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Anotações: Pér ic les Souza 1 Ailton Zouk - Dir. Penal Retroatividade da Lei Penal Benéfica Doutrina e jurisprudências 05jul17 CF, art.5º, XXXIX – princípio da legalidade - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; Princ. da reserva legal - não há crime sem lei anterior que o defina. Princ. da anterioridade - nem pena sem prévia cominação legal . A lei deve ser anterior ao fato. CF, art .5º, XXXIX – A doutrina utiliza o termo princ. da reserva legal ou estrita legalidade. Conforme a CF, MP não pode tratar de matéria penal, todavia o STF entende que, se a norma for benéfica ao réu a MP pode tratar sobre tema penal. A retroatividade da lei penal benéfica está situada na órbita da aplicabil idade da lei penal no tempo, ou seja, no direito penal intertemporal . A norma penal incriminadora deve ser instituída através da lei em sentido estrito , ela deve decorrer necessariamente da União, pq é ela que tem a competência para instituir uma lei penal. A lei quando entra em vigor regulará os fatos que ocorreram durante sua vigência (tempus regit actum ), produzirá efeitos até que uma nova lei a revogue (revogação tácita ou expressa, total ou parcial ). Revogação total = ab rogação (absoluta). Revogação parcial = derrogação. Princ. da continuidade da lei penal - ocorre quando uma lei é revogada, porém, a conduta ainda continua incriminada em outro dispositivo legal, não ocorrendo, nessa hipótese, a abolitio criminis . Costume não revoga lei penal , apesar de ser uma fonte formal mediata do dir. penal. Fonte formal imediata do dir. penal → a lei. Os costumes podem ser usados em consonância com a lei (secundum legem), não podem ir de encontro a ela. Anotações: Pér ic les Souza 2 Uma lei ao entrar em vigor pode trazer em seu bojo conteúdo benéfico (novatio legis in melius [ lex mitior]). Princ. da retroatividade da lei penal benéfica – CF, art. 5º, XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu . Uma lei ao entrar em vigor pode trazer em seu bojo conteúdo não benéfico , mais gravoso, que se contrapõe a uma lei penal benéf ica (novatio legis in pejus [ lex gravior]). Tempus regit actum – a lei penal quando é publicada produz efeito para frente, todavia, há exceção, se for uma lei penal benéfica estará revestida da extratividade , possibilitará que a lei retroaja. A extratividade possibilita, também, que a lei seja ultrativa , ou seja, ainda que revogada seja aplicada ao fato ocorrido durante sua vigência. Extratividade está ligada à lei penal benéfica, possibilita que a lei seja retroativa ou ultrativa. A lei penal benéfica se prende ao fato ocorrido durante sua vigência, dando ensejo ao fenômeno do “efeito carrapato da lei penal” (ultratividade [pode ser aplicada ainda que revogada]). CP, art. 3º, - a lei excepcional ou temporária , embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica -se ao fato praticado durante sua vigência. - Lei temporária é auto-revogável , porém, no seu bojo vem estipulado o prazo de duração de sua vigência (ex.: lei geral da copa). - Lei excepcional é auto-revogável, porém, dura enquanto houver a anormalidade. Lei excepcional ou temporária → doutrinariamente são chamadas de leis intermitentes por serem auto-revogáveis. O princ. da continuidade prevê que a lei permanece em vigor até que outra lei a revogue. Lei excepcional ou temporária → exceção ao princ. da continuidade da lei penal , a lei é revogada sem que ocorra a publicação de outra lei . Lei excepcional ou temporária → são ultrativas → são aplicáveis aos fatos ocorridos durante sua vigência, se prendem ao fato (efeito carrapato da lei penal) . Lei excepcional ou temporária → não se aplica a elas o princ. da retroatividade da lei penal, ainda que benéfica. Conforme o art .3º, essas leis são ultrativas (ainda que revogadas). Exceção ao princ. da retroatividade da lei penal benéfica → há possibilidade de uma lei temporária ou excepcional não ser aplicada aos fatos que ocorreram durante a sua vigência? Sim, se ocorrer a publicação de uma lei posterior à LT e à LE que mencione Anotações: Pér ic les Souza 3 em seu bojo que os fato ocorridos durante as respectivas leis serão regulados por ela, não haverá a incidência da LT e LE (exceção ao efeito carrapato da lei penal) . Lei excepcional ou temporária → se for benéfica em relação a uma lei anterior a ela , não retroagirá (ainda que benéfica) , por serem ultrativas . Ex.: lei “a” está em vigência, em seguida, a lei “b” também entrou em vigência , a lei “b” é uma novatio legis in mellius , porém, se ela tiver em período de vacatio , duas correntes explicarão o fenômeno: 1ª) se a lei estiver em período de vacatio e for benéfica, será aplicada . Não está produzindo efeitos, porém, já é lei e deve ser aplicada aos fatos anteriores. 2ª) p/ o STF a lei que se encontra no período de vacatio legis não produzirá efeitos, com isso, não pode ser aplicada. A 2ª corrente é a aplicada. Ex: Tício praticou homicídio simples em 10/07/16, com pena de 6 a 20 anos. No dia 15/05/17, durante o processo, saiu uma lei passando a pena do homicídio simples de 5 a 15 anos (a lei posterior ao fato é benéfica) , porém, no dia 20/12/18 saiu uma nova lei passando a pena do homicídio simples p/ 10 a 20 anos . 1ª lei – homicídio – pena – 6 a 20 anos (lei do fato). 2ª lei – homicídio – pena – 5 a 15 anos (lei intermediária) . 3ª lei – homicídio – pena – 10 a 20 anos (lei do julgamento) . A 2ª lei (intermediária [com vigência durante o processo]) é mais benéfica em relação à 1ª lei (lei do fato) e , também, em relação à 3ª lei (lei do julgamento), todavia, não obstante o fato e o julgamento ocorrerem fora de sua vigência, ela será aplicada por ser mais favorável . Ex: quando da vigência da lei 6.368/76, Tício em 2001 praticou tráfico de drogas . Era primário, de bons antecedentes, não se dedicava à prática criminosa, nem integrava organização criminosa. Foi condenado por tráfico, com base no art.12, caput (pena de 3 a 15 anos). Não teve diminuição de pena pq a lei em tela não previa. Em 2006, entrou em vigência a lei 11.343/06 que revogou a 6.368 /76, a nova lei aumentou a pena do tráfico p/ 5 a 15 anos, criou uma causa de diminuição de pena (tráfico privilegiado [art.33, §4º]), sendo, assim, mais benéfica. É possível pegar a causa de diminuição de pena do art.33, §4º da 11.343/06 e combinar com o art.12, caput, da lei 6.368/76? Há 2 correntes: 1ª) Pode haver a combinação, com base no art .2º, §ú, CP (lei posterior que, de qualquer modo, favoreça o agente , será aplicada aos fatos anteriores à sua vigência ainda que decididos por sentença condenatória c/ trânsito em julgado [princ. da retroatividade da lei benéfica]), aplica-se o §4º da nova lei ao art .12 da lei anterior. Ainda, conforme a Anotações: Pér ic les Souza 4 CF, a lei penal retroagirá p/ beneficiar o réu (art.5º, XL). Se não for admitida a retroatividade parcial da lei nova, estará negando vigência ao princ. constitucional da retroatividade penal da lei benéfica (que é cláusula pétrea) . 2ª) STF e STJ entendem que não é possível a combinação de leis . Observa-se que a 6ª turmado STJ entendia ser possível a combinação de leis com o intuito de beneficiar o réu (HC 102.544 STJ), todavia, a 3ª seção entendeu não haver possibilidade de combinação de leis , ela poderá retroagir desde que seja na sua integralidade (Súm.501/STJ), caput e parágrafo. Súm.501/STJ - é cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis . Não é possível a combinação de leis pq o juiz ao combinar o §4º do art.33 c/ o art .12 estará criando uma 3ª lei ( lex tertia), com isso, estará ofendendo o princ. da separação dos poderes, pq sua função é julgar e não legislar . No art.2º, CP, há a figura da abolitio criminis , lei que exclui do âmbito penal fato que até então era considerado criminoso , é causa extintiva da punibilidade (art .107, CP) . Abolitio criminis é uma novatio legis in mellius? Não . Só é possível falar em novatio legis in mellius quando for possível fazer comparação com outra norma. Nesse caso não há tal comparação, tendo em vista que está ocorrendo a exclusão a roupagem criminosa de determinada conduta. Contudo, uma lei que retira uma roupagem criminosa de determinada conduta, irá retroagir . Na Abolitio criminis cessam os efeitos penais , todavia permanecem os efeitos civis (tem obrigação de reparar o dano) . Na Abolitio criminis não basta a revogação formal , a conduta deve ser fo rmalmente e materialmente revogada.
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