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Autocomposição heterocomposição e instrumentabilidade do processo


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Autocomposição : uma das técnicas de solução de conflitos, que vem adquirindo satisfatório crescimento no país é a autocomposição, que tem como principal fundamento a vontade das partes.a principal vantagem da autocomposição é a celeridade processual (tanto num processo no tribunal de justiça como num tribunal de arbitragem), visto que as próprias partes se ajustam para solucionar o conflito. existem algumas formas de autocomposição, sendo as principais
a)     autodefesa/autotutela: por regra é proibida, porém é aceita nos casos de legítima defesa real e estado de necessidade real, além de outros casos específicos;
a pessoa utiliza da violencia para garantir seu direito/direito.
ex: você compra um celular no camelo e ele vem quebrado, vc vai ate o camelo e pede para ele trocar ele se nega a trocar, vc diz que vai matar ele se ele não trocar, ele puxa um revolver e diz que não vai trocar. (autotutela/autodefesa). 
b)     conciliação:neste caso é eleito um conciliador, que é responsável por aproximar as partes na tentativa de que as mesmas cheguem a um acordo;
um terceiro, propõem que as partes façam um acordo.
ex: o cara da barriquinha do lado pede para que vocês não se matem e pede para os dois resolverem na conversa.
c)     mediação:semelhante à conciliação, é eleito um mediador que além de aproximar as partes ele também já apresenta propostas para a solução do conflito;
neste caso, é necessário que o mediador possua conhecimento técnico para induzir as partes a um acordo;
um terceiro que tenha conhecimento sobre o assunto da lide, propõe um acordo.
ex: o cara da barraquinha do lado concerta celular e diz que concerta o celular e os dois dividem o pagamento do concerto.
d)     transação: esta forma de autocomposição possui um elemento essencial, a res dúbia – coisa duvidosa; é aplicável nos casos onde existe o direito objetivo (ex. fgts não pago), o interessado tem direito, porém, além disto, alega que fazia horas-extras no trabalho, esta última alegação deve ser provada, existindo dúvida neste caso;
heterocomposição : a heterocomposição é a técnica pela qual as partes elegem um terceiro para “julgar” a lide com as mesmas prerrogativas do poder judiciário. as duas formas principais são: arbitragem (lei 9307/96) e jurisdição.
jurisdição :  trata-se de subsunção dos conflitos à análise realizada por um magistrado, devidamente instituído para tal.
Arbitragem: , tem-se que ao escolhe-la como a opção para solução do conflito, fica excluída (exceto se desistirem da arbitragem) a jurisdição, ou seja, se o conflito, sem vício, for declarado em transito em julgado, não será mais apreciado pelo poder judiciário, e em caso de impetração de ação, o juiz emitirá sentença terminativa sem julgamento de mérito por ter sido solucionado por arbitragem para a utilização da arbitragem, é necessário que o bem seja disponível e seja um bem patrimonial, ou seja, bens de valor econômico, contratos, bens móveis e imóveis, entre outros;a eleição da arbitragem é feita por eleição, ou seja, as partes elegem um árbitro para realizar a arbitragem. podendo sem realizado por qualquer pessoa que possua a confiança das partes, podendo ou não ser gratuito, pode ser pessoa jurídica. a única exigência é que seja em uma quantidade ímpar;
existem dois tipos de instrumentos arbitrais:
a)     cláusula arbitral: esta está definida dentro de um instrumento, como no caso do contrato, onde as partes elegem, em cláusula específica, primariamente a arbitragem para a solução de conflitos. caso entrem com o processo no poder judiciário, será rejeitado por ser arbitragem (sentença terminativa);
por ser uma cláusula, o conflito é futuro e incerto, podendo ou não ocorrer.
b)     compromisso arbitral
é criado um instrumento específico para a arbitragem, assinado por ambas as partes.
neste caso, já existe um conflito atual, que deverá ser solucionado através da arbitragem.
em ambos os casos, fica estabelecido o prazo de seis meses para que seja proferida a sentença arbitral de acordo com o art. 23 da lei 9307/96:
são requisitos da sentença arbitral, os mesmos elementos essenciais da sentença judicial, quais sejam:
a)     relatório: deve constar o nome das partes, a vara, o número do processo, os atos processuais realizados. finalizando com o texto: “é o relatório”.
b)     fundamentação: necessária a fundamentação dos motivos que levaram o árbitro a formular seu convencimento, na forma do cpc:
art. 131. o juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que ihe formaram o convencimento. 
c)     dispositivo: é a sentença proferida.
o art. 475-n, iv do cpc eleva a sentença arbitral à título executivo judicial a partir da ciência das partes, não necessitando da homologação judicial.
na arbitragem, por regra, não existe recurso. como exceção é possível embargos de declaração na própria arbitragem, que deverá ser julgado pelo mesmo árbitro e deverá ser interposto no prazo de cinco dias úteis a partir da ciência das partes. porém só é aplicável nos casos de obscuridade, contradição ou omissão.  além dos embargos de declaração é possível a ação anulatória (no poder judiciário) no prazo de 90 dias, onde o juiz analisará somente nulidades, e caso seja confirmada a nulidade o processo de arbitragem deverá ser novamente realizada.A única forma de deixar de se utilizar a arbitragem e ir para a jurisdição, é por decisão das partes que deverão desistir da arbitragem.
existem tribunal arbitral particular que “julgam as lides”, são muito utilizados por empresas, tem peso de sentença de magistrado como já dito acima.
instrumentabilidade do processo : tem-se como objetivo maior do processo, o seu uso feito pelo estado para dirimir conflitos, pacificando-os da melhor maneira possível, e porque não se dizer, tendo-se um maior controle social por parte do estado.
como leciona willian santos ferreira, o processo “como instrumento que é, não pode atuar em detrimento de um direito material, mas sim para reconhecê-lo e conferir ao seu titular o que lhe assiste obter”.
mas, apesar do processo não ser considerado uma fonte geradora de direitos e sim, ter como função tutelar direitos, tem-se o processo como instrumento de ordem jurídica material, como bem exemplificado no artigo 83 do código de defesa do consumidor: “para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela”.
como o formalismo excessivo acaba por confundir o instrumento (meio pelo qual) com sua finalidade (razão de sua existência), é necessário observar não só se o conteúdo incerto em uma norma jurídica processual foi aplicado, mas sim, analisar se o seu objetivo foi alcançado.
não é correto deixar que o puro formalismo processual anule um processo que apesar de possuir um ato vicioso, não gerou prejuízos a nenhuma das partes. um exemplo em que o próprio sistema normativo repele esse excesso de formalismo, é o disposto no artigo 920 do código de processo civil, onde o juiz pode dar continuidade a um processo, no caso de uma ação de manutenção de posse ter sido ajuizada erroneamente no lugar de uma ação de reintegração de posse.
no entanto, não só cabe ao magistrado deixar de lado os rigorosos formalismos, mas sobre tudo não pode em hipótese alguma, permitir que seu raciocínio o conduza a uma interpretação contraproducente ao do texto legal.
como antigamente se misturavam a figura do direito objetivo com o processo (rito processual) gerava confusão, sendo assim criado o entendimento que o processo e um instrumento, uma técnica um modo de se alcançar a equipariedade na lide, por meio de determinadas etapas para se alcançar aquele direito contemplado.