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AULA 04 desenvolvimento neuropsicomotor e aprendizagem

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AULA 4 
DESENVOLVIMENTO 
NEUROPSICOMOTOR E 
APRENDIZAGEM 
Prof. Everton Adriano de Morais 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Seja bem-vindo(a) à nossa quarta aula. Nela discutiremos sobre 
neuropsicomotricidade e algumas fases do desenvolvimento humano, também 
abordando o tema do comportamento motor e suas disfunções: Quando e como 
elas acontecem? Como lidar com situações como, por exemplo, os transtornos de 
coordenação? Qual deve ser a postura dos educadores nesse caso? 
O objetivo desta aula é nortear o aluno no que tange ao tópico do 
desenvolvimento motor e sua relação junto aos processos do pensamento desde 
a infância até a velhice. As aulas anteriores nos deram a visão de como o ser 
humano constrói o processo de maturação e elaboração do comportamento 
motor, elucidando quais as estruturas biológicas envolvidas, os principais autores 
relacionados a esse tema e a interação com o meio social. Nesta aula, é 
importante falar sobre como o funcionamento desse comportamento ocorre nas 
fases da vida de um indivíduo. 
CONTEXTUALIZANDO 
Quando se fala em desenvolvimento, diversos são os aspectos e fatores 
envolvidos: social, familiar, escolar, biológico, filogenético, ontogenético, afetivo, 
cognitivo etc. Há inúmeras situações que contribuem para o desenvolvimento. A 
fase da infância é caracterizada como uma das mais importantes no que se refere 
a esse tema, pois, nela, diversas habilidades e aptidões podem contribuir para as 
próximas fases. O comportamento motor é um dos grandes responsáveis pela 
interação do homem, pelas construções cognitivas e pelo aprimoramento dessas. 
A aprendizagem de tarefas complexas e funcionais, como dançar, praticar 
esportes, dirigir, entre outras, envolve diretamente a motricidade (Neto et al., 
2008, p. 46-470). 
E quando há uma dificuldade quanto a esse desenvolvimento? Como lidar 
com isso? Qual postura a ser seguida? Os educadores que investem na educação 
de forma holística, entendendo que o processo motriz não corresponde apenas 
ao movimento musculoesquelético, mas a outras situações do aprender (como ler, 
escrever e até mesmo calcular), acreditam ser possível cuidar e até mesmo 
prevenir algumas dificuldades apresentadas. O fato de não haver um bom 
desenvolvimento neuropsicomotor, por exemplo, pode influenciar diretamente na 
alfabetização, na linguagem oral e na escrita, pois há uma integração entre esses 
 
 
3 
processos: havendo falha em um, os demais poderão ser afetados (Neto et al., 
2008, p. 47-50). 
TEMA 1 – NEUROPSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTOJUVENIL: 
UM PREPARO PARA AS DEMAIS FASES DO DESENVOLVIMENTO 
A infância corresponde a uma fase de aprendizagem, preparo e maturação 
para as demais fases do desenvolvimento. Cada particularidade é de extrema 
importância para a criança – linguagem, relacionamento interpessoal, afetividade, 
processos psicológicos, entre outras –, e isso se dá desde o nascimento, quando 
acontecem os primeiros contatos com o meio, promovendo estímulos visuais, 
auditivos, tátil-cinestésicos etc. O comportamento motor é uma forma de se 
relacionar com o mundo com base no movimento, fornecendo o fundamento para 
a articulação da fala, o preparo para coordenação motora e a elaboração de 
movimentos controlados e automatizados (Rolim et al., 2008, p. 176-179; Sandril 
et al., 2009, p. 34-36). 
 Por meio dessa explanação inicial, pode-se entender que a 
psicomotricidade está presente desde os primeiros dias de vida: o movimento em 
si é incentivado a todo instante. Uma das premissas importantes na construção 
psicomotora da criança é o conhecimento do próprio corpo – quais os limites, 
como se desenvolve. Esse “conhecer” ocorre por meio de práticas físicas e de 
atividades educacionais estimuladas pelo meio e por outras pessoas, bem como 
por pais, educadores, professores e familiares de um modo geral. Todas essas 
funcionalidades são executadas por uma formação global, e podem até ser 
consideradas uniformes. 
Na infância, esse processo se dá pelo aprender contínuo de novos 
movimentos executados, seja pegar um brinquedo, tocar com as mãos os pés, 
exercitar as articulações etc. Na fase seguinte, que corresponde à adolescência, 
o comportamento motor fica mais elaborado, refinado e aprimorado, em caso de 
maturação saudável. Aquilo que outrora era executado de forma rudimentar agora 
tem mais força e é mais consistente. Isso dependerá também da estimulação e 
da educação do ambiente no qual o indivíduo está inserido, considerando também 
sua formação e atividades desempenhadas, pois o desenvolvimento não depende 
apenas de uma maturação biológica, já que o ser humano é biopsicossocial 
(Rossi, 2012, p. 2-3). 
 
 
4 
Na psicomotricidade, a construção ocorre do geral para o específico – os 
movimentos são mais bruscos e, posteriormente, tornam-se mais elaborados. As 
premissas básicas de desenvolvimento em relação ao comportamento motor e 
aos processos cognitivos são: conhecimento do corpo e suas estruturas, noção 
de espaço, tempo, lateralidade, até o início da escrita. Um erro relacionado a 
algum desenvolvimento que não ocorreu pode impactar diretamente outros 
aspectos do aprender. Por exemplo, a dificuldade de noção espacial influencia a 
alfabetização e o conhecimento das letras e caracteres, pois uma alteração, como 
a da letra “p” para “d”, por exemplo, modifica o sentido da palavra (devido à 
mudança da haste da letra de um lado para o outro). Por esse motivo, a 
lateralidade defasada acarreta dificuldade tanto na escrita quanto na leitura. 
De acordo com Gallahue e Ozmun (2005, p. 22-27), o desenvolvimento 
motor está ligado aos processos cognitivos e à afetividade. Há inúmeros fatores 
que o influenciam, inclusive o biopsicossocial, decorrente da interação com o 
ambiente, da maturação biológica, da construção afetiva e de aspectos cognitivos, 
presentes desde a idade mais tenra até a velhice. O exercício e a prática contínua 
dessas habilidades em todas as faixas etárias são de extrema importância, pois o 
ciclo vitalício compreende e aprende de forma flexível e adaptativa em todos os 
momentos da vida, sendo mais plástico na infância e um pouco mais complexo 
em relação à reorganização na fase da velhice, mas isso não impede de evoluir, 
mudar, aprimorar e o comportamento motor. 
TEMA 2 – NEUROPSICOMOTRICIDADE, APRENDIZAGEM E ENVELHECÊNCIA 
O aprender é contínuo em todo o ciclo da vida, iniciando-se na infância com 
maior intensidade e reconhecimento do meio e do organismo. Posteriormente, tem 
alguns de seus aprimoramentos na fase da adolescência; na fase adulta, após a 
maturação de estruturas do Sistema Nervoso (Cosenza; Guerra, 2011, p. 101), 
algumas funções e movimentos ficam mais rígidos, passíveis de mudança, 
contudo, demandando maior complexidade; por fim, a velhice é a fase na qual é 
importante o exercício de atividades motoras para manutenção de movimentos, 
ações, pensamentos, construções cognitivas e linguagem, pois, embora a 
aprendizagem seja constante e possível, para essa faixa etária são necessários 
treinos específicos e distintos das demais, visto o organismo ter algumas 
limitações (o que não configura impedimento para aprender) que precisam de uma 
 
 
5 
atenção maior. Assim, o exercício psicomotor é uma alternativa para manter ativa 
a dinâmica do organismo junto à interação com o ambiente. 
Henry Wallon (1997, p. 105) direcionou uma atenção especial para o 
desenvolvimento psicomotor, diferenciando-o do comportamento motor. Explicou 
que a construção psicomotora não compreende apenas regulação e execução dos 
movimentos, mas a interação com diversos processos psíquicos, como 
linguagem, classificação e outras açõesque relacionam o corpo com a mente. 
A gerontopsicomotricidade, que estuda e analisa os processos do aprender 
em relação aos movimentos no envelhecimento, traz diversas peculiaridades 
investigadas. Para que o indivíduo nessa fase tenha um desenvolvimento 
saudável, precisa buscar atividades de forma holística e que envolvam o 
funcionamento dos processos psicológicos, cognitivos, afetivos, além de ações 
físicas e sua prática. O idoso, nessa fase do desenvolvimento, passa por inúmeras 
reorganizações e readaptações: consciência do corpo, agilidade do movimento, 
novos projetos de vida e até mesmo ressignificação de diversas condições do ciclo 
vital. O aprender não se resume a apenas algumas ou uma única fase do 
desenvolvimento, mas estende-se para todas as faixas etárias. Por esse motivo, 
o exercício e o treino dos processos de pensamento e as ações motoras devem 
continuar ativos e diretos (Galvani, 2015, p. 16-18). 
Durante a vida toda, o idoso passou por diversas percepções do corpo, 
conhecidas por meio do movimento, do exercício e da execução de ações do 
próprio corpo. O pensamento em ato é a realização psicomotricista, o sentir e 
conhecer o organismo – é reproduzir, por meio do movimento, o pensamento. 
Tendo uma visão holística, não separando a mente do corpo, mas integrando os 
processos, é possível compreender a psicomotricidade como um funcionamento 
de passos interligados do indivíduo. A linguagem, as ações emocionais e outros 
funcionamentos constroem uma história conectada (interações e meio), tendo em 
si uma contribuição biopsicossocial. Conscientizar-se e apropriar-se desse 
conhecimento em relação ao corpo torna o indivíduo um idoso mais funcional em 
suas ações, com capacidades adaptativas e potencializadas, também em maiores 
proporções (Galvani, 2015, p. 52-55). 
 Por esse motivo, é de grande valia a atuação dos educadores como 
estimuladores motricistas no que se refere à ação junto aos idosos, pois traz a 
possibilidade de reorganização e readaptação de seu funcionamento motor, 
tornando-os mais ativos e constantes. Isso contribui para aprendizagem de novas 
 
 
6 
ações e atividades laborais, colaborando para a adaptação à nova fase do 
desenvolvimento em relação ao controle emocional, ao aperfeiçoamento de 
funções cognitivas, ao equilíbrio afetivo, às práticas esportivas e à ativação de 
memórias declarativas (informações de curto ou longo prazo acessadas) e não 
declarativas (vias reflexas e sensoriais), que podem ser revividas e reavivadas em 
uma condição saudável. Ler, escrever, fazer palavras cruzadas e caça-palavras 
são processos que contribuem para uma vida saudável no envelhecimento. 
TEMA 3 – INTERVENÇÕES PSICOMOTORAS NAS FASES DO 
DESENVOLVIMENTO EM RELAÇÃO À DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 
As fases do desenvolvimento cumprem um papel importante para o 
amadurecimento do ser humano. Cada momento do ciclo da vida tem sua 
particularidade; sequencialmente, há uma colaboração entre uma fase e outra. 
Mas quando é que existe uma alteração significativa nesse circuito, seja na 
infância, na adolescência, na fase adulta ou no envelhecimento? Até o presente 
momento, debatemos e comentamos o desenvolvimento psicomotor saudável. 
Contudo, o que fazer quando, no desenvolvimento (cognitivo, físico ou afetivo), 
ocorre uma alteração (perda, lesão ou atraso), seja ela mínima ou severa? 
De acordo com Leitão et al. (2008, p. 21-24), para um indivíduo que 
apresenta déficit intelectual, as ações e intervenções psicomotoras são de grande 
importância, pois há necessidade de reajuste de diversos processos. As autoras 
discutem sobre a integração do comportamento motor a outras funções básicas 
do desenvolvimento. Como já mencionado em outros temas, há um importante 
entendimento de que o processo psicomotor envolve uma visão holística, ou seja, 
uma integração biopsicossocial, e não apenas o comportamento motor em si 
enquanto ação e execução. Na deficiência intelectual, em qualquer faixa etária, é 
interessante investigar a raiz da dificuldade de aprendizagem e explorar as 
capacidades de flexibilidade e reorganização dos processos mentais, respeitando 
a evolução do indivíduo de acordo com o seu rendimento, mas entendendo que 
cada um tem seu ritmo. A intervenção psicomotora possibilita ao indivíduo 
construir novas aprendizagens e estratégias para lidar com as condições 
proporcionadas pelo meio. 
Para Ferreira et al. (2012, p. 31-32), a deficiência intelectual se define como 
um comprometimento limitante nas adaptações de funções intelectuais 
acompanhado de defasagens cognitivas, sociais, conceituais etc. Segundo os 
 
 
7 
autores, essas dificuldades podem ser auxiliadas por atividades físicas e treinos 
psicomotores, no caso de déficits motores. Como já vimos, uma falha no processo 
motriz resulta em comprometimento também de outras áreas do aprender. Assim, 
intervenções diretas para remover ou amenizar o problema por meio de ações 
práticas são de grande valia para promoção da saúde do indivíduo com dificuldade 
e deficiência intelectual. Tal intervenção deve ocorrer com grande intensidade 
principalmente entre a infância e os 18 anos aproximadamente, pois as limitações 
de um indivíduo com deficiência intelectual se desenvolvem com grande 
intensificação nesse período. 
O funcionamento básico da psicomotricidade para auxiliar um indivíduo 
conta com alguns elementos: tônus, lateralização, equilíbrio, conhecimento da 
esquematização do corpo, orientação espaço-tempo, coordenação geral e 
coordenação motora fina. Quando se fala em aplicação psicomotricista, sua 
estrutura compreende três pilares (Ferreira et al., 2012, p. 32): querer fazer – de 
ordem emocional; fazer – referente à motricidade; saber fazer, relacionado aos 
processos cognitivos. Com base nessa organização é possível desenvolver 
inúmeras atividades físicas direcionadas ao processo mental e à integralização do 
indivíduo como um todo, contribuindo para promoção de saúde mental. 
TEMA 4 – TRANSTORNOS DE COORDENAÇÃO MOTORA E O APRENDER 
A coordenação motora corresponde às ações ordenadas em conjunto com 
base no movimento, e tem grande importância para o desenvolvimento do ser 
humano no que tange às habilidades sociais, funções cognitivas, prática, 
criatividade, afetividade, entre outros. Há, no movimento, um valor inestimável, 
pois constantemente o indivíduo cria e executa atividades motoras: escrever, 
digitar, tocar um instrumento, praticar exercício físico, utilizar talheres etc. Esse 
indivíduo nasce com comportamentos reflexos e inábil para movimentos de 
coordenação motora fina, mas, no decorrer de seu desenvolvimento, isso é 
aprimorado e elaborado. Na velhice, contudo, o sujeito torna-se inábil em certo 
ponto, com atraso nos movimentos e até mesmo dificuldade para executá-los, 
dependendo do avanço da idade. Dessa forma, pode-se entender que o 
desenvolvimento motor permeia todas as fases do ciclo vital, o qual é construído 
por meio de ações e mudanças ao longo desse processo (Santos et al., 2004, p. 
33-34). 
 
 
8 
O comportamento motor possui algumas especificidades, como a 
universalidade com base em uma ordem filogenética (por exemplo: engatinhar, 
levantar, andar e correr). Contudo, também é aprimorado de maneira 
diversificada, sendo construído por estimulação do ambiente, uma relação que se 
desenrola junto a condições culturais, inclusive respeitando a sequência de 
aprendizagem do indivíduo – e, nesse caso, evolui-se de forma particular, pois 
cada pessoa tem sua forma de andar, de correr, de executar um movimento e de 
exercitar suas articulações. No entanto, em alguns casos há um atraso no 
processo de desenvolvimento do movimento, oque resulta em uma inabilidade, 
dificultando a prática e causando desordem na aquisição das habilidades. Muitas 
vezes a dificuldade de execução dos movimentos não está limitada apenas ao 
mover-se, mas reporta-se a possíveis causas orgânicas, como, por exemplo, 
lesões ou defasagens neurológicas, psicológicas e cognitivas. 
O comprometimento de alguma área cerebral, por exemplo, pode impactar 
diretamente o comportamento motor; na fase da infância, uma alteração que 
causa atraso ou lesão neurológica pode impactar movimentos que exigem 
habilidades motoras fundamentais, como andar, correr, sentar etc., mas também 
impactar as condições do aprender na escola, como escrita, prática de educação 
física, atividades motoras para brincar, entre outras (Santos et al., 2004, p. 37-38). 
Considera-se o Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) o 
comprometimento do comportamento motor; sua causa não necessariamente 
corresponde diretamente a funções de capacidades intelectuais ou neurológicas, 
embora tenha ligação com elas. Um indivíduo que apresente essa disfunção 
geralmente sofre um impacto em suas atividades diárias (escola, trabalho, 
brincadeiras, entre outras); ele pode, em certa instância, desenvolver habilidades 
básicas de comportamento motor, como equilibrar-se, andar e sentar, porém, não 
as aprimora de maneira funcional (no que se refere a auxiliar a relação junto aos 
demais indivíduos e à ação no ambiente). Na velhice, por exemplo, o sistema 
motor tende a declinar, e as experiências de vida interagem de forma negativa 
com os comprometimentos da motricidade do indivíduo (Santos et al., 2004, p. 40-
41). 
Dessa forma, entende-se que o TDC impacta diversas fases do 
desenvolvimento humano, trazendo comprometimentos desde a infância até a 
velhice. Embora em uma fase ocorra o desajuste da aprendizagem e da aplicação 
funcional para novas atividades, outras fases do desenvolvimento são afetadas 
 
 
9 
no que tange à ação das atividades já aprendidas, mas que agora precisam de 
readaptação e reorganização, em decorrência dos sistemas biológicos que 
gradativamente vão perdendo sua força e tornando-se mais lentos, porém, não 
inábeis. Esse cenário exige uma sequência de treinos e a promoção da saúde 
para reabilitação de situações e condições comprometidas pelo transtorno motor. 
TEMA 5 – DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E FORMAÇÃO DE 
EDUCADORES 
É muito importante que falemos, neste último tema, sobre a atuação, a 
preparação e a capacitação do profissional da Educação – seja ele professor, 
pedagogo, psicólogo etc. – quanto ao desenvolvimento psicomotor. 
Há certas dúvidas que pairam sobre esse assunto, e elas também podem 
ser suas: Como atuar e o que fazer para identificar o desenvolvimento psicomotor 
saudável? Quando identificar um indivíduo que apresenta comprometimento? 
Como essa condição aparece? Para essas e outras questões, é necessário 
entrelaçar os temas anteriormente vistos nesta aula. Um educador deve 
apresentar uma visão holística de como o indivíduo cresce, se desenvolve e 
amadurece no decorrer dos anos: entender como isso ocorre é primordial. Saber 
quais as ferramentas e os recursos e também como trabalhar com esse aspecto 
do desenvolver é muito importante, pois cada detalhe pode ser muito útil 
(Ferronato et al., 2006, p. 60-76). 
Para os educadores de um modo geral, existe a necessidade de entender 
que há diversas estratégias que colaboram para o desenvolvimento psicomotor 
em harmonia com outros processos, como estimulação com base em ações de 
relacionamento interpessoal, práticas psicopedagógicas, reabilitações cognitivas, 
aprendizagem por meio de interações sociais etc. A educação e a reeducação 
psicomotoras são essenciais para ativação da sensação e da percepção dos 
sentidos, pois orientam vários aspectos (educacionais, sociais, familiares e 
individuais). 
Há práticas que devem ser aplicadas de forma criativa, pois demandam 
organização, tentativa e erro, reorganização e formulação de atividades que 
tenham objetivos pedagógicos para construção do aprender, o que leva o 
educador a ter a necessidade de explorar o máximo de alternativas possível para 
encontrar um meio mais adequado a cada indivíduo. No caso da reeducação 
psicomotricista, o educador deve retomar ações e funções que não apresentam o 
 
 
10 
devido funcionamento e, por meio de condutas que possam reabilitar as atividades 
motoras, remover ou reduzir o problema motor apresentado – o que inclui uma 
gama de profissionais tanto da área da Saúde quando da Educação (Ferronato et 
al., 2006, p. 81-82). 
 Desse modo, é imperativo frisar a importância dos profissionais que 
trabalham o desenvolvimento humano, a prevenção e a promoção da saúde, pois 
a multidisciplinaridade contribui com indivíduos em processo de formação 
psicomotora e com aqueles que estão na fase de envelhecimento, não 
reproduzindo mais suas ações motoras devido a comprometimento cognitivo ou 
atraso no movimentar-se. Logo, entende-se como essencial um preparo 
psicológico, pedagógico, operacional e estratégico, a fim de que os educadores 
tenham bons resultado com seus educandos, pacientes e envolvidos nas 
atividades proporcionadas. 
Toda e qualquer ação bem elaborada, criada com base em uma 
fundamentação direcionada e esclarecida pode contribuir para o bom andamento 
do desenvolvimento humano – de crianças a idosos –, potencializando a 
motricidade e dando funcionalidade a ela, inclusive reorganizando o 
comportamento motor e a readaptação de acordo com cada fase (Logarezi; Alves, 
2009, p. 125-132). 
FINALIZANDO 
O desenvolvimento neuropsicomotor segue a complexidade do 
amadurecimento das faixas etárias. Cada fase tem sua singularidade e, por esse 
motivo, cada detalhe tem de ser levado em consideração. A recepção dos 
estímulos na infância precisa ser elaborada e trabalhada de maneira particular, 
pois esses estímulos fornecerão a base para movimentos mais refinados na fase 
adulta. 
As inabilidades ocasionadas por um transtorno psicomotor podem impactar 
o desenvolvimento humano, ocasionando disgrafias, dislexias e dispraxias em 
âmbitos escolares; caso essa situação não seja identificada, não sendo 
descoberta a raiz do problema (que pode ser motora), haverá desajustes em 
inúmeras áreas acadêmicas, como, por exemplo, nas áreas de linguística, lógico-
matemática, na atividade física etc. A defasagem de orientação temporal-espacial 
pode comprometer áreas interligadas. 
 
 
11 
O preparo de profissionais é essencial para atuação no desenvolvimento 
psicomotor, pois possibilita analisar os principais indícios das inabilidades e, por 
meio dessa constatação, trazer uma proposta para reabilitar diversas funções. 
Além disso, é necessário conhecer técnicas, estratégias e planejamentos 
aplicáveis em intervenções assertivas, a fim de auxiliar o indivíduo que apresenta 
dificuldades. 
Nesta aula, discutimos o desenvolvimento infantil, mas também a fase 
adulta e a velhice. O profissional que lida com o desenvolvimento psicomotor deve 
entender que o sentar, o levantar e o andar são distintos na infância e na velhice: 
na primeira, a tendência é a de aprimorar os movimentos e torná-los funcionais; 
na segunda, reorganizar e readaptar os movimentos de acordo com os atrasos 
cognitivos e motores. No entanto, tudo se trata de cada vez mais aprender sobre 
o desenvolvimento humano. 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
LUSSAC, R. M. P. Psicomotricidade: história, desenvolvimento, conceitos, 
definições e intervenção profissional. Revista Digital-Buenos Aires, ano 13, n. 
126, 2008. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd126/psicomotricidade-historia-e-intervencao-profissional.htm>. Acesso em: 19 jun. 2018. 
Texto de abordagem prática 
FREITAS, A. S.; ISRAEL, V. L. A psicomotricidade no desenvolvimento do 
esquema corporal na aprendizagem de pessoas com deficiência. Disponível 
em: <https://pt.scribd.com/document/70258625/22082188-857-889a-
Psicomotricidade-No-to-Do-Esquema-Corporal-Na-Aprendizagem-de-Pessoas-
Com-Deficiencia>. Acesso em: 19 jun. 2018. 
SANTOS, R. C. F. et al. Psicomotricidade: uma ferramenta norteadora no 
processo de ensino-aprendizagem de crianças com dislexia. Rev. Ciênc. Ext. v. 
5, n. 2, p. 79, 2009. Disponível em: 
<http://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/view/281/279>. Acesso em: 
19 jun. 2018. 
 
 
 
12 
Saiba mais 
ANTUNES, A. P. A Psicomotricidade no envelhecimento patológico. Relatório 
de Estágio (Mestrado em Reabilitação Psicomotora) – Universidade Técnica de 
Lisboa. Faculdade de Motricidade Humana, 2013. Disponível em: 
<https://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/5927>. Acesso em: 19 jun. 2018. 
 
 
13 
REFERÊNCIAS 
FERREIRA, E. F.; VAN MUNSTER, M. de A.; PEREIRA, E. T. Deficiência 
intelectual e psicomotricidade: uma revisão. Revista da Sobama, v. 13, n. 2, p. 
31-37, 2012. 
FERRONATTO, S. R. B. et al. Psicomotricidade e formação de professores: 
uma proposta de atuação. Dissertação (Mestrado em Educação) – PUC 
Campinas, 2006. p. 60-76; 81-82. 
GALVANI, C. et al. Longevidade e psicomotricidade: ter ou ser um corpo que 
envelhece com qualidade de vida. Dissertação (Mestrado em Gerontologia) – 
PUC-SP, 2015. p. 16-18. 
GALLAHUE, D. L.; OZMUN J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: 
bebês, crianças, adolescentes e adultos. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2005. p. 22-
27. 
LEITÃO, A. I.; LOMBO, C.; FERREIRA, C. O contributo da psicomotricidade nas 
dificuldades intelectuais e desenvolvimentais. Revista Diversidades, v. 22, p. 21-
24, 2008. 
LONGAREZI, A. M.; ALVES, T. de C. A psicologia como abordagem formativa: 
um estudo sobre formação de professores. Psicologia Escolar e Educacional, 
v. 13, n. 1, p. 125-132, 2009. 
NETO, F. R. et al. Desenvolvimento motor de crianças com indicadores de 
dificuldades na aprendizagem escolar. Revista Brasileira de Ciência e 
Movimento, v. 15, n. 1, p. 45-52, 2008. 
ROLIM, A. A. M.; GUERRA, S. S. F.; TASSIGNY, M. M. Uma leitura de Vygotsky 
sobre o brincar na aprendizagem e no desenvolvimento infantil. Revista 
Humanidades, v. 23, n. 2, p. 176-180, 2008. 
ROSSI, F. S. Considerações sobre a psicomotricidade na educação 
infantil. Revista Vozes dos Vales da UFVJM, Minas Gerais, n. 1, ano 1, maio, 
2012. Disponível em: <http://site.ufvjm.edu.br/revistamultidisciplinar/files/2011/09
/Considera%C3%A7%C3%B5es-sobre-a-Psicomotricidade-na-
Educa%C3%A7%C3%A3o-Infantil.pdf>. Acesso em: 19 jun. 2018. 
 
 
14 
SANDRI, M. A.; LORELEI, M. S.; GOMES, E. Perfil comunicativo de crianças entre 
1 e 3 anos com desenvolvimento normal de linguagem. Revista CEFAC, v. 11, n. 
1, 2009. 
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