiores, adolescentes e até adultos. As crianças e adolescentes também não poderão ficar mais do que dois anos em abrigos de proteção, salvo por medida judicial. E o abrigo deverá estar localizado nas proximidades do endereço da família. Semestralmente, deverá ser encaminhado um relatório para a autoridade judicial informando as condições de adoção ou de retorno a família dos menores que estão sob a sua tutela. O menor será ouvido pela justiça após ser entregue a família que o adotou. E irmãos deverão ser adotados pela mesma família, exceto os casos sob análise da justiça. JUSTIFICATIVA “A adoção tardia” é um tema que representa um papel significativo na sociedade, pois através dessa ação é possível promover uma família às crianças e adolescentes que não conhecem o aconchego de um lar, dando-lhes uma segunda chance para refazerem suas vidas dentro um novo ambiente familiar, no sentido de se sentirem como integrantes e aceitos por essa nova família, que por sua vez, é obrigada a garantir-lhes proteção, segurança e tudo o que prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente. Dessa forma, essas crianças e adolescentes acabam assumindo um novo papel, de filhos ou filhas dos pais adotivos, abandonando o estigma deenjeitadas ou excluídas do meio social. A adoção tardia para ser concedida é preciso que alguns fatores sejam levados em conta, o principal é investigar se a criança deseja viver com determinada família e se esse desejo é recíproco, ou seja, se a família está mesmo disposta a aceitá-la como sendo membro, sem nenhuma espécie de preconceito, para evitar, futuramente, transtornos psicológicos. A criança precisa de um período de aprendizagem para poder desempenhar o seu papel na família adotiva, o que pode variar de criança para criança, independentemente de sua idade. No passado, muitas instituições tinham uma cultura de igualar todas as crianças e acabavam não tratando de questões dolorosas vivenciadas com o ingresso em orfanatos. Quanto maior era o tempo de permanência da criança num abrigo, maior era o risco de o menor vir a ter dificuldades na adaptação numa família. Lamentavelmente, muitos abrigos ainda funcionam como depósitos de crianças. Estando nesses abrigos, as crianças se encontram isoladas do mundo, num ambiente bastante pobre em matéria de estímulos essenciais para o desenvolvimento normal de seus potenciais. Com isso, não aprendem a desempenhar o papel de filho, a se sentir pertencentes a um grupo que exercitam todas as funções de proteção de casal, pais-filhos e irmãos. Há um ditado popular que diz que nunca é tarde para ser feliz, ao que se pode aplicar à Adoção Tardia, pois ainda que tardia, a adoção é sempre bem-vinda, daí a justificativa da elaboração deste trabalho. DELIMITAÇÃO DO TEMA O presente trabalho se situa no ramo do Direito de Família, mais especificamente noDireito Civil, com enfoque na matéria sobre a Adoção Tardia. Neste sentido, A adoção constitui no Brasil um imperativo de ordem ética e de natureza constitucional. A finalidade deste instituto é atender às reais necessidades da criança e do adolescente, assegurando-lhes o direito peculiar e constitucional da convivência familiar. Diante do exposto o presente trabalho tem como finalidade garantir ao adotado direitos inerentes a um cidadão, bem como, viver em uma entidade familiar por adoção indiferente a sua idade. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA Geralmente as pessoas quando pensam em adotar uma criança, demonstram preferência por recém-nascidos, perfil mais condizente com o dos postulantes, preferencialmente pele clara, enquanto as crianças maiores de dois anos são deixadas à parte, além daquelas consideradas excluídas, como as crianças negras ou portadoras de algum tipo de deficiência, seja física ou mental. Diante disso pergunta-se: A adoção tardia garante ao adotado direitos inerentes a um cidadão bem como, direitos de conviver em uma entidade familiar? EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DA CRIANÇA NA LEGISLAÇÃO Em tempos remotos, na antiguidade, por exemplo, a criança e o adolescente não eram vistos como elementos com direitos e deveres amparados nas relações jurídicas, eram, sim, vistos como menores objetos, rotulados sob a tutela da justiça, passíveis de punições previstas pelo extinto Códigos de Menores. Segundo Cretella (1993, p. 340) Naquela época, a infância era apontada como sendo apenas objeto do Direito Privado, e o que prevalecia era o pater poder, comparado ao poder dos senhores deengenho sobre os escravos, o que traduz que os filhos deviam apenas obediência e nada mais. Dados históricos dão conta que na Roma antiga, as crianças que nascessem portadoras de alguma anomalia, física ou mental eram simplesmente exterminadas, não havia interesse em permitir que crianças com algum tipo de deficiência fossem mantidas vivas, pois assim, haveria uma proliferação de mutilados, dessa forma, o Império Romano se tornou o palco de muitas práticas rudimentares com base na eugenia, adotada por ser considerada a melhor forma de aprimorar a espécie humana. Com a implantação da era do Cristianismo, as idéias e as convicções de fé e de ética pregadas por Cristo e seus discípulos trouxe algumas alterações, surgindo alguns princípios que gradativamente foram adotados e respeitados pelas sociedades cristãs, período em que a criança passou a ser vista como elemento e não mais como mero objeto no conjunto das relações jurídicas onde era inserida. Mais tarde, por volta do século XVIII d.C., em 1789, surgiu a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que passou a instituir os princípios prioritários que visavam reger a liberdade e a igualdade jurídica entre os homens. No tempo de vigência do Código 1979, a população infanto-juvenil recolhida às entidades de internação do sistema Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (FEBEM), 80%, desse universo, era formado por crianças e adolescentes, "menores", que não eram autores de fatos definidos como crime na legislação penal brasileira e sim menores abandonados pelas famílias devido à situação de extrema pobreza. (MARCÍLIO, 1998, p.135) Por voltade 1948, através de diploma legal era promulgada a Declaração Universal dos Direitos dos Homens, tendo como base os princípios dos direitos adaptados aos acontecimentos previstos pela Declaração de 1879, porém a declaração acabou sendo frustrada e ficou apenas como marco histórico que se referia ao ano de 1948, uma vez que acabou sendo vetada. A luta prosseguia, dessa forma, ainda naquela década, com o objetivo de desenvolver relações de bom entrosamento entre os países, a cooperação internacional acabou se sobressaindo no contexto socioeconômico, além do educativo e social, o que favoreceu para que em 20 de novembro de 1959 fosse proposta a Declaração dos Direitos da Criança. “O Código de Menores dispunha sobre a assistência, proteção e vigilância da criança e/ou adolescente (Doutrina da Situação Irregular) que se encontrasse abandonado, exposto, carente, ou que apresentasse desvio de conduta.” (Patorelli, 2001, p. 34). Através dessa coletânea de princípios, diversos segmentos da sociedade em nível mundial, inclusive encabeçada pela ONU – Organização das Nações Unidas também alterou seus princípios, passando a se preocupar mais com a proteção dos menores, preparando-os para que fossem inseridos nos institutos de adoções, uma maneira mais viável sob a ótica de avanço na legislação, configurando de forma mais ampla uma vida familiar digna aos menores que até então tinham que se contentar com os meros abrigos onde eram simplesmente depositados. O MITO DA ADOÇÃO Um dos maiores entraves no que tange ao instituto da Adoção Tardia ainda se esbarra em mitos e lendas. O que impera maiorpreocupação diz respeito ao fato de que o adotando ao levar crianças mais maduras para dentro de famílias substitutas, podem estar abrigando menores que já trazem na curta bagagem de vida, uma série de maus costumes e hábitos que herdaram de suas famílias biológicas ou ainda, que aprenderam nas Casas de Abrigo para Crianças e Adolescentes. Com esse pensamento, muitos postulantes à adoção acreditam que jamais serão capazes de modificar uma personalidade já definida, o que faz com que a opção maior seja por crianças recém-nascidas, uma forma de tentar moldar aquele pequeno ser às tradições da nova família, uma vez, que consideram que o fato de estarem adotando um bebê trará maior facilidade de adaptação para todos os integrantes da casa, o que irá favorecer para que a criança apague qualquer lembrança desagradável de possível rejeição que tenha sentido nos primeiros dias de vida. Em diversas situações, A Adoção Tardia nem sempre é cogitada, pois os adotantes se sentem frustrados, um tanto feridos no desejo de concretizar práticas adotadas nos primeiros dias de vida da criança adotada, como amamentar, ainda que seja com mamadeiras ou através dos bancos de leite, o ato de trocar as fraldas, dar os primeiros banhos, oferecer o colo, ninar para que a criancinha possa dormir, acompanhar os primeiros passos, ouvir o balbuciar das primeiras palavras como papai e mamãe e tantos outros detalhes que se resumem no crescimento e desenvolvimento de todas as fases, cada uma ao seu tempo. Na realidade, o que mais se constata, é que os adotantes têm uma sede de construir os pilares de uma história familiar, onde cada umse torna o protagonista na evolução dos capítulos do enredo da sua própria história de família, onde tudo se torna uma nova e importante coletânea de dados que irão compor um álbum de família que deverá passar de geração a geração. Na educação, os adotantes não desperdiçam nem um dado relevante, como a aprendizagem, a começar pelos primeiros rabiscos ainda na fase da alfabetização, através de cadernos e fotos que servirão como provas de uma infância devidamente assistida. Lamentavelmente, existe um tipo de adotante que na verdade atropela os reais valores de uma adoção, muitos o fazem, porém, visando apenas interesses próprios, como, quando o adotado apanhar um determinado entendimento acabar servindo de auxiliar doméstico, uma forma prática de obter mão-de-obra sem grandes gastos para manter o andamento dos serviços, que longe de assegurar proteção ao adotado, vê nesse, uma forma cômoda de resolver seus problemas pessoais, tendo um criado, sem remuneração e sem ônus empregatícios. EVOLUÇÃO DO INSTITUTO DE ADOÇÃO TARDIA NO PAÍS A busca pelo reconhecimento da Adoção Tardia no País já vem de longa data, uma luta por uma adoção sem preconceitos e distinções quanto ao fato de ser filho biológico ou adotado. De acordo com o Código de Menores, elaborado em 1927, o País codificava o sistema de Adoção, estabelecendo regras e princípios que restringiam a adoção de forma mais imperativa, o que acabava por contribuir para que muitas crianças nem passassem pelos meios legais para adoção, muitos, preferiam pegar uma criança e ir ao Cartório, registrando-a como sendo seu filho, fugindo, dessa forma,dos trâmites de um sistema arcaico que distinguia filhos naturais de filhos ilegítimos, um procedimento que se arrastou por décadas, causando hierarquias e distinções entre membros da mesma família, uma vez que a parede da adoção estava sempre a separar o filho adotado dos filhos biológicos. O revogado Código de 1927, também ficou conhecido como o Código de Mello Mattos, em virtude do empenho e contribuição de José Cândido de Albuquerque Mello Mattos, na elaboração deste. Mattos possuía graduação em Direito, e posteriormente tornou-se o primeiro juiz de menores do Brasil e da América Latina. (Gatelli, 2003, p.297) A corrente doutrinária do extinto Código de Menores era constituída de princípios básicos e diretrizes que contrastam com a atual legislação. Pelas regras e diretrizes do Código de 1927 sobre a adoção, tanto a criança como o adolescente eram considerados incapazes e inferiores, tutelados pela lei e pela justiça, uma vez que a maioridade só era reconhecida ao completar 21 anos. Os direitos sobre o destino de menores começaram a sofrer mudanças, as primeiras surgiram através da autoria de Mello Mattos, sob um novo paradigma que atribuía ao Estado à responsabilidade de proteger os menores, proteção essa que consistia sob a característica de caridade, geralmente prestada por instituições filantrópicas, como associações, igrejas ou estabelecimentos públicos e particulares, esse último mantido por doações e contribuições. O Código previa proteção e segurança até o assistido completar 18 anos, quando então, perdia a custódia do Estado, era dispensado, estava na hora de encarar o mundo lá fora,procurar trabalho e caminhar com as próprias pernas. Alguns conseguiam alcançar seus objetivos, outros, lamentavelmente, acabavam enveredando por sendas tortuosas dos caminhos da delinquência, do crime e acabavam se marginalizando, o que não está muito distante do que ainda acontece nos dias de hoje, quando muitos menores vão para as ruas e acabam sendo adotados por cabeças do tráfico e logo se transformam, tornando-se pós-graduados nas Universidades do Crime espalhadas por todo o País, do Oiapoque ao Chuí. Nessa condição muitos morreram vítimas do próprio destino em que foram atirados ou conduzidos, tendo como lema de vida, dinheiro fácil, sem muito esforço. Onde a única preocupação passa a ser fugir sempre da Justiça, tudo porque não foram resgatadas antes, lá, na tenra idade, afinal, a sociedade parece desconhecer que calçada não é berço, e que o mundo ensina, mas não é um professor que ensina sóbons conteúdos; a família de quem vive nas ruas passa a ter gangues como protetoras, quando não são, ao contrário, são aliciadoras. Dessa forma, o caminho se torna um beco sem saída, pois, muitas são usadas como testas de ferro no mundo da criminalidade, pois quem está por trás, sabe que em se tratando de menor, não há punição para práticas ilícitas, quando apanhados, em seguida ouvidos, alguns poucos são apenas encaminhados para Casas de Recuperação e outros, imediatamente devolvidos às ruas, e assim a rotatividade das “infrações” prosseguem, sem qualquer punição, uma vez que no País não existe punição para menores, ao contrário de outros, como nos Estados Unidos, onde menores que agem fora da Leivão a Júri e se condenados são punidos com prisão perpétua e até pena de morte, uma medida que visa inibir que outros menores também cometam barbáries. Ter uma família ainda é o princípio basilar para a construção de um cidadão de bem, mesmo considerada uma instituição falida, em virtude das modernidades que deram origem a famílias de diferentes formas, derivadas de casamentos desfeitos, onde o vínculo é mais monoparental, o que traduz que a criança pode viver somente com o pai ou só com a mãe, um estilo novo que abalou a estrutura e os blocos sustentáveis de uma família sólida, constituída de pai, mãe e os filhos. CÓDIGO DE MENORES 1979 (LEI 6. 697, 10.10.79) Em 1979, mais de cinquenta anos após a Promulgação do Código de Menores de 1927 foi editado uma nova versão, porém, com maior respaldo ao menor, mesmo assim, a Lei 6.697 de 10.10.79 não conseguiu atingir seu propósito de ampliar a esfera total de abrangência de proteger o menor, porque ainda adotava uma doutrina irregular no que rezava em seu art. 2°, hipóteses fora do padrão no sentido de resguardar a total proteção ao menor, com linhas arbitrárias no que dizia respeito à adoção. De acordo com o antigo Código de Menores, as crianças e os adolescentes não eram vistas como sujeitos de direitos, deveres e garantias. O Código não previa punições rígidas para pais ou responsáveis que mantinham crianças em situação de risco, mantidas sob maus tratos e opressão. Segundo aquele diploma, o termo abandono exigia quesitos com visível burocracia em seu artigo 26, nos seus oito incisos e suas seis alíneas. A Lei 6.697, de 10.10.1979, revogou aLei 4.655 e instituiu um novo Código de Menores, com diversas alterações. Estabeleceu a adoção simples, designada pelo juiz e destinada aos menores em situação irregular, conforme os artigos 27 e 28 e substituiu a legitimação adotiva pela adoção plena, através do artigo 27 ao 37. O Código de Menores passou a se preocupar com a situação da criança e do adolescente no instituto da adoção. A meta da Lei 6.697/79, não era dar filhos aos casais que não podiam tê-los de forma comum. A finalidade consistia em dar um atendimento privilegiado aos menores carentes, abandonados e ainda àqueles que viviam em situação irregular. A ADOÇÃO ÉTICA E DE NATUREZA CONSTITUCIONAL A adoção tardia constitui no Brasil, um procedimento de ordem ética e de natureza constitucional. Sua principal finalidade é atender as verdadeiras necessidades da criança e do adolescente, assegurando-lhes o direito peculiar da convivência familiar. Esta modalidade promove a reconstrução de vida dos indivíduos em desenvolvimento que vivem em instituições de abrigo, ou àquelas que se encontram na condição de abandonadas, muitas, de forma precoce, desde o nascer. Através dos moldes da Adoção Tardia, o adotado pode encontrar apoio, amor e companhia dos adotantes que passam à condição de pais. No Brasil, A adoção foi positivada no Código Civil de 1916, através dos artigos 368 a 378. Entretanto, o instituto da adoção era quase que impraticável. No passado, só era permitido adotar o maior de cinquenta anos, sem descendentes legítimos ou legitimados e deveria ser ao menos, dezoito anos mais velho do que o adotando. Além desses requisitos depraxe, o Código Civil previa que só era permitida a adoção por duas pessoas se fossem casadas; era exigido o consentimento da pessoa que tivesse a guarda do adotado; entre as causas para a dissolução da adoção estava a convenção entre as partes ou a ingratidão do adotado para com o adotante; a forma exigida era a da escritura pública não sujeita a condição ou termo, com exceção os casos em que se constatavam impedimentos. Através da Lei 3.133, de 08.05.1957, o Código Civil alterou a idade mínima para adotar, passando para 30 anos, estabelecendo uma diferença mínima de dezesseis anos de idade entre o adotante e o adotado, e possibilitando que o nome de quem adotasse passasse a fazer parte do nome do adotado. A Legislação permitiu ainda a adoção mesmo se o adotante tivesse filhos legítimos, legitimados ou reconhecidos, neste caso, porém, não seriam concedidos direitos hereditários aos adotados. E se o adotante fosse casado, a adoção só seria possível depois de transcorridos cinco anos de casamento. Se por acaso um dos cônjuges fosse estéril, o decurso de prazo do matrimônio era dispensado. Os viúvos também podiam adotar, desde que tivessem mais de trinta e cinco anos de idade e o adotado estivesse integrado em seu lar há mais de cinco anos, se possuíssem a guarda, também poderiam requerer a adoção. A legalização do reconhecimento da legitimidade passou a ser concebida mediante sentença, prescindindo o ato de escritura pública. Somente após a análise dos requisitos legais e a realização de audiências e sindicâncias, onde seria apurado o bem estar da criança e do adolescente, a sentença erafinalmente deferida. Após sentença proferida esta seria lavrada no Cartório de Registro Civil e, a partir daí, os vínculos do legitimado com sua família natural cessavam, salvo os relativos aos impedimentos matrimoniais. Não existiam mais quaisquer direitos ou obrigações decorrentes da relação de parentesco por laços sanguíneos. Entretanto, os filhos legitimados eram excluídos da sucessão se ficasse comprovada a existência de filhos legítimos supervenientes à adoção. Mediante o instituto da adoção, propunha-se dar uma família àqueles que não tinham. Entretanto, essa modalidade de adoção ainda não concedia total integração do adotado em sua nova família. A tão esperada integração com a nova família só começou a prevalecer através da Promulgação da Constituição Federal, em 1988, que igualou os filhos adotivos aos filhos legítimos, inclusive quanto aos aspectos sucessórios. Dessa forma, deixou de existir qualquer distinção entre tais filhos. Tal equiparação encontra-se no parágrafo 6º, do artigo 227, do texto constitucional: "os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação". O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê entre os diversos direitos previstos na Lei 8.069/90, que a criança ou adolescente são sujeitos de direitos e deveres, pois possuem o direito fundamental de serem criados no seio de uma família, seja ela legítima ou substituta. Dentre os sistemas de colocação de crianças ou adolescentes em família substituta, a adoção é uma medida excepcional, masirrevogável, que atribui a condição de filho ao adotado, impondo-lhe os direitos e deveres inerentes à filiação natural. A FUNÇÃO DO ECA NA ADOÇÃO O ECA prevê que a adoção será consolidada quando se verificar reais vantagens para o adotado e quando todas as possibilidades do vínculo familiar forem esgotadas, fundando-se em motivos legítimos, conforme o artigo 42, § 5º. Além do surgimento do ECA, o Brasil ratificou documentos internacionais como a Convenção internacional sobre os direitos da criança (Decreto 99.710/90), a Convenção relativa à proteção e cooperação internacional em matéria de Adoção Internacional – Haia, 1993 (Decreto 3.087/99). O Brasil ainda é signatário da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (ONU, 1989), recebendo o status de direito fundamental no sistema constitucional. Esses subsidiaram o fortalecimento do instituto da adoção. (Fonseca, 1995, p. 70) O Eca representa um marco para as relações entre pais e filhos, inclusive os adotados, e, principalmente, na proteção dos próprios filhos, uma vez que passam a ter seus direitos protegidos e resguardados por força de Lei. A FUNÇÃO DA ADOÇÃO TARDIA A Adoção Tardia garante às crianças e aos adolescentes o direito de serem adotados, passando a ter todos os direitos e reconhecimentos concedidos aos filhos biológicos; exerce ainda, um papel, de relevância social, pois funciona como instrumento fundamental para a colocação de crianças e adolescentes em novas famílias, devendo ser, portanto, disciplinados, direcionadas e interpretadas de forma a facilitar a adequação desses menores em estágio de desenvolvimento. Dentreas maneiras de se devolver a dignidade, o respeito e outros direitos peculiares às crianças e adolescentes abandonados, a Adoção Tardia proporciona o direito de uma saudável convivência familiar e comunitária entre adotantes e adotados. Entretanto, a Adoção Tardia tem enfrentando consideráveis obstáculos no contexto social, relacionados ao perfil das crianças e adolescentes disponíveis para adoção, em virtude de exigências por parte de candidatos a adotantes que ainda insistem em observar questões como a aparência, esquecendo-se de que o assunto envolve o lado social e que são vidas que estão em voga. A ADOÇÃO APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, conceitos, valores e ordenamentos alteraram a rotina pacata e conformada de quem a tudo acatava. Hoje, o Poder Judiciário está mais atuante nas questões voltadas para o interesse da criança, tendo como objeto primordial de suas ações, reconhecer, aprovar ou indeferir a condição dos adotantes em relação aos adotados, passando a cobrar maior responsabilidade destes, visando assegurar maior proteção ao menor, de qualquer forma de negligência, violência ou espécie de exploração, seja sexual, trabalho infantil, ausência das escolas e outras ações ilícitas combatidas no dia-a-dia por interessados, instituições e defensores da ordem pública em detrimento à criança. Com a postura assumida pelo Estatuto do Menor e do Adolescente, o filho adotado passou a ter os mesmos direitos e deveres dos filhos naturais, até os sucessórios, fato que não era contemplado pelo antigo Código de Menores. No entanto estabeleceuquesitos mais rígidos para adoção, visando salvaguardar o direito da criança e coibir o tráfico de menores para o exterior que eram sacrificados para retirada de órgãos que para serem implantados em crianças estrangeiras. Com as alterações verificadas tanto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente como pela Constituição Federal, foi possível definir a convivência familiar como o direito completo e harmonioso para o desenvolvimento da cidadania da criança. QUEM PODE ADOTAR Quanto às pessoas que podem adotar, a lei admite que podem adotar os maiores de 18 anos, independente do estado civil, mas que estejam registrados em cadastros estaduais e nacionais de adoção. Portanto, permanece a ressalva que os adotantes têm que ser mais velhos, no mínimo 16 anos, do que o adotado, e que devem passar por uma avaliação da Justiça para provar que podem dar educação, um lar e toda a assistência necessária para o adotado. Somente quando a adoção for conjunta, determina a legislação que o casal seja casado civilmente ou mantenha união estável, comprovando assim estabilidade familiar. Quanto aos divorciados e separados que quiserem adotar conjuntamente, a adoção só se efetivará se houver acordo sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio do adotado tenha se iniciado ainda na constância do período de convivência. É necessário que sejam esgotadas todas as possibilidades de acolhimento pela própria família, antes de encaminhar a criança para um abrigo. Desta forma, surge a expressão “família extensa ou ampliada”, dando-se oportunidade de adoção por parte dos próprios parentes mais próximos, com osquais a criança ou adolescente, mantém vínculos de afinidade e afetividade. A partir da vigência da nova regra, as gestantes e mães que quiserem entregar seus filhos para adoção, também passarão a ter assistência psicológica e jurídica por parte do Poder Público, sendo encaminhadas obrigatoriamente à Justiça da Infância e da Juventude para acompanhamento e controle da adoção. Só será permitida a adoção internacional em últimos casos, uma vez que a preferência será para adotantes nacionais, e em seguida para brasileiros residentes no exterior. Com esta medida, o governo, que evitar mais transtornos ao adotado, que além de ter que se adaptar a uma nova vida, ainda seria arrancado da sua pátria, das suas origens, o que poderia tornar o processo de adoção ainda mais lento e doloroso. A ADOÇÃO SEGUNDO TEÓRICOS Segundo teóricos, A Adoção Tardia em si, ainda é um tema bastante complexo, com muitos preconceitos. Segundo Fonseca (1995, p. 70), Um importante passo para o avanço da adoção no Brasil, veio com a Lei 4.655, de 02.05.1965, que dispunha sobre a legitimidade adotiva. Esta lei tornava o filho adotivo praticamente igual ao filho sangüíneo, em direitos e deveres. No que diz respeito à evolução do procedimento contida nessa lei, ela não tinha muita aplicação prática, devido ao excesso de formalismo ali reinante. Para o autor, com a legitimação adotiva, passou-se realmente, a visar o bem-estar da criança e do adolescente, uma vez que o instituto viabilizava um lar e uma família, e não apenas filhos a quem era estéril. Enquanto para Vargas (1998, p. 35) e Weber (1998, p. 249), A Adoção Tardia éapenas uma das múltiplas faces da temática da adoção, pois consideram tardias as adoções de crianças com idade superior a dois anos de idade, por já se enquadrarem como velhas para adoção ou que foram abandonadas tardiamente pelas mães, que por circunstâncias pessoais ou socioeconômicas, não puderam continuar se encarregando delas, ou foram retiradas dos pais pelo poder judiciário, que os julgou incapazes de mantê-las em seu pátrio poder, ou, ainda, foram "esquecidas" pelo Estado desde muito pequenas em "orfanatos" que, na realidade, abrigam uma minoria de órfãos. Pesquisas realizadas por Almeida (2003, p. 233) indicam “uma incontestável preferência pelos postulantes à adoção de crianças de pele branca, recém nascidos, crianças do sexo feminino, e ainda que não possuam nenhum histórico de doenças crônicas biológicas.” É bom frisar que os resultados fornecidos pelos levantamentos de Almeida (2003) em relação à preferência dos postulantes, são idênticos aos critérios de escolha constatados pelos candidatos à adotantes no dia-a-dia. Ainda segundo o autor, em decorrência dos atos seletivos e irredutíveis dos postulantes à adoção, as crianças e os adolescentes que não se enquadram nos perfis estabelecidos, ficam por mais tempo nas instituições para menores, e quando são adotadas configuram outro quadro estatístico, o das adoções tardias. De acordo com Camargo (2006, p. 91), Os mitos que constituem a cultura da adoção no Brasil, apresentam-se como fortes obstáculos à realização de adoções de crianças com idade fora dos padrões, portanto, mais velhas, pois potencializam crenças e expectativasnegativas ligadas à prática da adoção tardia. Camargo (2006, p. 226) explica que: os candidatos à adoção optam pela adoção de crianças com idade menor possível, buscando a possibilidade de uma adaptação tranqüila na relação de pai e filho, com desejos de imitar o vínculo biológico-sanguíneo, uma vez que sonham acompanhar integralmente o desenvolvimento físico e psicossocial, que se manifestam desde as primeiras expressões faciais, como o sorriso, e movimentos dos olhos acompanhando objetos e demonstrando o reconhecimento das figuras parentais, além das primeiras falas e passos. O mesmo autor enfatiza, que o procedimento adotado por esses candidatos a adotantes contribuem para que as crianças consideradas idosas fiquem no final da fila de espera, em virtude de mitos e crendices que pairam sobre o pensamento e atitudes da sociedade, prejudicando dessa forma, o processo de adoção. Camargo (2006, p. 226) justifica que: Os postulantes a adotantes receiam que a criança com mais idade tenha mais dificuldades para se adaptarem aos costumes de uma outra família, por acreditarem que a personalidade da criança já está formada, com o caráter definido, rotulando-as como um caso sem solução, cheia de vícios, má educadas e com falta de limites, procedimentos apontados como irreversíveis, impossíveis de controle. Neste sentido, Santos (1997, p. 163) contribui: [...] Este é outro mito na adoção, que eventuais problemas comportamentais apresentados pelos filhos adotivos decorrem [...] do meio social onde a criança viveu seus primeiros anos (nos casos de adoções tardias) e, neste caso, evita-se o problema adotando-serecém nascidos. Vargas (1998, p. 35) diz que: É Importante salientar que, toda criança adotada tem um histórico de abandono ou orfandade e tal fato deve ser respeitado e levado em consideração por todos. Quanto maior idade a criança ou o adolescente tiver, mais precisarão da presença constante de uma família, a fim de se sentirem aceitas e amadas, para que assim, possam se adaptar e reescrever uma história totalmente diferente da vida que conheciam, justificando: A adoção tardia, assim como a inter-racial, impossibilitam o "fazer de conta que é biológico", por isso, estas duas modalidades de adoção sumariamente são descartadas. De acordo com o autor, o processo de transformação cultural e de ordem social que vive a adoção na atualidade, passando da imitação da biológica para a expressão de um direito da criança e do adolescente, o direito pertinente e constitucional de crescer e desenvolver numa família e não numa instituição de abrigo, vem contribuindo para que um número cada vez maior de crianças e adolescentes possam sonhar com uma adoção. No entanto, o índice de candidatos a adotantes que possam realizar tal sonho, ainda é consideravelmente pequeno. Ainda segundo o mesmo autor, não é impossível aumentar o contingente de adoções tardias no País. Trabalhos de preparação se tornam relevantes, no sentido de orientar e sensibilizar os candidatos à adoção, incentivando, esclarecendo mitos, preconceitos, tabus que cercam o complexo mundo de quem apenas sonha em ter uma família, dar e receber amor, sem maus tratos; menores que desejam apenas brincar de ser feliz, de conseguir outros caminhos, paraquem a vida deixou apenas um caminho sem perspectiva, um beco sem saída, um túnel sem luz. Para Vargas (1998, p. 35), É importante mencionar que, tanto na adoção tardia, como na vida em si, as chances de sucesso ou fracasso das relações que se estabelecem no meio social, dependem da capacidade de suporte, amor, entrega, trocas afetivas, confiança, companheirismo, amizade, dentre outros, entre os protagonistas. Para o autor, deve-se prevenir o abandono e simultaneamente trabalhar o instituto da adoção, principalmente a tardia, iniciando a intervenção pelos profissionais do judiciário, criando objetivos através de informações junto às instituições que abrigam crianças e todos os segmentos da sociedade no sentido de criar campanhas de conscientização sobre adoção de crianças e adolescentes, retratando a vida diária desses grupos em instituições, abrigos ou em situações de abandono e risco, criando centros de apoio para que cadastrem e orientem responsáveis que desejam apresentar crianças carentes, para que seja feita uma triagem e encaminhamento aos Conselhos Tutelares junto às instituições, promovendo esclarecimento sobre o processo de adoção, bem como criar centros de apoio à adoção com a inserção de pessoas que já fizeram parte desse processo, com o objetivo de possibilitar a troca de experiências. Dessa forma Santos (1997, p. 164) afirma que: Ainda que deva respeitar os limites e opções dos requerentes, faz-se necessário, iniciar um trabalho voltado para a mudança de mentalidade no que se refere à adoção de modo a possibilitar uma superação de pelo menos parte dos equívocos e preconceitosque envolvem este processo. Para Santos, (1997, p. 164), É fundamental frisar que a adoção não deve ser a solução única para crianças e adolescentes em situação de abandono, é preciso que haja políticas públicas no sentido de dar suporte aos adotantes para que essas crianças sejam mantidas longe das instituições para menores, que por muitas vezes acabam se tornando escolas de vida sob uma ótica negativa, tornando menores sob custódia, reféns das próprias instituições e alvos vulneráveis de outros menores já experientes no mundo do crime e práticas ilícitas, tornando-se um perigo visível para quem convive nesses ambientes, que longe da proteção que deveriam oferecer acabam permitindo que os menores se tornem cada vez mais experientes no mundo ilícito, graduados e pós-graduados no mafioso mercado criminológico, onde, diariamente, centenas de menores são inseridos na sociedade, sem a devida base para o exercício de sua cidadania plena, de fato e de direito, e alguns têm suas vidas ceifadas em virtude de envolvimentos com tráfico de drogas e guerras entre gangues. O autor também salienta, que ao negar à criança o direito de inserir-se num contexto familiar, a sociedade está promovendo uma interferência determinante em seu processo de constituição e, conseqüentemente, em seu modo de ser e estar no mundo. Nesse sentido, Segundo Vargas (1998, p. 35) diz que: “a adoção de crianças maiores de dois anos de idade, já se configura, adoção tardia, onde se encontra o maior obstáculo, uma vez que os adotantes insistem por um procedimento seletivo de crianças mais novas e ainda com uma série de exigências.”Segundo o autor, essas exigências evidenciadas pelos postulantes à adoção talvez, estejam voltadas para o real desejo de moldar essas crianças em seus comportamentos e atitudes, fazendo com que as mesmas vivam em conformidade com aquilo que determinam uma forma discreta de impor sua autoridade quanto ao posicionamento da criança diante de fatos da vida, uma medida que tanto pode gerar benefícios como pode se tornar nociva, já que a sua verdadeira personalidade acaba sendo anulada, tendo que se adequar aos novos costumes e hábitos de pessoas, até então, totalmente desconhecidas e que possuem pensamentos totalmente divergentes daqueles a que estava acostumada, o que acaba por lhe tolher sua forma de ser, pensar, sentir e agir. O SERVIÇO SOCIAL NO PODER JUDICIÁRIO: ENTENDENDO O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROCESSO DE ADOÇÃO Consideramos que o assistente social está investido de um saber / poder que pode ser convertido em verdade e servir como prova nos autos e que, de uma maneira ou de outra, exerce o poder simbólico a ele está submetido. Frente às demandas sociais, esses profissionais, que detinham um saber específico cerca das relações sociais e familiares e dos problemas sociais enfrentados pelo Judiciário nas ações, ocuparam cada vez mais os espaços dentro da estrutura funcional do Tribunal. Com formação generalista o assistente social passou a ter na Justiça de Menores, espaço privilegiado de ação. O inicio da profissão no Brasil se dá como execução de políticas sociais voltadas para amenizar as expressões da questão social e ocultar, aos olhos do povo á contradição do sistemaindustrial. O assistente social pode ser considerado o profissional pioneiro a fazer parte formalmente da estrutura do Poder Judiciário e ter desenvolvido uma modalidade de intervenção apropriada para dar as respostas demandadas pela organização Judiciária. Logo, o trabalho do assistente social no processo de adoção tem como principal objetivo corresponder ás demandas dos usuários dos serviços prestados, garantindo acesso aos direitos. Para isso o assistente social utiliza vários instrumentos e técnicas de trabalho tais como: visita domiciliar, perícia social, entrevistas, estudo social, parecer social, entre outros. Assim, o assistente social é responsável por fazer analises da realidade social e institucional, a fim de intervir na melhoria das condições de vida da criança e do adolescente no processo de adoção. É necessário ressaltar que é de grande importância o trabalho do assistente social no processo de adoção, pois por meio de perícias e estudos sociais estes profissionais intervêm no processo dando um direcionamento ao caso de maneira profissional e legalizada. OBJETIVOS OBJETIVO GERAL: Mostrar as possibilidades de pessoas se tornarem adotantes, podendo, dessa forma, promover uma vida saudável e normal para crianças que nunca conheceram o carinho do convívio no seio de uma família. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: â– Promover uma reflexão Psicológica entre adotantes e adotados; â– Analisar os procedimentos que candidatos à adoção devem seguir; â– Estimular pessoas para que se habilitem a adotar crianças maiores, adolescentes e adultos, não se prendendo apenas ao estigma da adoção debebês; â– Analisar a elevada ansiedade por parte de quem espera pela adoção; METODOLOGIA Para o alcance dos objetivos deste trabalho utilizou-se pesquisa exploratória. Conforme Selltiz et al., (apud Gil, 2002, p. 42): Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. [...] seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas envolvem: levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Desta forma, a pesquisa exploratória procurou, através de levantamento bibliográfico, garantir informações sobre os ao direitos inerentes a um cidadão adotado, bem como, viver em uma entidade familiar por adoção indiferente a sua idade. INSTRUMENTOS DE COLETA As técnicas para esta coleta serão através de pesquisa bibliográfica. A pesquisa bibliográfica busca descrever a opinião de diversos autores sobre o assunto, com objetivo de conceder ao adotado condição familiares semelhante ao cidadão que vive no seio de uma família convencional, independente de qual seja a sua idade. De acordo com Siqueira (2005, p. 85) “compreende por pesquisa bibliográfica o conjunto dos livros e texto científicos produzidos referentes a certo tema, sendo a pesquisa bibliográfica o exame daqueles, para levantamento e análise do que já foi produzido”. Utilizou-se a pesquisa bibliográfica,buscando colaborações de inúmeros investigadores e autores que tratam do objeto da pesquisa. FONTES PARA COLETAS DE DADOS Para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se a fonte secundárias. Andrade (2001, p. 43) explica: As fontes secundárias referem-se a determinadas fontes primárias, isto é, são constituídas pela literatura originada de determinadas fontes primárias e constitui-se em fontes das pesquisas bibliográficas.[...]” Para o trabalho em estudo utilizou-se a fonte secundária, pela a necessidade de um estudo mais aprofundado sobre o tema do projeto, qual seja adoção tardia. CRONOGRAMA ATIVIDADE JAN. 2013 FEV. 2013 MAR. 2013 ABR. 2013 MAI. 2013 JUN. 2013 JUL. 2013 AGO. 2013 SET. 2013 OUT. 2013 Formulação de problema de pesquisa, objetivo e tópicos a serem pesquisados. Entrega problema, objetivo e 3 tópicos. Justificativa e Introdução (Referencial Teórico) Metodologia e Instrumentos Revisão de Literatura Cronograma e Anexos Referencias Bibliográfica Entrega Final do Projeto de Pesquisa -Grupo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALBERGARIA, Jason Soares. Introdução ao Direito do Menor. Belo Horizonte: UNA, 1980. ALMEIDA, Maurício Ribeiro de. A Construção do afeto em branco e negro na adoção - Assis, 2003. ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. CAMARGO, Mário Lázaro. Adoção Tardia: mitos, medos e expectativas. São Paulo: Edusc, 2006. Código de Menores, Decreto 17.943-A de 12.10.1927 Código de Menores, Lei Nº 6.697 de10.10.1979 Código Civil, Lei 3.071 de 01.01.1916 CRETELLA JR. José. Curso de Direito Romano: O Direito Romano e o Direto Civil Brasileiro. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1993. Estatuto da Criança e do Adolescente, instituído pela Lei 8.069 no dia 13.07.1990 FONSECA, Cláudia. Caminhos da Adoção. São Paulo: Cortez, 1995, p.152; GATELLI, João Delciomar. Adoção Internacional: de acordo com o novo Código Civil: procedimentos legais utilizados pelos países do Mercosul. Curitiba: Juruá, 2003. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GOMES, Orlando. Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense, 1995. KALOUSTIAN, Sílvio Manoug. Família Brasileira: a base de tudo. São Paulo: Cortez, Brasília: UNICEF, 1994. LEI 6.697 de 10.10.79 LEI 8.068 de 13.07.1990 LEI de Adoção 12.010 de 03.08.2009. MALDONADO, Maria Tereza. Os Caminhos do coração: pais e filhos adotivos. São Paulo: Saraiva, 1997. MARCÍLIO, Maria Luíza. História Social da Criança Abandonada. São Paulo: Hucitec, 1998. MONTEIRO, Sônia Maria. Aspectos Novos da Adoção. Rio de Janeiro: Forense, 1997. PASTORELLI, I. M. Manual de imprensa e de mídia do estatuto da criança e do adolescente. São Paulo: Orange Star, 2001 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. V.5. Rio de Janeiro: Forense, 1993. SANTOS, Luzinete Santos. Adoção no Brasil: desvendado mitos e preconceitos. Revista Serviço Social & Sociedade. São Paulo, n. 54, ano XVIII, p. 158-171, jul. 1997. SIQUEIRA, Maria Aparecida Silva. Monografias e teses: das normas técnica ao projeto de pesquisa. Brasília:Consulex, 2005. VARGAS, M. M. Adoção tardia: Da Família Sonhada à Família Possível. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1998 . WEBER Lídia Natalia Dobrianskyj. Laços de Ternura: pesquisas e histórias de adoção. Curitiba: Santa Mônica, 1998. São Paulo (Estado). Corregedoria Geral da Justiça. Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia. Atuação dos Profissionais de Serviço Social e Psicologia – infância e juventude: Manual de procedimentos técnico. São Paulo, 2006. SIMÕES, Carlos. Curso de direito do Serviço Social – Biblioteca Básica do Serviço Social. 3° ed. São Paulo: Cortez, 2009. ANEXO I ENTREVISTA AO ADOTANTE Dados pessoais Nome:.......................................................................................................................... Idade:........................................................Escolaridade:...........................................Sexo:...........................................................Estado Civil:........................................... Casada:.............................................. Profissão:....................................................... Renda familiar:........................................................................................................... Questões da Pesquisa 1) O que levou a opção pela adoção tardia? 2) Quais as dificuldades encontradas na adoção? 3) Como foi que se deu o processo de adoção? 4) A família possui filhos legítimos? 5) Como se preparou para tornar-se candidata(o) a adoção? 6) Quais sentimentos vinculados a adoção? 7) Em que momentofamiliares, amigos, rede social, foram informados sobre a adoção? 8) Foram percebidos preconceitos de outras pessoas para com vocês em relação à adoção tardia? O próprio casal já havia vivenciado anteriormente momentos de preconceitos para este tipo de adoção? 9) A possibilidade da criança ter problemas / trauma pela rejeição da família de origem é considerada? 10) Como a família, amigos reagiram com a notícia da adoção? 11) Houve influencia por parte da família, amigos quanto a adoção? 12) Que sugestões poderiam ser dadas para pessoas que desejam adotar crianças maiores? ANEXO II CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Eu, __________________________________________________________________, declaro que responderei voluntariamente as questões, as quais compõem um Projeto de Pesquisa elaborado por Assistentes Sociais_________________estudantes regularmente matriculada no Curso de Serviço Social disciplina Introdução ao Trabalho Científico. Estou ciente e autorizo que as respostas sejam utilizadas em seu Curso por: ____________________________desde que mantido o sigilo ético de não identificação do meu nome. São Paulo,............................. de....................de 2013. Ass. Entrevistado: _____________________________________________________________________ Ass. Entrevistadora: ANEXO III Adoção sem fronteiras Os brasileiros começam a superar os preconceitos e aceitar crianças que estavam fadadas a crescer em abrigos: negras, mais velhas e com necessidades especiais COMPORTAMENTO | N° Edição: 2256 | 07.Fev.13 - 23:59 | Atualizado em18.Nov.13 - 14:10 Laura Daudén O ano era 1973. O Brasil da ditadura militar ainda nem sonhava com um estatuto que garantisse o direito das crianças e dos adolescentes, que só chegaria em 1990, após a redemocratização. Em Curitiba, no Paraná, Hália Pauliv, hoje com 75 anos, adotava duas meninas, ambas de pele branca, tal como a sua, e ainda bebês, como a sociedade preconizava. “Adotei num tempo em que havia muito preconceito. Só se escolhiam bebês e os maiores iam para reformatórios”, diz Hália, que atualmente coordena um grupo de apoio chamado Adoção Consciente. A transformação ocorrida nessas últimas quatro décadas pode ser ilustrada na experiência de uma de suas filhas, Fernanda, 39 anos. Em 2009, ela adotou as irmãs Maria Vitória, hoje com 8 anos, e Elizabete, de 11. No passado, adoções como essas, envolvendo crianças mais velhas, negras, grupos de irmãos ou com algum tipo de deficiência eram consideradas quase impossíveis. Com isso, essas pessoas fatalmente perdiam a oportunidade de recomeçar suas histórias em uma nova família. Mas números divulgados no fim de janeiro pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão responsável pelo Cadastro Nacional de Adoção (CNA), mostram que o Brasil está se redimindo desses longos anos de preconceito. Os pretendentes estão cada vez menos exigentes com relação à cor da pele, ao sexo e à idade. Além disso, ainda que de maneira mais lenta, estão mais abertos a adoções especiais, de crianças portadoras de algum tipo de enfermidade ou deficiência. Essa tendência, já bastante consolidada entre os adotantes estrangeiros, começa a diminuir as brutais diferençasentre o perfil requerido pelos pais e a realidade das crianças abrigadas no País. Em 2010, 31% dos inscritos no cadastro se diziam indiferentes à cor da pele. Hoje, são 38%. A mesma variação se vê no caso da idade. Há dois anos, quase 20% dos pretendentes exigiam crianças menores de um ano. No último levantamento do CNA, eles somam apenas 16% (leia quadro). O coordenador de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, Antonio Carlos Malheiros, explica que a adoção de crianças mais velhas já é uma realidade no caso das adoções internacionais. Segundo um levantamento do TJ feito entre janeiro e junho de 2012, 36 das 49 adotadas por estrangeiros no Estado tinham mais de 6 anos. Para o desembargador, a mudança que estamos vivendo é reflexo da nova lei de adoção, de 2009. Ela obriga que os adotantes passem por uma orientação junto aos grupos de apoio antes de serem habilitados. “Esse trabalho de conscientização fez determinados preconceitos cair por terra”, afirma. A percepção é compartilhada por Silvana do Monte Moreira, presidente da Comissão Nacional de Adoção do Instituto Brasileiro de Direito da Família (Ibdfam). “A gente deve apresentar aos pretendentes a realidade nua e crua. A maior parte das crianças é negra, tem mais de 5 anos e algum tipo de doença”, diz. “Isso tem aberto o coração das pessoas para o fato de que filho a gente não escolhe, filho chega.” Justamente por não se tratar da escolha de um produto em um supermercado, a adoção não está imune a eventuais conflitos e problemas, assim como acontece com a criação de um filho biológico. “Para muita gente, a adoção é umsonho, e não funciona assim”, afirma a administradora pública Cristiane Pinto, 35 anos, mãe de Aline, 16, adotada há quatro anos. “A nossa filha veio com uma bagagem muito pesada e a gente percebia isso nos pesadelos, na saúde, nas reações inconstantes. Tivemos de ter paciência, dialogar e dar muito amor para vencer essas barreiras.” É esse tipo de experiência que vem sendo compartilhada nos 124 grupos de adoção formais e informais espalhados pelo País, segundo a Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção. Eles vêm ajudando a desfazer mitos e a orientar os pais nos momentos mais difíceis. Roberto Beda, presidente do Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo (Gaasp), afirma que, nos encontros que acontecem mensalmente e reúnem pretendentes e pais que já adotaram, os participantes têm a oportunidade de trocar informações sobre como proceder, por exemplo, em casos de regressão – uma reação bastante comum nas adoções tardias. “As crianças têm comportamentos que não condizem com a sua idade. Chupam chupeta, fazem xixi na cama. É como se eles tivessem que renascer na nova família”, diz. Beda afirma que esse é um indicador positivo de adaptação, mas pode ser mal interpretado se os pais não tiverem conhecimento anterior. Foi justamente a participação em um desses grupos que revirou o entendimento que a oficial de justiça Paula Cury, 43 anos, tinha sobre a adoção. “Em 2006, quando dei entrada na minha habilitação, achava que só se adotavam bebês”, diz. Hoje ela é mãe de Rodrigo, 6 anos, diagnosticado com paralisia cerebral, de Maria Luiza, 5 anos, portadora do vírus HIV, dos irmãos biológicos Laura, de 15,e Alexandre, 13, além de Maria Eduarda, que tem 7 anos e sofre de hidroanencefalia, macrocefalia, paralisia cerebral grave e epilepsia. Ela também coordena um fórum na internet com a intenção de informar as pessoas sobre a adoção de crianças com alguma necessidade especial. “Não pode ser um ato de caridade, porque você logo vai cobrar da criança uma gratidão que não existe. A adoção tem de ser muito consciente”, afirma. Esse entendimento cuidadoso do processo, que preza pela real capacidade do adotante de satisfazer os interesses da criança, ficou plasmado na nova lei de adoção. Nela, o Estado brasileiro vê os pretendentes como parte da solução para o problema das crianças sem família, e não o contrário. “Não se buscam crianças adequadas às famílias, mas famílias adequadas às crianças”, diz Roberto Beda. É importante, portanto, que pais e mães que desejam adotar tenham plena consciência do que os motiva. Segundo a psicóloga Cintia Liana Reis de Silva, que atua na organização italiana Senza Frontiere Onluz de adoção internacional, é preciso identificar o que desperta o desejo de adotar. “Se a vontade do adotante é legítima e saudável, o sucesso está quase garantido”, afirma. A analista de departamento pessoal Andréa Sampaio, 40 anos, carregou essa vontade desde a infância. Quando pequena, pediu que sua mãe lhe comprasse uma boneca negra que vinha com certificado de adoção. A certeza de que seria mãe adotiva foi compartilhada mais tarde com o marido, Eduardo Giraldi, e culminou com a adoção, em 2003, de um menino negro de apenas 3 meses que estava abrigado em Salvador, na Bahia. “As pessoas nãoqueriam fazer uma adoção inter-racial por ter medo de falar sobre adoção”, diz. Diego, hoje com 9 anos, logo pediu uma irmã aos pais. Vitória chegou em 2008, aos 2 anos e meio, depois de ser abandonada em um centro de acolhimento, em São Paulo. Sobre o preconceito, Andréa sentencia: “As mudanças culturais que geraram novas estruturas familiares estão abrindo caminho para a quebra dos velhos estigmas.” Além disso, recentes estudos mostram que a aceitação e a vivência da diversidade pela família são positivas para o desenvolvimento dos adotados. Uma pesquisa publicada em 2010 pela professora Gina Miranda Samuels, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, revela que o aprofundamento da identidade racial é extremamente importante para o filho fruto de uma adoção inter-racial – conclusão que coloca em juízo a prática de não assumir as diferenças na cor da pele. Esse tipo de esclarecimento é fundamental para quem se sente inseguro na hora de delimitar o perfil da criança a ser adotada. “Nós nunca sofremos nenhum tipo de preconceito, mas eu vivo me preparando para isso”, afirma a gerente de marketing Maria Aparecida Vasconcelos, mãe de Catarina, 4 anos, que foi adotada há um ano e meio, em São Paulo. A sua estratégia para trabalhar as diferenças é a transparência. “Ainda que ela veja tudo de maneira lúdica, explico que ela não nasceu da minha barriga, apesar de eu ser sua mãe.” A mesma filosofia foi aplicada por Alessandra Marangoni, mãe da menina N.L., que hoje tem 2 anos e cuja mãe biológica era portadora de HIV. “N.L. não nasceu de mim, mas para mim. Ela tem uma história que precisa ser respeitadae eu não vou tirar esse direito dela”, afirma. Sobre a decisão de adotar uma criança com possibilidade de ter Aids – recentes exames constataram que ela era negativa para o vírus –, Alessandra afirma que tinha mais medo de que um de seus dois filhos biológicos morresse de asma. “É uma doença? É. Tem chance de morte? Tem. Mas não é um bicho de sete cabeças.” Dados do CNJ de 2012 mostram que 1107 crianças aptas à adoção têm problemas de saúde. Dessas, 144 têm o HIV. A Associação Paranaense Alegria de Viver (Apav), de Curitiba, é um dos centros de acolhimento que recebem apenas portadores do vírus. Ao longo de duas décadas, a organização já atendeu mais de 120 crianças e jovens. A fundadora Maria Rita Teixeira, 60 anos, que tem três filhos biológicos e um adotado, ressalta que, uma vez superado o preconceito, o mais difícil é transpor os obstáculos da Justiça. “As crianças que recebemos são encaminhadas pelo juiz e logo esquecidas. As destituições familiares, essenciais para as adoções, simplesmente não acontecem.” Uma situação similar impediu que, em 2010, Aristéia Rau, 48 anos, e seu marido Alberto, 55, adotassem quatro crianças portadoras de HIV em Curitiba. Mesmo depois de conseguir a guarda de duas crianças do Rio de Janeiro, Mateus, 15 anos, e Daniele, 11, o casal resolveu se manifestar contra a falta de justificativas da Vara da Infância e fundou o Movimento Nacional das Crianças Inadotáveis (Monaci). O objetivo é chamar a atenção para os abrigados que ainda não estão na lista do CNA por conta da demora nos processos. “A situação das crianças em abrigos é uma verdadeira caixa-preta”, afirmaAristéia. O CNJ estima que 43.915 crianças estejam em centros de acolhimento em todo o País. Dessas, apenas 5.499 estão aptas à adoção. Gabriel Matos, juiz auxiliar do conselho, afirma que “existe um preconceito de que a criança destituída ficará sem família durante o período de acolhimento, o que gera certa letargia do Judiciário na hora de julgar esses casos”. Para resolver esse problema, o Conselho promete adotar um sistema integrado de informações com o Ministério Público e o Ministério de Desenvolvimento Social e fazer um levantamento do número de crianças abrigadas que ainda precisam passar pelo processo. Segundo a juíza Maria Lucia de Paula Espíndola, da 2ª Vara da Infância e Juventude de Curitiba, a destituição deveria durar até 120 dias, mas a dificuldade de encontrar todos os familiares e conseguir todas as negativas necessárias para entregar a criança à adoção atrasa o processo. “Entendemos que os trâmites não podem ser rápidos porque temos de ter responsabilidade. Mas é fato que nosso Judiciário não está bem estruturado”, afirma Antonio Carlos Malheiros. “As nossas varas ainda não são especializadas e precisamos quadruplicar o número de técnicos.” Considerando que, apesar da paulatina mudança de comportamento dos brasileiros, o passar do tempo ainda reduz substancialmente as chances de essas crianças serem adotadas, a mudança é urgente. Foto: Frederic Jean/Ag. Istoé; Guilherme Pupo; Pedro Dias, Gabriel Chiarastelli - Ag. Istoé Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/274274_ADOCAO+SEM+FRONTEIRAS ADOÇÃO TARDIA Direito Familiar
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