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O arrolamento é uma modalidade simplificada de inventário, que suprime grande parte das suas formalidades. É de tradição do nossos direito e já estava presente no Código de Processo anterior. A Lei nº 7.019/82 procurou facilitar ainda mais o inventário, abreviou o processo de arrolamento e alterou as redações dos arts. 1.031 a 1.038 do CPC. Nos arrolamentos são suprimidos termos judiciais chegando-se mais rapidamente a partilha. Há duas modalidades de arrolamento. O arrolamento sumário (Amorim e Oliveira, 1985:163), regulado pelo os arts. 1.032 a 1.035 do CPC, e o arrolamento para heranças de pequeno valor, que podemos denominar de arrolamento de alçada ou, como denomina Antônio Carlos Marcato (1990:148), comum, na falta de rotulação legal, regulado pelo o art. 1.036. Processar-se-á o inventário sob a forma de arrolamento sumário qualquer que seja o valor dos bens, sendo os interessados maiores e capazes, e estando de acordo na realização de partilha amigável, nos termos do art. 2.015 do Código Civil (art. 1.031 do CPC). Note que a lei nº 11.441/2007 permite doravante inventário por escritura pública, se não houve incapaz ou não existir testamento. Mas, se houver preferência pelo arrolamento, cujas disposições parecem continuar em vigor, basta que todos os interessados apresentem a partilha, por instrumento público ou particular, para ser homologada. Nessa modalidade, todos os herdeiros devem estar presentes no requerimento, devendo todos ser capazes. Essa forma não pode ser utilizada se houver incapazes ou herdeiros ausentes, ou discordância de qualquer dos interessados (herdeiro, legatário, testamenteiro, credor do espólio). O art. 1.032 suprime, com a nova redação, os termos de qualquer espécie. Todos os interessados, evidentemente, devem já estar representados nos autos. Nomeia-se o inventariante, na verdade o arrolante. A petição inicial do arrolamento, ou a que imediatamente se seguir, deve vir com todas as descrições que seriam feitas nas primeiras declarações do inventário, ou então a escritura de partilha amigável deve fazê-lo. Na inicial, já se atribuem valores aos bens do espólio. Ficará dispensada a avaliação (art. 1.033), salvo para a reserva de bens para pagamento de credores (art. 1.035). O importo de transmissão não será mais recolhido necessariamente no processo de arrolamento, nem aí será calculado. Essa foi a mais significativa simplificação da nova lei. O tributo será objeto de lançamento administrativo (art. 1.034, §2º), de acordo com a lei estadual, não estando o Fisco adstrito aos valores declarado na inicial. Cada Estado regulará a seu modo a forma de recolhimento na esfera administrativa. Quando da apresentação do formal de partilha ou carta de adjudicação, para registro, o imposto deverá estar recolhido. Nada obsta que os interessados recolham o imposto antes mesmo do processo, ou em seu curso. As partes deverão juntar comprovante do último lançamento fiscal. A fazendo não tem mais vista dos autos no processo de arrolamento. Quanto aos demais impostos sobre bens do espólio, estes nada têm a ver com a causa de morte, persistindo a exigência de certidão negativa, como é a exigência do imposto de renda, Incra, IPTU, etc., para a homologação da partilha (art. 1.026 e leis que completem o dispositivo). Conforme o art. 1.031 do CPC (redação dada pela a Lei nº 11.441/2007), a partilha amigável, celebrada entre partes capazes, nos termos do art. 2.015 do Código Civil, será homologada de plano pelo juiz, mediante a prova da quitação dos tributos relativos aos bens do espólio e às suas rendas. O arrolamento parabéns de pequeno valor é modalidade de inventário permitida sempre que o valor dos bens do espólio for igual ou inferior a 2.000 BTNs (antigas OTNs e ORTNs) (art. 1.036). Como bem aduzem Sebastião Amorim e Euclides de Oliveira, na 14º edição de sua obra Inventários e partilhas, essa indexação ao art. 1.036, já de há muito, não faz sentido. Sobre esse valor originário há que se fazer a devida atualização monetária, dentro de tantos índices que temos e tivemos no curso de nossa história, mesmo após a extinção desse valor de referência. O Tribunal de Justiça de São Paulo, por exemplo, passou a adotar sua própria tabela de índices; o mesmo ocorreu em outros Estados do país. Concluem esses especialistas no tema: “ Salta aos olhos a inadequação do defasado sistema ainda constante da lei processual, quando é praticamente impossível saber o valor exato a que corresponderiam as tais 2.000 ORTNs para utilização do procedimento correto, se inventário ou arrolamento. A mesma perplexidade se colhe no exame do limite de valor para fins de levantamento pelos dependentes do falecido (500 ORTNs, segundo a Lei nº 6.858/80). Seria muito mais adequado e simples retornar à indexação pelo salário mínimo” (Amorim e Oliveira, 2001:353). Trata-se, como se percebe, de mais uma entre tantas dificuldades que o ordenamento apresenta para os operadores do direito, esta, aliás, facilmente corrigível. O inventariante aqui também apresentará, em suas declarações, que devem obedecer aos detalhes das declarações do inventário, o valor dos bens do espólio e o plano de partilha. Já na inicial o inventariante pode pedir sua nomeação e apresentar os requisitos para a partilha. Essa modalidade de procedimento pode ser utilizada mesmo existindo interessados incapazes. Os interessados ausentes devem ser citados, nessa hipótese, mesmo porque qualquer interessado por impugnar a estimativa de valor, o que poderá obstar o rito de arrolamento (§1º do art. 1.036). Só será feita avaliação se houver impugnação de qualquer das partes ou do Ministério Público contra os valores apresentados pelo inventariante (§1º do art. 1.036). A seguir, o juiz delibera sobre a partilha. O §2º do artigo manda que haja uma audiência para essa deliberação, mas isso na prática raramente acontece, e se mostra desnecessário. Haverá de tudo um só termo, assinado pelo juiz e pelas partes presentes (§ 3º). Geralmente, as partes estarão representadas por procurador. Também nesse arrolamento a forma de pagamento do tributo é administrativa, e aplica-se o art. 1.034, cabendo à Fazenda o lançamento do imposto. Com a apresentação de comprovantes de pagamento do imposto, bem como com as certidões negativas dos demais tributos, será homologada a partilha (§ 5º) dessa modalidade bastante simplificada de inventário. Em qualquer das duas modalidades permitidas de arrolamento, o processo só alcançará, de fato, a celeridade pretendida pelo legislador, se o inventariante apresentar a relação inicial e o plano de partilha, bem como toda a documentação correspondente, sem falhar, que permitam, se plano, a homologação. Se no curso do arrolamento verificarmos não ser o rito admissível, com o pedido de admissão de um herdeiro desconhecido, por exemplo, no arrolamento sumário; ou com o aparecimento de bens que ultrapassem o teto legal no arrolamento de alçada, por exemplo, converter-se-á o processo em inventário, aproveitando-se, tanto quanto possível, os atos até então praticados. Nada obsta, também, que, inicialmente requerido o inventário, seja o mesmo convertido em arrolamento. As questões incidentes nos arrolamentos são decididas da mesma forma que nos inventário, cujas normas se aplicam subsidiariamente (art. 1.038 do CPC). Referência: VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito das sucessões. Volume. 7. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2013.
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