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EMPRÉSTIMO, COMODATO E MÚTUO Empréstimo A luz da doutrina de Flávio Tartuce, “o contrato de empréstimo pode ser conceituado como sendo o negócio jurídico pelo qual uma pessoa entrega uma coisa à outra, de forma gratuita, obrigando-se está a devolver a coisa emprestada ou outra de mesma espécie e quantidade”. Há 2 espécies: 1. Comodato: é o empréstimo de coisa infungível e inconsumível, sendo a coisa restituída ao final do contrato; 2. Mútuo: é o empréstimo de coisa fungível e consumível, logo, ao final do contrato, deve ser devolvida outra coisa de mesma espécie e quantidade. O empréstimo é um contrato real, pois depende da entrega da coisa para se aperfeiçoar. Nesta espécie de contrato, a tradição passa do plano da eficácia para o plano da validade. O Comodato Segundo Orlando Gomes, “comodato é a cessão gratuita de uma coisa para seu uso com estipulação de que será devolvida em sua individualidade, após algum tempo” . Portanto, o contrato de comodato é: 1. Gratuito; 2. De coisa infungívele inconsumível; 3. Temporário. Note: o contrato deve ser gratuito, caso contrário será, em verdade, um contrato de locação. Em síntese, o comodato é um contrato unilateral, gratuito, real e “intuitu personae”. Pode o possuidor firmarcontrato de comodato cedendo gratuitamente o uso de coisa infungível e inconsumível. Isso porque nesta espécie de contrato há um empréstimo do uso e não uma transferência de domínio, motivo pelo qual o contrato pode ser firmado pelo possuidor, não sendo necessária a participação do proprietário. Cabe ao comodatário: 1. Guardar e conservar a coisa; 2. Limitar-se a utilizar a coisa nos termos do contratoe de acordo com a natureza da coisa; 3. Restituí-la quando exigido pelo comodante, salvo se firmado por prazo determinado. Destruída a coisa em razão de caso furtuito (evento imprevisível), não será o comodatário responsabilizado, salvo se salvar seus bens antes do bem dado em comodato. Trata-se de regra especial (art. 583 do CC) aplicada ao comodato e que deve ser memorizada para fins de concurso público. A morte do comodatário não extingue o contrato. O Mútuo Para Flávio Tartuce, o mutuo “é o empréstimo de coisas fungíveis, sendo partes do contrato o mutuante (aquele que cede a coisa) e o mutuário (aquele que a recebe). Em regra, trata-se de contrato unilateral e gratuito, exceção feita para o mútuo oneroso. Além disso o contrato é cumutativo, real, temporário e informal. O exemplo típico envolve o empréstimo de dinheiro, uma vez que o mútuo somente terá como objeto bens móveis, pois somente estes podem ser fungíveis (art. 85 do CC)” – grifos nossos – (TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 2ª Ed. São Paulo: editora Método. 2012, p. 680). O mútuo, diferentemente do comodato, transfere o domínio, logo, apenas o proprietário pode firmar esse contrato, não bastando a posse da coisa. Mutuo firmado com menor de 18 anos, sem autorização do representante, não pode ser reavido pelo mutuário ou fiadores, pois o negócio jurídico é ineficaz. Trata-se de obrigação natural – há débito, mas não há responsabilidade civil. Há exceções previstas no art. 589 do CC: I – se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; II – se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; III – se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; IV – se o empréstimo reverteu em benefício do menor; V – se o menor obteve o empréstimo maliciosamente.
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