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Daniel V. Rordrigues-M33 Anatomia e histologia do sistema reprodutor feminino Antes de adentrarmos no assunto de histologia, é importante relembrar as estruturas que fazem parte desse sistema reprodutor. As estruturas são, Canal vaginal; Útero (fundo-corpo-colo); Tubas uterinas; Ovários. Histologia Ovário É recoberto por um epitélio germinativo (tecido epitelial simples pavimentoso ou cúbico), ligado ao peritônio, suspenso pelo ligamento do ovário, com o formado de uma amêndoa. Logo abaixo do epitélio, se tem a túnica albugínea (que é um tecido conjuntivo denso) possuindo mais fibras que células, quais são as fibras colágenas. O ovário pode ser dividido em 2 regiões: Região cortical, onde se encontra o folículo ovariano + estroma – tec. Conjuntivo celularizado (fibroblasto-hormonais; células estromais; intersticiais) Conceituando que folículo ovariano é um ovócito coberto por células foliculares/granulosas. A outra região do ovário, é a Região medular, ao qual observamos os vasos + tecido conjuntivo frouxo. Caracterização dos folículos ovarianos a) Folículo primordial: ovócito primário + epitélio simples pavimentoso b) Folículo primário unilaminar: ovócito primário + epitélio simples cubico + zona pelúcida (camada de glicoproteínas), ao qual acoberta o ovócito. Daniel V. Rordrigues-M33 c) Folículo primário multilaminar ou pré-antral: ovócito primário + epitélio estratificado cubico + zona pelúcida + teca interna + teca externa d) Folículo secundário ou antral: presença de ovócito primário + zona pelúcida+ teca interna + teca externa + cavidade antral, preenchido pelo líquido antral. Dependência de FSH e) Folículo de Graaf ou dominante: ovócito secundário + amplo antro + cumulo oophorus. Ocorreu o termino da meiose II; o FSH estimula a maduração do folículo. O cumulo oophorus que dará origem a corona radiada. O hormônio FSH atua no folículo, estimulando sua maduração, principalmente o folículo secundário para o folículo de Graaf. Apenas 1 folículo chegará a ser folículo dominante, sendo os outros, folículos atrésicos. f) Folículo atrésico: é o folículo que começou o desenvolvimento, mas não respondeu tão bem ao FSH, estagnando sua evolução, não havendo maduração, e assim, entrando em atresia, ou seja, sofreu um retrocesso. Será representado como um folículo que possui o ovócito primário, mas no antro, possui fibroblasto e colágeno e não liquido antral. O fibroblasto possui reticulo rugoso e complexo de golgi. É degenerado por fagocitose (macrófagos). . Quando chega no folículo de Graaf, ocorre um pico de LH, que promove uma ruptura no folículo dominante, liberando o ovócito secundário estagnando na metáfase II, coberto pela zona pelúcida e pela corona radiada. Esse folículo remanescente é invadido por tecido conjuntivo propriamente dito na cavidade antral, tornando-se corpo lúteo, pelo processo de luteinização, estimulando o hormônio LH. O corpo lúteo possui 2 células: CLT (células lúteas tecais), que é a diferenciação das células da teca, por ação do LH; CLG (células lúteas granulosas), diferenciação das células foliculares. Essas células são responsáveis pela produção de hormônios ovarianos, como o estrogênio e a progesterona. Lembrando que quem produz os hormônios antes da ovulação, é o folículo ovariano. . O estrogênio e principalmente a progesterona, causam feedback negativo no LH, sendo assim, haverá degradação do corpo lúteo, ocorrendo um processo fibrótico no corpo lúteo, havendo cicatrização, se tornando um corpo albicans ou branco, composto por tecido conjuntivo propriamente dito denso (tecido fibrótico). Com o fim do corpo lúteo, ocorre redução na produção de progesterona, por consequência, fim da manutenção do endométrio, levando a descamação, o que seria a menstruação em si. Porém, havendo a fecundação, irá ser produzido o hormônio HCG, inicialmente pelo blastócito, este que estimula o corpo lúteo a continuar a produção de progesterona e assim, manutenção do endométrio. Tuba uterina A mulher possui duas tubas uterinas. Anatomicamente, a tuba uterina pode ser dividida em intramural, istmo, ampola e infundíbulo. O infundíbulo e ampola são pregueados. Além de regiões associadas, como o ligamento útero-ovariano. Lembrando que ao Daniel V. Rordrigues-M33 ocorrer a liberação do ovócito secundário estagnado na metáfase II, será transportado por ação das fimbrias para a tuba uterina, ocorrendo a fecundação geralmente na região da ampola. Histologicamente a tuba uterina é dividida em mucosa, muscular e serosa (de interno para externo) . A mucosa é composta por epitélio simples colunar com células secretora não ciliadas e uma lâmina basal composta por tecido conjuntivo frouxo (fibroblasto, mastócito, linfócitos). A mucosa apresenta pregas que são dobramentos/invaginações. . A muscular é liso, é composta por circular interna e longitudinal externa (mal definidas) . A serosa é formada por mesotélio (tecido epitelial simples pavimentoso atrelado ao peritônio) e tecido conjuntivo frouxo a fibroelástico + vasos sanguíneos + fibras nervosas Útero O útero é formado por três camadas. . Endométrio: camada muscular mais interna, onde o embrião irá se implantar. O endométrio é composto por uma área mucosa, sendo um epitélio simples colunar com células ciliadas e secretoras. Possuindo uma lâmina basal composto por tecido conjuntivo frouxo + celularizado (fibroblasto, leucócitos, fibras, MO) + vasos sanguíneos (artérias retas e espirais). O endométrio é dividido em estrato funcional e estrato basal. A camada basal geralmente, se mantem intacta durante o período menstrual. Por outro lado, o estrato funcional irá crescer e descamar uma vez por mês. O estrato basal é composto por tecido conjuntivo + porção inicial das glândulas uterinas + artéria reta. E o estrato funcional é constituído pela continuidade do tecido conjuntivo propriamente dito + epitélio + desembocadura das glândulas uterinas + artéria espiralada. Lembrando que é o epitélio colunar simples. IMPORTANTE: O ciclo endometrial possui três fases, quais são, fase proliferativo/folicular/estrogênica; fase secretora/lútea/progestacional; fase menstrual. . Miométrio: é uma camada de musculo liso, composto por tecido conjuntivo frouxo. Ao meio-vasos sanguíneos (artérias arqueadas) -estrato vascular. Na gravidez, ocorre a hiperplasia e hipertrofia das células musculares lisas. No pós-parto, ocorre a degeneração das células musculares, degradação enzimática colágeno, retornando ao tamanho pré gravídica. . Perimétrio: é uma camada serosa/adventícia, composta por mesotélio e tecido conjuntivo frouxo Colo uterino ou cérvix É a região terminal do útero, projeta-se dentro da vagina É dividido em duas regiões. . Endocérvice: é a região mais interna do colo uterino. Composto por epitélio simples cilíndrico/colunar secretor + tecido conjuntivo denso (rico em fibras). Daniel V. Rordrigues-M33 . Ectocérvice: composto por epitélio estratificado pavimentoso não queratinizado. É a região mais externa, que se projeta para a vagina. A lâmina própria é composta por tecido conjuntivo denso não modelado (fibras colágenas e elásticas). Vagina A vagina é um canal e é formado por três camadas. . Mucosa: composto por epitélio estratificado pavimentoso e tecido conjuntivo frouxo (rico em fibras elásticas) Observação nas bibliografias que convergem entre frouxo ou denso. . Muscular: musculo liso . Adventícia: tecido conjuntivo frouxo Genitália externa é composta por 4 estruturas • Vestíbulo: local onde terá abertura das glândulas vestibulares maiores ou Bartholin e das glândulas menores, qual é homologa a glândula bulbouretral histologicamente • Clitóris: é homologa ao pênis histologicamente, possuindo corpos cavernosos, além de coberto por epitélio estratificado pavimentoso • Lábios maiores: formado por dobras da mucosa + tecido conjuntivo propriamentedito + estratificado pavimentoso + glândulas • Lábios menores: formado por dobras da pele + tecido conjuntivo adiposo + musculo liso + glândulas Um ponto importante sobre a genitália externa, é a sua sensibilidade. Visto que é devido basicamente ao corpúsculo de Pacini e corpúsculo de Meissner. Mamas As glândulas mamarias estimuladas pela prolactina são glândulas sudoríparas apócrinas (libera o conteúdo produzido com parte do citoplasma) tubuloalveolares (ácinos) modificadas. As mamas são compostas por tecido epitelial, tecido conjuntivo e tecido adiposo (unilocular). Os ductos galactóforos são formados por epitélio estratificado colunar ou cuboide. 1-Estudar o ciclo menstrual e suas alterações: entender gametogênese Introdução do ciclo menstrual O ciclo ovariano trata-se da transformação que o folículo sofre, o qual inicia com o folículo primordial até corpus lúteo e posteriormente, corpo albicans. O folículo ovariano consiste num oócito revestido que se desenvolve a partir das células epiteliais germinativas que revestem a superfície do ovário; quando rompe (processo ovulatório), libera o oócito na cavidade abdominal próximo à trompa uterina. Ou seja, um ovócito envolvido por células foliculares/ ou células da granulosa, e em alguns estágios do folículo ovariano, ainda se encontra a estrutura denominada Teca. Daniel V. Rordrigues-M33 O folículo pré-ovulatório também denominada de folículo de Graaf. FUNÇÃO GAMETOGÊNICA DO OVARIO É o processo de formação do ovulo, apresentando fases de multiplicação, crescimento e maduração. Ovogônia é a célula germinativa da mulher (2n-46 cromossomos), que realiza um processo de mitose, ou seja, equacional. Assim, células 2n se proliferam e dão origem a célula 2n. Assim, o primeiro processo que é uma mitose, ocorre para Daniel V. Rordrigues-M33 transformar ovogônia em ovócito primário, caracterizando a fase de crescimento da gametogênese. Uma observação informação importante, é que a gametogênese da mulher inicia antes do nascimento, no período intrauterino e pode nunca acabar, pois só termina com a fertilização. A mulher no período intrauterino inicia a fase de maduração do ovócito primário pela meiose I, porém não termina, parando logo na etapa de prófase I. Esse fato ocorre antes do nascimento. Durante a infância, ocorre inatividade no ovário. Porém, na puberdade, ocorre o processo de termino da meiose I, dando origem a células filhas, sendo o ovócito secundário e corpúsculo polar, visto que este em regra, vai degenerar. Importante destacar que a meiose I é processo reducional, logo essas células filhas são haploides (n), redução do número de cromossomos e ocorre uma divisão celular com diferença de volume citoplasmático. O ovócito secundário inicia a meiose II, estagnando na fase de metáfase II, havendo o processo ovulatório/ovocitação ou oocitação (liberação do ovócito). Caso tenha a fecundação pelo espermatozoide, então haverá o fim da meiose II (divisão equacional) e formação do óvulo que é haploide e secundo corpúsculo polar. Porém, sendo o ovulo haploide e o núcleo do espermatozoide haploide, ocorre um processo denominado de cariocamia e a fusão desses pró-núcleos e formação do zigoto que irá gerar o processo embrionário. Nota-se que durante o desenvolvimento do ovócito, há também o desenvolvimento folicular, que é dependente de FSH para sua maduração (mas independente de FSH para seu desenvolvimento). Nota-se também que o folículo maduro (Graaf) se rompe, dando o processo de ovulação com a liberação do gameta feminino. Sendo que o gameta feminino é o ovócito Daniel V. Rordrigues-M33 secundário estagnado na metáfase II, envolvido por uma zona pelúcida formada por glicoproteínas + células foliculares (corona radiada). Esse folículo de graaf se transforma em corpo lúteo (pelo processo de luteinização) e posteriormente degenera, se transformando em corpus albicans. Estagios do foliculo ovariano em volta do ovocito O primeiro folículo ao ser visto é o primordial. Está em volta de um ovócito primário, constituído por uma camada folicular de epitélio simples pavimentoso. Se encontra antes do nascimento. Após o nascimento, já se encontra o folículo primário, diferenciando entre folículo primário unilaminar e posteriormente multilaminar. No folículo primário unilaminar, se encontra um ovócito primário, ainda com uma única camada de célula foliculares, porém, com aumento de volume citoplasmático, sendo um epitélio simples cubico. Também se nota a formação da zona pelúcida formada por glicoproteínas e receptores ZP3, quais são responsáveis pela reação cromossômica. No folículo primário multilaminar ou pré antral, se tem um epitélio estratificado cubico, além de uma estrutura denominada Teca interna. Lembrando que o desenvolvimento do folículo é independente do hormônio folículo estimulante (FSH) Posteriormente, se transforma em folículo secundário ou antral, já conseguindo ver uma diferença da teca externa para teca interna, mais evidente a zona pelúcida, a camada de células foliculares, ovócito primário e uma cavidade antral onde se encontra o liquido antral. Esse antro apresenta hormônios e enzimas. Por fim, o folículo maduro (de Graaf) ou pré-ovulatório, se encontra ação do FHS com bastante eficiência, ou seja, a maduração é dependente do FSH. E é nesse momento que o ovócito estagnado termina sua meiose I, gerando ovócito secundário No folículo maduro, se nota uma teca externa e teca interna bem mais desenvolvida; nota-se as células granulosas; o cumulos oophoruus; zona pelúcida; antro bem mais desenvolvido, compondo hormônio e enzimas. Daniel V. Rordrigues-M33 Assim, ovócito secundário, inicia a meiose II e estagnando em metáfase II, para que tenha a de liberação do ovócito II para o processo de ovulação. Lembrando que o ovócito secundário é visto nessa última fase, envolvido pela zona pelúcida. Relembrando que em regra, apenas um folículo chega no estágio final, podendo acontecer que mais de um chega. Os folículos que não chegam no estágio de maduração, sofrem atresia E o que define para “aquele” folículo chegar no estágio final e ser o folículo dominante, é ter mais receptores de FHS e mais células esteroidogênicas (células da teca e células granulares), para a formação de hormônios ovarianos (esteroides); e ter uma grande produção de fator de crescimento endotelial vascular (VEGF). Função esteroidogênica. O ovário produz determinados hormônios (esteroides), quais são o estrona e o estradiol, tendo como precursor o colesterol. Esse colesterol pode ser de origem endógena ou por alimentação. Ao observar a figura, nota-se a célula teca e célula granulosa ou folículo ovariano. A célula granulosa tem receptor de FSH e a célula teca tem receptor de LH. O FSH e LH são hormônios hipofisários/gonadotróficos, ou seja, que estimulam as gônadas. O hormônio folículo-estimulante (FSH) estimula a secreção de estrogênio, responsável pelo desenvolvimento e maturação dos folículos ovarianos. Assim, quando o LH chega na célula da teca no período pré-ovulatório, estimula o aumento de AMPc e por consequência, ativa a enzima adenilato ciclase, ao qual vai estimular a síntese de esteroides. Os andrógenos produzidos são transportados por difusão para a célula granulosa. Já na célula da granulosa, no período pré-ovulatório, se tem receptor de FSH, ao qual estimula a enzima adenilase ciclase, aumentando o AMPc, que ativa a enzima aromatase, ao qual converte o androgênio em estrogênio. Daniel V. Rordrigues-M33 Caso clinico: em pessoas obsessas, se converte grande quantidade de andrógenos em estrogênio, devido a grande quantidade de enzima aromatase. Isso é complicado, pois a mulher, mesmo com a menopausa, consegue manter altos níveis de estrogênio e isso é um fator determinante para câncer de útero (endométrio), pois o estrogênio é capaz de causar a proliferação do endométrio.Agora, visto que esse é um processo pré-ovulação, é importante destacar que após- ovulação, a célula granulosa tem receptor de LH e assim, é capaz de produzir esteroide. Porém, nota-se que antes da ovulação se tem maior quantidade de estradiol (estrogênio) e após ovulação, se tem maior produção de progesterona e menor quantidade de estradiol. Eixo hipotálamo-hipófise-ovário O GnRH (hormônio liberador de gonadotrófico) produzido no hipotálamo, estimula a hipófise anterior (adenohipófise) a produzir gonadotrofina LH e FSH, por padrão pulsátil, ao qual estimulam o ovário (gônada). O FSH estimula o folículo ovariano, em relação a sua maduração e o LH estimula o processo de ovulação/ovocitação e estimula o corpo lúteo. O GnRH é liberado de forma pulsátil a cada 60-90 minutos. Fatores inibidores de GnRH são o ácido gama-amino-butírico (GABA), prolactina e beta- endorfina Fatores estimuladores de GnRH são o neuropeptídeo Y (NPY), serotonina, a fração alfa do hormônio melanotrófico (a-MSH) A inibina, um produto das células da granulosa, é importante para feedback negativo na produção de FSH (inicialmente da inibina B e, posteriormente, da inibina A). Isso é importante para que um folículo ovariano chegue no estágio de folículo dominante. Isso Daniel V. Rordrigues-M33 porque apenas o folículo que possui mais receptores do FSH, que irá continuar desenvolvendo. Além disso, o FSH estimula nas células da granulosa o aumento de receptores de LH e por isso, no momento pós-ovulatório, a célula da granulosa, terá a função de produção de esteroides (progesterona). Caso clinico: Na menopausa, os níveis de LH e FSH na mulher aumentam, isso porque, não haverá o estrogênio e progesterona para garantir o feedback negativo. Visto que, como são hormônios produzidos pelos folículos ovarianos e que está em atresia no climatério. Ciclo menstrual A adrenarca é um dos estádios pré-puberdade no qual se dá o aumento de produção de hormonas sexuais, fundamentalmente andrógenos e estrógenos, pelas glândulas suprarrenais e que tem lugar nos humanos por volta dos 8 anos, fazendo parte do processo normal do desenvolvimento humano. A média do ciclo menstrual dura em média 28 dias, podendo variar. O primeiro dia é o primeiro dia de menstruação e o 14 dia, é o dia que acontece o processo ovulatório. O hipotálamo em padrão pulsátil, libera o hormônio GnRh, que estimula a adenohipófise (hipófise anterior) a liberar os gonadotróficos, quais são o FSH (hormônio folículo estimulante) e o LH (hormônio luteinizante). O FSH estimula o folículo ovariano à produção de estrogênio e este, é fundamental para garantir o início do crescimento/proliferação do endométrio que apresenta uma camada basal e funcional. Além disso, o aumento do estrogênio vai potencializar o pico de LH, causando o processo ovulatório, e esse processo ovulatório é a liberação do gameta feminino nas tubas uterinas. Sendo que o gameta feminino é o ovócito secundário estagnado na metáfase II, envolvido por uma zona pelúcida formada por glicoproteínas + células foliculares (corona radiada). Além disso, esse LH estimula a luteinização, ou seja, a formação do corpo lúteo, que é produzido a partir do folículo de graaf rompido, remanescente no ovário. E esse corpo lúteo consegue formar 2 hormônios, que é o estrogênio e progesterona (sendo esse o hormônio dominante nessa fase pós-ovulatório). A função da progesterona é garantir a manutenção do endométrio, assim em um exame de gravidez, a progesterona estará alta. Daniel V. Rordrigues-M33 Agora, como seria um gráfico dos hormônios ovarianos? O estrogênio é formado antes e depois da ovulação, sendo antes pelo folículo ovariano e depois pelo corpo lúteo. Porém, o estrogênio é dominante na fase pré-ovulatório e a progesterona é pós- ovulatória. Essa queda da progesterona é o que indica a queda do endométrio. Então, inicialmente o FSH estimula a produção de estrogênio e o estrogênio potencializa o pico de LH. O LH produzido em grande quantidade, estimula processo ovulatório e a manutenção do corpo lúteo. O corpo lúteo produz progesterona e estrogênio. O aumento do estrogênio irá inibir a produção de FSH, por feedback negativo, assim como o aumento de LH, estimula a produção de progesterona, o aumento desde, inibi a produção de LH, por isso, no processo pós-ovulatório, o LH cai. A diminuição de LH deixa de estimular o corpo lúteo, degenerando-o, e por fim, se transforma em corpus albicans. Não havendo o corpo lúteo, haverá queda da progesterona e por consequência, inicia um novo ciclo com a queda do endométrio. (isso, se não ocorrer a gravidez). Caso ocorra a fecundação, o blastocistos (trofoblasto placentário) é capaz de formar hormônio denominado HcG (gonadotrofina coriônica humana), que mantém a manutenção do corpus lúteo a produzir progesterona, para manter o endométrio, até a produção da placenta. • Isso é importante entender para compreender a pílula anticoncepcional, que aumenta o estrogênio e progesterona causando um feedback negativo, deixando os níveis de LH e FSH baixos, não madurando folículo ovariano e dificultando a ovulação. • Na amamentação exclusiva se tem um baixo nível de gravidez, isso porque durante o período de amamentação, se tem aumento na quantidade de prolactina, que é o hormônio fundamental no processo de lactação. E esse aumento de prolactina inibi a produção de GnRh, quanto os hormônios gonadotróficos. Assim inibi o eixo hipotálamo-hipófise- ovário. Outro ponto, que durante a amamentação, a ocitocina está alta e esse hormônio é responsável pela contração uterina, dando chance de aborto. • Na menopausa, os hormônios ovarianos (estrogênio e progesterona) têm uma queda, assim os hormônios gonadotróficos (FSH e LH) estarão aumentados, por não haver um feedback negativo Ação dos hormônios ovarianos 1- Estrogênio: O estrogênio tem a capacidade de influência nas expressões gênicas, estimulando as características secundárias na mulher. Além do estrogênio, a progesterona também influência na expressão gênica. O estrogênio tem efeito direto no organismo, especificamente nos órgãos, tais como: Daniel V. Rordrigues-M33 • Aumento do útero, ovários, tubas e vagina • Aumento da genitália externa com deposito de gordura (grandes lábios, pequenos lábios, clitóris) • Alteração do epitélio vaginal • Proliferação do estroma endometrial • Aumento das glândulas endometriais Nas tubas uterinas: • Aumento do número de células ciliadas e sua atividade. Esse aumento favorece a locomoção do zigoto em direção ao útero. Nas mamas: • Desenvolvimento do estroma e crescimento dos ductos e depósito de gordura. Então, de forma geral, o estrogênio dá início ao crescimento da mama e do aparato produtor de leite, porém, atenção, pois além do estrogênio, se tem a prolactina, que é o hormônio principal para a produção do leite. No fígado, o estrogênio irá aumentar o HDL e diminuir o LDL, assim, aumenta o colesterol bom e diminui o colesterol ruim. No sistema vascular, estimula o aumento do óxido nítrico promovendo vasodilatação, além de inibir a ativação plaquetária. → No esqueleto: estimula a produção de osteoprotegerina, ao qual inibe a produção de osteoclasto, essas que são células do tecido ósseo responsáveis pela remodelação e absorção, ou seja, a degradação óssea. Após a menopausa, se tem diminuição de estrogênio, aumentando a atividade do osteoclasto, sem aumento da atividade do osteoblasto. O estrogênio é fundamental para o fechamento de placas epifisárias inibindo o crescimento do indivíduo em altura. A placa epifisária (ou placa do crescimento) é uma placa de cartilagem hialina localizada na metáfise da terminação dos ossos longos. A placa é encontrada em crianças e adolescentes, pois tem a função de auxiliar no crescimento ósseo. → Pele: na pele, haverá aumento da proliferação de queratinócitos e aumento da vascularização da derme.→ Balanço eletrolítico: aumento da retenção de sódio e água, porém, pequeno. → Sistema nervoso central: neuroprotetor e estimula a angiogênese (formação de vasos sanguíneos). 2-Progesterona: Pele: aumento da síntese de colágeno; inibe a quebra da matriz extracelular. Lembrando que a pele é formada por epiderme e derme. A derme é tecido conjuntivo propriamente dito, composto de grande quantidade de matriz extracelular e a principal proteína da matriz, é o colágeno. Útero: aumento da secreção endometrial, além de reduzir as contrações uterinas Tubas uterinas: aumento da secreção tubaria; nutrição do ovócito secundário. Daniel V. Rordrigues-M33 Mamas: proliferação dos alvéolos (acido) mamários; adesão de natureza secretora (aumenta a característica secretora das glândulas mamárias). Sistema nervoso central: aumenta o ponto de termorregulação (aumento de temperatura pelo aumento da progesterona). Repressor do SN. Tronco cerebral: ação da progesterona sensibiliza a resposta ventilatória ao PCO2. Puberdade Inicialmente, é importante entender que não há uma definição de quando exatamente a mulher entra na puberdade, porém, sabe-se que é necessário o aumento da Leptina (a leptina é um hormônio produzido pelas células de gordura, que age diretamente no cérebro e que tem como principais funções controlar o apetite, reduzir a ingestão de alimentos e regular o gasto energético, permitindo manter o peso corporal), e o aumento dessa leptina, gera uma cascata. Então, se inicia com o aumento de peso e aumento de volume dos adipócitos🡪 o adipócito do tecido adiposo unilocular sofrera hipertrofia e formará leptina🡪 a leptina irá reagir no hipotálamo, ao qual irá aumentar o GnRH de forma pulsátil🡪 a pulsação de alta frequência irá estimular a produção de LH e pulsátil de baixa frequência irá estimular a produção de FSH pela hipófise anterior🡪 dando início a vida reprodutora feminina e elevação dos hormônios ovarianos. Alguns conceitos básicos da vida reprodutora feminina: • Puberdade: período de alterações funcionais que determinam o estabelecimento dos caracteres sexuais secundários e o inicio da vida reprodutora da mulher. Depende das gonadotrofinas. • Menarca: primeira menstruação • Menacme: todo período fértil da mulher • Menopausa: evento que marca a última menstruação (último fluxo menstrual seguido de um período de 12 meses sem menstruação) • Climatério: transição entre o período reprodutivo e não reprodutivo- período que antecede a menopausa (anos) e um ano após a mesma. OBS: O hormônio antimülleriano ou hormona anti-Mülleriana, também conhecido como AMH, é uma glicoproteína que, em humanos, é codificada pelo gene AMH. Ela inibe o desenvolvimento dos ductos de Müller no embrião masculino. Esse hormônio é produzido pela célula Sertoli. Esse hormônio é responsável pela diferenciação na formação do indivíduo, visto que nas mulheres, os ductos de Müller originam as trompas uterinas, o útero e a parte superior da vagina e nos homens, as estruturas que dão origem aos órgãos sexuais masculinos como o epidídimo, o ducto deferente e as vesículas seminais são os ductos de Wolff, que nas mulheres permanecem na forma vestigial. Na bibliografia de Silverton, diz que o hormônio antimülleriano na mulher, é produzida pela célula da teca e tem como objetivo, inibir o recrutamento de muitos folículos ovarianos ao mesmo tempo. Em outras, palavras, o Hormônio anti-Mülleriano (HAM) e foliculogênese. O HAM é secretado pelos folículos em crescimento e sua secreção aumenta ao longo do desenvolvimento folicular. Os níveis mais altos são secretados pelos folículos pré-antrais e antrais pequenos. O HAM inibe o recrutamento inicial dos folículos primários a partir do pool de folículos primordiais e reduz a Daniel V. Rordrigues-M33 sensibilidade dos folículos antrais ao hormônio folículos-estimulantes (FSH) durante o recrutamento. Lembrando que o homem possui esse hormônio apenas no período embrionário. Fecundação Existem 4 fases para a fertilização: 1-penetração da coroa radiada; 2- penetração na zona pelúcida; 3-fusão das membranas plasmáticas; 4- formação e fusão dos pro- núcleos. Na fecundação, é importante o espermatozoide penetrar a coroa radiada (formado por células foliculares). O acrossomo do espermatozoide libera uma enzima denominada hialuronidase, responsável por despolimeriza reversivelmente o ácido hialurônico presente entre as células foliculares, além do movimento flagelar. Além da coroa radiada, é necessário penetrar a zona pelúcida (formada por glicoproteína). A passagem ocorre por reação acrossómica, pela interação de receptor ZP3 com a proteína ZP3. O receptor está no espermatozoide e o ZP3 está na zona pelúcida. Essa interação permite a liberação de enzimas para digerir a zona pelúcida. Essas enzimas liberadas, são as acrosina, neuramidase e esterase. É necessário impedir a entrada de outro espermatozoide, e esse impedindo é denominado pela reação de zona ou cortical. Ocorre que grânulos da região cortical do ovócito, acabam se funcionando com a membrana do ovócito, liberando substâncias que conseguem impedir a entrada de outro espermatozoide nesse ovócito, modificando o ZP3, causando enrijecimento da zona pelúcida, devido a entrada de cálcio no meio intracelular. Posteriormente, se tem a fusão das membranas, do ovócito secundário estagnado em metáfase II e do espermatozoide, terminando a meiose II, formando o óvulo. E posteriormente a formação do óvulo, se tem a fusão dos pro-núcleos, denominado de cariocamia, resultando na formação do zigoto. 2- Caracterizar êmese e hiperêmese gravídica . Introdução: O conceito de vômitos durante a gestação é caracterizado como a expulsão do conteúdo gástrico pela boca, causada por contração forte e sustentada da musculatura da parede torácica e abdominal. A náusea é definida como sendo a sensação desagradável da necessidade de vomitar, habitualmente acompanhada de sintomas autonômicos como sudorese fria, sialorreia, hipotonia gástrica e refluxo do conteúdo intestinal para o estômago. Porém, quando se demonstra de forma muito intensa, associada a perda ponderal (5%); cetonuria; desidratação; desequilíbrio hidroeletrolítico; distúrbios nutricionais e não apresenta outra patologia, poderá ser diagnostica como hiperêmese gravídica. Esses sintomas têm início entre 5 e 6 semanas de gestação, com picos em torno de 9 semanas e usualmente declinam por volta de 16 a 18 semanas. No entanto, em 15 a 20% das gestantes os sintomas podem persistir até o terceiro trimestre e em 5% até o parto. A prevalência de náuseas e de vômitos na gestação é calculada em torno de 85%, sendo que em 25% dos casos observa-se exclusivamente o quadro de náusea matinal (morning sickness), e, no restante das gestantes, diversos graus de êmese associado à náusea. O Daniel V. Rordrigues-M33 período de incidência entre 5 e 9 semanas ocorre em mais de 90% das gestações, reduzindo progressivamente e tornando-se ocasional além de 20 semanas. . Quadro clínico: O quadro clínico é caracterizado por vômitos incoercíveis que podem levar a alterações do equilíbrio acidobásico e hidroeletrolítico, desidratação e perda de peso. Em alguns casos, ocorrem alterações hepáticas, renais, cerebrais e hemorragia retiniana. Caso esses distúrbios não sejam corrigidos, a paciente pode evoluir para desnutrição e deficiência de vitaminas. Em fases mais avançadas, sintomas de psicose tornam-se presentes, aparecendo alucinações e síndrome de Korsakoff, uma doença crônica neuropsiquiátrica caracterizada por alterações do comportamento associadas a perda de memória (amnésia retrógrada) e do aprendizado (amnésia anterógrada). A síndrome de Wernicke caracterizada pela tríade confusão mental, alterações oculares e ataxia, pode se instalar em quadros graves de hiperêmese. Se não for instituída a terapêutica adequada, o quadro pode evoluir para coma e óbito. . Fatores de risco:Fatores que facilitam para a ocorrência de hiperêmese gravídica são, gestação múltipla; doença trofoblástica gestacional; antecedentes de hiperêmese; adolescentes (jovens); nulíparas; distúrbios psiquiátricos; gravidas de fetos com trissomia do cromossomo 21 ou triploidia. . Fisiopatologia: A sintomatologia é multifatorial, entretanto, sua etiologia ainda é incerta. A hipótese de que fatores endócrinos seriam a causa primaria da hiperêmese gravídica é frequentemente citada. Além destes, ainda teriam fatores imunológicos e fatores psicossomáticos. Como ela é mais prevalente nas primeiras semanas de gravidez, período no qual a placenta e o corpo lúteo produzem hormônios como a progesterona e a gonadotrofina coriônica humana (hCC), estes são normalmente associados à sua gênese. 1) Gonadotrofina Coriônica Humana (hCG) A fisiopatologia por meio da qual a hCG (produzida pelo trofoblasto placentário) causaria a hiperêmese ainda é desconhecida. Segundo um mecanismo proposto, esse hormônio promoveria a estimulação da secreção das glândulas do sistema digestório superior ou ainda a estimulação da função tireoidiana, por possuir estrutura molecular semelhante à do hormônio estimulante da tireoide (TSH). Assim, nota-se que pacientes com hiperêmese gravídica, também apresentam um hipertireoidismo transitório Considerar que a gonodotrofina coriônica (GC) seja a responsável etiológica pelo aparecimento da hiperêmese gravídica, tem sua base lógica na relação temporal entre a concentração máxima de produção da GC e o pico de ocorrência das êmeses, os quais ocorrem em média entre a 9ª a 12ª semana. 2) Progesterona e Estrogênio (estradiol) Como a atividade hormonal do corpo lúteo está aumentada no primeiro trimestre da gestação, quando a hiperêmese é mais comum, diversos pesquisadores procuraram uma associação entre esse quadro e os níveis de progesterona. Daniel V. Rordrigues-M33 A progesterona e o estrogênio reduzem o tônus da musculatura lisa e a atividade peristáltica de todo o trato gastrointestinal. A distensão intestinal, que ocorre em resposta a estas adaptações funcionais do organismo materno à gravidez, ativa alguns mecanismos biomoleculares que são envolvidos na geração dos estímulos eméticos. O aumento da concentração de estrogênios e da progesterona reúne atributos para ser elencado como um dos fatores que se relacionam à gênese das êmeses, mas que, isoladamente, não consegue explicar todos os casos desta doença. Em gestantes com níveis iatrogenicamente elevados de progesterona, não há um aumento da incidência da doença, o que sugere que os níveis de progesterona (endógenos e exógenos) por si só não causam a hiperêmese. 3) Hormônio Estimulante da Tireoide (TSH) A glândula tireoide é fisiologicamente estimulada no início da gestação. Em alguns casos, os níveis dos hormônios tireoidianos desviam de sua normalidade, provocando um estado conhecido como hipertireoidismo gestacional transitório, que se apresenta em aproximadamente 60% das pacientes com hiperêmese gravídica. Vários mecanismos podem envolver a estimulação da função tireoidiana durante a gestação. Em decorrência da influência dos estrógenos, a produção de globulinas transportadoras de T4 está aumentada e o metabolismo desse hormônio diminuído causando uma diminuição transitória dos níveis séricos de T4 livre. Do ponto de vista renal, o alto clearance de iodo provoca a estimulação da tireoide para compensar a relativa deficiência de iodo. Por fim, em virtude da semelhança estrutural com o TSH, a elevação dos níveis séricos de hCG pode causar uma estimulação excessiva da glândula tireoide. 4) Infecção por Helicobacter pilory Um aumento da incidência de infecção por Helicobacter pylori é observado nas pacientes com hiperêmese. Porém, está relacionado a exacerbação dos sintomas, mas não representa causa isolada. A relação entre a hiperêmese gravídica e a infecção por H. pylori é ainda sustentada pela observação de cinco casos de pacientes com a doença que não respondiam ao tratamento convencional, mas tiveram completo alívio dos sintomas com a terapia usada para o tratamento dessa infecção. Essa associação pode ser uma possível explicação para a variação observada na incidência de hiperêmese em diferentes grupos étnicos, contudo, essa hipótese é suscetível a fatores de confusão como o baixo nível socioeconômico implicado em ambas. Causas Psicológicas Historicamente, imaginava-se que os vômitos das gestantes eram o reflexo de vários conflitos psicológicos. As náuseas seriam o resultado do ressentimento contra a gestação ou a ambivalência da mulher despreparada para a maternidade em decorrência da imaturidade da personalidade, de uma forte dependência materna e da ansiedade e da tensão relacionadas à gravidez. Daniel V. Rordrigues-M33 A hiperêmese pode ser descrita como uma conversão de sintomas ou um sintoma de histeria, neurose ou de pressão e poderia ser o resultado de estresse psicológico, pobreza e conflitos conjugais. . Complicações da hiperêmese gravídica A não procura por ajuda e a demora no tratamento, pode causar complicações, tanto para a gestante, quanto para o feto. Essas complicações maternas, podem ser de neuropatia periférica (deficiência de vitamina B6 e B12); deslocamento de retina; encefalopatia de Wernicke. Além desses, a paciente pode vir a apresentar uma falência renal secundária hipovolemia e falência hepática. Também poderá apresentar Síndrome Mallory Weiss; ruptura esofageana; pneumomediastino. As complicações fetais seriam o baixo peso ao nascer; prematuridade; pequeno para idade gestacional. . Diagnóstico O diagnóstico da hiperêmese gravídica é clínico, porém sem critério uniforme e geralmente de exclusão. Não existe nenhum exame laboratorial específico para hiperêmese. Muitos deles, no entanto, são úteis para o diagnóstico diferencial e servem para avaliar a gravidade do caso e estabelecer o prognóstico. Dentre os exames complementares. devem ser destacados hemograma; urina tipo I; sódio, potássio, sorologias para não vacinadas, ureia e creatinina plasmáticos; glicemia; amilase ou lipase; TSH e T4 livre; gasometria arterial; enzimas hepáticas e bilirrubinas; ultrassonografia abdominal; e, eventualmente esofagogastroduodenoscopia. . Tratamento • Internação hospitalar obrigatória. • Jejum por 24-48 horas. A HG apresenta uma evolução nítida de comprometimento materno, como se segue: • Fase de desidratação: Náusea e ptialismo intensos, vômitos fortes levando a um quadro de desidratação. A paciente apresenta-se com diminuição do turgor e da elasticidade da pele, olhos encovados, mucosas secas e pegajosas, língua áspera, taquicardia, hipotensão e hipotermia. Distúrbios hidroeletrolíticos podem estar presentes (dosagem de sódio alta, cloro e potássio um pouco diminuídos). O hematócrito encontra-se um pouco aumentado. • Fase metabólica: Ao quadro clínico anterior, somam-se distúrbios nutricionais (perda de peso maior que 5%); alterações da função hepática com elevação de enzimas e bilirrubinas (icterícia discreta); cetoacidose e cetonúria 2 ou 3 +; hipoalbuminemia; hiponatremia; e hipopotassemia. Hipoglicemia já ocorre nessa fase. Pode ocorrer hipotermia e torpor. • Fase neurológica: Os achados anteriores somados a um quadro de comprometimento oftálmico com lesões retinianas e alterações neurológicas iniciais com hiporreflexia e dor à palpação das panturrilhas e coxas. Esse quadro é muito importante, pois antecede Daniel V. Rordrigues-M33 o acometimento encefálico, que é irreversível, em uma semana. Esse intervalo é chamado de “Interstício crítico de Briquet” e a interrupção da gravidez deve ser feita imediatamente. • Fase da psicose de Wernicke-Korsakoff: Trata-se de uma encefalopatia amoniacal, caracterizada por instabilidade hemodinâmica de difícil controle, alucinações e coma. Este quadro é irreversível na maioria das vezes. • O tratamento da HG deve sermultidisciplinar e em ambiente hospitalar. Uma abordagem aconselhável é a que apresentamos a seguir: Cuidados Gerais: -Internação: Torna-se necessária tanto para o tratamento como para retirar a paciente do ambiente de estresse. • Controle de peso e de diurese diário; • Correção de distúrbios hidroeletrolíticos; • Evitar suplementação de derivados de Ferro, pois aumentam os sintomas; • Apoio psicológico, em especial da família, e, se necessário, recorrer à psicoterapia. Alimentação: • Jejum por 24 a 48 horas ou até a estabilização do quadro, retornando progressivamente à dieta líquida e, em seguida, alimentos sólidos. • Alimentação parenteral pode ser necessária em casos mais graves e resistentes ao tratamento. Deverá ser mantida enquanto persistirem os sintomas. • Hidratação venosa e reposição iônica: a hidratação parenteral deve ser iniciada de imediato, logo em seguida à obtenção de acesso venoso. Após avaliar o grau de desidratação e desnutrição, as perdas eméticas e o volume urinário, deve-se então programar a reposição subsequente. A reposição é feita com solução isotônica: Ringer lactato ou Solução Salina. O ideal é a reposição de 2.000 a 4.000 ml em 24 horas, não devendo exceder 6.000 ml/24 horas. A reposição endovenosa de tiamina, 100 mg em 100 ml de solução salina, administrada em 30 minutos, pode prevenir essa grave complicação. Nos casos de hidratação venosa prolongada, repor as vitaminas B6, C, K e a Tiamina. A reposição de Potássio está indicada nos casos de hipopotassemia, isto é, valores abaixo de 3,5 mEq/l, o que raramente é necessário. Medicamentos: Recomenda-se a dose de 8,0 mg de ondansetrona por via venosa a cada 6 horas. O antiemético de segunda escolha neste quadro será a metoclopramida na dose de 10 mg venoso a cada 6 horas. Em situações emergenciais com baixa resposta às medidas até aqui sugeridas, recorre-se aos corticosteroides Os vômitos que persistem após o líquido inicial e a reposição eletrolítica são tratados com a administração de antiemético, de acordo com a necessidade; os antieméticos incluem: • Vitamina B6 10 a 25 mg por via oral, a cada 8 horas ou a cada 6 h Daniel V. Rordrigues-M33 • Doxilaminna, 12,5 mg VO a cada 6 ou 8 horas (pode ser tomada em acréscimo à vitamina B6) • Prometazina 12,5 a 25 mg por via oral, IM ou retal, a cada 4 a 8 horas • Metoclopramida 5 a 10 mg IV ou por via oral, a cada 8 horas • Ondansetrona 8 mg VO ou IM a cada 12 horas • Proclorperazina 5 a 10 mg por via oral ou IM a cada 3 a 4 horas Referências GINECOLOGIA, volume 1: ciclo menstrual, anticoncepção, amenorréia, síndrome dos ovários policísticos. [São Paulo]: Medyin, 2019. (Medgrupo - Ciclo 1 : Medcurso 2019). FEBRASGO, Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia. Manual de assistência pré-natal / Sérgio Peixoto. 2a. ed. – São Paulo, 2014.