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ESTUDO DA SECAGEM EM CAMADA ESPESSA Profa Roberta J. A. Rigueira Departamento de Engenharia Agrícola e Meio Ambiente Universidade Federal Fluminense 1 INTRODUÇÃO A secagem é um processo que envolve fenômenos de transferência de calor e massa entre o produto e o ar de secagem. Tais fenômenos podem ser equacionados e agrupados em modelos matemáticos, os quais se têm demonstrado eficientes na análise da secagem, no desenvolvimento e na otimização dos secadores agrícolas. Diversos modelos são encontrados na literatura; dentre estes, destacam-se: Modelo de Hukill; Modelo de Thompson; Modelo de Morey; Modelo de Michigan. 2 EQUAÇÃO DE BALANÇO DE ENERGIA Durante o processo de secagem em camada espessa, a diferença entre os calores sensíveis do ar de entrada e de saída da massa de grãos é igual ao produto do calor de vaporização e a quantidade de água evaporada... 3 EQUAÇÃO DE BALANÇO DE ENERGIA (m.c. T) = (hv.Aev) em que: (m) é a massa; (c) o calor específico do ar de secagem; ( T), a diferença de temperatura do ar que entra e que sai da camada de grãos; (hv), o calor latente de vaporização; e, (Aev ), a quantidade de água evaporada. 4 EQUAÇÃO DE BALANÇO DE ENERGIA De modo mais simples, o calor sensível fornecido pelo ar é igual ao calor latente de vaporização necessário para evaporar a água contida no produto até a umidade final desejada. Assim, calor sensível é convertido em calor latente, e esta conversão pode ser representada pela equação 1: 60 (Q / Ve) Ca (Ta - Te) t = hv MS (Uo - Ue) equação 1 5 EQUAÇÃO DE BALANÇO DE ENERGIA 60 (Q / Ve) Ca (Ta - Te) t = hv MS (Uo - Ue) equação 1 em que: Q = vazão ar de secagem (m3 min-1); Ve = volume específico do ar secagem (m3 kg-1de ar seco); Ca= calor específico do ar (kcal kg-1 C-1); Ta= temperatura do ar de secagem ( C); Te= temperatura de equilíbrio ( C); t= tempo de secagem (h); hv= calor latente de vaporização (kcal kg-1de água); MS = matéria seca existente no produto (kg); Uo = umidade inicial (decimal, b.s.); Ue= umidade de equilíbrio (decimal, b.s.). 6 EQUAÇÃO DE BALANÇO DE ENERGIA O calor latente de vaporização da água contida no produto é determinado pela equação 2 e Tabela 1: hv =(A-0,57.T)[1+B.exp(-C.U)] equação2 7 O calor latente é função da temperatura do ar de secagem, T, e do teor de umidade do produto, U. Como esses parâmetros não são constantes durante o processo de secagem, toma-se o valor de hv calculado com o teor de umidade médio do produto. 8 EQUAÇÃO DE BALANÇO DE ENERGIA Exemplo 1: Calcular o tempo necessário para secagem do milho em um sistema de secagem a baixa temperatura: Umidade inicial do produto = 20 % b.u. = 0,25 b.s.; Temperatura do ar ambiente = 22 oC; Umidade relativa = 70%; Aquecimento devido ao ventilador = 3 oC; Diâmetro do silo = 4 m; Silo cheio até 3 metros de altura; Fluxo de ar = 2 m3 min-1 t-1; Massa específica do produto (d) = 0,680 t m-3; Calor específico do ar (Ca) = 0,24 kcal oC-1 kg-1. 9 EQUAÇÃO DE BALANÇO DE ENERGIA Solução pelo balanço de energia Para a determinação do tempo total de secagem, é preciso determinar: a) vazão do ar de secagem (Q); b) propriedades psicrométricas do ar; c) teor de umidade de equilíbrio; d) calor latente de vaporização; e) tempo de secagem; e, f) tempo permissível de armazenagem (TPA). 10 EQUAÇÃO DE BALANÇO DE ENERGIA 11 Tabela - Tempo (dias) permissível para a armazenagem do milho debulhado sem que ocorra deterioração EQUAÇÃO DE BALANÇO DE ENERGIA MODELOS DE SECAGEM O que estará ocorrendo com o sistema em um tempo qualquer depois de ter iniciado o processo de secagem só pode ser previsto com modelos matemáticos. Entre os vários modelos racionais para predizer a secagem em uma camada espessa de grãos, o modelo proposto por Hukill e o proposto por Thompson requerem programas computacionais simples . 12 MODELOS DE SECAGEM 1. Modelo de Hukill Hukill desenvolveu um modelo para representar o processo de secagem em camada espessa. Este modelo permite determinar o teor de umidade para determinada altura de camada de grãos e admite que a temperatura do ar decresce exponencialmente à medida que o ar vai passando pela massa de grãos. Embora o modelo não considere o aquecimento dos grãos pelo ar de secagem, ele apresenta-se como uma ferramenta muito útil para simulação de secagem. 13 MODELOS DE SECAGEM equação 3 Em que: sendo: m = fluxo de massa de ar em kg min-1 m-2; Ca = calor específico do ar de secagem, kJ kg-1 C-1; MS = massa específica da matéria seca, kg m-3; e hv = calor latente de vaporização da água no grão, kJ kg-1. 14 MODELOS DE SECAGEM Para grãos em camada fina ou completamente expostos a uma constante condição de secagem (como a primeira camada formada pelos grãos em contato com o fundo do silo), e para um fluxo de ar passando através dos grãos com teor de umidade uniforme (como um lote de grãos no início do processo de secagem), as seguintes aproximações podem ser feitas: a) umidade; b) temperatura do grão; 15 MODELOS DE SECAGEM 1.1. Curvas de secagem em camadas espessas Curvas de secagem em camadas espessas, que facilitam o cálculo e o acompanhamento do processo de secagem. 16 MODELOS DE SECAGEM 17 MODELOS DE SECAGEM No eixo horizontal têm-se os valores de Unidade de Tempo (Y) e, no eixo vertical tem-se o valor da Razão de Umidade (RU). Na área delimitada pelos dois eixos têm-se as curvas correspondentes ao número de Fatores de Profundidade (D). Estas curvas facilitam o cálculo e o acompanhamento da secagem. 18 MODELOS DE SECAGEM Exemplo: para D = 5 e Y = 7, o valor para RU é determinado com se vê na Figura, isto é, por Y = 7, levanta-se uma perpendicular até encontrar a curva D=5. Por este ponto, traça-se uma horizontal até encontrar (RU = 0,2). 19 MODELOS DE SECAGEM Exemplo: para D = 2 e Y = 10, tem-se RU = 0,0, ou seja, o produto, nesta camada, já atingiu o teor de umidade de equilíbrio. 20 MODELOS DE SECAGEM Exemplo: para D = 12 e Y = 4, têm-se RU = 1,0, ou seja, o produto, nesta camada, está com o teor de umidade inicial. 21 MODELOS DE SECAGEM 2. Modelo de Thompson THOMPSON et al. (1968) apresentaram um modelo para simulação de secagem do milho em secadores contínuos. Este modelo simula o processo de secagem por meio de um conjunto de equações baseadas nas leis de transferência de energia e massa, bem como por uma equação empírica de secagem em camada delgada. 22 MODELOS DE SECAGEM No desenvolvimento do modelo usou-se, como artifício, a divisão do processo de secagem em vários subprocessos. Considerou-se o leito de grãos formado por várias camadas de espessuras reduzidas, colocadas umas sobre as outras; em cada camada, as variações nas condições do ar e dos grãos foram calculadas com base em pequenos incrementos de tempo. 23 MODELOS DE SECAGEM Esquema das variações consideradas na simulação de secagem de uma camada fina que compõe um leito de grãos. 24 Quando o ar passa pela camada fina, durante determinado intervalo de tempo, certa quantidade de água do produto é evaporada e passa para o ar. Nesse intervalo, a temperatura do ar diminui em consequência do aumento na temperatura dos grãos e do resfriamento evaporativo que acompanha a transferência de umidade. MODELOS DE SECAGEM FLUXOGRAMA DO MODELO DE THOMPSON Passo 1 - cálculo da temperatura de equilíbrio entre ar e grão, considerando somente a troca de calor sensível:para essa determinação, é necessário a equação de balanço de energia. Passo 2 - cálculo da umidade relativa do ar nas condições de equilíbrio. Passo 3 - cálculo do teor de umidade de equilíbrio (decimal, b.s.). Passo 4 - cálculo do tempo equivalente. Passo 5 - cálculo da nova razão de umidade do produto, RUf: Passo 6 - cálculo da umidade do produto, Uf (decimal, b.s.), no tempo (t+ t): Passo 7 - cálculo da nova razão de mistura do ar: Passo 8 - cálculo das temperaturas finais do ar e do produto: Passo 9 - os valores de Tf e Wf são consistentes? 25 MODELOS DE SECAGEM SIMULAÇÃO PARA UMA CAMADA ESPESSA a) Camada Fixa Para simular a secagem de uma camada fixa, divide- se a massa de grãos em várias camadas finas e, consecutivamente, calculam-se tanto as variações que ocorrem na temperatura e umidade do ar à medida que este vai passando de uma camada para outra, quanto àquelas variações que ocorrem no produto em cada camada. A simulação é realizada para pequenos intervalos de tempo, até o produto atingir a umidade desejada. 26 MODELOS DE SECAGEM 27 SIMULAÇÃO PARA UMA CAMADA ESPESSA b) Camada em Movimento Teoricamente, o secador de fluxos cruzados funciona como um secador em leito fixo. O ar de secagem evapora e transporta a umidade do produto para o meio exterior. A temperatura e a capacidade de carrear água do ar vão diminuindo à medida que o ar passa pelas camadas. Para simular a secagem nesses secadores, admite-se que não há revolvimento da massa de grãos. Assim, a massa de grãos apresenta-se como composta por camadas, que passam pela coluna do secador e com o ar fluindo em direção perpendicular a estas camadas. MODELOS DE SECAGEM VALIDAÇÃO DOS MODELOS Utilização de modelos para estudo da secagem de grãos. Dados calculados x dados observados. Comparação com outros modelos. 28
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