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RESUMO CARDIOFISIOLOGIA – GABRIEL GARCIA 1) MÚSCULO CARDÍACO: CORAÇÃO COMO BOMBA A válvula tricúspide está entre o átrio direito e ventrículo direito, enquanto a mitral (bicúspide) está entre o átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. 3 tipos principais do músculo do coração: músculo atrial e ventricular (contração mais forte que o músculo esquelético) e fibras musculares condutoras e excitatórias especializadas (condução controlada do sinal excitatório). A contração cardíaca é semelhanta à esquelética (fibras contém actina e miasma), porém dura mais tempo. Os potenciais de ação vão de uma célula cardíaca para outra, passando pelos discos intercalados. O coração apresenta 2 sincícios (interligação de células cardíacas): sincício atrial e ventricular (na parede de ambas as câmaras). Os átrios são separados dos ventrículos por um tecido fibroso que circunda as aberturas valvulares entre os átrios e ventrículos. 2) POTENCIAL DE AÇÃO NO MÚSCULO CARDÍACO Os potenciais de ação são transmitidos do sincício atrial ao ventricular por meio do feixe átrio-ventricular AV Potencial de repouso: músculo cardíaco (-85 a -95mV) e fibras de Purkinje (-90 a -100mV) O potencial de ação do músculo cardíaco é prolongado e apresenta platô. Por quê o potencial cardíaco é prolongado? Porque além dos canais de Na+, existe os CANAIS LENTOS DE CÁLCIO que permanecem abertos por bastante tempo e mantém a DESPOLARIZAÇÃO por período prolongado, ocasionando o platô do potencial (entra Ca2+ e Na+ no músculo cardíaco). 3) CICLO CARDÍACO Período de início de um batimento cardíaco até o batimento seguinte, iniciado pela geração espontânea de um potencial de ação pelo nodo sinoatrial (sinusal), o qual está na parede lateral superior do átrio direito, próximo à veia cava superior (PA passa por ambos átrios feixe átrio-ventricular (AV) ventrículos) O retardo de mais de 0,1s na passagem do impulso cardíaco dos átrios para os ventrículos possibilita os átrios contraírem-se antes dos ventrículos. Contração sístole (esvaziamento) ; Relaxamento diástole (enchimento) PRESSÃO SISTÓLICA: 120 mmHg PRESSÃO DIASTÓLICA: 80 mmHg Após a onda v (final da contração ventricular), inicia-se o enchimento dos ventrículos (vide gráfico). Nesse estágio, a pressão atrial sofre ligeiro aumento, ao passo que a pressão ventricular já vinha decaindo. ENCHIMENTO VENTRICULAR: durante a sístole ventricular, grande quantidade de sangue acumula-se nos átrios, pois as válvulas A-V estão fechadas. Assim, logo que termina a sístole e as pressões ventriculares caem novamente para seus valores diastólicos, as válvulas A-V abrem-se e o sangue flui para os ventrículos (ver aumento do volume ventricular no gráfico). OBS: o período de enchimento rápido corresponde ao 1º terço da diástole. ESVAZIAMENTO DOS VENTRÍCULOS DURANTE A SÍSTOLE (contração isovolumétrica): imediatamente após a contração ventricular, a pressão ventricular eleva-se abruptamente, fazendo fecharem-se as válvulas A-V. Um período de 0,02 a 0,03s é necessário para que o ventrículo acumule pressão e faça as válvulas semilunares aórtica e pulmonar se abrirem, denominado contração isovolumétrica, pois ocorre contração sem esvaziamento. PERÍODO DE EJEÇÃO: o primeiro terço de esvaziamento ventricular é denominado período de ejeção rápida, enquanto os terços restantes são denominados período de ejeção lenta. RELAXAMENTO ISOVOLUMÉTRICO: após a sístole, os ventrículos relaxam e ocorre a rápida diminuição das pressões intraventriculares, fazendo com que o sangue reflua para os ventrículos, abrindo as válvulas A-V. Assim, entre 0,03 a 0,06s, o músculo ventricular continua a se relaxar sem alteração de volume, a pressão ventricular retorna à valores diastólicos (muito baixos) e A-V se abrem para o início de um novo ciclo cardíaco. ONDA P: despolarização atrial, seguida da contração atrial que ocasiona ligeira elevação da pressão atrial. ONDA QRS: despolarização ventricular, seguida de contração ventricular que faz a pressão ventricular começar a subir. Ocorre antes do início da sístole ventricular ONDA T: repolarização ventricular. Ocorre pouco antes do fim da contração ventricular Ondas de pressão atrial ONDA a: elevação atrial causada por sua contração. ONDA c: ocorre quando os ventrículos começam a se contrair. Causada pela protusão das válvulas A-V em direção aos átrios devido ao aumento de pressão nos ventrículos. ONDA v: ocorre ao final da contração ventricular, decorrente do lento acúmulo de sangue nos átrios, enquanto as válvulas A-V permanecem fechadas durante a contração ventricular. A INCISURA ocorre quando a válvula aórtica é fechada e é causada por um período de refluxo de sangue imediatamente antes do fechamento da válvula. Depois desse período, a pressão na aorta cai lentamente durante toda a diástole porque o sangue armazenado nas artérias elásticas distendidas flui continuamente de volta para as veias VOLUME DIASTÓLICO FINAL: é o volume final do ventrículo após seu enchimento durante a diástole. DÉBITO SISTÓLICO: é o volume que decresce nos ventrículos após a sístole (cerca de 70mL). VOLUME SISTÓLICO FINAL: volume restante em cada ventrículo após a sístole (cerca de 40 a 50mL) OBS1: FRAÇÃO DE EJEÇÃO é a parte do volume diastólico final que é ejetada (aproximadamente 60%). OBS2: Quando o coração se contrai vigorosamente, o volume sistólico final pode cair para até 10 a 20mL. Em contrapartida, quando grande quantidade de sangue flui para os ventrículos durante a diástole, seu volume diastólico pode chegar de 150 a 180mL em corações normais. Assim, o débito sistólico pode dobrar tanto pelo aumento do volume diastólico final, quanto pela diminuição do volume sistólico final. 4) FUNÇÃO DAS VÁLVULAS As válvulas átrio-ventriculares A-V (tricúspide no lado direito e mitral/bicúspide no lado esquerdo) impedem o refluxo de sangue dos ventrículos para os átrios durante a sístole. Já as válvulas semilunares (aórtica e pulmonar) impedem o reflexo das artérias aorta e pulmonar para os ventrículos durante a diástole. OBS: o fechamento das válvulas A-V não requer quase nenhum refluxo, ao passo que as válvulas semilunares requerem um refluxo forte para fechar, pois são mais delgadas. 5) FUNÇÃO DOS MÚSCULOS PAPILARES Os músculos papilares fixam-se aos folhetos das válvulas A-V pelas cordas tendíneas. Eles puxam os folhetos para dentro, em direção aos ventrículos, para impedir que eles façam demasiada protusão para trás, em direção aos átrios, durante a contração ventricular. Quando uma dessas cordas tendíneas se rompe ou um dos músculos papilares fica paralisado, a válvula faz protusão para trás, podendo causar incapacidade cardíaca grave ou letal. 6) VÁLVULAS SEMILUNARES as artérias aorta e pulmonar sofrem maior pressão e, assim, forçam as válvulas semilunares se fecharem de forma mais abrupta, ao passa que o fechamento das válvulas A-V é mais suave. As válvulas aórtica e pulmonar apresentam menor abertura quando comparadas às válvulas A-V e, por isso, sua velocidade de ejeção do sangue é muito maior. Além disso, as bordas dessas válvulas estão sujeitas à desgastes mecânicos maiores devido ao seu fechamento súbito. Ambas as válvulas são sustentadas pelas cordas tendíneas. 7) SONS CARDÍACOS (BULHAS CARDÍACAS) o fechamento das válvulas faz com que os folhetos e líquidos circundantes vibrem sob a influência de súbitas diferenças de pressão, produzindo sons que se propagam pelo tórax em várias direções. Contração ventricular fechamentodas válvulas A-V vibração de tom baixo que se mantém por período relativamento longo 1ª BULHA CARDÍACA Fechamento das válvulas aórtica e pulmonar estalido rápido 2ª BULHA CARDÍACA Batimento dos átrios devido à vibrações associadas ao fluxo de sangue para os ventrículos quase cheios ao final do primeiro terço da diástole 3ª BULHA CARDÍACA 8) PRÉ-CARGA E PÓS CARGA PRÉ-CARGA: grau de tensão sobre o músculo quando ele começa a se contrair/ grau de enchimento do ventrículo. *Na contração cardíaca, ela é geralmente considerada o volume diastólico final (volume de sangue no ventrículo ao final da diástole) ou a pressão diastólica final quando o ventrículo está cheio de sangue. PÓS-CARGA: carga contra a qual o músculo exerce sua força contrátil/ pressão arterial contra a qual o ventrículo tem de se contrair * Na contração cardíaca, a pós-carga do ventrículo é a pressão na artéria que sai do mesmo (pressão sistólica). Pode ser considerada como a resistência na circulação. OBS1: em estados anormais, a pré-carga e a pós-carga se alteram. OBS2: a energia química utilizada para a contração cardíaca advém do metabolismo oxidativo de ácidos graxos e, em menor grau, de ácido lático e glicose. 9) REGULAÇÃO DO BOMBEAMENTO CARDÍACO a) REGULAÇÃO INTRÍNSECA DO BOMBEAMENTO CARDÍACO (Frank-Starling): trata-se da capacidade intrínseca de adaptação do coração à alteração de volume de sangue que entra nele advindo dos tecidos periféricos. Ou seja, quanto mais o coração se enche durante a diástole, mais sangue ele bombeia para a artéria aorta. *Dentro dos limites fisiológicos, o coração bombeia todo sangue que chega até ele, sem permitir acúmulo excessivo de sangue nas veias. *EXPLICAÇÃO: quando quantidade extra de sangue flui para os ventrículos, o músculo cardíaco é distendido até maior comprimento. Isso faz o músculo cardíaco contrair-se com maior força, pois os filamentos de actina e miosina estão sobrepostos. Assim, devido ao aumento de sua capacidade de bombear, o ventrículo bombeia automaticamente o sangue para as artérias. A distensão da parede atrial direita aumenta a FC e mais sangue é bombeado. OBS: independentemente da carga de pressão arterial até um limite razoável, o fator importante para a determinação da quantidade de sangue bombeada pelo coração (DÉBITO CARDÍACO), ainda é a intensidade da entrada de sangue no coração. b) CONTROLE DO CORAÇÃO PELOS NERVOS SIMPÁTICOS E PARASSIMPÁTICOS nervo VAGO (X) A estimulação simpática pode aumentar o débito cardíaco (DC), ao passo que parassimática (vagal) pode reduzí-lo. A estimulação parassimpática pode fazer cessar os batimentos cardíacos por alguns segundos OBS1: O aumento da FC acima de um nível crítico faz com que o período de diástole entre as contrações fique tão reduzido que o sangue não tem tempo suficiente para fluir adequadamente dos átrios para os ventrículos. OBS2: O excesso de K+ no líquido extracelular diminui a FC. Além disso, pode bloquear a condução do impulso cardíaco dos átrios para os ventrículos pelo feixe A-V. Pode também diminuir a condução do potencial de ação e, consequentemente, a contração cardíaca. OBS3: O excesso de Ca2+ no líquido extracelular pode causar contrações espásticas devido seu efeito na contração cardíaca. Sua escassez causa o inverso (semelhante a ação do K+). O aumento da temperatura causa o aumento da FC.
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