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TOXICOLOGIA Conceitos básicos Universidade Federal Fluminense Profª. Elisa R.A.F. Avelino Niterói, 2013 Toxicologia é o estudo das ações e efeitos nocivos de substâncias químicas ou físicas sobre sistemas biológicos, da probabilidade de suas ocorrências e dos limites máximos aceitáveis para exposição. PRÉ- HISTÓRIA IDADE ANTIGA (EMPIRISMO) IDADE MÉDIA (FASE CRIMINAL E POLÍTICA) IDADE MODERNA (FASE CIENTÍFICA) O homem primitivo percebe que alguns produtos vegetais e animais causam sua morte e de animais... ...surge então o emprego do “veneno” como instrumento de caça. História da Toxicologia IDADE CONTEMPORÂNEA escrita – sec. V sec. V – sec. XV sec. XV – sec. XVIII sec. XVIII – dias atuais História da Toxicologia EGITO – ideia divina de veneno Papiro de Ebers (1.500 a.C.): • descreve 800 ingredientes ativos, entre eles: - Metais (Pb e Cu) - Vegetais tóxicos: cicuta, acônito - Venenos de animais: cobras, escorpiões, aranhas PRÉ- HISTÓRIA IDADE ANTIGA (EMPIRISMO) IDADE MÉDIA (FASE CRIMINAL E POLÍTICA) IDADE MODERNA (FASE CIENTÍFICA) IDADE CONTEMPORÂNEA escrita – sec. V sec. V – sec. XV sec. XV – sec. XVIII sec. XVIII – dias atuais História da Toxicologia GRÉCIA – ideia médica e legal Sócrates, Hipócrates, Dioscórides, Teophrastus e Nicandro • classificação dos venenos (animais, vegetais e minerais), descrição e desenhos dos venenos; uso de eméticos em envenenamentos e ventosas para picadas de cobras. De Materia Medica (precursora das farmacopéias) Dioscórides (40 - 90 a.C.) – Pai da Farmácia PRÉ- HISTÓRIA IDADE ANTIGA (EMPIRISMO) IDADE MÉDIA (FASE CRIMINAL E POLÍTICA) IDADE MODERNA (FASE CIENTÍFICA) IDADE CONTEMPORÂNEA escrita – sec. V sec. V – sec. XV sec. XV – sec. XVIII sec. XVIII – dias atuais História da Toxicologia ROMA– ideia criminal e política Rei Midrídates (120-62 a.C.) • provavelmente foi o primeiro a realizar experiências toxicológicas • temendo ser envenenado, testava em seus escravos vários tipos de veneno, na tentativa de encontrar seus antídotos. PRÉ- HISTÓRIA IDADE ANTIGA (EMPIRISMO) IDADE MÉDIA (FASE CRIMINAL E POLÍTICA) IDADE MODERNA (FASE CIENTÍFICA) IDADE CONTEMPORÂNEA escrita – sec. V sec. V – sec. XV sec. XV – sec. XVIII sec. XVIII – dias atuais História da Toxicologia Venenos usados largamente com finalidade política – envenenadores profissionais: Toffana (Itália): cosméticos à base de arsênio Marquesa de Brinvillers (França): testava suas “ receitas” e anotava seus efeitos (início dos efeitos, potência, local e modo de ação, sinais e sintomas) Catherine Deshayes (França), La Voisine: envenenadora na corte de Luís XIV – a qual é atribuída a morte de várias crianças PRÉ- HISTÓRIA IDADE ANTIGA (EMPIRISMO) IDADE MÉDIA (FASE CRIMINAL E POLÍTICA) IDADE MODERNA (FASE CIENTÍFICA) IDADE CONTEMPORÂNEA escrita – sec. V sec. V – sec. XV sec. XV – sec. XVIII sec. XVIII – dias atuais História da Toxicologia Chambre Ardente – comissão judicial para punir envenenadores. (Henrique II da França) PRÉ- HISTÓRIA IDADE ANTIGA (EMPIRISMO) IDADE MÉDIA (FASE CRIMINAL E POLÍTICA) IDADE MODERNA (FASE CIENTÍFICA) IDADE CONTEMPORÂNEA escrita – sec. V sec. V – sec. XV sec. XV – sec. XVIII sec. XVIII – dias atuais História da Toxicologia PARACELSUS (1493-1541 ): A diferença entre o remédio e o veneno é a dose! • desenvolvimento do aspecto médico, científico da Toxicologia; necessidade de experimentação; dose diferencia remédio de veneno e outras ideias revolucionárias no campo da medicina e terapêutica. Publicou o primeiro tratado de doenças em mineradores. PRÉ- HISTÓRIA IDADE ANTIGA (EMPIRISMO) IDADE MÉDIA (FASE CRIMINAL E POLÍTICA) IDADE MODERNA (FASE CIENTÍFICA) IDADE CONTEMPORÂNEA escrita – sec. V sec. V – sec. XV sec. XV – sec. XVIII sec. XVIII – dias atuais História da Toxicologia Século XIX – desenvolvimento extraordinário da Química Orgânica e síntese de novos compostos (fosgênio, gás mostarda – gases de guerra). Orfila (1787-1853): chamado de “Pai da Toxicologia” escreve o primeiro tratado voltado exclusivamente para a Toxicologia – Traitè des Poisons – e este conhecimento passa a ser uma Ciência. PRÉ- HISTÓRIA IDADE ANTIGA (EMPIRISMO) IDADE MÉDIA (FASE CRIMINAL E POLÍTICA) IDADE MODERNA (FASE CIENTÍFICA) IDADE CONTEMPORÂNEA escrita – sec. V sec. V – sec. XV sec. XV – sec. XVIII sec. XVIII – dias atuais Desenvolvimento do aspecto forense da Toxicologia. História da Toxicologia Desenvolvimento da Toxicologia Analítica e Mecanística – Marsh, Reinsh, Erlich e Bernard. Após a Segunda Guerra Mundial a Toxicologia experimentou notável desenvolvimento. PRÉ- HISTÓRIA IDADE ANTIGA (EMPIRISMO) IDADE MÉDIA (FASE CRIMINAL E POLÍTICA) IDADE MODERNA (FASE CIENTÍFICA) IDADE CONTEMPORÂNEA escrita – sec. V sec. V – sec. XV sec. XV – sec. XVIII sec. XVIII – dias atuais FONTE: http://toxicology.usu.edu/660/html/history.htm TOXICOLOGIA Farmacologia Biologia Molecular Saúde Pública Bioquímica Química Biologia Fisiologia Estatística Engenharia Higiene Industrial Epidemiologia Imunologia Patologia Ecologia Microbiologia Genética A Toxicologia nos dias atuais... Toxicologia – áreas de atuação 1. Toxicologia Ambiental 3. Toxicologia Ocupacional 4. Toxicologia de Alimentos 5. Toxicologia de Medicamentos e Cosméticos 6. Toxicologia Social 7. Toxicologia Clínica 8. Toxicologia Experimental 9. Toxicologia Analítica 10. Toxicologia Forense 11. Toxicologia Genética 12. Toxicologia Mecanística 13. Toxicologia Regutalória 14. Toxinologia 15. Imunotoxicologia 16. Nanotoxicologia 2. Ecotoxicologia Toxicologia Ambiental Estuda os efeitos nocivos causados pela interação de agentes químicos contaminantes do ambiente – solo, água, ar – com os organismos. Ecotoxicologia Estuda os efeitos nocivos provocados pela presença de agentes químicos ou físicos no ar, água e solo, sobre todos os seres vivos constituintes do ecossistema. Toxicologia Ocupacional Dedica-se ao estudo dos efeitos nocivos produzidos pela interação dos agentes químicos presentes no ambiente de trabalho com indivíduos a ele expostos. Toxicologia de Alimentos Estuda os efeitos nocivos provocados por substâncias químicas presentes em alimentos, para definir as condições seguras de ingestão dos mesmos. Toxicologia de Medicamentos e Cosméticos Estudo dos efeitos nocivos produzidos pela interação de medicamentos ou cosméticos com o organismo, decorrentes de uso inadequado ou da suscetibilidade individual Toxicologia Social É a área que estuda os efeitos nocivos decorrentes do uso não médico de drogas ou fármacos, causando prejuízo ao próprio indivíduo e à sociedade. Toxicologia Clínica Aborda a prevenção e o diagnóstico das intoxicações humanas visando a implementação de meios para restaurar a saúde. Toxicologia Experimental Busca obter conhecimentos acerca da toxicidade de substâncias químicas a curto, médio e longo prazo, usando testes de avaliação da toxicidade. Toxicologia Analítica Desenvolve a aplica técnicas para executar a análise (identificação e quantificação) de agentes tóxicos nos mais variados meios (alimentos, ar, água, material biológico, etc). Toxicologia Forense Área da toxicologia responsável pela detecção e identificação de agentes tóxicos para fins médico-legais em material biológico ou em materiais diversos como água, alimentos, medicamentos, drogas comercializadas no mercado ilícito, entre outras. Toxicologia Genética Estuda os efeitosnocivos provocados pela interação de agentes químicos e físicos com o material genético. Toxicologia Mecanística Relacionada com a identificação e conhecimento de mecanismos através dos quais xenobióticos exercem efeitos tóxicos nos organismos vivos. Toxicologia Regulatória Sub-área da Toxicologia que recomenda os limites de exposição a um dado agente químico ou nocivo, em diferentes áreas de aplicação, com o propósito de minimizar os riscos à saúde. Baseia-se nas informações que vem da Toxicologia Mecanística e da Toxicologia Experimental. Eliani Spinelli Toxinologia Estuda as toxinas, substâncias produzidas através da atividade metabólica de certos organismos vivos, como microorganismos, algumas espécies vegetais e animais. Imunotoxicologia Estuda o efeito de substâncias tóxicas no sistema imunológico, abrangendo tanto o efeito supressivo (imunodeficiências) quanto a exacerbação da resposta imunológica, como alergia (hipersensibilidade) ou auto-imunidades. Nanotoxicologia Estuda a interação entre nanomateriais com sistemas biológicos, incluindo células, tecidos e seres vivos. Agente tóxico ou toxicante Qualquer agente físico ou químico capaz de produzir dano a um sistema biológico, alterando seriamente uma função ou levando-o à morte, sob certas condições de exposição. Xenobiótico Substâncias químicas estranhas ao organismo. Em Toxicologia também é considerado xenobiótico a substância química estranha quantitativamente ao organismo. Toxina Mistura relativamente complexa de substâncias, nociva, elaborada durante o metabolismo e desenvolvimento de microorganismos bem como de algumas espécies de vegetais e animais superiores. Droga Toda substância capaz de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou estado patológico, utilizada com ou sem intenção de benefício do organismo receptor. Fármaco Toda substância de estrutura química definida, capaz de modificar ou explorar o sistema fisiológico ou estado patológico, em benefício do organismo receptor. Intoxicação Conjunto de sinais e sintomas que caracterizam uma ação tóxica proveniente da interação de um agente tóxico em um organismo vivo. É a fase clínica. É a manifestação dos efeitos nocivos Intoxicação Aguda Decorre de um único contato (dose única- potência da droga) ou múltiplos contatos (efeitos cumulativos) com o agente tóxico, num período de tempo aproximado de 24 horas. Os efeitos surgem de imediato ou no decorrer de alguns dias, no máximo 2 semanas (efeitos retardados). Exemplo de efeitos retardados: Polineuropatia tardia resultante de uma intoxicação aguda por praguicidas organofosforados Intoxicação Crônica Decorre da interação de uma substância química com um organismo vivo e se apresenta após exposições repetidas a pequenas doses por um tempo prolongado (superior a três meses). Efeito tóxico É uma alteração biológica nociva decorrente da exposição a substâncias potencialmente tóxicas. Substância química organismoEfeito nocivo Painel dos efeitos tóxicos 1. Quanto à região atingida 2. Quanto à duração do efeito e da exposição 3. Efeito idiossincrático 4. Efeitos resultantes da interação de agentes químicos Painel dos efeitos tóxicos 1. Quanto à região atingida: -local: efeito tóxico ocorre no lugar de primeiro contato entre a substância e o organismo exposto. Queimadura com fenol Painel dos efeitos tóxicos 1. Quanto à região atingida: -sistêmico: efeito tóxico ocorre após absorção e distribuição da substância. Taquicardia provocada após queimadura com fenol Painel dos efeitos tóxicos 1. Quanto à região atingida 2. Quanto à duração do efeito e da exposição 3. Efeito idiossincrático 4. Efeitos resultantes da interação de agentes químicos Painel dos efeitos tóxicos 2. Quanto à duração do efeito e da exposição: -agudo: manifesta logo após a exposição, que em geral é de curta duração e a doses elevadas da substância. Insolação provocada por exposição em excesso ao sol durante um dia de muito calor Painel dos efeitos tóxicos -crônico: manifesta após a exposição repetida, a longo prazo e a doses baixas da substância. Câncer de pele provocado por exposições repetidas ao sol ao longo da vida 2. Quanto à duração do efeito e da exposição: O efeito crônico pode advir de dois mecanismos: - somatória ou acúmulo do agente tóxico no organismo: velocidade de eliminação < velocidade absorção - somatória de efeitos: o dano é irreversível aumenta a cada exposição o dano é reversível tempo entre cada exposição é insuficiente para que o organismo se recupere dano irreversível x dano reversível � Depende, principalmente, da capacidade do tecido lesado em se recuperar. Lesões hepáticas – geralmente reversíveis Lesões no SNC – geralmente irreversíveis Painel dos efeitos tóxicos 1. Quanto à região atingida 2. Quanto à duração do efeito e da exposição 3. Efeito idiossincrático 4. Efeitos resultantes da interação de agentes químicos Painel dos efeitos tóxicos 3. Efeito idiossincrático: Corresponde às respostas quantitativamente anormais a certos agentes tóxicos, provocados por alterações genéticas. “Rubor asiático”: provocado pela ingestão de álcool por povos de origem asiática Metabolização do álcool Álcool (etanol) Acetaldeído Acetato álcool desidrogenase aldeído desidrogenase Painel dos efeitos tóxicos 1. Quanto à região atingida 2. Quanto à duração do efeito e da exposição 3. Efeito idiossincrático 4. Efeitos resultantes da interação de agentes químicos Painel dos efeitos tóxicos 4. Efeitos resultantes da interação de agentes químicos: �Adição: 1 + 1 = 2 Ex.: Chumbo e arsênio atuando em nível da biossíntese do heme �Potenciação: 2 + 0 = 3 Ex.:isopropanol (que não é hepatotóxico), AUMENTA a hepatotoxicidade causada pelo CCl4 Painel dos efeitos tóxicos 4. Efeitos resultantes da interação de agentes químicos: �Sinergismo: 2 + 4 = 10 Ex.: CCl4 + álcool hepatotoxicidade muito maior do que aquela produzida pela soma das duas ações em separado Painel dos efeitos tóxicos 4. Efeitos resultantes da interação de agentes químicos: �Antagonismo: 5 + 3 = 1 � químico. Ex.: agentes quelantes como o EDTA, BAL e penicilamina, que sequestram metais � funcional. Ex.: barbitúricos + norepinefrina � não-competitivo. Ex. bicarbonato de sódio + barbitúricos � competitivo. Ex.: atropina + organofosforados ou carbamato NÃO CONFUNDIR EFEITO TÓXICO COM EFEITO COLATERAL E EFEITO ADVERSO Efeito colateral: um efeito diferente daquele efeito principal responsável pela indicação terapêutica do fármaco; assim, um efeito colateral pode ser benéfico ou indiferente e não necessariamente tóxico. inicialmente voltada ao tratamento de diabetes tipo 2 (liraglutida) observou-se que os pacientes também perdiam peso VICTOZA Apesar de o remédio ainda estar em fase de testes e não ser aprovado pela Anvisa como emagrecedor, ele sumiu das prateleiras das farmácias do país. Será??? Efeito adverso: se refere a um efeito colateral indesejado, devido a fatores intrínsecos do fármaco (efeito nocivo conhecido e esperado), ou devido a susceptibilidade do organismo exposto, (efeitos não esperados). Ex. de efeitos inesperados: reação alérgica; interação entre substâncias. Efeito nocivo esperado Efeito nocivo inesperado alopécia induzida por quimioterapia erupção bolhosa palmo-plantar induzida por diclofenaco FASES DA INTOXICAÇÃO Profª Eliani Spinelli FASE I: EXPOSIÇÃO • Corresponde ao contato do agente tóxico com o organismo. Representa a disponibilidade química das substâncias passíveis de serem introduzidas no organismo. � Via de introdução� Dose / concentração � Propriedades físico-químicas do toxicante • Deve-se considerar: � Tempo e duração da exposição � Suscetibilidade individual � Frequência da exposição FASE II: TOXICOCINÉTICA • Consiste no movimento do agente tóxico dentro do organismo. • É composta pelos processos de: � absorção, � distribuição, � biotransformação e � excreção. disponibilidade biológica (biodisponibilidade). FASE III: TOXICODINÂMICA Corresponde à ação do agente tóxico no organismo. ...atinge o alvo e interage biologicamente... toxicante ou o seu produto de biotransformação... ...causando alterações morfológicas e/ou funcionais, produzindo danos. FASE IV: CLÍNICA É caracterizada pelas manifestações clínicas e/ou laboratoriais resultantes da ação tóxica.
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