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adoção tardia

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adoção tardia
de Ednaperolas
| trabalhosfeitos.com
ADOÇÃO TARDIA
Direito Familiar
Curso: Serviço Social
Disciplina: Introdução ao Trabalho Científico
Núcleo 2 – Noturno – 2013
Novembro / 2013
São Paulo / SP
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.....................................................................................................................03
JUSTIFICATIVA..................................................................................................................03
DELIMITAÇÃO DO
TEMA..................................................................................................04
FORMULAÇÃO DO
PROBLEMA.......................................................................................04
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DA CRIANÇA NA LEGISLAÇÃO..................04
O MITO DA
ADOÇÃO.........................................................................................................05
EVOLUÇÃO DO INSTITUTO DE ADOÇÃO TARDIA NO PAÍS.........................................06
CÓDIGO DE MENORES 1979 (LEI 6. 697,
10.10.79..........................................................06
A ADOÇÃO ÉTICA E DE NATUREZA
CONSTITUCIONAL...............................................08
A FUNÇÃO DO ECA NA ADOÇÃO....................................................................................09
A FUNÇÃO DA ADOÇÃO
TARDIA.....................................................................................10
A ADOÇÃO APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL.............................................................10
QUEM
PODEADOTAR.......................................................................................................10
A ADOÇÃO SEGUNDO
TEÓRICOS...................................................................................11
O SERVIÇO SOCIAL NO PODER JUDICIÁRIO: ENTENDENDO O TRABALHO DO ASSISTENTE
SOCIAL NO PROCESSO DE
ADOÇÃO.....................................................14
OBJETIVO GERAL..............................................................................................................15
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS................................................................................................15
METODOLOGIA..................................................................................................................15
INSTRUMENTOS DE
COLETA...........................................................................................15
FONTES PARA COLETAS DE
DADOS.............................................................................16
CRONOGRAMA..................................................................................................................16
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................17
ANEXO
I..............................................................................................................................19
ANEXO
II.............................................................................................................................20
ANEXO
III............................................................................................................................21
INTRODUÇÃO
A nova lei nacional de adoção, sancionadarecentemente,
que prevê também a Adoção Tardia chega para dar mais esperança a tantas
crianças que vivem em abrigos espalhados pelo País, em contrapartida a
desburocratização do processo de adoção. 
A nova legislação visou facilitar o acesso para aquelas pessoas que querem
adotar uma criança, que não se restringe apenas aos recém-nascidos e crianças
de até dois anos, o benefício abrange crianças maiores, adolescentes e até
adultos. 
As crianças e adolescentes também não poderão ficar mais do que dois anos em
abrigos de proteção, salvo por medida judicial. E o abrigo deverá estar
localizado nas proximidades do endereço da família. 
Semestralmente, deverá ser encaminhado um relatório para a autoridade judicial
informando as condições de adoção ou de retorno a família dos menores que estão
sob a sua tutela. 
O menor será ouvido pela justiça após ser entregue a família que o adotou. E
irmãos deverão ser adotados pela mesma família, exceto os casos sob análise da
justiça. 
JUSTIFICATIVA
“A adoção tardia” é um tema que representa um papel significativo na sociedade,
pois através dessa ação é possível promover uma família às crianças e
adolescentes que não conhecem o aconchego de um lar, dando-lhes uma segunda
chance para refazerem suas vidas dentro um novo ambiente familiar, no sentido
de se sentirem como integrantes e aceitos por essa nova família, que por sua
vez, é obrigada a garantir-lhes proteção, segurança e tudo o que prevê o
Estatuto da Criança e do Adolescente. Dessa forma, essas crianças e
adolescentes acabam assumindo um novo papel, de filhos ou filhas dos pais
adotivos, abandonando o estigma deenjeitadas ou
excluídas do meio social. 
A adoção tardia para ser concedida é preciso que alguns fatores sejam levados
em conta, o principal é investigar se a criança deseja viver com determinada
família e se esse desejo é recíproco, ou seja, se a família está mesmo disposta
a aceitá-la como sendo membro, sem nenhuma espécie de preconceito, para evitar,
futuramente, transtornos psicológicos. A criança precisa de um período de
aprendizagem para poder desempenhar o seu papel na família adotiva, o que pode
variar de criança para criança, independentemente de sua idade. 
No passado, muitas instituições tinham uma cultura de igualar todas as crianças
e acabavam não tratando de questões dolorosas vivenciadas com o ingresso em
orfanatos. Quanto maior era o tempo de permanência da criança num abrigo, maior
era o risco de o menor vir a ter dificuldades na adaptação numa família. 
Lamentavelmente, muitos abrigos ainda funcionam como depósitos de crianças. 
Estando nesses abrigos, as crianças se encontram isoladas do mundo, num
ambiente bastante pobre em matéria de estímulos essenciais para o
desenvolvimento normal de seus potenciais. Com isso, não aprendem a desempenhar
o papel de filho, a se sentir pertencentes a um grupo que exercitam todas as
funções de proteção de casal, pais-filhos e irmãos. 
Há um ditado popular que diz que nunca é tarde para ser feliz, ao que se pode
aplicar à Adoção Tardia, pois ainda que tardia, a adoção é sempre bem-vinda,
daí a justificativa da elaboração deste trabalho. 
DELIMITAÇÃO DO TEMA
O presente trabalho se situa no ramo do Direito de Família, mais
especificamente noDireito Civil, com enfoque na
matéria sobre a Adoção Tardia.
Neste sentido, A adoção constitui no Brasil um imperativo de ordem ética e de
natureza constitucional. A finalidade deste instituto é atender às reais
necessidades da criança e do adolescente, assegurando-lhes o direito peculiar e
constitucional da convivência familiar. 
Diante do exposto o presente trabalho tem como finalidade garantir ao adotado
direitos inerentes a um cidadão, bem como, viver em uma entidade familiar por
adoção indiferente a sua idade.
FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
Geralmente as pessoas quando pensam em adotar uma criança, demonstram
preferência por recém-nascidos, perfil mais condizente com o dos postulantes,
preferencialmente pele clara, enquanto as crianças maiores de dois anos são
deixadas à parte, além daquelas consideradas excluídas, como as crianças negras
ou portadoras de algum tipo de deficiência, seja física ou mental. 
Diante disso pergunta-se: A adoção tardia garante ao adotado direitos inerentes
a um cidadão
bem como, direitos de conviver em uma entidade familiar?
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS DA CRIANÇA NA LEGISLAÇÃO
Em tempos remotos, na antiguidade, por exemplo, a criança e o adolescente não
eram vistos como elementos com direitos e deveres amparados nas relações
jurídicas, eram, sim, vistos como menores objetos, rotulados sob a tutela da
justiça, passíveis de punições previstas pelo extinto Códigos de Menores. 
Segundo Cretella (1993, p. 340) 
Naquela época, a infância era apontada como sendo apenas objeto do Direito
Privado, e o que prevalecia era o pater poder,
comparado ao poder dos senhores deengenho sobre os
escravos, o que traduz que os filhos deviam apenas obediência e nada mais. 
Dados históricos dão conta que na Roma antiga, as crianças que nascessem
portadoras de alguma anomalia, física ou mental eram simplesmente exterminadas,
não havia interesse em permitir que crianças com algum tipo de deficiência
fossem mantidas vivas, pois assim, haveria uma proliferação de mutilados, dessa
forma, o Império Romano se tornou o palco de muitas práticas rudimentares com
base na eugenia, adotada por ser considerada a melhor forma de aprimorar a
espécie humana. 
Com a implantação da era do Cristianismo, as idéias e as convicções de fé e de
ética pregadas por Cristo e seus discípulos trouxe algumas alterações, surgindo
alguns princípios que gradativamente foram adotados e respeitados pelas
sociedades cristãs, período em que a criança passou a ser vista como elemento e
não mais como mero objeto no conjunto das relações jurídicas onde era inserida.
Mais tarde, por volta do século XVIII d.C., em 1789, surgiu a Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão, que passou a instituir os princípios
prioritários que visavam reger a liberdade e a igualdade jurídica entre os
homens. 
No tempo de vigência do Código 1979, a população infanto-juvenil recolhida às
entidades de internação do sistema Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor
(FEBEM), 80%, desse universo, era formado por crianças e adolescentes,
"menores", que não eram autores de fatos definidos como crime na
legislação penal brasileira e sim menores abandonados pelas famílias devido à
situação de extrema pobreza. (MARCÍLIO, 1998, p.135) 
Por voltade 1948, através de diploma legal era
promulgada a Declaração Universal dos Direitos dos Homens, tendo como base os
princípios dos direitos adaptados aos acontecimentos previstos pela Declaração
de 1879, porém a declaração acabou sendo frustrada e ficou apenas como marco
histórico que se referia ao ano de 1948, uma vez que acabou sendo vetada. 
A luta prosseguia, dessa forma, ainda naquela década, com o objetivo de
desenvolver relações de bom entrosamento entre os países, a cooperação
internacional acabou se sobressaindo no contexto socioeconômico, além do
educativo e social, o que favoreceu para que em 20 de novembro de 1959 fosse
proposta a Declaração dos Direitos da Criança. 
“O Código de Menores dispunha sobre a assistência, proteção e vigilância da
criança e/ou adolescente (Doutrina da Situação Irregular) que se encontrasse
abandonado, exposto, carente, ou que apresentasse desvio de conduta.” (Patorelli, 2001, p. 34). 
Através dessa coletânea de princípios, diversos segmentos da sociedade em nível
mundial, inclusive encabeçada pela ONU – Organização das Nações Unidas também
alterou seus princípios, passando a se preocupar mais com a proteção dos
menores, preparando-os para que fossem inseridos nos institutos de adoções, uma
maneira mais viável sob a ótica de avanço na legislação, configurando de forma
mais ampla uma vida familiar digna aos menores que até então tinham que se
contentar com os meros abrigos onde eram simplesmente depositados. 
O MITO DA ADOÇÃO
Um dos maiores entraves no que tange ao instituto da Adoção Tardia ainda se
esbarra em mitos e lendas. O que impera maiorpreocupação
diz respeito ao fato de que o adotando ao levar crianças mais maduras para
dentro de famílias substitutas, podem estar abrigando menores que já trazem na
curta bagagem de vida, uma série de maus costumes e hábitos que herdaram de
suas famílias biológicas ou ainda, que aprenderam nas Casas de Abrigo para
Crianças e Adolescentes. 
Com esse pensamento, muitos postulantes à adoção acreditam que jamais serão
capazes de modificar uma personalidade já definida, o que faz com que a opção
maior seja por crianças recém-nascidas, uma forma de tentar moldar aquele
pequeno ser às tradições da nova família, uma vez, que consideram que o fato de
estarem adotando um bebê trará maior facilidade de adaptação para todos os
integrantes da casa, o que irá favorecer para que a criança apague qualquer
lembrança desagradável de possível rejeição que tenha sentido nos primeiros
dias de vida. 
Em diversas situações, A Adoção Tardia nem sempre é cogitada, pois os adotantes
se sentem frustrados, um tanto feridos no desejo de concretizar práticas
adotadas nos primeiros dias de vida da criança adotada, como amamentar, ainda
que seja com mamadeiras ou através dos bancos de leite, o ato de trocar as
fraldas, dar os primeiros banhos, oferecer o colo, ninar para que a criancinha
possa dormir, acompanhar os primeiros passos, ouvir o balbuciar das primeiras
palavras como papai e mamãe e tantos outros detalhes que se resumem no
crescimento e desenvolvimento de todas as fases, cada uma ao seu tempo. 
Na realidade, o que mais se constata, é que os adotantes têm uma sede de
construir os pilares de uma história familiar, onde cada umse
torna o protagonista na evolução dos capítulos do enredo da sua própria
história de família, onde tudo se torna uma nova e importante coletânea de
dados que irão compor um álbum de família que deverá passar de geração a
geração. 
Na educação, os adotantes não desperdiçam nem um dado relevante, como a
aprendizagem, a começar pelos primeiros rabiscos ainda na fase da
alfabetização, através de cadernos e fotos que servirão como provas de uma
infância devidamente assistida. 
Lamentavelmente, existe um tipo de adotante que na verdade atropela os reais
valores de uma adoção, muitos o fazem, porém, visando apenas interesses
próprios, como, quando o adotado apanhar um determinado entendimento acabar
servindo de auxiliar doméstico, uma forma prática de obter mão-de-obra sem
grandes gastos para manter o andamento dos serviços, que longe de assegurar
proteção ao adotado, vê nesse, uma forma cômoda de resolver seus problemas
pessoais, tendo um criado, sem remuneração e sem ônus empregatícios. 
EVOLUÇÃO DO INSTITUTO DE ADOÇÃO TARDIA NO PAÍS 
A busca pelo reconhecimento da Adoção Tardia no País já vem de longa data, uma
luta por uma adoção sem preconceitos e distinções quanto ao fato de ser filho
biológico ou adotado. 
De acordo com o Código de Menores, elaborado em 1927, o País codificava o sistema
de Adoção, estabelecendo regras e princípios que restringiam a adoção de forma
mais imperativa, o que acabava por contribuir para que muitas crianças nem
passassem pelos meios legais para adoção, muitos, preferiam pegar uma criança e
ir ao Cartório, registrando-a como sendo seu filho, fugindo, dessa forma,dos
trâmites de um sistema arcaico que distinguia filhos naturais de filhos
ilegítimos, um procedimento que se arrastou por décadas, causando hierarquias e
distinções entre membros da mesma família, uma vez que a parede da adoção
estava sempre a separar o filho adotado dos filhos biológicos.
O revogado Código de 1927, também ficou conhecido como o Código de Mello
Mattos, em virtude do empenho e contribuição de José Cândido de Albuquerque
Mello Mattos, na elaboração deste. Mattos possuía graduação em Direito, e
posteriormente tornou-se o primeiro juiz de menores do Brasil e da América
Latina. (Gatelli, 2003, p.297) 
A corrente doutrinária do extinto Código de Menores era constituída de
princípios básicos e diretrizes que contrastam com a atual
legislação. Pelas
regras e diretrizes do Código de 1927 sobre a adoção, tanto a criança como o
adolescente eram considerados incapazes e inferiores, tutelados pela lei e pela
justiça, uma vez que a maioridade só era reconhecida ao completar 21 anos. 
Os direitos sobre o destino de menores começaram a sofrer mudanças, as
primeiras surgiram através da autoria de Mello Mattos, sob um novo paradigma
que atribuía ao Estado à responsabilidade de proteger os menores, proteção essa
que consistia sob a característica de caridade, geralmente prestada por
instituições filantrópicas, como associações, igrejas ou estabelecimentos
públicos e particulares, esse último mantido por doações e contribuições. 
O Código previa proteção e segurança até o assistido completar 18 anos, quando
então, perdia a custódia do Estado, era dispensado, estava na hora de encarar o
mundo lá fora,procurar trabalho e caminhar com as próprias pernas. 
Alguns conseguiam alcançar seus objetivos, outros, lamentavelmente, acabavam
enveredando por sendas tortuosas dos caminhos da delinquência,
do crime e acabavam se marginalizando, o que não está muito distante do que
ainda acontece nos dias de hoje, quando muitos menores vão para as ruas e
acabam sendo adotados por cabeças do tráfico e logo se transformam, tornando-se
pós-graduados nas Universidades do Crime espalhadas por todo o País, do
Oiapoque ao Chuí. 
Nessa condição muitos morreram vítimas do próprio destino em que foram atirados
ou conduzidos, tendo como lema de vida, dinheiro fácil, sem muito esforço. Onde
a única preocupação passa a ser fugir sempre da Justiça, tudo porque não foram
resgatadas antes, lá, na tenra idade, afinal, a sociedade parece desconhecer
que calçada não é berço, e que o mundo ensina, mas não é um professor que
ensina sóbons conteúdos; a família de quem vive nas
ruas passa a ter gangues como protetoras, quando não são, ao contrário, são
aliciadoras. 
Dessa forma, o caminho se torna um beco sem saída, pois, muitas são usadas como
testas de ferro no mundo da criminalidade, pois quem está por trás, sabe que em
se tratando de menor, não há punição para práticas ilícitas, quando apanhados,
em seguida ouvidos, alguns poucos são apenas encaminhados para Casas de
Recuperação e outros, imediatamente devolvidos às ruas, e assim a rotatividade
das “infrações” prosseguem, sem qualquer punição, uma vez que no País não
existe punição para menores, ao contrário de outros, como nos Estados Unidos,
onde menores que agem fora da Leivão a Júri e se
condenados são punidos com prisão perpétua e até pena de morte, uma medida que
visa inibir que outros menores também cometam barbáries. 
Ter uma família ainda é o princípio basilar para a construção de um cidadão de
bem, mesmo considerada uma instituição falida, em virtude das modernidades que
deram origem a famílias de diferentes formas, derivadas de casamentos
desfeitos, onde o vínculo é mais monoparental, o que
traduz que a criança pode viver somente com o pai ou só com a mãe, um estilo
novo que abalou a estrutura e os blocos sustentáveis de uma família sólida,
constituída de pai, mãe e os filhos. 
CÓDIGO DE MENORES 1979 (LEI 6. 697, 10.10.79) 
Em 1979, mais de cinquenta
anos após a Promulgação do Código de Menores de 1927 foi editado uma nova
versão, porém, com maior respaldo ao menor, mesmo assim, a Lei 6.697 de
10.10.79 não conseguiu atingir seu propósito de ampliar a esfera total de
abrangência de proteger o menor, porque ainda adotava uma doutrina irregular no
que rezava em seu art. 2°, hipóteses fora do padrão no sentido de resguardar a
total proteção ao menor, com linhas arbitrárias no que dizia respeito à adoção.
De acordo com o antigo Código de Menores, as crianças e os adolescentes não
eram vistas como sujeitos de direitos, deveres e garantias. O Código não previa
punições rígidas para pais ou responsáveis que mantinham crianças em situação
de risco, mantidas sob maus tratos e opressão. Segundo aquele diploma, o termo
abandono exigia quesitos com visível burocracia em seu artigo 26, nos seus oito
incisos e suas seis alíneas. 
A Lei 6.697, de 10.10.1979, revogou aLei 4.655 e
instituiu um novo Código de Menores, com diversas alterações. Estabeleceu a
adoção simples, designada pelo juiz e destinada aos menores em situação
irregular, conforme os artigos 27 e 28 e substituiu a legitimação adotiva pela
adoção plena, através do artigo 27 ao 37. 
O Código de Menores passou a se preocupar com a situação da criança e do
adolescente no instituto da adoção. A meta da Lei 6.697/79, não era dar filhos
aos casais que não podiam tê-los de forma comum. A finalidade consistia em dar
um atendimento privilegiado aos menores carentes, abandonados e ainda àqueles
que viviam em situação irregular.
A ADOÇÃO ÉTICA E DE NATUREZA CONSTITUCIONAL
A adoção tardia constitui no Brasil, um procedimento de ordem ética e de
natureza constitucional. Sua principal finalidade é atender as verdadeiras
necessidades da criança e do adolescente, assegurando-lhes o direito peculiar
da convivência familiar. 
Esta modalidade promove a reconstrução de vida dos indivíduos em
desenvolvimento que vivem em instituições de abrigo, ou àquelas que se
encontram na condição de abandonadas, muitas, de forma precoce, desde o nascer.
Através dos moldes da Adoção Tardia, o adotado pode encontrar apoio, amor e
companhia dos adotantes que passam à condição de pais. 
No Brasil, A adoção foi positivada no Código Civil de 1916, através dos artigos
368 a 378. Entretanto, o instituto da adoção era quase que impraticável. No
passado, só era permitido adotar o maior de cinquenta
anos, sem descendentes legítimos ou legitimados e deveria ser ao menos, dezoito
anos mais velho do que o adotando.
Além desses requisitos depraxe, o Código Civil previa
que só era permitida a adoção por duas pessoas se fossem casadas; era exigido o
consentimento da pessoa que tivesse a guarda do adotado; entre as causas para a
dissolução da adoção estava a convenção entre as partes ou a ingratidão do
adotado para com o adotante; a forma exigida era a da escritura pública não
sujeita a condição ou termo, com exceção os casos em que se constatavam
impedimentos. 
Através da Lei 3.133, de 08.05.1957, o Código Civil alterou a idade mínima para
adotar, passando para 30 anos, estabelecendo uma diferença mínima de dezesseis
anos de idade entre o adotante e o adotado, e possibilitando que o nome de quem
adotasse passasse a fazer parte do nome do adotado. 
A Legislação permitiu ainda a adoção mesmo se o adotante tivesse filhos
legítimos, legitimados ou reconhecidos, neste caso, porém, não seriam
concedidos direitos hereditários aos adotados. E se o adotante fosse casado, a
adoção só seria possível depois de transcorridos cinco anos de casamento. 
Se por acaso um dos cônjuges fosse estéril, o decurso de prazo do matrimônio
era dispensado. Os viúvos também podiam adotar, desde que tivessem mais de
trinta e cinco anos de idade e o adotado estivesse integrado em seu lar há mais
de cinco anos, se possuíssem a guarda, também poderiam requerer a adoção. 
A legalização do reconhecimento da legitimidade passou a ser concebida mediante
sentença, prescindindo o ato de escritura pública. Somente após a análise dos
requisitos legais e a realização de audiências e sindicâncias, onde seria
apurado o bem estar da criança e do adolescente, a sentença erafinalmente
deferida. 
Após sentença proferida esta seria lavrada no Cartório de Registro Civil e, a
partir daí, os vínculos do legitimado com sua família natural cessavam, salvo
os relativos aos impedimentos matrimoniais. Não existiam mais quaisquer
direitos ou obrigações decorrentes da relação de parentesco por laços
sanguíneos. Entretanto, os filhos legitimados eram excluídos da sucessão se
ficasse comprovada a existência de filhos legítimos supervenientes à adoção.
Mediante o instituto da adoção, propunha-se
dar uma família àqueles que não
tinham. Entretanto, essa modalidade de adoção ainda não concedia total
integração do adotado em sua nova família. 
A tão esperada integração com a nova família só começou a prevalecer através da
Promulgação da Constituição Federal, em 1988, que igualou os filhos adotivos
aos filhos legítimos, inclusive quanto aos aspectos sucessórios. Dessa forma,
deixou de existir qualquer distinção entre tais filhos. Tal equiparação
encontra-se no parágrafo 6º, do artigo 227, do texto constitucional: "os
filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos
direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias
relativas à filiação". 
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê entre os diversos direitos
previstos na Lei 8.069/90, que a criança ou adolescente são sujeitos de
direitos e deveres, pois possuem o direito fundamental de serem criados no seio
de uma família, seja ela legítima ou substituta. 
Dentre os sistemas de colocação de crianças ou adolescentes em família
substituta, a adoção é uma medida excepcional, masirrevogável,
que atribui a condição de filho ao adotado, impondo-lhe os direitos e deveres
inerentes à filiação natural. 
A FUNÇÃO DO ECA NA ADOÇÃO 
O ECA prevê que a adoção será consolidada quando se verificar reais vantagens
para o adotado e quando todas as possibilidades do vínculo familiar forem
esgotadas, fundando-se em motivos legítimos, conforme o artigo 42, § 5º. 
Além do surgimento do ECA, o Brasil ratificou documentos internacionais como a
Convenção internacional sobre os direitos da criança (Decreto 99.710/90), a
Convenção relativa à proteção e cooperação internacional em matéria de Adoção
Internacional – Haia, 1993 (Decreto 3.087/99). O Brasil ainda é signatário da
Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (ONU, 1989), recebendo o
status de direito fundamental no sistema constitucional. Esses subsidiaram o
fortalecimento do instituto da adoção. (Fonseca, 1995, p. 70)
O Eca representa um marco para as relações entre pais e filhos, inclusive os
adotados, e, principalmente, na proteção dos próprios filhos, uma vez que
passam a ter seus direitos protegidos e resguardados por força de Lei. 
A FUNÇÃO DA ADOÇÃO TARDIA
A Adoção Tardia garante às crianças e aos adolescentes
o direito de serem adotados, passando a ter todos os direitos e reconhecimentos
concedidos aos filhos biológicos; exerce ainda, um papel, de relevância social,
pois funciona como instrumento fundamental para a colocação de crianças e
adolescentes em novas famílias, devendo ser, portanto, disciplinados,
direcionadas e interpretadas de forma a facilitar a adequação desses menores em
estágio de desenvolvimento. 
Dentreas maneiras de se devolver a dignidade, o
respeito e outros direitos peculiares às crianças e adolescentes abandonados, a
Adoção Tardia proporciona o direito de uma saudável convivência familiar e
comunitária entre adotantes e adotados. 
Entretanto, a Adoção Tardia tem enfrentando consideráveis obstáculos no
contexto social, relacionados ao perfil das crianças e adolescentes disponíveis
para adoção, em virtude de exigências por parte de candidatos a adotantes que
ainda insistem em observar questões como a aparência, esquecendo-se de que o
assunto envolve o lado social e que são vidas que estão em voga. 
A ADOÇÃO APÓS A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, conceitos, valores e
ordenamentos alteraram a rotina pacata e conformada de quem a tudo acatava.
Hoje, o Poder Judiciário está mais atuante nas questões voltadas para o
interesse da criança, tendo como objeto primordial de suas ações, reconhecer,
aprovar ou indeferir a condição dos adotantes em relação aos adotados, passando
a cobrar maior responsabilidade destes, visando assegurar maior proteção ao
menor, de qualquer forma de negligência, violência ou espécie de exploração,
seja sexual, trabalho infantil, ausência das escolas e outras ações ilícitas
combatidas no dia-a-dia por interessados, instituições e defensores da ordem
pública em detrimento à criança. 
Com a postura assumida pelo Estatuto do Menor e do Adolescente, o filho adotado
passou a ter os mesmos direitos e deveres dos filhos naturais, até os
sucessórios, fato que não era contemplado pelo antigo Código de Menores. No
entanto estabeleceuquesitos mais rígidos para adoção,
visando salvaguardar o direito da criança e coibir o tráfico de menores para o
exterior que eram sacrificados para retirada de órgãos que para serem
implantados em crianças estrangeiras. 
Com as alterações verificadas tanto pelo Estatuto da Criança e do Adolescente
como pela Constituição Federal, foi possível definir a convivência familiar
como o direito completo e harmonioso para o desenvolvimento da cidadania da
criança. 
QUEM PODE ADOTAR 
Quanto às pessoas que podem adotar, a lei admite que podem adotar os maiores de
18 anos, independente do estado civil, mas que estejam registrados em cadastros
estaduais e nacionais de adoção. Portanto, permanece a ressalva que os
adotantes têm que ser mais velhos, no mínimo 16 anos, do que o adotado, e que
devem passar por uma avaliação da Justiça para provar que podem dar educação,
um lar e toda a assistência necessária para o adotado. 
Somente quando a adoção for conjunta, determina a legislação que o casal seja
casado civilmente ou mantenha união estável, comprovando assim estabilidade
familiar. Quanto aos divorciados e separados que quiserem adotar conjuntamente,
a adoção só se efetivará se houver acordo sobre a guarda e o regime de visitas
e desde que o estágio do adotado tenha se iniciado ainda na constância do
período de convivência.
É necessário que sejam esgotadas todas as possibilidades de acolhimento pela
própria família, antes de encaminhar a criança para um abrigo. Desta forma,
surge a expressão “família extensa ou ampliada”, dando-se oportunidade de
adoção por parte dos próprios parentes mais próximos, com osquais
a criança ou adolescente, mantém vínculos de afinidade e afetividade. 
A partir da vigência da nova regra, as gestantes e mães que quiserem entregar
seus filhos para adoção, também passarão a ter assistência psicológica e
jurídica por parte do Poder Público, sendo encaminhadas obrigatoriamente à
Justiça da Infância e da Juventude para acompanhamento e controle da adoção. 
Só será permitida a adoção internacional em últimos casos, uma vez que a
preferência será para adotantes nacionais, e em seguida para brasileiros
residentes no exterior. Com esta medida, o governo, que evitar mais transtornos
ao adotado, que além de ter que se adaptar a uma nova vida, ainda seria
arrancado da sua pátria, das suas origens, o que poderia tornar o processo de
adoção ainda mais lento e doloroso. 
A ADOÇÃO SEGUNDO TEÓRICOS
Segundo teóricos, A Adoção Tardia em si, ainda é um tema bastante complexo, com
muitos preconceitos. 
Segundo Fonseca (1995, p. 70), 
Um importante passo para o avanço da adoção no Brasil, veio com a Lei 4.655, de
02.05.1965, que dispunha sobre a legitimidade adotiva. Esta lei tornava o filho
adotivo praticamente igual ao filho sangüíneo, em direitos e deveres. No que
diz respeito à evolução do procedimento contida nessa lei, ela não tinha muita
aplicação prática, devido ao excesso de formalismo ali reinante. 
Para o autor, com a legitimação adotiva, passou-se realmente, a visar o
bem-estar da criança e do adolescente, uma vez que o instituto viabilizava um
lar e uma família, e não apenas filhos a quem era estéril.
Enquanto para Vargas (1998, p. 35) e Weber (1998, p. 249), 
A Adoção Tardia éapenas uma das múltiplas faces da
temática da adoção, pois consideram tardias as adoções de crianças com idade
superior a dois anos de idade, por já se enquadrarem como velhas para adoção ou
que foram abandonadas tardiamente
pelas mães, que por circunstâncias pessoais
ou socioeconômicas, não puderam continuar se encarregando delas, ou foram
retiradas dos pais pelo poder judiciário, que os julgou incapazes de mantê-las
em seu pátrio poder, ou, ainda, foram "esquecidas" pelo Estado desde
muito pequenas em "orfanatos" que, na realidade, abrigam uma minoria
de órfãos. 
Pesquisas realizadas por Almeida (2003, p. 233) indicam “uma incontestável
preferência pelos postulantes à adoção de crianças de pele branca, recém
nascidos, crianças do sexo feminino, e ainda que não possuam nenhum histórico
de doenças crônicas biológicas.” 
É bom frisar que os resultados fornecidos pelos levantamentos de Almeida (2003)
em relação à preferência dos postulantes, são idênticos aos critérios de
escolha constatados pelos candidatos à adotantes no dia-a-dia. 
Ainda segundo o autor, em decorrência dos atos seletivos e irredutíveis dos
postulantes à adoção, as crianças e os adolescentes que não se enquadram nos
perfis estabelecidos, ficam por mais tempo nas instituições para menores, e
quando são adotadas configuram outro quadro estatístico, o das adoções tardias.
De acordo com Camargo (2006, p. 91), 
Os mitos que constituem a cultura da adoção no Brasil, apresentam-se como
fortes obstáculos à realização de adoções de crianças com idade fora dos
padrões, portanto, mais velhas, pois potencializam crenças e expectativasnegativas ligadas à prática da adoção tardia. 
Camargo (2006, p. 226) explica que: 
os candidatos à adoção optam pela adoção de crianças com idade menor possível,
buscando a possibilidade de uma adaptação tranqüila na relação de pai e filho,
com desejos de imitar o vínculo biológico-sanguíneo, uma vez que sonham
acompanhar integralmente o desenvolvimento físico e psicossocial, que se
manifestam desde as primeiras expressões faciais, como o sorriso, e movimentos
dos olhos acompanhando objetos e demonstrando o reconhecimento das figuras
parentais, além das primeiras falas e passos.
O mesmo autor enfatiza, que o procedimento adotado por esses candidatos a
adotantes contribuem para que as crianças consideradas idosas fiquem no final
da fila de espera, em virtude de mitos e crendices que pairam sobre o
pensamento e atitudes da sociedade, prejudicando dessa forma, o processo de
adoção. 
Camargo (2006, p. 226) justifica que: 
Os postulantes a adotantes receiam que a criança com mais idade tenha mais
dificuldades para se adaptarem aos costumes de uma outra família, por
acreditarem que a personalidade da criança já está formada, com o caráter
definido, rotulando-as como um caso sem solução, cheia de vícios, má educadas e
com falta de limites, procedimentos apontados como irreversíveis, impossíveis
de controle. 
Neste sentido, Santos (1997, p. 163) contribui: 
[...] Este é outro mito na adoção, que eventuais problemas comportamentais
apresentados pelos filhos adotivos decorrem [...] do meio social onde a criança
viveu seus primeiros anos (nos casos de adoções tardias) e, neste caso,
evita-se o problema adotando-serecém nascidos. 
Vargas (1998, p. 35) diz que: 
É Importante salientar que, toda criança adotada tem um histórico de abandono
ou orfandade e tal fato deve ser respeitado e levado em consideração por todos.
Quanto maior idade a criança ou o adolescente tiver, mais precisarão da
presença constante de uma família, a fim de se sentirem aceitas e amadas, para
que assim, possam se adaptar e reescrever uma história totalmente diferente da
vida que conheciam, justificando: A adoção tardia, assim como a inter-racial,
impossibilitam o "fazer de conta que é biológico", por isso, estas
duas modalidades de adoção sumariamente são descartadas. 
De acordo com o autor, o processo de transformação cultural e de ordem social
que vive a adoção na atualidade, passando da imitação da biológica para a
expressão de um direito da criança e do adolescente, o direito pertinente e
constitucional de crescer e desenvolver numa família e não numa instituição de abrigo,
vem contribuindo para que um número cada vez maior de crianças e adolescentes
possam sonhar com uma adoção. No entanto, o índice de candidatos a adotantes
que possam realizar tal sonho, ainda é consideravelmente pequeno.
Ainda segundo o mesmo autor, não é impossível aumentar o contingente de adoções
tardias no País. Trabalhos de preparação se tornam relevantes, no sentido de
orientar e sensibilizar os candidatos à adoção, incentivando, esclarecendo
mitos, preconceitos, tabus que cercam o complexo mundo de quem apenas sonha em
ter uma família, dar e receber amor, sem maus tratos; menores que desejam
apenas brincar de ser feliz, de conseguir outros caminhos, paraquem
a vida deixou apenas um caminho sem perspectiva, um beco sem saída, um túnel
sem luz. 
Para Vargas (1998, p. 35), 
É importante mencionar que, tanto na adoção tardia, como na vida em si, as
chances de sucesso ou fracasso das relações que se estabelecem no meio social,
dependem da capacidade de suporte, amor, entrega, trocas afetivas, confiança,
companheirismo, amizade, dentre outros, entre os protagonistas. 
Para o autor, deve-se prevenir o abandono e simultaneamente trabalhar o
instituto da adoção, principalmente a tardia, iniciando a intervenção pelos
profissionais do judiciário, criando objetivos através de informações junto às
instituições que abrigam crianças e todos os segmentos da sociedade no sentido
de criar campanhas de conscientização sobre adoção de crianças e adolescentes,
retratando a vida diária desses grupos em instituições, abrigos ou em situações
de abandono e risco, criando centros de apoio para que cadastrem e orientem
responsáveis que desejam apresentar crianças carentes, para que seja feita uma
triagem e encaminhamento aos Conselhos Tutelares junto às instituições, promovendo
esclarecimento sobre o processo de adoção, bem como criar centros de apoio à
adoção com a inserção de pessoas que já fizeram parte desse processo, com o
objetivo de possibilitar a troca de experiências. 
Dessa forma Santos (1997, p. 164) afirma que: 
Ainda que deva respeitar os limites e opções dos requerentes, faz-se
necessário, iniciar um trabalho voltado para a mudança de mentalidade no que se
refere à adoção de modo a possibilitar uma superação de pelo menos parte dos
equívocos e preconceitosque envolvem este processo. 
Para Santos, (1997, p. 164), 
É fundamental frisar que a adoção não deve ser a solução única para crianças e
adolescentes em situação de abandono, é preciso que haja políticas públicas no
sentido de dar suporte aos adotantes para que essas crianças sejam mantidas
longe das instituições para menores, que por muitas vezes acabam se tornando
escolas de vida sob uma ótica negativa, tornando menores sob custódia, reféns
das próprias instituições e alvos vulneráveis de outros menores já experientes
no mundo do crime e práticas ilícitas, tornando-se um perigo visível para quem
convive nesses ambientes, que longe da proteção que deveriam oferecer acabam
permitindo que os menores se tornem cada vez mais experientes no mundo ilícito,
graduados e pós-graduados no mafioso mercado criminológico, onde, diariamente,
centenas de menores são inseridos na sociedade, sem a devida base para o
exercício de sua cidadania plena, de fato e de direito, e alguns têm suas vidas
ceifadas em virtude de envolvimentos com tráfico de drogas e guerras entre
gangues. 
O autor também salienta, que ao negar à criança o direito de inserir-se num
contexto familiar, a sociedade está promovendo uma interferência determinante
em seu processo de constituição e, conseqüentemente, em seu modo de ser e estar
no mundo. 
Nesse sentido, Segundo Vargas (1998, p. 35) diz que: “a adoção de crianças
maiores de dois anos de idade, já se configura, adoção tardia, onde se encontra
o maior obstáculo, uma vez que os adotantes insistem por um procedimento
seletivo de crianças mais novas e ainda com uma série de exigências.”Segundo
o
autor, essas exigências evidenciadas pelos postulantes à adoção talvez, estejam
voltadas para o real desejo de moldar essas crianças em seus comportamentos e
atitudes, fazendo com que as mesmas vivam em conformidade com aquilo que
determinam uma forma discreta de impor sua autoridade quanto ao posicionamento
da criança diante de fatos da vida, uma medida que tanto pode gerar benefícios
como pode se tornar nociva, já que a sua verdadeira personalidade acaba sendo
anulada, tendo que se adequar aos novos costumes e hábitos de pessoas, até
então, totalmente desconhecidas e que possuem pensamentos totalmente
divergentes daqueles a que estava acostumada, o que acaba por lhe tolher sua
forma de ser, pensar, sentir e agir.
O SERVIÇO SOCIAL NO PODER JUDICIÁRIO: ENTENDENDO O TRABALHO DO ASSISTENTE
SOCIAL NO PROCESSO DE ADOÇÃO
Consideramos que o assistente social está investido de um saber / poder que
pode ser convertido em verdade e servir como prova nos autos e que, de uma
maneira ou de outra, exerce o poder simbólico a ele está submetido. 
Frente às demandas sociais, esses profissionais, que detinham um saber
específico cerca das relações sociais e familiares e dos problemas sociais
enfrentados pelo Judiciário nas ações, ocuparam cada vez mais os espaços dentro
da estrutura funcional do Tribunal. Com formação generalista o assistente
social passou a ter na Justiça de Menores, espaço privilegiado de ação. O
inicio da profissão no Brasil se dá como execução de políticas sociais voltadas
para amenizar as expressões da questão social e ocultar, aos olhos do povo á
contradição do sistemaindustrial. 
O assistente social pode ser considerado o profissional pioneiro a fazer parte
formalmente da estrutura do Poder Judiciário e ter desenvolvido uma modalidade
de intervenção apropriada para dar as respostas demandadas pela organização
Judiciária. 
Logo, o trabalho do assistente social no processo de adoção tem como principal
objetivo corresponder ás demandas dos usuários dos serviços prestados,
garantindo acesso aos direitos. Para isso o assistente social utiliza vários
instrumentos e técnicas de trabalho tais como: visita domiciliar, perícia
social, entrevistas, estudo social, parecer social, entre outros. 
Assim, o assistente social é responsável por fazer analises da realidade social
e institucional, a fim de intervir na melhoria das condições de vida da criança
e do adolescente no processo de adoção. É necessário ressaltar que é de grande
importância o trabalho do assistente social no processo de adoção, pois por
meio de perícias e estudos sociais estes profissionais intervêm no processo
dando um direcionamento ao caso de maneira profissional e legalizada.
OBJETIVOS 
OBJETIVO GERAL:
Mostrar as possibilidades de pessoas se tornarem adotantes, podendo, dessa
forma, promover uma vida saudável e normal para crianças que nunca conheceram o
carinho do convívio no seio de uma família. 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
â–  Promover uma reflexão Psicológica entre adotantes e adotados; 
â–  Analisar os procedimentos que candidatos à adoção devem seguir; 
â–  Estimular pessoas para que se habilitem a adotar crianças maiores,
adolescentes e adultos, não se prendendo apenas ao estigma da adoção debebês; 
â–  Analisar a elevada ansiedade por parte de quem espera pela adoção; 
METODOLOGIA
Para o alcance dos objetivos deste trabalho utilizou-se pesquisa exploratória. 
Conforme Selltiz et al.,
(apud Gil, 2002, p. 42): Pesquisas exploratórias são desenvolvidas com o
objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a
torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. [...] seu planejamento é,
portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais
variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas
envolvem: levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que
estimulem a compreensão. 
Desta forma, a pesquisa exploratória procurou, através de levantamento
bibliográfico, garantir informações sobre os ao direitos inerentes a um cidadão
adotado, bem como, viver em uma entidade familiar por adoção indiferente a sua
idade. 
INSTRUMENTOS DE COLETA
As técnicas para esta coleta serão através de pesquisa bibliográfica. 
A pesquisa bibliográfica busca descrever a opinião de diversos autores sobre o
assunto, com objetivo de conceder ao adotado condição familiares semelhante ao
cidadão que vive no seio de uma família convencional, independente de qual seja
a sua idade. 
De acordo com Siqueira (2005, p. 85) “compreende por pesquisa bibliográfica o
conjunto dos livros e texto científicos produzidos referentes a certo tema,
sendo a pesquisa bibliográfica o exame daqueles, para levantamento e análise do
que já foi produzido”. 
Utilizou-se a pesquisa bibliográfica,buscando colaborações de inúmeros
investigadores e autores que tratam do objeto da pesquisa.
FONTES PARA COLETAS DE DADOS 
Para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se a fonte secundárias. 
Andrade (2001, p. 43) explica: As fontes secundárias referem-se a determinadas
fontes primárias, isto é, são constituídas pela literatura originada de
determinadas fontes primárias e constitui-se em fontes das pesquisas bibliográficas.[...]”
Para o trabalho em estudo utilizou-se a fonte secundária, pela a necessidade de
um estudo mais aprofundado sobre o tema do projeto, qual seja adoção tardia.
CRONOGRAMA
ATIVIDADE
JAN.
2013
FEV.
2013
MAR.
2013
ABR.
2013
MAI.
2013
JUN.
2013
JUL.
2013
AGO.
2013
SET.
2013
OUT.
2013
Formulação de problema de pesquisa, objetivo e tópicos a serem pesquisados.
Entrega problema, objetivo e 3 tópicos.
Justificativa e Introdução (Referencial Teórico)
Metodologia e Instrumentos
Revisão de Literatura
Cronograma e Anexos
Referencias Bibliográfica
Entrega Final do Projeto de Pesquisa -Grupo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ALBERGARIA, Jason Soares. Introdução ao Direito do Menor. Belo Horizonte: UNA,
1980. 
ALMEIDA, Maurício Ribeiro de. A Construção do afeto em branco e negro na adoção
- Assis, 2003. 
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico.
5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 
CAMARGO, Mário Lázaro. Adoção Tardia: mitos, medos e expectativas. São Paulo: Edusc, 2006. 
Código de Menores, Decreto 17.943-A de 12.10.1927 
Código de Menores, Lei Nº 6.697 de10.10.1979 
Código Civil, Lei 3.071 de 01.01.1916 
CRETELLA JR. José. Curso de Direito Romano: O Direito Romano e o Direto Civil
Brasileiro. 15. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1993. 
Estatuto da Criança e do Adolescente, instituído pela Lei 8.069 no dia
13.07.1990 
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GATELLI, João Delciomar. Adoção Internacional: de
acordo com o novo Código Civil: procedimentos legais utilizados pelos países do
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GOMES, Orlando. Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense, 1995. 
KALOUSTIAN, Sílvio Manoug. Família Brasileira: a base
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LEI 6.697 de 10.10.79 
LEI 8.068 de 13.07.1990 
LEI de Adoção 12.010 de 03.08.2009. 
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Paulo: Saraiva, 1997.
MARCÍLIO, Maria Luíza. História Social da Criança Abandonada. São Paulo: Hucitec, 1998.
MONTEIRO, Sônia Maria. Aspectos Novos da Adoção. Rio de Janeiro: Forense, 1997.
PASTORELLI, I. M. Manual de imprensa e de mídia do estatuto da criança e do
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. V.5. Rio de
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Revista Serviço Social & Sociedade. São Paulo, n. 54, ano XVIII, p.
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SIQUEIRA, Maria Aparecida Silva. Monografias e teses: das normas técnica ao
projeto de pesquisa. Brasília:Consulex, 2005. 
VARGAS, M. M. Adoção tardia: Da Família Sonhada à Família Possível. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 1998 .
WEBER Lídia Natalia Dobrianskyj. Laços de Ternura:
pesquisas e histórias de adoção. Curitiba: Santa Mônica, 1998.
São Paulo (Estado). Corregedoria Geral da Justiça. Núcleo de Apoio Profissional
de Serviço Social e Psicologia. Atuação dos Profissionais de Serviço Social e
Psicologia – infância e juventude: Manual de procedimentos técnico. São Paulo,
2006. 
SIMÕES, Carlos. Curso de direito do Serviço Social – Biblioteca Básica do 
Serviço Social. 3° ed. São Paulo: Cortez, 2009.
ANEXO I
ENTREVISTA AO ADOTANTE
Dados pessoais
Nome:..........................................................................................................................
Idade:........................................................Escolaridade:...........................................Sexo:...........................................................Estado
Civil:...........................................
Casada:..............................................
Profissão:.......................................................
Renda
familiar:...........................................................................................................
Questões da Pesquisa
1) O que levou a opção pela adoção tardia?
2) Quais as dificuldades encontradas na adoção? 
3) Como foi que se deu o processo de adoção? 
4) A família possui filhos legítimos?
5) Como se preparou para tornar-se candidata(o) a adoção? 
6) Quais sentimentos vinculados a adoção? 
7) Em que momentofamiliares, amigos, rede social,
foram informados sobre
a adoção? 
8) Foram percebidos preconceitos de outras pessoas para com vocês em relação à
adoção tardia? O próprio casal já havia vivenciado anteriormente momentos de
preconceitos para este tipo de adoção? 
9) A possibilidade da criança ter problemas / trauma pela rejeição da família 
de origem é considerada? 
10) Como a família, amigos reagiram com a notícia da adoção? 
11) Houve influencia por parte da família, amigos quanto a adoção? 
12) Que sugestões poderiam ser dadas para pessoas que desejam adotar crianças
maiores?
ANEXO II
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, __________________________________________________________________,
declaro que responderei voluntariamente as questões, as quais compõem um
Projeto de Pesquisa elaborado por Assistentes Sociais_________________estudantes
regularmente matriculada no Curso de Serviço Social disciplina Introdução ao
Trabalho Científico.
Estou ciente e autorizo que as respostas sejam utilizadas em seu Curso por:
____________________________desde que mantido o sigilo ético de não
identificação do meu nome.
São Paulo,............................. de....................de 2013.
Ass. Entrevistado:
_____________________________________________________________________
Ass. Entrevistadora:
ANEXO III
Adoção sem fronteiras
Os brasileiros começam a superar os preconceitos e aceitar crianças que estavam
fadadas a crescer em abrigos: negras, mais velhas e com necessidades especiais
COMPORTAMENTO
|  N° Edição:  2256 |  07.Fev.13 - 23:59 |  Atualizado
em18.Nov.13 - 14:10
Laura Daudén
O ano era 1973. O Brasil da ditadura militar ainda nem sonhava com um estatuto
que garantisse o direito das crianças e dos adolescentes, que só chegaria em
1990, após a redemocratização. Em Curitiba, no Paraná, Hália
Pauliv, hoje com 75 anos, adotava duas meninas, ambas
de pele branca, tal como a sua, e ainda bebês, como a sociedade preconizava.
“Adotei num tempo em que havia muito preconceito. Só se escolhiam bebês e os
maiores iam para reformatórios”, diz Hália, que
atualmente coordena um grupo de apoio chamado Adoção Consciente. A
transformação ocorrida nessas últimas quatro décadas pode ser ilustrada na
experiência de uma de suas filhas, Fernanda, 39 anos. Em 2009, ela adotou as
irmãs Maria Vitória, hoje com 8 anos, e Elizabete, de 11. No passado, adoções
como essas, envolvendo crianças mais velhas, negras, grupos de irmãos ou com
algum tipo de deficiência eram consideradas quase impossíveis. Com isso, essas
pessoas fatalmente perdiam a oportunidade de recomeçar suas histórias em uma
nova família. Mas números divulgados no fim de janeiro pelo Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), órgão responsável pelo Cadastro Nacional de Adoção (CNA),
mostram que o Brasil está se redimindo desses longos anos de preconceito. Os
pretendentes estão cada vez menos exigentes com relação à cor da pele, ao sexo
e à idade. Além disso, ainda que de maneira mais lenta, estão mais abertos a
adoções especiais, de crianças portadoras de algum tipo de enfermidade ou
deficiência. Essa tendência, já bastante consolidada entre os adotantes
estrangeiros, começa a diminuir as brutais diferençasentre
o perfil requerido pelos pais e a realidade das crianças abrigadas no País.
Em 2010, 31% dos inscritos no cadastro se diziam indiferentes à cor da pele.
Hoje, são 38%. 
A mesma variação se vê no caso da idade. Há dois anos, quase 20% dos
pretendentes exigiam crianças menores de um ano. No último levantamento do CNA,
eles somam apenas 16% (leia quadro). O coordenador de Infância e Juventude do
Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo, Antonio Carlos Malheiros, explica que a
adoção de crianças mais velhas já é uma realidade no caso das adoções
internacionais. Segundo um levantamento do TJ feito entre janeiro e junho de
2012, 36 das 49 adotadas por estrangeiros no Estado tinham mais de 6 anos. Para
o desembargador, a mudança que estamos vivendo é reflexo da nova lei de adoção,
de 2009. Ela obriga que os adotantes passem por uma orientação junto aos grupos
de apoio antes de serem habilitados. “Esse trabalho de conscientização fez
determinados preconceitos cair por terra”, afirma. A percepção é compartilhada
por Silvana do Monte Moreira, presidente da Comissão Nacional de Adoção do
Instituto Brasileiro de Direito da Família (Ibdfam).
“A gente deve apresentar aos pretendentes a realidade nua e crua. A maior parte
das crianças é negra, tem mais de 5 anos e algum tipo de doença”, diz. “Isso
tem aberto o coração das pessoas para o fato de que filho a gente não escolhe,
filho chega.”
Justamente por não se tratar da escolha de um produto em um supermercado, a
adoção não está imune a eventuais conflitos e problemas, assim como acontece
com a criação de um filho biológico. “Para muita gente, a adoção é umsonho, e não funciona assim”, afirma a administradora
pública Cristiane Pinto, 35 anos, mãe de Aline, 16, adotada há quatro anos. “A
nossa filha veio com uma bagagem muito pesada e a gente percebia isso nos
pesadelos, na saúde, nas reações inconstantes. Tivemos de ter paciência,
dialogar e dar
muito amor para vencer essas barreiras.” É esse tipo de
experiência que vem sendo compartilhada nos 124 grupos de adoção formais e
informais espalhados pelo País, segundo a Associação Nacional de Grupos de
Apoio à Adoção. Eles vêm ajudando a desfazer mitos e a orientar os pais nos
momentos mais difíceis. Roberto Beda, presidente do
Grupo de Apoio à Adoção de São Paulo (Gaasp), afirma
que, nos encontros que acontecem mensalmente e reúnem pretendentes e pais que
já adotaram, os participantes têm a oportunidade de trocar informações sobre
como proceder, por exemplo, em casos de regressão – uma reação bastante comum
nas adoções tardias. “As crianças têm comportamentos que não condizem com a sua
idade. Chupam chupeta, fazem xixi na cama. É como se eles tivessem que renascer
na nova família”, diz. Beda afirma que esse é um
indicador positivo de adaptação, mas pode ser mal interpretado se os pais não
tiverem conhecimento anterior.
Foi justamente a participação em um desses grupos que revirou o entendimento
que a oficial de justiça Paula Cury, 43 anos, tinha sobre a adoção. “Em 2006,
quando dei entrada na minha habilitação, achava que só se adotavam bebês”, diz.
Hoje ela é mãe de Rodrigo, 6 anos, diagnosticado com paralisia cerebral, de
Maria Luiza, 5 anos, portadora do vírus HIV, dos irmãos biológicos Laura, de
15,e Alexandre, 13, além de Maria Eduarda, que tem 7 anos e sofre de hidroanencefalia, macrocefalia, paralisia cerebral grave e
epilepsia. Ela também coordena um fórum na internet com a intenção de informar
as pessoas sobre a adoção de crianças com alguma necessidade especial. “Não
pode ser um ato de caridade, porque você logo vai cobrar da criança uma
gratidão que não existe. A adoção tem de ser muito consciente”, afirma.
Esse entendimento cuidadoso do processo, que preza pela real capacidade do
adotante de satisfazer os interesses da criança, ficou plasmado na nova lei de
adoção. Nela, o Estado brasileiro vê os pretendentes como parte da solução para
o problema das crianças sem família, e não o contrário. “Não se buscam crianças
adequadas às famílias, mas famílias adequadas às crianças”, diz Roberto Beda. É importante, portanto, que pais e mães que desejam
adotar tenham plena consciência do que os motiva. Segundo a psicóloga Cintia
Liana Reis de Silva, que atua na organização italiana Senza
Frontiere Onluz de adoção
internacional, é preciso identificar o que desperta o desejo de adotar. “Se a
vontade do adotante é legítima e saudável, o sucesso está quase garantido”,
afirma.
A analista de departamento pessoal Andréa Sampaio, 40 anos, carregou essa
vontade desde a infância. Quando pequena, pediu que sua mãe lhe comprasse uma
boneca negra que vinha com certificado de adoção. A certeza de que seria mãe
adotiva foi compartilhada mais tarde com o marido, Eduardo Giraldi,
e culminou com a adoção, em 2003, de um menino negro de apenas 3 meses que
estava abrigado em Salvador, na Bahia. “As pessoas nãoqueriam
fazer uma adoção inter-racial por ter medo de falar sobre adoção”, diz. Diego,
hoje com 9 anos, logo pediu uma irmã aos pais. Vitória chegou em 2008, aos 2
anos e meio, depois de ser abandonada em um centro de acolhimento, em São
Paulo. Sobre o preconceito, Andréa sentencia: “As mudanças culturais que
geraram novas estruturas familiares estão abrindo caminho para a quebra dos
velhos estigmas.” Além disso, recentes estudos mostram que a aceitação e a
vivência da diversidade pela família são positivas para o desenvolvimento dos
adotados. Uma pesquisa publicada em 2010 pela professora Gina Miranda Samuels, da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos,
revela que o aprofundamento da identidade racial é extremamente importante para
o filho fruto de uma adoção inter-racial – conclusão que coloca em juízo a
prática de não assumir as diferenças na cor da pele. Esse tipo de
esclarecimento é fundamental para quem se sente inseguro na hora de delimitar o
perfil da criança a ser adotada.
“Nós nunca sofremos nenhum tipo de preconceito, mas eu vivo me preparando para
isso”, afirma a gerente de marketing Maria Aparecida Vasconcelos, mãe de
Catarina, 4 anos, que foi adotada há um ano e meio, em São Paulo. A sua
estratégia para trabalhar as diferenças é a transparência. “Ainda que ela veja
tudo de maneira lúdica, explico que ela não nasceu da minha barriga, apesar de
eu ser sua mãe.” A mesma filosofia foi aplicada por Alessandra Marangoni, mãe
da menina N.L., que hoje tem 2 anos e cuja mãe
biológica era portadora de HIV. “N.L. não nasceu de
mim, mas para mim. Ela tem uma história que precisa ser respeitadae
eu não vou tirar esse direito dela”, afirma. Sobre a decisão de adotar uma
criança com possibilidade de ter Aids – recentes
exames constataram que ela era negativa para o vírus –, Alessandra afirma que
tinha mais medo de que um de seus dois filhos biológicos morresse de asma. “É
uma doença? É. Tem chance de morte? Tem. Mas não é um bicho de sete cabeças.”
Dados do CNJ de 2012 mostram que 1107 crianças aptas à adoção têm problemas de
saúde. Dessas, 144 têm o HIV.
A Associação Paranaense Alegria de Viver (Apav), de
Curitiba, é um dos centros de acolhimento que recebem apenas portadores do
vírus. Ao longo de duas décadas, a organização já atendeu mais de 120 crianças
e jovens. A fundadora Maria Rita Teixeira, 60 anos, que tem três filhos
biológicos e um adotado, ressalta que, uma vez superado o preconceito, o mais
difícil é transpor os obstáculos da Justiça. “As crianças que recebemos são
encaminhadas pelo juiz e logo esquecidas. As destituições familiares,
essenciais para as adoções, simplesmente não acontecem.” Uma situação similar
impediu que, em 2010, Aristéia Rau,
48 anos, e seu marido Alberto, 55, adotassem quatro crianças portadoras de HIV
em Curitiba. Mesmo depois de conseguir a guarda de duas crianças do Rio de
Janeiro, Mateus, 15 anos, e Daniele, 11, o casal resolveu se manifestar contra
a falta de justificativas da Vara da Infância e fundou o Movimento Nacional das
Crianças Inadotáveis (Monaci). O objetivo é chamar a atenção
para os abrigados que ainda não estão na lista do CNA por conta da demora nos
processos. “A situação das crianças em abrigos é uma verdadeira caixa-preta”, afirmaAristéia. O CNJ estima que 43.915 crianças estejam em
centros de acolhimento em todo o País. Dessas, apenas 5.499 estão aptas à
adoção.
Gabriel Matos, juiz auxiliar do conselho, afirma que “existe um preconceito de
que a criança destituída ficará sem família durante o período de acolhimento, o
que gera certa letargia do Judiciário na hora de julgar esses casos”. Para
resolver esse problema, o Conselho promete adotar um sistema integrado de
informações com o Ministério Público e o Ministério de Desenvolvimento Social e
fazer um levantamento do número de crianças abrigadas que ainda precisam passar
pelo processo. Segundo a juíza Maria Lucia de Paula Espíndola,
da 2ª Vara da Infância e Juventude de Curitiba, a destituição deveria durar até
120 dias, mas a dificuldade de encontrar todos os familiares e conseguir todas
as negativas necessárias para entregar a criança à adoção atrasa o processo.
“Entendemos que os trâmites não podem ser rápidos porque temos de ter
responsabilidade. Mas é fato que nosso Judiciário não está bem estruturado”,
afirma Antonio Carlos Malheiros. “As nossas varas ainda não são especializadas
e precisamos quadruplicar o número de técnicos.” Considerando que, apesar da
paulatina mudança de comportamento dos brasileiros, o passar do tempo ainda
reduz substancialmente as chances de essas crianças serem adotadas, a mudança é
urgente.
Foto: Frederic Jean/Ag.
Istoé; Guilherme Pupo; Pedro Dias, Gabriel Chiarastelli - Ag. Istoé
Fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/274274_ADOCAO+SEM+FRONTEIRAS
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