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Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 Aula 3 - A descrição dos movimentos Meta Definir os conceitos de referenciais, trajetórias e vetores, necessários à des- crição dos movimentos dos corpos. Objetivos Esperamos que, ao final desta aula, você seja capaz de: 1. conceituar uma partícula; 2. identificar quando um corpo pode ser tratado como partícula; 3. definir a trajetória de uma partícula; 4. definir referencial e observador; 5. identificar as coordenadas cartesianas de um ponto; 6. definir e calcular os vetores deslocamentos; 7. somar e multiplicar vetores por um número real. Introdução A Teoria de Ptolomeu afirma que o Sol e todos os planetas giram em torno da Terra, enquanto a Teoria de Copérnico diz que são os planetas que giram em torno do Sol. Uma pessoa com pouca cultura científica, ao ser questionada se é a Terra que gira em torno do Sol ou se é o Sol que gira em torno da Terra, poderá responder que é o Sol que gira em torno da Terra. Essa resposta pode se dar pois, todos os dias, nós observamos o Sol se deslocar no céu do leste para o oeste. Afinal de contas, é a Terra que gira em torno do Sol ou é o Sol que gira em torno da Terra? As duas respostas estão corretas porque a pergunta está incompleta. Para se descrever o movimento de um corpo é necessário definir o que (objeto de estudo) está sendo observado e quem (observador) está fazendo 85 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos a observação. A pergunta anterior está incompleta pois o observador não foi especificado. Para um observador fixo na Terra, é o Sol que gira em torno dela. Todavia, para um observador fixo no Sol, é a Terra que gira em torno dele. Incorreto é dizer que todos os planetas e o Sol giram em círculos em torno da Terra. Galileu apresentou argumentos para demonstrar que a órbita de Vênus em torno da Terra não podia ser circular. Figura 3.1: Nesta figura existem observadores diversos (1, 2 e 3). O movi- mento da carrocinha do pipoqueiro, para cada um deles, é diferente. A escolha do ponto de observação é muito importante na descrição dos mo- vimentos dos corpos. Por exemplo, no parque de diversões mostrado na Figura 3.1, a carrocinha do pipoqueiro (objeto de estudo) está em repouso para a criança que espera pacientemente a sua pipoca (observador 1), está se deslocando em linha reta para a mãe que acompanha o filho no passeio do trenzinho (observador 2) e está girando em alta velocidade para o adolescente que está no círculo da morte (observador 3). Portanto, podemos concluir que a descrição de um movimento é diferente para diferentes observadores, isto é, todo movimento é relativo a um observador. Além disso, existem pontos de observação onde a descrição do movimento é mais simples. No caso do nosso exemplo, ele é mais simples para o menino que está esperando a pipoca. Por isso, quando for possível, escolheremos o ponto de observação que permita a descrição mais simples do movimento. Do ponto de vista prático, nem sem- pre é possível analisar o movimento de um ponto de observação onde a sua descrição é a mais simples. Por exemplo, na ocasião em que foram feitos os estudos para descobrir qual era o movimento dos planetas do Sistema Solar, as observações só eram possíveis a partir da Terra. No entanto, a descrição do movimento dos planetas é mais simples com o ponto de observação no CEDERJ 86 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 Sol. Discutiremos nesta aula os conceitos de referencial, trajetórias e vetores. Eles são necessários para uma descrição detalhada dos movimentos. Contudo, an- tes de começar a sua leitura, veja se você é capaz de responder às seguintes perguntas: 1. O que é uma partícula? 2. Quando um corpo pode ser tratado como partícula? Dê um exemplo. 3. O que é a trajetória de uma partícula? 4. O que são coordenadas cartesianas planas? 5. O que são coordenadas cartesianas tridimensionais? 6. Qual a definição do vetor deslocamento? 7. Qual é a regra para somar vetores? 8. Qual é a regra para multiplicar um vetor por um número real? 9. Quais as propriedades da soma de vetores e da multiplicação de um vetor por um número real? Se você não conseguiu responder a algumas delas, não desanime, ao longo desta aula você verá todos esses conceitos. Partículas e suas trajetórias Um corpo pode ter um movimento simples em que ele translada sem se deformar, como na Figura 3.2, ou um movimento mais complicado, em que translada girando e se deformando, como na Figura 3.3. Figura 3.2: Um corpo que translada sem girar e sem se deformar. 87 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos Figura 3.3: Um corpo que translada girando e se deformando. Um exemplo de movimento simples é o de um carro trafegando em uma rodovia reta, e um exemplo de um movimento mais complicado é o caso de um atleta de saltos ornamentais que, após pular de um trampolim, se encolhe e gira até chegar à água. O carro se desloca no espaço sem girar e sem se deformar, enquanto o atleta se desloca no espaço girando e se deformando. Dizemos que o carro apenas se translada no espaço. Nesta aula definiremos conceitos relevantes para a descrição dos mo- vimentos de corpos que se deslocam no espaço, sem girar nem se deformar (como na Figura 3.2). Nesse caso, o conhecimento da forma do corpo e do movimento de um dos seus pontos (por exemplo, do ponto A) permite a descrição completa do seu movimento. Dizemos, então, que o corpo pode ser tratado como uma partícula. Partícula é um modelo utilizado na descrição do movimento de um corpo em que se supõe que toda a sua massa está em um único ponto. A linha gerada pelo deslocamento de uma partícula é denominada trajetória . A descrição do movimento de corpos que transladam e giram (como na Fi- gura 3.3) só será apresentada na disciplina de Física 1B. Em algumas ocasiões, quando estamos interessados em descrever par- cialmente o movimento de um corpo, podemos, por aproximação, tratar sis- temas que giram e se deformam como partículas. Por exemplo, na descrição da órbita da Terra em torno do Sol (ponto de observação), podemos tra- tar a Terra como uma partícula porque a distância média da Terra ao Sol é muito maior do que o raio da Terra. Isso torna as suas dimensões irrelevantes para analisar a órbita do planeta em torno do Sol. No entanto, se quisermos analisar as estações do ano, ela não pode ser tratada como partícula. CEDERJ 88 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 Atividade 1 Atende aos Objetivos 1, 2 e 3 Baseado no que você leu nesta aula, responda às seguintes perguntas: 1. O que é uma partícula? 2. Quando um corpo pode ser tratado como partícula? Dê um exemplo. 3. O que é a trajetória de uma partícula? Respostas Comentadas 1. Partícula é um modelo utilizado na descrição do movimento de um corpo em que se supõe que toda a massa do corpo está em um ponto. 2. Um corpo que se desloca no espaço sem girar e sem se deformar pode ser tratado como uma partícula. Por exemplo, uma caixa rígida que é empurrada sem girar sobre um piso horizontal. 3. A linha gerada pelo deslocamento de uma partícula é denominada tra- jetória. Chamaremos, a partir de agora, o corpo ou o conjunto de corpos que estão sendo observados de sistema . Todo o resto do Universo será denomi- nado exterior . Por exemplo, se a Terra for o nosso sistema, o exterior será constituído por tudo que não é a Terra, como corpos celestes, poeira cósmica etc. Na realidade, é possível demonstrar que, para qualquer sistema, sempre 89 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos existe um ponto que se comporta como partícula. Esse ponto é denominado centro de massa . O centro de massa é um ponto imaginário do sistema que se comporta como uma partícula que tem a massa igual à massa total do sistema e que sofre as mesmas ações que o exterior exerce sobre ele. Porexemplo, se considerarmos a Terra como uma esfera rígida, o centro de massa será o centro da esfera. Se considerarmos que somente o Sol atua sobre a Terra, isto é, que as ações dos outros corpos celestes sobre ela são desprezí- veis, a trajetória do centro de massa será igual à de uma partícula que tenha a massa da Terra e que sofra apenas a ação do Sol. A trajetória do centro de massa fornece informações relevantes para o movimento do sistema. A definição do centro de massa já foi apresentada em um dos complementos do módulo de Mecânica de ICF1. O estudo da trajetória do centro de massa e da relação entre a sua trajetória e o movimento do sistema será apresentado na disciplina de Física 1B. Referenciais, observadores e sistemas de coordenadas Coordenadas cartesianas no plano são o par ordenado que fornece as distâncias perpendiculares de um ponto do plano aos dois eixos perpendi- culares que o definem. Na Figura 3.4 as coordenadas cartesianas do ponto A são (XA, YA). Figura 3.4: Coordenadas cartesianas no plano. CEDERJ 90 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 Coordenadas cartesianas tridimensionais são o conjunto orde- nado com três números que fornecem as distâncias perpendiculares de um ponto a três eixos perpendiculares que se cruzam em um ponto O. Na Fi- gura 3.5 as coordenadas cartesianas tridimensionais do ponto A são (XA, YA, ZA). Figura 3.5: Coordenadas cartesianas no espaço. O conceito de referencial necessita da definição de corpo rígido, que é um corpo cujas distâncias relativas entre os seus pontos não mudam com o tempo. Referencial é um corpo rígido em relação ao qual se podem especificar as coordenadas espaciais e temporais de eventos físicos. O observador é um agente físico em um referencial capaz de realizar medições. Ele pode ser uma pessoa ou aparelho programado para medir. A medida de distâncias é feita com réguas e a de tempo, com relógios. Um referencial S pode ser visualizado em termos bem concretos, por exemplo: três barras rígidas definindo um sistema de eixos cartesianos, que podem ser tomadas como comprimentos unitários, para medidas das coordenadas e um relógio para medida de tempo (ver Figura 3.6). Figura 3.6: Referencial. 91 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos É comum representar os referenciais nas figuras dos livros apenas pelo seu sistema de eixos cartesianos. É essa representação gráfica simplificada dos referenciais que será adotada neste módulo. Atividade 2 Atende aos Objetivos 4 e 5 Baseado no que você leu nesta aula, responda às seguintes perguntas: 1. O que são coordenadas cartesianas planas? 2. O que são coordenadas cartesianas tridimensionais? 3. O que é um referencial? 4. O que é um observador? Respostas Comentadas 1. Coordenadas cartesianas planas são o par ordenado que fornece as dis- tâncias perpendiculares de um ponto do plano aos dois eixos perpendi- culares que o definem. 2. Coordenadas cartesianas tridimensionais são o conjunto ordenado com três números que fornecem as distâncias perpendiculares de um ponto a três eixos perpendiculares que se cruzam em um ponto O. 3. Referencial é um corpo rígido em relação ao qual se podem especificar as coordenadas espaciais e temporais de eventos físicos. Para medir distâncias utilizam-se réguas e para medir tempos, relógios. CEDERJ 92 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 4. Observador é um agente físico em um referencial capaz de realizar me- dições. Atividade 3 Atende aos Objetivos 3 e 5 Baseado no que você leu nesta aula, faça a seguinte questão: A Figura 3.7 apresenta a foto estroboscópica de um carrinho que se desloca em um trilho de ar, para a direita. Figura 3.7: Carrinho sobre um trilho de ar. 1. Nesse movimento, o carrinho pode ser tratado como partícula? Justifique a sua resposta. 2. Escolha um dos pontos do carrinho (A) e desenhe na Figura 3.7 a sua trajetória para o referencial S, que está fixo no trilho e tem os eixos coorde- nados OXY desenhados na Figura 3.7. 3. Meça na Figura 3.7 as coordenadas x(t) do ponto A para o sistema de referência S representado pelos eixos coordenados OXY desenhados. Utilize a régua da figura. Construa uma tabela com esses dados. 4. Faça um gráfico de x versus t para o carrinho. O intervalo de tempo entre as fotografias é o mesmo. Utilize a Figura 3.8 e considere o intervalo 93 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos de tempo entre as fotos como unitário. Figura 3.8: Gráfico de x versus t do carrinho sobre um trilho de ar. 5. Meça na Figura 3.7 as coordenadas x′(t) do ponto A para o sistema de referência S ′ representado pelos eixos coordenados O′X ′Y ′ desenhados. Utilize a régua da figura e construa uma tabela com esses dados. 6. Faça um gráfico de x′ versus t para o carrinho. O intervalo de tempo entre as fotografias é o mesmo. Utilize a Figura 3.9 e considere este inter- valo como unitário. CEDERJ 94 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 Figura 3.9: Gráfico de x′ versus t do carrinho sobre um trilho de ar. Respostas Comentadas 1. Nesse movimento, o carrinho pode ser tratado como partícula porque ele não gira nem se deforma ao se deslocar. 2. O ponto A escolhido com as suas trajetórias em relação aos observadores S e S ′ foram representados na Figura 3.10. Figura 3.10: Trajetória do ponto A para os observadores S e S ′. 3. As coordenadas x(t) foram colocadas na Tabela 3.1. A incerteza na 95 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos medida do tempo foi desprezada. A unidade de tempo não foi especificada. t δt x (cm) δx (cm) 0 0 14 1 1 0 31 1 2 0 50 1 3 0 68 1 4 0 84 1 5 0 101 1 Tabela 3.1: Referencial S. 4. O gráfico de x versus t foi representado na Figura 3.11. Ele sugere que o carrinho está em movimento retilíneo uniforme. As barras de incerteza da coordenada x não foram lançadas porque elas são muito pequenas. Figura 3.11: Gráfico x(t) versus t para o observador S. CEDERJ 96 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 5. As coordenadas x′(t) foram colocadas na Tabela 3.2. A incerteza na medida do tempo foi desprezada. A unidade de tempo não foi especificada. t δt x (cm) δx (cm) 0 0 109 1 1 0 91 1 2 0 72 1 3 0 54 1 4 0 37 1 5 0 21 1 Tabela 3.2: Referencial S ′. 6. O gráfico de x′ versus t foi representado na Figura 3.12. As barras de incerteza da coordenada x′ não foram lançadas porque elas são muito pequenas. Figura 3.12: Gráfico x′(t) versus t para o observador S ′. 97 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos O gráfico sugere que o carrinho está em movimento retilíneo uniforme tam- bém neste referencial. Todavia, ao contrário do que ocorre com o referencial S, neste, a coordenada x′ diminui com o tempo. Atividade 4 Atende aos Objetivos 3 e 5 Baseado no que você leu nesta aula, faça a seguinte questão: A Figura 3.13 é uma foto estroboscópica de uma esfera em queda livre. Figura 3.13: Esfera em queda livre. 1. Nesse movimento, a esfera pode ser tratada como partícula? Justifique a sua resposta. 2. Escolha um dos pontos da esfera (A) e desenhe na Figura 3.13 a sua CEDERJ 98 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 trajetória para o referencial S fixo na Terra e com os eixos coordenados OXY desenhados. 3. Meça na Figura 3.13 as coordenadas y(t) do ponto A para o sistema de referência S representado pelos eixos coordenados OXY desenhados, uti- lizando a régua da própria figura. Construa uma tabela com esses dados. 4. Faça um gráfico de y versus t para o ponto A da esfera. O intervalo de tempo entre as fotografias é o mesmo. Considere esse intervalo como uni- tário. Utilize a Figura 3.14. Figura 3.14: Gráfico de y versus t da esfera em queda livre. Respostas Comentadas 1. Nesse movimento, a esfera pode ser tratada como partículaporque ela não gira nem se deforma ao se deslocar. 99 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos 2. O ponto A escolhido foi o centro da esfera. Ele não foi representado na Figura 3.15 porque a esfera é muito pequena. A trajetória do ponto A em relação ao observador S foi representada na Figura 3.15. Figura 3.15: Trajetória do centro da esfera (ponto A). 3. As coordenadas y(t) foram colocadas na Tabela 3.3. A incerteza na medida do tempo foi desprezada e a unidade de tempo não foi especificada. A coordenada y foi especificada em termos da unidade da régua ur represen- tada pela sua menor divisão. t δt y (ur) δy (ur) t δt y (ur) δy (ur) 0 0 41,5 0,5 6 0 27,5 0,5 1 0 40,0 0,5 7 0 23,0 0,5 2 0 39,0 0,5 8 0 18,0 0,5 3 0 37,0 0,5 9 0 12,5 0,5 4 0 34,0 0,5 10 0 6,5 0,5 5 0 31,0 0,5 11 0 0,0 0,5 Tabela 3.3: Queda livre. CEDERJ 100 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 4. O gráfico de y versus t foi representado na Figura 3.16. As barras de incerteza da coordenada y não foram lançadas porque elas são pequenas. Esse gráfico é parecido com o de um movimento uniformemente acelerado. Você já estudou esse movimento nas aulas sobre Mecânica da Partícula do Ensino Médio e na disciplina Introdução às Ciências Físicas 1. Esse mo- vimento é uniformemente acelerado com a aceleração igual à da gravidade. Figura 3.16: Gráfico y(t) versus t para o observador S. Na figura, a unidade de medida da régua foi denominada ur. 101 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos Vetores Vetor deslocamento Iniciaremos nossa discussão sobre vetores analisando deslocamentos en- tre dois pontos. Em um plano, o menor caminho entre dois pontos é uma linha reta. Na Figura 3.17 representamos o menor caminho ente os pontos A e B, localizados em um plano. Figura 3.17: O menor caminho entre dois pontos em um plano é uma reta. Em um espaço curvo, porém, o menor caminho entre dois pontos não é uma reta. A Figura 3.18 mostra que em uma superfície esférica o menor caminho entre os pontos A e B é o arco de círculo _ AB. Figura 3.18: Menor caminho entre dois pontos em uma superfície esférica. A superfície da Terra pode ser considerada aproximadamente como uma esfera com raio da ordem de 6.400 km. As áreas das cidades terrestres são muito menores do que a área da Terra. Por isso, podemos tratar as super- fícies das cidades como planos. Nelas, o menor caminho entre dois pontos é uma reta. Mais do que isso, devido ao raio da Terra ser muito grande, no nosso dia a dia, percebemos a superfície da Terra como plana, e não como CEDERJ 102 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 curva. Certamente, essas são razões pelas quais os deslocamentos retilíneos adquiriram importância no estudo do movimento dos corpos. Vamos estudar agora as propriedades relevantes desses deslocamentos. Para entender quais as propriedades importantes de um deslocamento retilí- neo, vamos imaginar que, em uma gincana, a última tarefa da equipe consiste em encontrar um objeto que foi enterrado em um terreno com forma retan- gular. O terreno está completamente vazio e o seu centro foi marcado por uma pequena pedra (ver Figura 3.19). Figura 3.19: Terreno retangular. A organização da gincana fez três mapas sem desenhos. Os mapas só contêm informações escritas. Eles são sorteados entre as equipes e os seus conteúdos são: Mapa 1: "A partir do centro do terreno, ande um metro." Mapa 2: "A partir do centro do terreno, ande um metro na direção perpen- dicular ao portão." Mapa 3: "A partir do centro do terreno, ande um metro, aproximando-se do portão e na direção perpendicular a ele." Quem vai encontrar o objeto primeiro? Certamente, a equipe que tem a maior chance de encontrá-lo é aquela que recebeu o mapa 3. Descrevemos a seguir os pontos indicados por cada um dos mapas. A equipe que recebeu o mapa 1 só sabe que o objeto se encontra a 1 m do centro. Por isso, os seus componentes têm que procurar o objeto enterrado em um círculo com o centro na pedra e raio 1 m (ver Figura 3.20). 103 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos Figura 3.20: Mapa 1. A equipe com o mapa 2 tem mais informação que a anterior. Os seus componentes sabem em qual direção devem seguir, a partir do centro do terreno. Porém, não sabem se devem se aproximar ou se afastar do portão. A equipe precisa procurar o objeto apenas nos pontos A e B (ver Figura 3.21). Figura 3.21: Mapa 2. Já a equipe com o mapa 3 pode ir direto ao local em que o objeto está CEDERJ 104 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 enterrado, que é o ponto A da Figura 3.22. Figura 3.22: Mapa 3. A discussão anterior mostra que, para determinar univocamente um deslocamento, é necessário conhecer, além do seu tamanho (1 m), a sua di- reção (perpendicular ao muro que contém o portão) e o seu sentido (aproxi- mando do portão). A figura geométrica que contém todas essas informações é um segmento de reta orientado com comprimento de 1 m, conforme mos- trado na Figura 3.23, a seguir: Figura 3.23: Representação geométrica de um deslocamento. Para reforçar que um deslocamento é um segmento de reta orientado, 105 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos é costume representá-lo por uma letra com um segmento de reta orientado em cima, por exemplo, ~d. Dizemos que ~d é a representação simbólica de um deslocamento e o segmento de reta orientado é a representação geométrica do deslocamento. Consideraremos iguais os deslocamentos com a mesma di- reção, o mesmo módulo e o mesmo sentido, independentemente de serem aplicados em pontos diferentes. Por exemplo, na Figura 3.24, estão mos- trados dois deslocamentos iguais ~d1 e ~d2, que partem de pontos diferentes (A e B). Figura 3.24: Deslocamentos iguais. Apesar de o menor caminho entre dois pontos ser uma reta, nem sempre é possível se deslocar em linha reta entre dois pontos. Por exemplo, o muro que cerca o terreno representado na Figura 3.25 impede o deslocamento retilíneo de uma pessoa entre os pontos C e D. Figura 3.25: Devido ao muro que contorna o terreno, o deslocamento do ponto C para o ponto D só pode ser feito por dois deslocamentos retilíneos distintos. CEDERJ 106 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 Nesse caso, o menor caminho possível entre os pontos C e D é cons- tituído por dois deslocamentos retilíneos. O primeiro deslocamento é um segmento de reta orientada que vai de C para E, com tamanho d1, e o se- gundo é um segmento de reta orientado que vai de E para D e tem tamanho d2, conforme mostrado na Figura 3.26. Figura 3.26: O deslocamento ~d3 é composto pelos dois deslocamentos retilí- neos ~d1 e ~d2. Dizemos que se deslocar de C para E e, a seguir, de E para D, é equivalente a se deslocar diretamente de C para D, pois o deslocamento começa e termina nos mesmos pontos. Na Figura 3.26 está representado o segmento de reta orientado associado ao deslocamento de C para D (~d3). Na realidade, podemos pensar que os deslocamentos foram “somados”. Soma de deslocamentos Por definição, somar dois deslocamentos significa encontrar um deslo- camento que permita sair diretamente do ponto de origem (C) e ir até o ponto de chegada (D). Na prática, isso significa fazer as seguintes operações: Passo 1: Ligar o final do segmento de reta orientado que representa o pri- meiro deslocamento (parte com a seta) com o início do segmento de reta orientado que representa o segundo deslocamento (parte sem a seta), con- forme representado na Figura 3.27. 107 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos Figura 3.27: Soma de deslocamento − Passo 1, ligar o final do primeiro deslocamento ao início do segundo. Passo 2: Ligar, com um segmento de reta orientado, o início do segmento de reta orientado que representa o primeiro deslocamento (parte sem a seta) com o final dosegmento de reta orientado que representa o segundo deslocamento (parte com a seta), conforme indicado na Figura 3.28. Figura 3.28: Soma de deslocamento − Passo 2, ligar, com um segmento de reta orientado, o início do primeiro deslocamento com o final do segundo. Na Figura 3.28 estão representados os deslocamentos sucessivos ~d1 e ~d2 e a sua soma, que é o deslocamento ~d3. A representação simbólica da operação descrita na figura 3.28 é ~d3 = ~d1+~d2. A regra que foi utilizada na Figura 3.28 para somar deslocamentos é denominada Regra do Triângulo. CEDERJ 108 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 Atividade 5 Atende ao Objetivo 7 Baseado no que você leu nesta aula, faça a seguinte questão: A Figura 3.29 mostra vários vetores deslocamentos. Faça as seguintes ope- rações com esses deslocamentos: ~d1 + ~d2, ~d1 + ~d3, ~d1 + ~d4 e ~d4 + ~d1. Figura 3.29: Deslocamentos. Resposta Comentada Todas as somas foram realizadas na Figura 3.30, de acordo com os passos 1 e 2 da definição da soma de deslocamentos. Figura 3.30: Soma dos deslocamentos. É importante ressaltar os seguintes fatos: 109 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos 1. Somente no caso em que os deslocamentos da soma (~d1 + ~d2) têm as mesmas direções e os mesmos sentidos, o módulo da soma dos desloca- mentos é igual à soma dos módulos dos deslocamentos. Por exemplo, é fácil ver que o módulo de ~d1+ ~d2 é igual à soma dos módulos individuais |~d1| e |~d2|. 2. No caso em que os deslocamentos da soma (como, por exemplo, ~d1 + ~d3) têm as mesmas direções e sentidos contrários, o módulo da soma dos deslocamentos é igual ao módulo da diferença dos módulos dos deslocamentos, isto é, |~d1 + ~d3| = |~d1| − |~d3|. 3. No caso em que os deslocamentos da soma (~d1 + ~d4) têm direções dife- rentes, o módulo da soma dos deslocamentos é igual ao tamanho do lado do triângulo que define a soma dos deslocamentos. Logo, ele é menor que a soma dos módulos dos deslocamentos, isto é, |~d1+ ~d4| < |~d1|+|~d4|. 4. A Figura 3.30 sugere que as somas ~d1 + ~d4 e ~d4 + ~d1 são iguais. A Figura 3.31 mostra que aplicação sucessiva dos deslocamentos ~d1 e ~d2, a partir do ponto A, leva ao ponto D. Figura 3.31: Os deslocamentos se somam pela Regra do Paralelogramo. Vamos chamar o vetor deslocamento que vai de A até D de deslocamento ~d3, que é, por definição, a soma desses deslocamentos ~d3 = ~d1 + ~d2. A Figura 3.31 também mostra um paralelogramo que foi construído com uma reta paralela à direção do deslocamento ~d1 que passa pelo ponto C, e outra paralela ao deslocamento ~d2 que passa pelo ponto A. A interseção dessas retas é o pontoD. O vetor deslocamento que vai de A até C é o vetor deslocamento ~d2, porque ele tem a mesma direção, o mesmo sentido e o mesmo módulo do vetor deslocamento ~d2. O vetor deslocamento que vai de C até D é o próprio CEDERJ 110 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 vetor deslocamento ~d1, já que ele tem a mesma direção, o mesmo sentido e o mesmo módulo do vetor deslocamento ~d1. A Figura 3.31 mostra que o deslocamento ~d2 + ~d1, que vai do ponto A ao ponto D, é o vetor ~d3. Logo, concluímos que a soma de deslocamentos é comutativa, isto é, ~d1 + ~d2 = ~d2 + ~d1. Uma forma de indicar que a soma dos deslocamentos é comutativa é dizer que eles se somam pela Regra do Paralelogramo. Essa regra diz que a soma dos deslocamentos é obtida construindo-se um paralelogramo com os dois deslocamentos colocados em um mesmo ponto A e ligando o ponto A ao vértice do paralelogramo oposto ao vértice A. Atividade 6 Atende aos Objetivos 6 e 7 Baseado no que você leu nesta aula, responda às seguinte perguntas: 1. Quais são as informações necessárias para caracterizar completamente um deslocamento? 2. Como se somam dois deslocamentos? Respostas Comentadas 1. Um deslocamento fica completamente caracterizado quando fornecemos o seu módulo, a sua direção e o seu sentido. 2. Dois deslocamentos se somam pela Regra do Triângulo ou pela Regra do Paralelogramo, que são equivalentes. A Regra do Paralelogramo consiste em colocar os dois deslocamentos em um mesmo ponto A e construir com eles um paralelogramo. A soma dos deslocamentos é o vetor deslocamento que vai do ponto A ao vértice oposto ao ponto A. 111 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos Atividade 7 Atende aos Objetivos 6 e 7 Baseado no que você leu nesta aula, faça a seguinte questão: O deslocamento (~d1 + ~d2) é obtido somando-se os deslocamentos ~d1 e ~d2 pela Regra do Triângulo ou pela Regra do Paralelogramo. Podemos, então, somar o deslocamento ~d1 + ~d2 com o ~d3 para obtermos um novo deslocamento ~d4. A representação simbólica desse novo deslocamento é ~d4 = (~d1+ ~d2)+ ~d3. Os deslocamentos ~d1, ~d2 e ~d3 foram representados na Figura 3.32. Desenhe na figura a representação geométrica do deslocamento ~d4. Figura 3.32: Desenhe a soma de três deslocamentos ~d4 = ~d1 + ~d2 + ~d3. Resposta Comentada Os deslocamentos foram somados na Figura 3.33. O deslocamento (~d1 + ~d2) foi obtido pela Regra do Triângulo aplicada aos deslocamentos ~d1 e ~d2. O deslocamento ~d4 foi obtido aplicando-se a Regra do Triângulo aos desloca- mentos (~d1 + ~d2) e ~d3, isto é, colocamos o início do deslocamento ~d3 no final do deslocamento (~d1 + ~d2) e ligamos o início do deslocamento (~d1 + ~d2) ao final do deslocamento ~d3. CEDERJ 112 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 Figura 3.33: Soma de três deslocamentos. A Figura 3.34 mostra que a soma de deslocamentos é associativa, isto é, ~d4 = (~d1 + ~d2) + ~d3 ~d4 = ~d1 + (~d2 + ~d3) ~d4 = (~d1 + ~d3) + ~d2 Figura 3.34: A soma de deslocamentos é associativa. Logo, podemos escrever a soma dos três deslocamentos sem os parênteses, isto é, ~d4 = ~d1 + ~d2 + ~d3. A Figura 3.34 também mostra que é possível obter o deslocamento ~d4 ligando-se o início do deslocamento ~d2 ao final do deslocamento ~d1 e o início 113 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos do deslocamento ~d3 ao final do ~d2. O deslocamento ~d4 vai do início do ~d1 ao final do ~d3. Essa regra serve para somar um número qualquer de desloca- mentos. Ela é denominada Regra do Polígono. A Regra do Polígono foi representada na Figura 3.35. Figura 3.35: Regra do Polígono. Multiplicação de um deslocamento por um número real Além da soma de deslocamentos, existe uma outra operação que rela- ciona deslocamentos com a mesma direção: Figura 3.36: Multiplicação de um deslocamento por um número real. Na Figura 3.36, observamos deslocamentos com a mesma direção e comprimentos proporcionais a 1:2:3. Os dois menores têm o mesmo sentido e o maior tem sentido contrário a eles. Podemos representá-los da seguinte CEDERJ 114 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 forma: ~d2 = 2 ~d1; ~d3 = −3 ~d1. Isso significa que, podemos definir uma operação de multiplicação α ~d de um deslocamento ~d por um número real α da seguinte forma: se α > 0, o des- locamento α ~d tem a mesma direção e o mesmo sentido do deslocamento ~d e módulo igual a α |~d|: se α < 0, o deslocamento α ~d tem a mesma direção do deslocamento ~d, o sentido contrário ao do deslocamento ~d e módulo igual a |α| |~d|. Vetores As grandezas que podem ser representadas por segmentos de retas orientados , que se somam pela regra do paralelogramo e têm uma ope- ração de multiplicação por um número real análoga à do vetor deslo- camento são denominadas vetores . O conjunto de vetores munido dessas operações é denominado espaço vetorial V . Além do vetor deslocamento que discutimos anteriormente, você já en- controu outros vetores quando estudou a Mecânica da Partícula. Entre eles, podemos citar os vetores velocidade e aceleração e as forças. As operações de soma de vetores e a de multiplicação de um vetor por um número real apresentam as seguintespropriedades: a. ~a+~b = ~b+ ~a; b. ∃ ~e � V 3 ~a+ ~e = ~a; c. ∃ ~b � V 3 ~a+~b = ~0, em que o vetor ~b = −~a; d. ~a+ (~b+ ~c) = (~a+~b) + ~c; e. α (β ~a) = (αβ)~a; f. (α + β)~a = α~a+ β~a; g. α (~a+~b) = α~a+ α~b; h. ||~a| − |~b|| 6 ||~a|+ |~b|| 6 |~a|+ |~b|. As propriedades a e d já foram demonstradas nesta aula com os vetores deslocamentos e as outras propriedades estão demonstradas no Complemento 1, ao final deste módulo. As propriedades de a e d permitem escrever a soma de vetores sem os parênteses, isto é, ~a+ (~b+ ~c) = ~a+~b+ ~c. 115 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos É importante ressaltar que os matemáticos não definiram a divisão entre vetores. Logo, você não pode dividir dois vetores, isto é, a expressão matemática ~a ~b não tem significado. Exemplo 3.1 Simplifique a seguinte expressão vetorial: 3~a+ 4 (5~b+ 2~a)− (7.(8 (~a+~b)) = ~0. Resolução 1. 3~a+ (20~b+ 8~a)− 56 (~a+ ~b) = ~0⇒ 2. 3~a+ 20~b+ 8~a− 56~a− 56~b = ~0⇒ 3. ~a (3 + 8− 56) +~b (20− 56) = ~0⇒ 4. −45~a− 36~b = ~0⇒ −45~a− 36~b+ 36~b = ~0 + 36~b⇒ −45~a = 36~b 5 . − 1 45 (45~a) = 1 45 (36~a)⇒ ~a = −36 ~b 45 . Na passagem da expressão do exemplo para a expressão 1, foram utilizadas as propriedades e e g dos vetores. Na passagem da expressão 1 para a ex- pressão 2, foram utilizadas as propriedades d e g dos vetores. Na passagem da expressão 2 para a expressão 3, foi utilizada a propriedade f dos vetores. Na passagem da expressão 3 para a expressão 4, foi utilizada a propriedade c dos vetores. Na passagem da expressão 4 para a expressão 5, foi utilizada a propriedade e dos vetores. Este exemplo mostra que, no que diz respeito à soma de vetores e à multi- plicação deles por um número real, a simplificação de expressões vetoriais é muito parecida com a simplificação de expressões algébricas de números reais. Atividade 8 Atende ao Objetivo 7 Baseado no que você leu nesta aula, faça a seguinte questão: Na Figura 3.37 estão representados alguns vetores. Faça, na própria figura, as representações geométricas das operações descritas nos itens a seguir. Con- sidere que cada quadradinho representa meia unidade de medida. a. ~d = ~d1 + ~d3; b. ~d = −2 ~d3; c. ~d = ~d2 |~d2| ; d. ~d = ~d1 − 2 ~d3; e. ~d = ~d2 − ~d1 − ~d3; f. Qual é a direção, o sentido e o módulo do vetor ~d obtido no item c? CEDERJ 116 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 Figura 3.37: Soma de três deslocamentos. Resposta Comentada As respostas dos itens de a até e estão na Figura 3.38. Figura 3.38: Operações com os vetores. f. O vetor ~d obtido no item c tem a mesma direção e o mesmo sentido do vetor ~d2 porque ele foi obtido multiplicando-se o vetor ~d2 pelo inverso do seu módulo, que é um número positivo. O módulo do vetor ~d é igual a 1, um a vez que |~d| = | ~d2| |~d2| = 1. Logo, nesse caso, o vetor ~d é o vetor unitário que tem a mesma direção e o mesmo sentido que o vetor ~d2. Como o lado de cada quadradinho mede meia unidade, um vetor unitário tem módulo correspondente a dois quadradinhos. 117 CEDERJ Aula 3 - A descrição dos movimentos Resumo 1. Partícula é um modelo utilizado na descrição do movimento de um corpo em que se supõe que toda a sua massa está em um ponto. 2. Um corpo que se desloca no espaço sem girar e sem se deformar pode ser tratado como uma partícula. Por exemplo: uma caixa rígida que é empurrada sem girar sobre um piso horizontal. 3. A linha gerada pelo deslocamento de uma partícula é denominada de trajetória. 4. Referencial é um corpo rígido em relação ao qual se podem especificar as coordenadas espaciais e temporais de eventos físicos. Para medir distâncias utilizam-se réguas e para medir tempos utilizam-se relógios. Um referencial S pode ser visualizado em termos bem concretos, por exemplo: três barras rígidas definindo um sistema de eixos cartesianos, que podem ser tomadas como comprimentos unitários, para medidas das coordenadas e um relógio para medida de tempos (ver Figura 3.6). É comum representar os referenciais nas figuras dos livros apenas pelo seu sistema de eixos cartesianos. 5. Observador é um agente físico em um referencial capaz de realizar me- dições. 6. Os vetores são grandezas que têm módulo, direção e sentido, somam- se pela Regra do Paralelogramo e são munidos de uma operação que multiplica o vetor por um número. 7. As operações dos vetores têm as seguintes propriedades: a. ~a+~b = ~b+ ~a; b. ∃ ~e ∈ V | ~a+ ~e = ~a; c. ∃ ~b ∈ V | ~a+~b = ~0, em que o vetor ~b = −~a; d. ~a+ (~b+ ~c) = (~a+~b) + ~c; e. α (β ~a) = (αβ)~a; f. (α + β)~a = α~a+ β~a; g. α (~a+~b) = α~a+ α~b; h. ||~a| − |~b|| 6 ||~a|+ |~b|| 6 |~a|+ |~b|. CEDERJ 118 Aula 3 - A descrição dos movimentos MÓDULO 1 - AULA 3 Informações sobre a próxima aula Na próxima aula vamos discutir a decomposição dos vetores em bases orto- gonais. Essa decomposição vai facilitar as operações com vetores. Referências bibliográficas ALMEIDA, Maria Antonieta Teixeira. Introdução às ciências físicas I. v. 2, 4. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010. PESCO, Dirce Uesu; ARNAUT, Roberto Geraldo Tavares. Matemática bá- sica. v. 1, 5. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010. . Geometria básica. v. 1, 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2010. 119 CEDERJ
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