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1 IV SAMPA IV SIMPAPASTO 2 IV SAMPA IV SIMPAPASTO IV Simpósio de Adubação e Manejo de Pastagens 3 IV SAMPA IV SIMPAPASTO UNESP - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas Câmpus de Dracena IV SAMPA - SIMPÓSIO DE ADUBAÇÃO E MANEJO DE PASTAGENS IV SIMPAPASTO – SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL A PASTO DRACENA - 2017 TEMA: SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA PRODUTIVO Reges Heinrichs Cecílio Viega Soares Filho Carolina dos Santos Batista Bonini ORGANIZADORES 4 IV SAMPA IV SIMPAPASTO CONSELHO EDITORIAL ACADÊMICO RESPONSÁVEL PELA PUBLICAÇÃO DESTA OBRA Profa Dra Cristiana Andrighetto Profº Drº André Rodrigues dos Reis Drº Adônis Moreira 5 IV SAMPA IV SIMPAPASTO Rod. Cmte João Ribeiro d eBarros, km 651. Bairro das Antas. CEP:17.900-000. Dracena, SP. Telefone (18) 3821-8200 Fax: (18)3821-8200 www.dracena.unesp.br/sampa genap@dracena.unesp.br 6 IV SAMPA IV SIMPAPASTO COORDENADOR DO SAMPA/SIMPAPASTO Prof. Dr. Reges Heinrichs COMISSÃO ORGANIZADORA Prof. Dr. Reges Heinrichs Profa Dra Carolina dos Santos Batista Bonini Prof. Dr. Cecílio Viega Soares Filho Profa Dra Cristiana Andrighetto Prof. Dr. Gelci Carlos Lupatini Prof. Dr. Gustavo do Valle Polycarpo Dr. Gustavo Pavan Mateus COMISSÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA Profa Dra Carolina dos Santos Batista Bonini Prof. Dr. Reges Heinrichs Prof. Dr. Cecílio Viega Soares Filho Profa Dra Cristiana Andrighetto Prof. Dr. Hamilton Caetano COORDENAÇÃO DA SEÇÃO POSTER Profa Dra Carolina dos Santos Batista Bonini Profa Dra Cristiana Andrighetto COORDENAÇÃO DO DIA DE CAMPO PETZoo - Programa de Educação Tutorial do Curso de Zootecnia GENAP - Grupo de Experimentação em Nutrição e Adubação de Plantas NUPEE - Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Pastagem e Bovinocultura de Corte 7 IV SAMPA IV SIMPAPASTO ENTIDADES PROMOTORAS Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP) UNESP – PROEX FUNEP STOLLER AEARD/MÚTUA - Dracena, SP FUNDAÇÃO AGRISUS KOCH/SUPER N IPNI FENIX/Quimifol Universidade Estadual de Maringá (UEM) Universidade Estadual de Londrina (UEL) Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UFTPR Câmpus Dois Vizinhos) Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) 8 IV SAMPA IV SIMPAPASTO PREFÁCIO A primeira edição do SAMPA – Simpósio de Adubação e Manejo de Pastagens e do SIMPAPASTO – Simpósio de Produção Animal a Pasto foi em 2011. A quarta edição dos eventos será realizado nos dia 07 a 09 de julho de 2017, em Dracena, SP. O SAMPA é promovido pelo GENAP - Grupo de Experimentação em Nutrição de Plantas e PETZoo - Programa de Educação Tutorial em Zootecnia, com o apoio da FCAT – Faculdade de Ciências Agrárias e Tecnológicas, UNESP/ Campus de Dracena. Com edição bienal, sempre abrande assuntos relacionados a adubação e manejo de pastagens, com as palestras publicadas no site http:// www.dracena.unesp.br/sampa, de acesso livre, para ampliar a divulgação técnica/ científica. Em 2014, foi publicado o primeiro livro, organizado pelos professores Reges Heinrichs e Cecílio Viega Soares Filho, com resultados e discussão dos assuntos apresentados no evento, sob o título “Adubação e Manejo de Pastagens”, pela editora Boreal e ISBN 978-85-99286-91-3. O SIMPAPASTO também é um evento com edição bienal, no entanto com característica itinerante, com edições já realizadas em Maringá, (2011), Londrina (2013) e Dois Vizinhos (2015), todos no Estado do Paraná. Todas as edições produziram um material bibliográfico com registro ISBN 978-85-66208- 04-7. Para a quarta edição foi proposta a realização do evento no Estado de São Paulo, devido a sua expansão e sucesso nas edições anteriores. Dessa maneira, em Dois Vizinhos foi deliberado que o próximo evento seria realizado em Dracena, SP, juntamente com o SAMPA e organizado pelo GENAP, PETZoo e NUPPE. Os eventos serão organizados com o envolvimento de diversas instituições, que amplia a participação de distintos ambientes de produção e a difusão das informações tecnológicas. Foi reservado o teatro municipal de Dracena que possui espaço físico amplo e acomoda confortavelmente cerca de 400 pessoas. 9 IV SAMPA IV SIMPAPASTO SUMÁRIO 1-Como melhorar o desempenho econômico financeiro em sistemas de produção de pecuária de corte..................................................................................... 10 Antonio Siciliano, Alberto Moure Belantani, Cecilio Viega Soares Filho, Hamilton Caetano, Max José de Araujo Faria Júnior, Luiz Eduardo Corrêa Fonseca 2-O pastoreio rotatínio............................................................................... 20 Jean Carlos Mezzalira, Lidiane Fonseca, Claudio G. Porto, Davi Teixeira dos Santos, Thales Baggio Portugal, Leonardo S. Szymczak, Paulo César de Fácio Carvalho, 3-Manejo de bermudagrass e pastagens consorciadas nos Estados Unidos... 34 João Mauricio Bueno Vendramini, João Marcelo Dalmazo Sanchez 4-Integração Lavoura-Pecuária: oportunidade para aumento da rentabilidade e estabilidade produtiva................................................................................. 46 Alvadi Antonio Balbinot Junior, Julio Cezar Franchini, Henrique Debiasi 5-Estado da arte e fatores intrínsecos na física de solos no manejo de pastagens ................................................................................................................. 58 Carolina dos Santos Batista Bonini; Reges Heinrichs; Nídia Raquel Costa, Guilherme Constantino Meirelles 6-Novo enfoque na adubação e nutrição nitrogenada em pastagens............. 76 Reges Heinrichs, Guilherme Constantino Meirelles, Maikon Vinícius da Silva Lira, Thiago Bergamini Ibanez, Carolina dos Santos Batista Bonini, Cecílio Viega Soares Filho 7-Qualidade alimentar de pastejo na mitigação de carbono.......................... 88 Valdinei Tadeu Paulino, Fábio Prudêncio Campos, Marcia Atauri Cardelli Lucena, Tiago Simey Paulino 8- Novas alternativas de cultivares de forrageiras e melhoramento para a sustentabilidade da pecuária...................................................................... 107 Liana Jank, Mateus Figueiredo Santos, Cacilda Borges do Valle, Sanzio Carvalho Barrios, Rosangela Simeão 9-Conforto térmico e bem-estar animal em pastagem: um desafio para a pecuária tropical.................................................................................................... 118 Fabiana Villa Alves, Valdemir Antônio Laura, Roberto Giolo de Almeida, Nivaldo Karvatte Junior 10 IV SAMPA IV SIMPAPASTO COMO MELHORAR O DESEMPENHO ECONÔMICO FINANCEIRO EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE PECUÁRIA DE CORTE Antonio Siciliano1, Alberto Moure Belantani2, Cecílio Viega Soares Filho3, Hamilton Caetano3, Max José de Araujo Faria Júnior3, Luiz Eduardo CorrêaFonseca3 1 Prof. MSc. Faculdade de Medicina Veterinária, DAPSA, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e Universidade Paulista (UNIP), Araçatuba, SP. E-mail: professor.siciliano@gmail.com. 2 Eng. Agr. BR PRO Agroambiental, Araçatuba, SP. 3 Prof. Dr. Faculdade de Medicina Veterinária, DAPSA, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Câmpus de Araçatuba, Araçatuba, SP. RESUMO O crescimento populacional estimado para os próximos anos gera uma perspectiva de aumento na demanda por alimentos como a carne bovina. No entanto, o sistema produtivo de gado de corte terá que se adaptar ao novo cenário nacional e internacional, que demanda produtos oriundos de sistemas sustentáveis (Ambiental, econômico e social), focados na segurança alimentar, além da concorrência com a agricultura, cana-de-açúcar, madeiras, carne de frango e suína. O uso de tecnologias como suplementação nutricional estratégica, melhoramento genético, manejo de pastagens, integração da pecuária com sistemas agrosilvipastoris, em conjunto com ferramentas gerenciais e estratégias de comercialização, incrementaram a produção e aumento da produtividade com melhoria das métricas na produção da pecuária de corte no Brasil, com características de um sistema sustentável de acordo com as novas exigências de mercado para um produto com valor agregado, socialmente justo, ambientalmente correto e viável economicamente para o produtor e a agroindústria. A economia brasileira tem passado por rápidas transformações nos últimos anos e nesse contexto, ganham espaço novas concepções, ações e atitudes onde produtividade, controle dos custos de produção e eficiência se impõem como regras básicas de sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado. INTRODUÇÃO A pecuária de corte brasileira é um dos pilares do agronegócio do país. Em 2015 o valor bruto da produção de carne bovina foi de R$ 78,5 bilhões, atrás apenas do complexo soja; constata-se através de números do VBP que em 2016 foi de 74 bilhões com estimativa para 2017 de 72,5 bilhões com queda 11 IV SAMPA IV SIMPAPASTO de 7,64% entre 2015 e o estimado de 2017 (BRASIL, 2017). A cadeia produtiva da carne movimenta R$ 185,5 bilhões por ano. Em 2015 o país produziu 9,56 milhões de toneladas de carne bovina, dos quais cerca de 7,68 milhões de toneladas foram destinadas ao mercado interno e 1,88 milhões de toneladas foram destinadas ao mercado externo (CONAB, 2016). A pecuária extensiva tradicional, entre as décadas de 60 a 90, apresentou uma boa lucratividade. Por ser praticada em terras de boa fertilidade natural, proporcionando ganhos de 100 a 300 Kg de peso vivo por hectare ao ano e com rentabilidade de 14 a 26% ao ano, o investimento era pago com três a cinco anos de exploração. Devido a aquisição de terras inicialmente, visando à implantação de pastagens para exploração da pecuária de corte, ter demandado pouco capital, o aumento no valor real da terra ocorrido até a década de 90, em torno de 1000 a 2000%, proporcionou maior lucratividade da exploração (ANUALPEC, 1996). Até este momento era mais viável investir o lucro na aquisição de animais e terra do que na manutenção da fertilidade do solo das áreas em exploração. Pôr ter sido um negócio lucrativo e atraente no passado, o setor foi avesso a rupturas, arrastando-se como uma atividade reconhecidamente tradicional e de forte patrimonialismo. Na década de 90, e principalmente após a implantação do plano real e globalização da economia, o setor econômico brasileiro e, em especial, a pecuária de corte passou por mudanças no mercado interno e também no mercado externo. Com a redução da margem de lucro, com o aumento de competitividade, e de exigências de produção de carne de melhor qualidade e de menor custo, a pecuária de ciclo longo, com baixa produção, e qualidade da carne bovina e reduzida rentabilidade, tende a diminuir e, consequentemente, os pecuaristas que não aceitarem estas transformações do mercado ficarão cada vez mais descapitalizados e fadados ao insucesso (Vitorino, 2002). Com o surgimento deste novo cenário vieram três agravantes para o setor rural: 1º - Endividamento agrícola: Neste período o crescimento da inadimplência no setor cresceu substancialmente. O setor precisou ser socorrido pelo governo e suas dividas foram securitizadas; 2º - Perda do poder aquisitivo, gerando a queda com redução do uso de tecnologias e da reposição ou aquisição de maquinários, ocorrendo, assim, o sucateamento destes do parque de máquinas; 3º - Concentração econômica do setor frigorífico, diminuindo os preços ofertados por bovinos (Boechat e Alves, 2014). 12 IV SAMPA IV SIMPAPASTO Apesar desta diferença, os produtores rurais viram seu patrimônio ser achatados em mais de 50%, devido a grande oferta de terras e a falta de capital. Apesar disso, houve nas novas fronteiras agrícolas e de pecuária uma evolução dos preços das terras, e que de certa forma os prejuízos para atividade pecuária somente não foram maiores por conta desta valorização, que na prática seria válido se houvesse a venda dos ativos imobilizados. Com o agravamento da crise econômica do setor, os pecuaristas passaram a procurar por técnicos especializados em produção, mas continuam se esquecendo do gerenciamento e controle das métricas do seu negócio. Na verdade, o produtor agropecuário normalmente empreende quase todo seu tempo para produzir cada vez mais e melhor, preocupando-se com a carga animal nos pastos, precocidade, rendimento e qualidade da carcaça, controlando somente estas métricas de seu negócio, ou seja, com os indicadores de produtividade e acaba por menosprezar (ou mesmo ignorar) questões básicas relacionadas ao mercado e a comercialização do seu produto, tanto para o mercado interno como para o mercado externo. Neste novo cenário da economia, passa a ser de extrema importância que os produtores se atenham a quatro níveis de informações: 1) Produção: é configurada como sendo a mais atrativa, mas deve-se discutir primeiro o modelo ou sistemas de produção para cada propriedade, e depois as técnicas; 2) Gerenciamento: Deve-se ater aos novos modelos de gestão, com enfoque na qualidade e sustentabilidade com foco no planejamento e controle das ações estratégicas, com revisões frequentes para poder suportar as crises no mercado; 3) Comercialização: Deve-se considerar que a comercialização transcende o ato de compra e venda, pois a logística de transporte e a proteção do preço de venda são cada vez mais importantes no processo de comercialização. As praticas de marketing e finanças também devem ser consideradas, pois o atendimento ao cliente com o produto e as condições de pagamento que ele quer e precisa são extremamente importantes nos dias atuais; 4) Controle de métricas: uso de métricas acima da média nacional com forma de gerar mais lucratividade e rentabilidade ao rebanho. Com o uso de tecnologia em gerenciamento, a atenção não está voltada, somente, à produtividade, mas, também, à lucratividade, pois o aumento de produtividade sem aumento de rentabilidade e lucratividade, não se justifica. O uso de métricas no planejamento 13 IV SAMPA IV SIMPAPASTO pecuário e o seu controle é que possibilitam lucro na atividade econômica e serve de balizamento para ajustes, tão necessários em períodos de instabilidade econômica. É, ainda, demanda dos mercados, que a atividade agropecuária seja uma atividade sustentável, com preocupação e respeito ao meio ambiente, o que, também, onera a atividade pecuária. Recente, mas de forma crescente, há a preocupação da sociedadecom temas relativos ao bem-estar animal, que devem refletir nos custo de produção, de uma forma geral. PERSPECTIVAS DA CADEIA DA BOVINOCULTURA DE CORTE A economia mundial expandiu 2,2% no ano passado (2016), a mais baixa taxa de crescimento desde a grande recessão global de 2009. A ONU estima que o Produto Interno Bruto (PIB) mundial aumente em 2,7% este ano e em 2,9%, em 2018 (BIRD, 2016). Segundo o relatório do Banco Mundial (BIRD, 2016), a melhora moderada dos indicadores sinaliza mais uma estabilização econômica do que uma retomada robusta e sustentável da economia internacional. De acordo com este mesmo relatório, o comércio mundial de bens e serviços teve alta de apenas 1,2% em 2016. A previsão da ONU é aumento de 2,7% este ano e 3,3% em 2018. Entre os fatores para o baixo crescimento do comercio mundial, estão à queda na demanda, as incertezas no cenário político internacional e uma menor liberalização do comércio mundial. Nas próximas duas décadas, a população do mundo deverá crescer mais ou menos 1% ao ano. A população mundial em 2030 deverá ser de aproximadamente 8,5 bilhões de habitantes, o que corresponderá a um acréscimo de 11,64% em relação à população de 2016 (ONU, 2016). O relatório aponta que, no período de 2015 a 2020, metade do crescimento estará concentrado em nove países; Índia, Nigéria, Paquistão, Republica Democrática do Congo, Etiópia, Tanzânia, Estados Unidos, Indonésia e Uganda. A renda per capita mundial deverá aumentar em 2,64% entre 1995 e 2020. A expectativa do aumento da renda per capta nos países em desenvolvimento (4,32%) é o dobro dos países desenvolvidos (2,18%). O consumo per capita de carne bovina anual, nos países desenvolvidos, tende a manter-se estabilizados entre 1993 (25 kg/pessoa/ano) e 2020 (26kg/pessoa/ ano). Nos países em desenvolvimento, o consumo per capta de carne bovina anual, tende a um acréscimo de 40%, entre 1993 (5 kg/pessoa/ano) e 2020 (7kg/pessoa/ano). O consumo per capita de carne bovina anual, no Brasil, foi de aproximadamente 27 kg/pessoa em 2016 ao invés de 37 kg/pessoa em anos anteriores, o que mostra uma redução de consumo. 14 IV SAMPA IV SIMPAPASTO O aumento da produtividade e economicidade dos sistemas de produção deve ser acompanhado de práticas que minimizem o impacto ambiental. A expectativa de queda da inflação e a do risco Brasil, aliadas à retomada da confiança de empresários e consumidores, são sinais de que a economia brasileira começa a se recuperar. Ainda que tímida, a projeção de crescimento do PIB é positiva para a economia, porém o consumo interno de carne bovina deverá continuar retraído, não caindo mais na preferência do brasileiro. Caso se concretize as ações que estão sendo feitas no mercado da carne, e a redução do preço nas diversas etapas do processo, é provável que possamos reverter à queda observada na última década possa ser revertida e retomar o crescimento no consumo, que já chegou a 40 kg/habitante/ano (CNA, 2017). Do lado da produção, a safra de bezerros deverá dar suporte à oferta de gado para engorda, com uma perceptível melhora na disponibilidade das categorias jovens. As vendas de boi gordo deverão ser maiores no próximo ano, enquanto os pesos de carcaças deverão aumentar com boas condições de forragens e menores custos dos alimentos. Para o próximo ano, os preços do boi gordo deverão ficar abaixo das cotações de 2016, já que a oferta de animais terminados deverá ser maior. Na conjuntura internacional, a demanda pela carne bovina continua aquecida (CNA, 2017). Há expectativa de aumento dos embarques brasileiros para a Ásia em 2017, especialmente para Hong Kong e China. Estes países costumavam comprar carne bovina da Austrália, mas, considerando a diminuição do abate bovino naquele país e o dólar cotado entre R$3,10 e 3,50, nosso produto tornou-se competitivo e bastante acessível ao mercado asiático, permitindo ao Brasil continuar exportando volumes expressivos, apesar dos reflexos da operação “Carne Fraca” da policia federal em 2017. Entre os principais destinos da carne bovina brasileira, destaca-se Hong Kong, que lidera o ranking, apresentando um faturamento de US$ 750 milhões e um volume de 214 mil toneladas exportadas no acumulado, de janeiro a setembro de 2016. A China também, se destaca entre os principais destinos devido a seu potencial de compra. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o consumo de carne bovina na China deverá atingir, neste ano, a marca recorde de 3,86 kg por habitante, ante 3,03 kg/hab. /ano a uma década. A recente abertura do mercado norte-americano para a carne bovina in natura do Brasil, também, é outro motivo de boas perspectivas, não pelo volume exportado no primeiro mês de embarque, que atingiu apenas 126 toneladas, mas por contribuir com a visibilidade da carne brasileira no exterior, o que pode ajudar na formação do preço do nosso produto e pela abertura de novos mercados. Países como Japão, Canadá, México e Coréia do Sul, seguem os 15 IV SAMPA IV SIMPAPASTO Estados Unidos como referência em exigências sanitárias e negociam com os mesmos exportadores. O Brasil terminou 2016 com um volume exportado de cerca de 1.850 toneladas, 8,5% a mais que o volume exportado em 2015 (1.705 mil toneladas). Mesmo modesto este aumento foi fundamental para regular a oferta de carne bovina no mercado interno e garantir preços sustentáveis ao pecuarista brasileiro e passar a qualidade de maior exportador de carne bovina mundial (Brasil, 2017). GESTÃO E COMPETIVIDADE NA BOVINOCULTURA DE CORTE O sistema de gestão profissional tem por objetivo elucidar de forma clara e de fácil entendimento como o pecuarista pode implantar um modelo de gestão profissionalizada da atividade de pecuária de corte, onde possa ter oportunidade de evoluir na condução de seu negócio, de tal forma que possa atingir e manter novos e melhores patamares de resultados, tanto no campo zootécnico como também e, principalmente, no campo financeiro de sua atividade. Para tratar de gestão produtiva e financeira em pecuária de corte, é necessário que o pecuarista adote uma nova forma de enxergar seu negócio. Esta nova visão que deve ser criada é a de desenvolver uma cultura dentro da atividade, que atinja, igualmente, os pecuaristas (donos do empreendimento) e toda sua equipe de colaboradores envolvida nas atividades operacionais, de modo que a fazenda e o negócio sejam entendidos como atividades estritamente empresariais. Primeiramente, se faz necessário que o pecuarista tenha consciência daquilo que quer e busca para seu negócio. Nesse ponto, ele precisa ter bastante claro em sua mente alguns parâmetros para iniciar a nova forma de gerir sua atividade: a) definir o propósito de sua empresa, qual o objetivo principal deseja atingir com a atividade que está se propondo a fazer; b) qual a visão de futuro, de como espera e almeja que seu negócio esteja daqui a 5, 10, 20 ou 30 anos; e c) qual a linha de ação, se irá atender mercado de commodities ou de nichos em carne de qualidade. É importante escolher qual o modelo de negócio que se pretende, de maneira consciente, definindo qual será sua atuação (se irá explorar a cria, a recria, a engorda ou o ciclo completo); se sua exploração será de baixa, média ou alta tecnologia; como irá gerar valor e entregá-lo ao mercado, quem serão seus clientes e parceiros; quais as fontes e receitas e qual a estrutura de custos, dentre outras questões pertinentes. Inicialmente, deve realizar um diagnóstico minucioso da atividade, com as informações do momento do negócio e os indicadores atuais na propriedade. Esse diagnóstico, depois de concluído, deve possibilitar a compilação das informações de produçãoe financeiras obtidas, de tal modo que o responsável pela avaliação dos números possa visualizar, de maneira clara, como o negócio está posicionado naquele momento da avaliação. 16 IV SAMPA IV SIMPAPASTO As tendências atuais indicam que é muito importante que se tenha métricas de avaliação, que sejam realmente de relevância produtiva e financeira, e que, em paralelo, possam ser fontes de impacto positivo nos resultados. Tais métricas podem ser divididas em setores, para facilitar o entendimento, e dentre elas destacamos as métricas de avaliações produtiva, reprodutiva, financeira, pessoal e ambiental (FAEMG, 2016). MÉTRICAS DE AVALIAÇÃO 17 IV SAMPA IV SIMPAPASTO MÉTRICAS DE AVALIAÇÃO Após a fase de diagnóstico e avaliação criteriosa inicial, outra etapa de suma importância no processo de gestão é o planejamento estratégico da atividade. Esta etapa deve contemplar planos de ação, processos bem delineados, data de execução de tarefas, metas produção/produtividade e financeiras, previsões de fluxo de caixa, estratégias comerciais (compra e venda) de colocação do gado no mercado, dentre outros pontos que se façam necessários. Dentre os indicadores, podem ser considerados de maior complexidade para levantamento e avaliação, os indicadores financeiros. Existem parâmetros técnicos que precisam ser levados em conta para avaliação de custos e resultados financeiros. FOCO TOTAL NA APLICAÇÃO DE MÉTRICAS Existem diversas formas de definição de metas para serem praticadas ao longo do ano, mas o mais importante no final das contas é traçar o que se espera para o futuro da atividade. São muitas as formas de cálculo, mas a prática mostra que o resultado do caixa é o que realmente importa para controlar e avaliar se a atividade pecuária obteve sucesso. Um estudo realizado pelo Instituto Terra de Métricas Agropecuárias (Inttegra) demonstra o resultado de 185 fazendas que, somadas chegam a quase 800 mil cabeças de gado, apresentaram um resultado da atividade pecuária médio de R$ 113,00/hectare por ano em 2016 (El-Memari Neto, 2017). Segundo El-Memari Neto (2017), simplificadamente olhar para a geração liquida de caixa, trata-se de avaliar quanto de dinheiro sobrou no bolso do dono, somado a quanto de gado aumentou no pasto. Ao tirar o olho do caixa, o pecuarista pode passar a privilegiar o patrimônio, o que é importante, contudo não está intimamente ligado à eficiência produtiva e não paga as contas no final do mês. Quando a geração liquida do caixa não é o foco central, existe o desperdício. A consequência acaba sendo um estrangulamento das finanças, aumento do endividamento e, muitas vezes, o início do processo de extinção da atividade. Há vários exemplos de gestores, que ao obter um financiamento, aplicaram em infraestrutura, casas, máquinas e não pensaram no que, de fato, garantia o caixa do ano: o boi gordo. O correto é que o recurso seja direcionado para o aumento das arrobas produzidas com eficiência. Para ampliar essa produção de arrobas, existem quatro índices principais que devem ser gerenciados, pois interferem diretamente na eficiência do negócio: lotação animal (animais/hectare), ganho médio diário (kg por animal por dia), desembolso por cabeça ao mês e valor de venda. Segundo El-Memari Neto (2017) essa conclusão foi baseada em um estudo pecuário com 270 índices métricos pecuários, no qual se destacaram os citados acima devido a alta correlação com o resultado financeiro da atividade pecuária. É importante destacar que lotação animal e ganho de peso diário são 18 IV SAMPA IV SIMPAPASTO resultados obtidos da porteira para dentro, por enquanto, o valor de venda é definido pelo mercado. Diante disto, é muito importante ter foco total em tudo àquilo que impacta na lotação animal e no ganho médio diário, pois dependem da qualidade do pasto, estratégia de entressafra, genética dos animais, sanidade, nutrição animal e o bem-estar animal. O controle das métricas é fundamental para ver se as metas foram atingidas e se devem tomadas as medidas de correção nas situações em que as os resultados não contemplem as expectativas ou que as mudanças do mercado e conjuntura econômica, assim, imponham. CONSIDERAÇÕES FINAIS O crescimento populacional estimado para os próximos anos gera uma perspectiva de aumento na demanda por alimentos como a carne bovina. No entanto, o sistema produtivo de gado de corte terá que se adaptar ao novo cenário nacional e internacional, que demanda produtos oriundos de sistemas sustentáveis, além da concorrência com a agricultura, cana-de-açúcar, madeiras, carne de frango e suína. O uso de tecnologias como suplementação nutricional estratégica, melhoramento genético, manejo de pastagens, integração da pecuária com sistemas agrosilvipastoris, em conjunto com ferramentas gerenciais e estratégias de comercialização, aumentam verticalmente a produção da pecuária de corte no Brasil, com características de um sistema sustentável de acordo com as novas exigências de mercado para um produto com valor agregado, socialmente justo, ambientalmente correto e viável economicamente para o produtor e a agroindústria. A economia brasileira tem passado por rápidas transformações nos últimos anos. Nesse contexto, ganham espaço novas concepções, ações e atitudes, onde produtividade, controle dos custos de produção e eficiência se impõem como regras básicas de sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo e globalizado. A conscientização de pesquisadores, técnicos e produtores rurais envolvidos com a bovinocultura de corte, bem como o ajuste para esse novo cenário, é primordial para a competividade da atividade. Associadas a tais mudanças, a adoção de medidas e ações que buscam dirigir, empreender, administrar e gerenciar assume papel fundamental na empresa rural. Tais medidas e ações são conduzidas com a finalidade de buscar a rentabilidade como objetivo final do processo produtivo, ou seja, gerenciar o processo pelo menor custo e com maior eficiência, a fim de obter melhor resultado, tudo isso buscando e/ou mantendo a sustentabilidade. A sustentabilidade, sob este prisma, é entendida como a capacidade de sobrevivência no longo prazo. A agropecuária é caracterizada como atividade de longo prazo, com 19 IV SAMPA IV SIMPAPASTO investimentos elevados, e onde o planejamento é fundamental. A produção muitas vezes, não pode ser antecipada ou adiada de acordo com o mercado, pois depende de inúmeras variáveis que nem sempre podem ser controladas por condições climáticas e o ciclo biológico. A cadeia da bovinocultura de corte é caracterizada, atualmente, como um segmento do agronegócio brasileiro que apresenta elevada concorrência, incertezas e redução das margens de ganho, portanto, o aumento da eficiência produtiva e o cuidado com as práticas de gestão são primordiais para a lucratividade da pecuária de corte, dentro de um enfoque sistêmico e de maximização de lucro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANUALPEC 1996. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: Instituto FNP Consultoria & Comércio, 1996. 378p. BIRD - Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento – Banco Mundial. Relatório anual de 2016 do Banco Mundial. Washington, DC, 71p. 2016. BOECHAT, A.M. da F.; ALVES, A.F. A política de defesa da concorrência no setor de abate de bovinos. Ver. Econ. NE, Fortaleza, v.45, n.2, p.112-124, abril/jun, 2014. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Indicadores da Agropecuária: Quadro de suprimentos. Disponível em http:// www.conab.gob.br/conteudos.php?a=1470&t=2.2016 CNA - Confederação da Agricultura e pecuária do Brasil. Balanço 2016 Perspectiva 2017. p.115-118, 2017. FAEMG. Diagnóstico da pecuária bovina de corte em Minas Gerais. Belo Horizonte, MG, 151p. 2016. IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. SIDRA. 2017. Disponível em http://www.ibge.gov.br BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Assessoria de Gestão Estratégica. Valor Bruto da Produção. Fevereiro de 2017. El-Memari Neto, A. Dica para este ano: fique atento a quatro indicadores e foco total no resultado do caixa. 2017. Disponível em ht tps:// www.scotconsultoria.com.br/noticias/artigos/45118 VITORINO, J.C. Gerenciamento de bovinos de corte. In: Curso de Extensão na Faculdade de Medicina Veterinária. Apostila, 32p. 2002. 20 IV SAMPA IV SIMPAPASTO O PASTOREIO ROTATÍNUO Jean C. Mezzalira*1, Lidiane Fonseca2, Claudio G. Porto1, Davi T. dos Santos1, Thales B. Portugal1,3, Leonardo S. Szymczak3, Paulo C. de F. Carvalho4 1SIA - Serviço de Inteligência em Agronegócios Ltda, Porto Alegre/RS, Brazil; 2Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa/PR; Brazil, 3Universidade Federal do Paraná, Curitiba/PR, Brazil, 4Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre/RS, Brazil. *jean.mezzalira@siabrasil.com.br RESUMO O Pastoreio Rotatínuo é um conceito de manejo de pastagens baseado no comportamento animal. Ele assume que os animais necessitem otimizar o seu tempo em pastejo, o que significa prover estruturas de pasto que maximizem a taxa de ingestão de forragem. No caso de aplicação deste conceito em Pastoreio Rotativo, o momento de entrada no piquete (altura de pré-pastejo) deve ser aquele onde os animais consumam mais forragem por unidade de tempo em pastejo. O momento de mudar os animais é quando ainda restam aproximadamente 25% da área por ser pastejada. Se a estrutura do pasto no pós-pastejo estiver parelha, ou homogênea, é por que houve rebaixamento excessivo (erro de manejo!). A roçada é um procedimento a ser evitado, e deve ser usado somente quando se tenha perdido o ponto ideal de altura pré-pastejo. O Pastoreio Rotatínuo permite crescimento contínuo do pasto, do que decorre aumento na produção de forragem. Resultados de pesquisa também atestam aumentos de produção animal individual e por área, fruto do pastejo predominante de lâminas foliares e do maior consumo de forragem por hectare, benefícios esses que têm sido também observados em nível de campo, nas centenas de propriedades rurais que adotaram o Pastoreio Rotatínuo. INTRODUÇÃO Discutiremos, ao longo desse manuscrito, as bases científicas e a aplicação prática de uma inovação tecnológica no manejo de pastagens nomeada “Pastoreio Rotatínuo” (Carvalho, 2013). Para fins estratégicos, somente abordaremos os fundamentos deste conceito em sua aplicação sob Pastoreio Rotativo, e não Contínuo. O “Pastoreio Rotatínuo” é um neologismo que define um novo conceito de manejo (Carvalho, 2013), que tem, dentre seus pilares, a teoria da minimização do tempo gasto com alimentação (Bergman et al., 2001). Uma série de pesquisas apontam que os ruminantes, ao terem evoluído em ambiente com risco de 21 IV SAMPA IV SIMPAPASTO predação, desenvolveram preferência por plantas, ou estruturas de plantas, que possam ser consumidas rapidamente (Westoby, 1974; Belovsky, 1986; Kenny & Black, 1984; Bergman et al., 2001; Illius et al., 1992; Utsumi et al., 2009). Por outro lado, todos os métodos de pastoreio, conhecidos até então, são essencialmente baseados em parâmetros da planta (especialmente: eficiência de colheita). No caso do Pastoreio Rotatínuo, as definições de manejo são baseadas nas respostas do animal em pastejo, em seu comportamento ingestivo. Fato que torna o Pastoreio Rotatínuo o único método de condução de animais baseado em atributos comportamentais. De fato, tratando-se de produção animal, o produto a ser vendido é a carne, leite e outros, então porquê a principal ênfase no manejo haveria de ser dada ao pasto em detrimento da observação animal? Logo, a variável base que irá nortear todas as recomendações no Pastoreio Rotatínuo será a Taxa de Ingestão de matéria seca, que é resultado de uma intrincada série de parâmetros comportamentais. Ou seja, é também medida de eficiência de colheita (mas determinada pelo animal) ou mais apropriadamente, no caso, “eficiência de ingestão”. Nesse novo método os animais continuam sendo agrupados em lotes que mudam de piquete de forma intermitente, assim como acontece no pastoreio rotativo tradicional. Isso provê ao manejador a prerrogativa de decidir o local onde o animal irá pastejar. Essa possibilidade de decisão do piquete a ser utilizado melhora a distribuição do pastejo, fator fundamental da divisão de áreas. No entanto, ao entrar na área são os animais que irão decidir o quê consumir, a exemplo do que acontece no método de pastoreio contínuo. Ao “pastor” (manejador dos animais), cabe duas prerrogativas principais: (i) criar e apresentar ao animal estruturas de pasto que lhes permitam máxima taxa de ingestão desde o início do período de ocupação; ii) retirar os animais para o próximo piquete antes que as taxas de ingestão diminuam. Dessa forma, a estrutura de pasto apresentada do início ao fim do pastejo permitiria aos animais expressarem seletividade por plantas ou partes de plantas necessárias para suprir a sua exigência diária. Ao longo desse manuscrito, abordaremos os momentos pré- e pós-pastejo e discussões sobre a estrutura do pasto e o comportamento ingestivo ao longo do ciclo de produção das plantas apresentadas. PRÉ-PASTEJO OU ESTRUTURA DE PASTO NO MOMENTO ZERO Imaginemos uma espécie forrageira qualquer. Independente de qual seja, consideremos que haja diferença de estrutura da população de plantas em função da idade, uso anterior (pastejo - define massa de forragem residual, roçada ou não), adubação, sombra ou insolação, umidade, taxa de crescimento etc. Os pastos baixos: Dosséis mantidos com alturas muito baixas apresentam, por consequência, menor massa de forragem. Esses fatores determinam a colheita de bocados com baixa massa, o que resulta em menor 22 IV SAMPA IV SIMPAPASTO Figura 1: Relação entre a taxa de ingestão de matéria seca e alturas de pastos de C. dactylon – tifton 85 (a) e A. strigosa – aveia preta (b). Linha cheia: modelo Michaelis- Menten broken line (modelos matemáticos alternativos discutidos em Mezzalira et al., 2017). Linha pontilhada: modelo quadrático. taxa de ingestão e menor consumo diário de forragem. Em resposta de curto prazo, na tentativa de conseguir atingir o consumo diário, os animais aumentam o tempo de pastejo (Laca & Demment, 1992). Por outro lado, pesquisas demonstram que os animais têm um limite de movimentos mandibulares (em torno de 40 mil bocados por dia; Milne, 1994). Se considerarmos uma altura inicial baixa para iniciar o processo de rebaixamento, se estará comprometendo todo o processo de ingestão. Os pastos muito altos: Por outro lado, os pastos demasiadamente altos no início da ocupação também não são ideais. Obviamente que a taxa de ingestão é maior ao compararmos com alturas inferiores. No entanto, essa medida de eficiência animal é prejudicada à medida que a altura do pasto aumenta ultrapassando um “ponto ótimo”. Em pastos demasiadamente altos a limitação acontece também pela diminuição da massa do bocado, mas pelo motivo que os animais alocam muitos movimentos mandibulares manipulando as folhas que estão mais dispersas (Fonseca et al., 2013; Mezzalira et al., 2014). O Pastoreio Rotatínuo tem a proposição de identificar e proporcionar aosanimais a melhor estrutura possível. A estrutura ideal: Consideremos “pastos ideais” aqueles capazes de proporcionar aos animais consumir toda sua dieta sob altas taxas de ingestão de matéria seca. Segundo esse pilar do Pastoreio Rotatínuo, alguns autores investigaram e descreveram tais estruturas de pasto. A respeito de parâmetros estruturais do pasto, aqui iremos nos ater apenas à variável altura, visto que essa tem alta correlação com a maioria das demais variáveis e por ser de fácil aplicabilidade. A altura ideal é definida em protocolos experimentais que testam várias alturas de manejo e medem a resposta dos animais em termos de taxa de ingestão (Figura 1). Mezzalira et al. (2017) propuseram uma alteração no modelo matemático afim de identificar o exato ponto (altura do pasto) onde ocorre a maximização na taxa de ingestão. 23 IV SAMPA IV SIMPAPASTO Figura 2: Ingestão de matéria seca segundo o rebaixamento de pastos de sorgo forrageiro e Tifton 85. O rebaixamento é expresso em termos da proporção de redução da altura ótima de pastejo (Carvalho, 2013 adaptado de Fonseca et al., 2012 e Mezzalira, 2012). Uma vez definida a altura que maximiza a taxa de ingestão (equivalente a altura de entrada) a pergunta que decorre é: qual o momento de retirar os animais? Quando mudar de piquete? O GRAZING DOWN E O MOMENTO DE INTERROMPER A DESFOLHA Outra proposição básica do Pastoreio Rotatínuo é atender o pressuposto de permitir que a possibilidade de o animal consumir com alta taxa de ingestão seja mantida desde o início do pastejo até a saída do animal do piquete (Figura 2). Segundo ampla literatura, ruminantes preferem consumir folhas à outras partes da planta (Flores et al., 1993; Ginnett et al., 1999; Benvenutti et al., 2006; Drescher et al., 2006). Por uma questão alométrica e funcional, a maioria absoluta da massa de folhas das plantas encontra-se na metade superior do dossel. Os trabalhos que definiram o Pastoreio Rotatínuo observaram que os animais consomem preferencialmente o primeiro horizonte do pasto e apenas quando esse se torna escasso (<25% da área), passam a consumir o segundo horizonte (Fonseca, 2012). Nesse momento, ocorre importante alteração no processo de captura de forragem, o que leva à redução da taxa de ingestão. Esse momento define o início da queda na taxa de ingestão (Figura 2). Essa mudança no padrão de pastejo se dá pela diminuição da massa de folhas, pelo aumento da proporção de colmo e material morto e pela maior da força necessária para a colheita dos componentes morfológicos que predominam na base do dossel (Barret et al., 2001; Baumont et al., 2004; Benvenutti et al., 2006; Gordon & Benvenutti, 2006; Gregorini et al., 2011; Amaral et al., 2013; Mezzalira et al., 2014). Em resumo, a entrada dos animais em um determinado piquete, no Pastoreio Rotatínuo, se dá quando a estrutura do pasto permita colheita de forragem com máxima taxa de ingestão. Já o ponto de abandono (troca de piquete) é determinado pelo início da mudança da taxa de ingestão. Esse ponto de abandono / troca de piquete tem sido consistentemente replicado em diversos trabalhos de definição do Pastoreio Rotatínuo. Esse ponto de coincidência se dá quando 40% da altura inicial do pasto tenha sido reduzida. A partir desse ponto, observa-se decréscimo linear das taxas de ingestão na medida em que ocorre posteriores reduções na altura de entrada (pré-pastejo – Figura 2). 24 IV SAMPA IV SIMPAPASTO Tabela 1: Recomendações de altura de pasto no pré- e pós-pastejo segundo premissa do Pastoreio Rotatínuo A preferência do animal pelo primeiro horizonte de pastejo e essa alteração de preferência e redução na taxa de ingestão ao passar a um horizonte inferior está amplamente descrita na ecologia, especialmente em trabalhos que estudaram a relação presa-predador e eficiência de captura de nutrientes. Essa teoria foi descrita como Teorema do Valor Marginal (Charnov, 1976), trabalho que figura com 4415 citações, tamanha a sua importância nos estudos das relações entre disponibilidade de alimento e consumo. Segundo o teorema, o predador abandona o local de caça/colheita em que está, quando esse lhe proporcionar uma taxa de colheita/captura igual à média de toda a sua área disponível. Isso é evidenciado quando os animais tomam apenas bocados no horizonte superior, e rejeitam tomar bocados no horizonte com predominância de colmos. Zanini et al. (2012) observaram que em azevém e aruana, 90% da massa de colmos está presente na metade inferior da altura do pasto. Isso também é evidenciado na rejeição dos animais quando lhes é apresentada uma área com estrutura de pasto inferior àquela em que se encontravam. Sendo assim, Teorema do Valor Marginal indica que o pastoreio ótimo se dará sempre que os animais puderem abandonar o piquete sempre que a taxa de ingestão iniciar declínio. Aqui entra o papel do manejador para dimensionar a carga animal adequadamente ou mudar animais sempre que a redução na taxa de ingestão se iniciar. Compilamos resultados dos trabalhos realizados até o momento sob a ótica do Pastoreio Rotatínuo e apresentamos abaixo a recomendação de alturas pré- e pós-pastejo. Não coincidentemente, percebe-se um padrão onde a altura pós-pastejo é 40% menor que a altura pré-pastejo. Isso se deve à mudança de preferência, discutido acima, onde os animais passam a consumir o segundo horizonte (Tabela 1). PORQUÊ 40% DE REBAIXAMENTO? Carvalho et al., 2013 compilaram diversos trabalhos e observaram uma constante de profundidade do bocado próxima à 52% em relação à altura do pasto. Se considerarmos este dado, poder-se-ia imaginar que o animal deveria colher 52% da altura do pasto de forma uniforme, em toda uma área, todos os 25 IV SAMPA IV SIMPAPASTO dias, e não os 40% comentados anteriormente. No entanto, vasta literatura nos assegura que os animais pastejam a uma profundidade consistentemente próxima aos 52%. O que altera é a relação preferência x seletividade por horizontes de pastejo. A mudança de preferência do primeiro para o segundo horizonte acontece quando ¾ do horizonte superior já tenha sido pastejado. Nesse momento os animais passam a admitir selecionar o horizonte inferior pelo simples fato de que ele é mais frequente e o custo energético da busca pelo ¼ do horizonte superior incrementa demasiadamente a partir desse momento. A partir desse momento os animais passam a tomar bocados do segundo estrato (já pastejado) e aleatoriamente colhem alguns bocados naquele ¼ de área ainda sem pastejo. Como demonstrado por Carvalho et al. (2013), a profundidade média de bocados de diversos animais em diversas plantas é de 52% da altura do pasto. Ou seja, a altura residual média dos pontos pastejados é de 48% da altura original. Sendo assim, apresentamos uma forma de cálculo de definição do momento de retirada dos animais a partir da área pastejada, assim temos que: DEFINIÇÃO DA ALTURA PÓS-PASTEJO VIA PORCENTAGEM DA ÁREA PASTEJADA: Altura pós-pastejo (APP) = (75 * 0,48) + (25 * 1) à APP= (36) + (25) à = 61% da altura pré-pastejo A mudança do horizonte superior para o inferior é evidenciada via redução da taxa de ingestão, redução do incremento da área pastejada, e aumento do aparecimento de colmos no topo do dossel (Fonseca et al., 2012; Zanini et al., 2012; Mezzalira et al., 2014, 2017). Fonseca et al. (2012) observaram o padrão de ingestão dos animais e qualificaram as estruturas de pasto nesse exato momento. Os autores demonstraram a coincidência entre o ponto de redução da taxa de ingestão com o decréscimo linear na proporção de lâminas e o acréscimo linear na proporção de colmosno estrato pastejado. Associando-se os parâmetros do animal com os de estrutura de pasto, levantou-se a hipótese de que o ponto de abandono fosse coincidente para planta e para o animal. Ou seja, ao permitir que os animais “abandonem” a área, antes que a taxa de ingestão de matéria seca comece a reduzir, coincide com o ponto onde a área foliar média do dossel não foi demasiadamente prejudicada. IMPLICAÇÕES DO REBAIXAMENTO DE 40% EM LONGO PRAZO SOBRE O ANIMAL Inicialmente discutiremos a resposta em nível de taxa de ingestão ao longo do ciclo do pasto. Para essa discussão apresentamos o trabalho realizado por Guzatti et al. (2017), onde os autores usaram 3 tipos de estruturas de pasto 26 IV SAMPA IV SIMPAPASTO Figura 3: Taxa de ingestão de forragem por novilhas em pastos de aveia preta, azevém e mistura aveia + azevém ao longo de todo o ciclo de crescimento dos pastos (adaptado de Guzatti et al., 2017). (azevém, aveia e a mistura aveia+ azevém). Ao longo do ciclo, os autores observaram aumento dos componentes colmo + pseudocolmo e diminuição da porcentagem de lâminas foliares. Ou seja, redução da fração da planta preferida pelos animais (Griffiths et al., 2003, Soder et al 2009). Outra constatação importante foi que a altura do colmo + pseudocolmo aumentou à medida que a estação de crescimento progrediu. Assim, a camada do estrato folhoso superior tornou-se mais superficial ao longo do tempo, e quando a porcentagem de folhas reduziu a valores abaixo de 37% (158 dias após a semeadura do pasto) houve redução na taxa de ingestão (Figura 3). A taxa de ingestão manteve-se constante durante 66 dias de uso do pasto, ou 158 dias após semeadura. A partir desse momento houve redução linear na taxa de ingestão. Ao final do período de ocupação a taxa de ingestão observada foi de 35% inferior a observada no período inicial. Isso ocorre, pois, a partir desse momento, a estrutura do pasto passa a exigir maior dedicação dos animais para a seleção de bons bocados. Em outro protocolo do Pastoreio Rotatínuo, Schons (2015) conduziu animais em azevém, sob pastoreio, durante todo o ciclo de produção com duas estratégias de manejo: a primeira com alturas de 19 cm na entrada e 11 cm na saída dos animais, e a segunda com 25 cm na entrada e 7 cm na saída dos animais. A primeira proposição é o Pastoreio Rotatínuo para o azevém, a segunda está baseada em proposições usuais de máximo aproveitamento do pasto. Ao permitir que os animais (ovinos) abandonassem a estrutura de pasto que eles não preferiam mais (mudança de faixa segundo as alturas recomendadas no Pastoreio Rotatínuo), Schons (2015) observou maior ganho de peso médio dos cordeiros (96 g/dia) e também maior taxa de crescimento do pasto (56 kg de 27 IV SAMPA IV SIMPAPASTO Figura 4: Distribuição de dados de altura do pasto em uma pastagem de Tifton 85 (Cynodon dactilon) submetida à três estratégias de manejo (A) entrada 19 cm e saída 11 cm de altura (B) entrada 30 cm e saída 5 cm de altura (C) entrada 30 cm e saída 18 cm de altura (Elaborada a partir dos dados de Eidt, 2015). MS/ha). Já na proposição em que os animais eram obrigados a consumir os horizontes inferiores do pasto, o ganho médio diário foi de 26 g/dia e a taxa de crescimento do pasto foi de 32 kg de MS/ha. Da mesma forma, Eidt (2015) observou que o Manejo Rotatínuo proporcionou aumento de 38% na taxa de acúmulo diária de forragem quando comparada a estratégia em que o pasto foi roçado após cada pastejo. Esse maior ganho de peso médio dos ovinos no Pastoreio Rotatínuo se deu ao fato de que os animais puderam consumir forragem de melhor qualidade e em maior quantidade ao longo do dia. ESTRUTURA DO PASTO AO LONGO DA ESTAÇÃO DE CRESCIMENTO Para testar a relação planta animal em Pastoreio Rotatínuo a longo do ciclo da planta, Eidt (2015) contrastou três estratégias de manejo usando Tifton 85 pastejados por novilhas leiteiras. Os tratamentos consistiam em variações do critério de altura de pasto na entrada e saída dos animais dos potreiros. Utilizou- se o pastoreio rotativo “clássico” (RT), com metas de altura de 30-5 cm; o Rotatínuo (RN) com alturas de 19-11 cm e outra estratégia com 40% de rebaixamento de uma altura “passada”, 30-18 cm. Buscamos as alturas de pasto, ao final do período de crescimento, nas três estratégias de manejo propostas por Eidt (2015), e analisamos as diferentes distribuição e parâmetros de dispersão das alturas (Figura 4). A estratégia de manejo Pastoreio Rotatínuo manteve maior proporção de pontos em alturas preferidas pelo animal (vide MODA: Rotatínuo = 18 cm). Segundo trabalhos de ingestão de forragem (Mezzalira et al., 2014 e 2017) os animais pastejam à uma taxa superior na altura de 19,2 cm. Como falado anteriormente os animais preferem plantas que possam ser pastejadas rapidamente, dessa forma, apenas o Pastoreio Rotatínuo foi capaz de proporcionar essas alturas. Como pode-se observar, mesmo ao final do ciclo haviam pouca porcentagem de pontos com altura elevada, indicando que não houve, ou houveram poucos pontos de rejeição. Já a estratégia 30-5 cm, mesmo tendo roçada após cada pastejo, 28 IV SAMPA IV SIMPAPASTO Tabela 2: Parâmetros relacionados à produção de forragem de tifton 85 sob diferentes alturas no pré- e no pós-pastejo apresentou MODA de altura de pasto = 32 cm, ou seja, maior frequência de altura não preferida e alta frequência de pontos altos. Sendo assim, a roçada passa a ser necessária nessas condições onde a altura pré-pastejo está “passada”. Caso não se realize a roçada o manejo adotado caracteriza o manejo 30 - 18 cm. Como vemos, neste manejo a estrutura do pasto se torna ainda mais desuniforme, criando a estrutura indesejável do ponto de vista de concentração de alturas demasiadamente altas. Os autores comprovaram (Tabela 2) que a estratégia de manejo Rotatínuo, por manter o dossel sempre com massa de folhas, produziu maior quantidade de forragem por dia (taxa de acúmulo). Ao produzir mais forragem por dia teve-se a possibilidade de maior colheita (massa de forragem colhida). E contrariamente ao que é comum de se pensar também se obteve maior eficiência de colheita na estratégia 19-11 cm. Isso se deve ao fato de que ao permitir que os animais abandonem a área quando tenham reduzido apenas 40% da altura, mantém-se os animais com alto interesse pela estrutura. Por outro lado, para conseguir manter a estrutura de pasto dentro das alturas pretendidas deve-se reduzir o intervalo de retorno. Esse fato aumenta a probabilidade de que um ponto não pastejado, num dado momento, o seja em um futuro muito próximo. Isso nos remete aos modelos de estabilidade de populações observados nas teorias de presa-predador como (Rosenzweig & MacArthur, 1963; Noy- Meir, 1975). No esquema proposto por Parsons & Dumont (2003) na Figura 5, todos os patches, sob pastejo, tentarão mover-se para a direita do gráfico (crescimento). Neste diagrama os patches que evoluem no sentido da direita (crescimento) e num determinado momento são pastejados, são “jogados de volta para crescer” e voltam a compor as categorias de menor altura numa distribuição de frequência de alturas numa pastagem. Este modelo proposto por Parsons & Dumont (2003) se aplica para todos os tipos de pastagens e se baseia em regras de probabilidades de pastejo. Especificamente no caso de pastejo rotativo, podemos fazer alusão ao 29 IV SAMPA IV SIMPAPASTO Figura 5: Diagrama do impacto do pastejo na estrutura do pasto. Regras de preferência dos animais por determinadospatchs ocasiona o surgimento de distr ibuições acentuadamente bimodais (Parsons & Dumont, 2003; Schwinning & Parsons, 1999). Figura 6: Número de pastejos observados em propriedades atendidas pela empresa SIA e que adotam o Pastoreio Rotatínuo (n= 931 propriedades em 2015 e 965 em 2016). O intervalo médio de retorno observado é de 2 a 7 dias nas espécies tropicais e 8 a 16 dias nas espécies temperadas. impacto dos pontos de deposição de esterco e urina que podem ser rejeitados num determinado momento. O retângulo vertical indica o ponto de alturas preferidas pelo animal. Quando um determinado ponto de altura ultrapassa esse limiar, diminui-se drasticamente a chance de ser pastejado e quão mais distante esse ponto “caminha” quão mais longe ele estará de ser “predado”. Disso temos que a estabilidade de um sistema só será atingida quando o manejador conseguir equilibrar a quantidade animal com a produção de forragem. Para entender como o produtor tem adotado as técnicas do Pastoreio Rotatínuo, analisamos os dados de número de pastejos em 931 propriedades em 2015 e 965 em 2016, às quais temos acompanhado e transmitido as técnicas do Pastoreio Rotatínuo. A Figura 6 apresenta o número de pastejos instantâneos, incluindo espécies de verão e de inverno, que possam estar produzindo num mesmo momento em nível de propriedade. Isso pode ser observado para o mês de maio, onde observa-se áreas com mais de 30 pastejos (áreas de verão em final de ciclo) e uma média geral baixa por conta do grande número de áreas de inverno em início de ciclo. Observando-se a parte inicial da Figura 6 podemos identificar o aparecimento de várias áreas com valores acima de 30, e alguns com 50 pastejos. O PASTOREIO ROTATÍNUO NA PRÁTICA 30 IV SAMPA IV SIMPAPASTO O Pastoreio Rotatínuo está inserido numa abordagem prática de pesquisa em sistemas de produção chamada PISA (Produção Integrada de Sistemas Agropecuários), onde a propriedade como um todo é tomada como ponto de início para análise e implementação de uma série de novas tecnologias ligadas à produção agropecuária. Como uma “via de mão dupla”, as informações coletadas nas propriedades são levadas à ciência para serem analisadas e a partir disso novos conhecimentos são gerados e levados ao produtor. Dentre o universo de produtores, apresentaremos abaixo alguns dados de 5 propriedades selecionadas a partir de uma série de variáveis de implantação do Pastoreio Rotatínuo e participação em eventos de grupo no estado do PR. Tais propriedades têm como principal atividade a bovinocultura de leite. Os dados utilizados para compor os resultados foram coletados ao longo de 18 visitas técnicas de 2014 a 2016. As informações apresentadas referem-se às variáveis de produção de leite individual e por área, e utilização de insumos na dieta dos animais. Como apresentado acima nos trabalhos de Schons e Eidt, o Pastoreio Rotatínuo possibilitou aumento da produção de forragem, e isso possibilita que os animais aumentem o consumo de pasto. As propriedades que adotaram o Pastoreio Rotatínuo durante os 3 anos tiveram aumento na produção por área na ordem de 89%, saindo de uma média de 8,2 mil para 15,5 mil L/ha (Figura 7). As tecnologias implantadas acarretaram em aumento na produtividade por vaca na ordem de 4,8 L/dia ou +29%, passando de 16,64 para 21,47 litros vaca dia-1. À medida que os animais passaram a ter acesso a pasto de melhor qualidade nutricional, e recebem ajustes alimentares com o objetivo de potencializar a produção, apresentaram forte incremento da produção individual. Figura 7: Produção de leite por vaca (a) e Produção de leite por hectare (b) em 5 propriedades da região central do Paraná que adotaram o Pastoreio Rotatínuo por 3 anos (2014 a 2016). 31 IV SAMPA IV SIMPAPASTO O Pastoreio Rotatínuo é aplicado no âmbito de tecnologias inovadoras e sustentáveis. Rações e silagem são basicamente compostas com derivados de soja e milho, e esses são alimentos nobres consumo humano. Por isso, a FAO recomenda em suas diretrizes que se busque a redução e otimização do uso desses alimentos na produção animal. Atuando com esse conceito, observamos manutenção da quantidade média de ração fornecida às vacas lactantes e redução na quantidade de silagem de milho na ordem de 32,55%. Tais resultados indicam que os animais aumentaram o consumo de pasto visto que houve aumento significativo na produção animal (Figura 7). Ou seja, o Pastoreio Rotatínuo proporciona que o pasto produza mais e as técnicas PISA permitem adequação de todo o sistema de produção para que se produza mais e com sustentabilidade. REFERÊNCIAS: Amaral, M.F., Mezzalira, J.C., Bremm, C., et al. Sward structure management for a maxi-mum short-term intake rate in annual ryegrass. Grass. Forage Sci., 68, 271–277, 2013. Barrett, P.B., Laidlaw, A.S., Mayne, C.S., et al. Pattern of herbage intake rate and bite dimensions of rotationally grazed dairy cows as sward height declines. Grass. 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Muitos cultivares de capim bermuda têm sido usados como forragem, mas grande parte deles são de contribuição limitada para a pecuária, devido a baixa distribuição geográfica e fatores limitantes para sua adaptação. Existem muitos cultivares de capim bermuda disponíveis e o critério para utlização de cultivares espcíficos deve ser baseado em condições edafoclimáticas e de manejo dos sistemas de pastejo. Fertilidade do solo limitada e desfolha inadequada são os principais fatores afetando a produtividade, valor nutritivo e persistência do capim bermuda em sistemas de pastejo. Apesar da dominância de gramíneas de verão em regiões tropicais e subtropicais, a sobressemeadura de leguminosas de verão em pastagens de gramíneas tem sido sugerida como alternativa efetiva para o suprimento indireto de nitrogênio via fixação biológica. Contudo, o estabelecimento e persistência em longo prazo da leguminosa nestes sistemas têm sido grandes entraves para o seu uso. Práticas de manejo adequadas para o uso de leguminosas e gramíneas de verão em mistura devem ser elaboradas a nível regional, devido à diversa capacidade de adaptação das diferentes espécies de leguminosa. PALAVRAS CHAVE: gramíneas de verão, leguminosas de verão, manejo de forragem. INTRODUÇÃO O capim bermuda [Cynodon dactylon (L.) Pers.] é a gramínea de estação quente mais cultivada no sudeste dos EUA, cobrindo aproximadamente 15 milhões de hectares, (Taliaferro et al., 2004). De acordo com Hanna e 35 IV SAMPA IV SIMPAPASTO Sollenberger (2007), o capim bermuda está presente em regiões tropicais e subtropicais em todos os continentes. Ele foi introduzido nos EUA por volta do fim do século XVII, embora os programas de melhoramento tenham começado apenas em 1937 pelo Dr. Glenn Burton, do serviço de pesquisa do departamento de agricultura dos EUA (USDA-ARS), em Tifton, estado da Georgia. O cultivar Coastal foi liberado em 1943 e foi plantado por vários produtores no sudeste dos EUA. O capim bermuda é uma gramínea de estação quente, e pode ser propagado por estolões e rizomas. Ele forma uma densa cobertura sobre o solo, tolera uma variedade de tipos e condições de solos, porém, requer altos níveis de nutrientes para poder produzir e persistir (Vendramini, 2005). Ele tem um profundo sistema radicular que permite o crescimento durante períodos secos, enquanto seus rizomas contém pontos de crescimento protegidos para a sobrevivência durante o inverno e rápida rebrota durante a primavera. CAPIM BERMUDA Segundo Hill et al. (2001), o capim bermuda suporta os programas de pastejo usados em industrias de corte e leite, da primavera até o outono, e alguns produtores de leite usam-no como forragem primária em rações para vacas secas e novilhas de reposição. Redfearn e Nelson ( 2003) afirmaram que o capim bermuda é usado como forragem perene, e pode ser usado para pastejo, fenação ou pré-secado no sudeste dos EUA. Em 1993, o híbrido Tifton 85 foi liberado e, de acordo com Burton et al. (1993), produz mais massa de forragem, é mais alto, tem folhas mais largas e é mais digestível que os cultivares Coastal e Tifton 68. O acúmulo de forragem do Tifton 85 foi 26% superior e 11% mais digestível do que o cultivar o Coastal (Hill et al., 1993). Mislevy e Martin (1998) compararam Tifton 85 com o capim bermuda Florakirk e os capins estrela Florico e Florona (Cynodon nlemfuensis Vanderyst var. nlemfuensis), e reportaram um maior acúmulodo forragem para o Tifton 85 durante o verão. Mandebvu et al. (1999) reportaram que o Tifton 85 apresentou maior acúmulo de forragem (7,1%) do que o cultivar Coastal. Embora o Tifton 85 é tolerante a seca e nenhuma perda no dossel ocorreu durante os períodos secos (Hill et al., 2001), ele não é tolerante aos solos mal drenados do sul da Flórida, onde perdas de dosséis de Tifton 85 têm sido reportadas. Jiggs é uma variedade de capim bermuda que foi liberada por J. C. Riggs, no Texas (Ocumpaugh e Stichler, 2000). O material parental utilizado e a data de liberação são desconhecidos. De acordo com Vendramini (2008), o Jiggs tolera solos mal drenados e tem colmos mais finos do que outros capins bermuda, sendo essa uma característica desejável para a produção de feno. Além disso, o estabelecimento do Jiggs é mais rápido do que o de outros cultivares de capim bermuda (Bade, 2000). 36 IV SAMPA IV SIMPAPASTO FERTILIZAÇÃO, PRODUÇÃO E VALOR NUTRITIVO Vendramini et al. (2010) compararam diferentes cultivares de capim bermuda durante o verão na Flórida e observaram que Jiggs teve maior acúmulo de forragem que o Tifton 85, Florakirk e Coastcross II. Um teste de variedades recentemente conduzido na Flórida mostrou que os genótipos B2000 e Jiggs tiveram maior acúmulo de forragem do que o Tifton 44 e Tifton 85. O cultivar Coastal apresentou o menor acúmulo de forragem. Além disso, o B2000 e Jiggs apresentaram maior acúmulo de forragem no início da primavera e no outono, enquanto o Tifton 44 e Tifton 85 tiveram acúmulos de forragem similares ou maiores durante o verão. A escolha do cultivar de bermuda deve ser baseada nas condições edafoclimáticas. Em geral, o Jiggs tem maior tolerância a solos mal drenados do que o Tifton 85 e Coastal. Como o Tifton 85 é um híbrido de capim bermuda e capim estrela, é esperado que ele se adapte melhor em locais de maior temperatura média anual. O capim bermuda requer uma disponibilidade de nutrientes no solo relativamente alta para manter acúmulos de forragem superiores. Os maiores determinantes da resposta ao fertilizante são o clima, solo nativo, status nutricional, fonte e dose de aplicação de nutrientes, época de aplicação e cultivar, além do regime e método de desfolha. O nitrogênio tem a maior influência no acúmulo de forragem e portanto influencia a quantidade de outros nutrientes para manter a produtividade de plantas forrageiras (Taliaferro et al., 2004). A produtividade e valor nutritivo do feno de capim bermuda são maximizados quando adubações nitrogenadas superiores a 400 kg N ha-1 são aplicadas parceladamente (Overman et al., 1992). De acordo com Wilkinson e Langdale (1974), citados por Taliaferro et al. (2004), a máxima produção de forragem do Coastal e outros seletos cultivares de capim bermuda foi ao redor de 27 Mg ha-1, com adubações nitrogenadas da ordem de 1.200 kg ha-1. Segundo os autores, o aumento na produção foi linear até a faixa de 600 a 700 kg N ha-1. Prine e Burton (1956) avaliaram os efeitos de diferentes níveis de adubação nitrogenada e frequências de corte sobre a produção de biomassa e valor nutritivo de Coastal. Houve um aumento quadratico no acúmulo de forragem quando a adubação nitrogenada aumentou de 0 a 1.008 kg N ha-1, com o acúmulo máximo de 18 Mg ha-1 acontecendo em frequências de corte de 6 a 8 semanas. O capim bermuda mostrou a máxima eficiência de produção (kg MS kg-1N ha-1) com 336 kg N ha-1. A concentração de PB variou de 97 a 190 g kg-1, com adubações nitrogenadas de 0 a 1.008 kg ha-1. Tipicamente, maiores concentrações de PB têm sido reportadas com crescentes níveis de aplicação de nitrogênio. Stallcup et al. (1986) observaram que a concentração de PB em bermudas adubadas com 0 e 50 kg N ha-1 foram 114 e 143 g kg-1. Burton et al. (1963) estudaram diferentes intervalos de desfolha em Coastal fertilizado com 660 kg N ha-1. O máximo acúmulo de forragem foi 22 Mg ha-1 usando um intervalo de 6 37 IV SAMPA IV SIMPAPASTO semanas. De acordo com os mesmos autores, a produção anual de 20 Mg MS ha- 1 removeu de 400 a 450 kg de nitrogênio, 30 a 50 kg de fósforo, 260 a 320 kg de potássio, 30 kg de enxofre, 30 kg de magnésio e 60 kg de cálcio ha-1 do solo. A deficiência de potássio pode ser fator importante afetando a produção e persistência do capim bermuda, principalmente em solos arenosos com capacidade de troca catiônica limitada. Yarborough et al. (2015) avaliaram os efeitos de níveis de adubação nitrogenada e potássica na produtividade e níveis críticos de potássio em tecido de Jiggs. O tratamentos foram combinações fatoriais de nitrogênio (0, 50 e 100 kg N ha-1) e potássio (0, 20, 40 e 80 kg K2O ha -1) depois de cada colheita, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. As plantas foram cortadas a 15 cm de resíduo a cada 6 semanas, e a massa de raízes e rizomas foi determinada ao final do experimento. Não houve efeito de fertilização potássica no acúmulo de forragem e massa de raízes e rizomas na ausência de aplicação de nitrogênio, porém, nas doses de 50 e 100 kg N ha-1, ambas as variáveis tiveram aumento linear com o aumento da fertilização potássica. Houve relação quadrática entre o acúmulo de forragem e a concentração de potássio nos tecidos de Jiggs, sendo que o acúmulo aumentou com o aumento da concentração de potássio aumentou até 14 g K kg-1 (nível crítico). O conteúdo de potássio nas raízes e rizomas diminuiu linearmente com níveis crescentes de adubação nitrogenada apenas quando a adubação potássica foi de 0 ou 20 kg K2O ha -1. Por outro lado, quando a adubação potássica foi de 80 kg K2O ha -1, o conteúdo de potássio nas raízes e rizomas aumentou com crescentes níveis de adubação nitrogenada. Os autores concluíram que a adubação nitrogenada e potássica deveria ser aplicada em níveis semelhantes para manter a produtividade e persistência do capim bermuda nos campos de feno da Flórida. Diferenças de valor nutritivo entre cultivares de capim bermuda também são evidentes. Hill et al. (2001) reportaram que maiores digestibilidades da matéria orgânica, fibra em detergente ácido (FDA) e fibra em detergente neutro (FDN) no feno de Tifton 85 quando comparado ao feno de Coastal deveriam determinar a prioridade na escolha do primeiro, quando melhores performances animais são desejadas. Vendramini et al. (2010) observaram maiores digestibilidades do FDN e digestibilidade verdadeira da MS de Tifton 85 quando comparado aos cultivares Florakirk, Coastcross II e Jiggs no sul da Flórida. De acordo com Hill et al. (2001), Tifton 85 tem menores concentrações de ácido ferúlico com ligações éter na parede celular do que outros cultivares de bermuda, e isto explica as maiores digestibilidades de FDN e MS. Baker (2005) observaram que parcelas de Jiggs colhidas a 7,6 cm e altura de resíduo, de 1996 a 2006 em Andimore (Oklahoma), tiveram acúmulo de forragem médio de 7,9 Mg MS ha-1 ano-1 e concentração de proteína bruta (PB) de 132 g kg-1. Dore (2006) compararam três cultivares de bermuda (Comum, Russel e Jiggs) e observaram que Jiggs teve maior massa de forragem (1,2, 6,7, 8,6, 10,6 e 8,9 Mg MS ha-1) com 38 IV SAMPA IV SIMPAPASTO diferentes dias de crescimento (14, 25, 42, 56 e 70 dias), embora a concentração de PB (208, 114, 80, 58 e 58 g kg-1) e FDN ( 581, 638, 689, 679 e 706 g kg- 1) foram similares entre cultivares. O bermuda Comum teve as menores concentrações de FDA (247, 284, 302, 296 e 294 g kg-1) enquanto Jiggs e Russel tiveram valores semelhantes (274, 344, 359, 350 e 365 g kg-1). Johnson et al. (2001) compararam diferentes espécies de gramíneas de estação quente
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