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INTRODUÇÃO
Define-se como Lucro Real o lucro liquido que foi apurado na escrituração contábil, baseada nas normas da legislação comercial, sendo ajustado no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), com suas adições, exclusões e as compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária, sendo a sua finalidade apurar a base de cálculo do imposto de renda das pessoas jurídicas que optarem por ter sua tributação apurada dessa forma.
CARACTERISTICAS
A empresa que opta por este regime de tributação deverá levantar Balanços Patrimoniais Trimestrais ou anuais, baseando-se na forma que foi escolhido por ela. O Lucro Real é apurado a partir do lucro efetivo da empresa, ou seja, terá que ser deduzido do resultado das receitas, bem como ganhos e rendimentos, os custos, despesas e perdas, todos devidamente demonstrados pela escrita contábil. O Lucro Real é compreendido como o resultado contábil, ajustado pelas adições, exclusões ou compensações que foram estabelecidas em lei. 
 O imposto de renda poderá ser pago trimestralmente, sendo feito em parcela única ou em até três parcelas mensais, ou ainda mensalmente, através do regime de estimativa, quando a empresa opta por apuração anual do imposto.
Neste regime de apuração, o Imposto de Renda é determinado através do lucro contábil apurado, acrescido das adições e diminuído as exclusões, fixados em lei. Neste caso pode ocorrer Prejuízo Fiscal, caso isto ocorra não haverá incidência deste Imposto. 
Para uma empresa que apresenta prejuízo constante e sob o ponto de vista do Imposto de Renda, a tributação através do Lucro Real é a melhor opção, porém é necessário que se observe também sob a perspectiva da Contribuição Social, PIS e COFINS, visto que a forma de tributação atinge todos estes tributos.
OBRIGATORIEDADE
Estão obrigadas ao Lucro Real as pessoas jurídicas que apresentem como receita total no ano calendário anterior seja superior a R$ 78.000.000,00 ou R$ 6.500.000,00 por mês quando esta apresentar ano calendário inferior a 12 meses. Estes limites são estabelecidos pela Lei 12.814/2013.
As pessoas jurídicas que suas atividades sejam de bancos, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidora de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta, também estão obrigadas ao Lucro Real.
Ainda, obrigadas a este regime de apuração estão às empresas que obtenham lucros, rendimentos ou ganhos de capital provenientes do exterior, também aquelas que tenham benefícios fiscais em relação à isenção ou redução do imposto, conforme o que esteja estabelecido pela legislação tributária.
Por fim, enquadram-se no Lucro Real também as atividades de prestação de serviço de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços, as empresas que exerçam as atividades de  securitização  de  créditos imobiliários, financeiros e do agronegócio.
Destacamos que as pessoas jurídicas que não se enquadram nas atividades citadas, não estão impedidas de optar pelo Lucro Real, caso entenda que esta forma de tributação é a mais apropriada.
ADIÇÕES E EXCLUSÕES
De acordo com o Art. 249, do Decreto 3.000, que Regula o Imposto de Renda, será adicionado ao lucro do período todos os valores que não sejam dedutíveis na determinação do Lucro Real. São eles: custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações, entre outros. Será adicionado ainda os resultados, rendimentos, receitas e outros valores que não incluídos na apuração do lucro liquido deverão ser computados na determinação do lucro real. Como exemplo podemos ver o disposto no Art. 249, do Decreto 3000/99:
I - ressalvadas as disposições especiais deste Decreto, as quantias tiradas dos lucros ou de quaisquer fundos ainda não tributados para aumento do capital, para distribuição de quaisquer interesses ou destinadas a reservas, quaisquer que sejam as designações que tiverem, inclusive lucros suspensos e lucros acumulados;
II - os pagamentos efetuados à sociedade civil de que trata o § 3º do art. 146 quando esta for controlada, direta ou indiretamente, por pessoas físicas que sejam diretores, gerentes, controladores da pessoa jurídica que pagar ou creditar os rendimentos, bem como pelo cônjuge ou parente de primeiro grau das referidas pessoas;
III - os encargos de depreciação, apropriados contabilmente, correspondentes ao bem já integralmente depreciado em virtude de gozo de incentivos fiscais previstos neste Decreto;
IV - as perdas incorridas em operações iniciadas e encerradas no mesmo dia (day-trade), realizadas em mercado de renda fixa ou variável;
V - as despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores, ressalvado o disposto na alínea "a" do inciso II do art. 622;
VI - as contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de saúde, e benefícios complementares assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos empregados e dirigentes da pessoa jurídica;
VII - as doações, exceto as referidas nos arts. 365 e 371, caput;
VIII - as despesas com brindes;
IX - o valor da contribuição social sobre o lucro líquido, registrado como custo ou despesa operacional;
X - as perdas apuradas nas operações realizadas nos mercados de renda variável e de swap, que excederem os ganhos auferidos nas mesmas operações;
XI – o valor da parcela da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS, compensada com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, de acordo com o art. 8º da Lei nº 9.718, de 1998.
Em contrapartida, as exclusões e compensações são redigidas pelo Art. 250, do mesmo decreto determina que poderão ser excluídos do lucro liquido o prejuízo fiscal apurado nos períodos anteriores a atual apuração, com limite de 30%, desde que a pessoa jurídica tenha documentos que o comprovem. Haverá exclusão também dos rendimentos e ganhos de capital resultantes das transferências de imóveis desapropriados para fins de reforma agraria, quando estes forem auferidos pelo desapropriado e dos dividendos anuais mínimos que serão distribuídos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento. Serão excluídos também os juros produzidos por alguns Bônus do Tesouro Nacional (BTN) e por algumas Notas do Tesouro Nacional (NTN), bem como a parcela das perdas adicionadas conforme o que esta disposto no inciso X do parágrafo único do art. 249.
LIVRO DE APURAÇÃO DO LUCRO REAL - LALUR
O LALUR é regulamentado pelo Decreto 3000/99, art. 262, onde diz que a pessoa jurídica deverá lançar os ajustes do lucro liquido do período de apuração e depois transcrever a demonstração do lucro real. No inciso III e IV, determinam que a pessoa jurídica deve: 
III - manter os registros de controle de prejuízos fiscais a compensar em períodos de apuração subsequentes, do lucro inflacionário a realizar, da depreciação acelerada incentivada, da exaustão mineral, com base na receita bruta, bem como dos demais valores que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos de apuração futuros e não constem da escrituração comercial;
IV - manter os registros de controle dos valores excedentes a serem utilizados no cálculo das deduções nos períodos de apuração subsequentes, dos dispêndios com programa de alimentação ao trabalhador, vale-transporte e outros previstos neste Decreto.
Conforme o modelo aprovado pela IN SRF nº 28/78, o LALUR é dividido em duas partes que deverão conter 50% das folhas reunidas em um só volume encadernado, sendo a parte A, destinada aos lançamentos de ajustes do lucro líquido do período de apuração e à transcrição da demonstração do lucro real, contendo nesta parte a apuração da base de cálculo do impostoe a parte B, onde a numeração deverá seguir a sequência numérica da parte A, e é destinada ao controle dos valores que foram ajustados na Parte A que devam influenciar a determinação do lucro real de períodos de apuração futuros e não constem da escrituração comercial.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Decreto nº 3.000/99 de 26 de março. Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Diário Oficial da União, Brasilia, DF, 26 mar. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm>. Acesso em: jul, 2014.
CORDOVA, Neomar Antônio. Lucro Real, RTT e FCONT. CRC, 2012. Disponível em: <http://www.crcpr.org.br/new/content/download/eventos/2498/LUCRO_REAL.pdf>. Acesso em: jul, 2014.
GUIA TRIBUTÁRIO. Lucro Real/2014 – Obrigatoriedade. Disponível em: <http://guiatributario.net/2013/11/01/lucro-real2014-obrigatoriedade/>. Acesso em: jul, 2014.
IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JURIDICAS. Disponível em: <http://www.crcpe.org.br/ adm_upload/imagens/LUCRO%20REAL.PDF>. Acesso em: jul, 2014.
PORTAL TRIBUTÁRIO. O que é lucro real?. Disponível em: <http://www.portaltributario. com.br/artigos/o-que-e-lucro-real.htm>. Acesso em: jul, 2014.