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WEB3 -Direito do Trabalho - Estabilidade Decenal
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Publicado por Alan Rodrigo de Paula Silva
há 2 anos
20,6K visualizações
A Lei Elói Chaves - 4.682/1923 foi à criadora deste tipo de estabilidade no Brasil. Com o intuito de angariar fundos de subsistência as Caixas de Pensões e Aposentadoria dos Ferroviários, a lei também estabeleceu em seu artigo 42, estabilidade aos empregados após 10 (dez) anos de serviço efetivo, salvo cometimento de falta grave. Com a exceção dos funcionários públicos, essa foi à primeira norma a garantir estabilidade no emprego.
No decorrer dos anos, outras categorias receberam o direito de gozar da estabilidade decenal. Os empregados em empresas marítimas e fluviais passaram a ser beneficiados a partir de 1926, os portuários a partir de 1927, os empregados das empresas de transportes urbanos, luz, telefone, água e esgoto em 1930, e aos mineiros em 1932.
Através da Lei 62/1935, a estabilidade decenal começou a atingir um número maior de empregados, pois passou a ser aplicável aos empregados da indústria e do comércio. No entanto, a partir deste momento, desvinculou-se este tipo de estabilidade, das normas pertinentes a previdência social. Haja vista, que o seu artigo 10 determinava o seguinte:
Os empregados que ainda não gozarem da estabilidade que as leis sobre institutos de aposentadorias e pensões têm criado, desde que contem 10 anos de serviço efetivo no mesmo estabelecimento, nos termos desta lei, só poderão ser demitidos por motivos devidamente comprovados de falta grave, desobediência, indisciplina ou causa de força maior, nos termos do art. 5º.
A Constituição de 1934, nada acrescentou ou alterou nas diretrizes desta estabilidade. Porém, a Carta de 1937 em seu artigo 137 alínea f, concedeu caráter constitucional à matéria. A CLT a partir de 1943 passou a disciplinar o tema, porém coube a CF/1946, garantir o direito aos trabalhadores rurais.
Após essa evolução legal da estabilidade decenal, a CLT passou a ser o diploma legal base desse direito dos trabalhadores em geral, conforme as regras do artigo 492 e seguintes. O direito era aplicado aos empregados que contassem com mais de 10 (dez) anos de serviços prestados na mesma empresa, ou em seu grupo de empresas. Considerava como serviço, todo o tempo em que o empregado permanecia à disposição do seu empregador. Determinou o artigo, 492 da CLT:
O empregado que contar mais de 10 (dez) anos de serviço na mesma empresa não poderá ser despedido senão por motivo de falta grave ou circunstância de força maior, devidamente comprovadas.
Excepcionalmente, os empregados no exercício dos cargos de diretoria, gerência ou outros de confiança, a estabilidade não era aplicada, conforme artigo 499 da CLT. Pelo texto do parágrafo 2º do mesmo artigo, aquele empregado que só havia exercido cargo de confiança na empresa, e que contava com mais de 10 (dez) anos de empresa na ocasião de sua dispensa, era garantida uma indenização proporcional ao tempo de serviço, nos termos do artigo 477 e 478 da CLT.
Com o intuito de evitar desvio de sua finalidade, a CLT no artigo 500 tratava que o pedido de demissão, só seria válido se realizado com a assistência do Sindicato representativo, em sua ausência, a competência era do Ministério do Trabalho e Previdência Social, ou em sua falta, pela Justiça do Trabalho.
Aos empregadores burladores de leis, o parágrafo 3º do artigo 499 da CLT, regrava que a despedida com o fim de impedir que o empregado adquirisse a estabilidade, seriam penalizados com o pagamento em dobro da indenização dos artigos 477 e 478 da CLT. Todavia, a prática pelos empregadores de dispensa com o único fim de impedir que os empregados atingissem os 10 (dez) anos, era muito comum, talvez assim como nos dias de hoje, faltava fiscalização.
O panorama desta estabilidade no emprego começou a mudar com a edição da Lei 5.107/1966, alterada pelo Decreto-Lei n.º 20/1946, e regulamentada pelo Decreto 59.820/66, que foi alterado pelo Decreto n.º 61.405/1967. A referida lei criou o regime do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, como opção a indenização da CLT, o que foi constitucionalizado com a Constituição de 1967 (artigo 165 inciso XIII). Os empregados a partir de então, podiam ao ser contratados optar, pelo regime da indenização da CLT ou pelo regime fundiário, que gerava o direito de um depósito mensal em conta vinculada ao trabalhador, nos mesmos moldes do funcionamento do FGTS hoje. Porém, a indenização em caso de dispensa sem justa causa era no percentual de 10% sobre os depósitos, atualmente esse percentual é de 40%. Sendo assim, o empregado optante do FGTS ao ser dispensado, independentemente do tempo de serviço, levantava os valores depositados e recebia a indenização de 10%, sem direito a estabilidade.
Os empregados com vínculo empregatício anterior a criação do FGTS, também podiam optar por esse regime. Se o fizesse, seu contrato de trabalho passaria a ser regido por dois regimes de indenização. O primeiro o da CLT para o período anterior a opção, e o segundo o regime fundiário a partir da opção. Se rescindido o contrato a partir da opção, o empregado que optou pelo FGTS com mais de 10 (dez) anos de serviço, a indenização seria dobrada, conforme o artigo 497 da CLT, se não possuísse a indenização seria de forma simples, conforme os preceitos do artigo 477 da CLT.
A partir da lei que instituiu o regime do fundo de garantia por tempo de serviço, permitiu-se a opção pelo novo regime para aqueles empregados que já possuíam vínculo empregatício, que a partir de então passariam a ser regidos por dois regimes: o regime da Consolidação para o tempo anterior e o fundiário para o tempo posterior (OLIVEIRA, 2005).
Grande foi à repercussão desta mudança, tanto no meio comum, como no meio jurídico e acadêmico da época. A mudança pela instituição do FGTS foi de grande importância para o cenário da economia do país. Se de um lado, os empregadores tivessem que depositar mensalmente um valor para os empregados, além do salário, por outro lado, os empregados tinham que abdicar do direito da estabilidade decenal. O empregador poderia a qualquer momento, mesmo que sem justa causa, rescindir o contrato do trabalhador, bastando o pagamento da indenização de 10% sobre os depósitos de FGTS. Nesse sentido, narra Oliveira (2005):
Se de um lado o regime fundiário proporcionava ao trabalhador a vantagem de ver depositada em sua conta vinculada uma quantia mensal, exigia em contrapartida que abdicasse da sua estabilidade no emprego.
(...)
Autores de nomeada insurgiram-se contra o novo regime e entre eles merecem especial citação Mozart Victor Russomano (A Estabilidade do Trabalhador na Empresa, José Konfino Editor, 1970) e José Martins Catharino (Em Defesa da Estabilidade, LTr.).
Em verdade, o novo regime desdizia tudo aquilo que era afirmado pela doutrina e pelos tribunais. Daí a reação de todos.
Obviamente, a partir daí, os empregadores só contratavam funcionários que optassem pelo regime do FGTS, para que não ficassem impedidos de rescindir o contrato de trabalho, do empregado que adquire-se a estabilidade decenal. Os trabalhadores, sem outra forma de conseguir trabalho, acabavam por aceitar a opção pelo regime fundiário.
Para Oliveira (2005), contemporâneo da introdução do FGTS, o regime fundiário foi considerado uma reação ao que se conhecia como radicalismo da estabilidade decenal. Pois, não muito raro, os empregados que ao atingir os 10 (dez) anos, ficavam desinteressados do exercício de suas funções em razão da estabilidade.
A opção entre o regime da CLT ou o do FGTS, terminou com a promulgação da Constituição Federal de 1988. Pois a carta magna, em seu artigo 7º inciso III, não mencionou outro sistema de estabilidade, além do FGTS. Consequentemente, bem como ensina Martins (2008), as disposições do artigo 492 da CLT, se extinguiram pelo advento da Constituição de 1988. A partir de então, todos os empregados são considerados optantes do FGTS, não havendo mais a possibilidade dos empregados adquirirema estabilidade decenal.
A estabilidade prevista nos arts. 492 a 500 da CLT fica prejudicada com o inciso I d o art. 7º da Constituição, que determina que a dispensa arbitrária ou sem justa causa será objeto de lei complementar. O inciso III do art. 7º da Lei Maior, ao tratar de FGTS, não mencionou o sistema alternativo de estabilidade ou fundo de garantia equivalente que existia na Constituição anterior, com o que a estabilidade decenal prevista na CLTfoi extinta. (MARTINS, 2008)
Não se sabe ao certo, se ainda existem empregados contemplados com a estabilidade decenal. Esse direito só pode ser conhecido, aqueles que em 05/10/1988, já o tinham adquirido. Para Martins (2008), é bem provável que os empregados que ainda gozam desse direito, são funcionários do Estado regidos pela CLT. Corroborando com essa ideia, Nascimento (2006) fundamenta:
Como as empresas passaram a admitir empregados desde que como optantes do FGTS, automaticamente desapareceram os estáveis, que hoje gradativamente não existem mais
Atualmente, se o empregador dispensa sem justa causa um empregado, deve depositar uma multa de 40% sobre o saldo dos depósitos do FGTS. Todavia, a maioria dos trabalhadores atuais, não sabem que mesmo essa indenização, vigora em caráter provisório, pois o inciso I do artigo 7º da CF/1988, determina proteção contra a dispensa arbitrária ou sem justa causa, cabendo a lei complementar, determinar a indenização compensatória. No entanto, até os dias atuais, nenhuma lei complementar foi editada para regulamentar o tema, o que garante a multa de 40%, é o inciso I do artigo 10 do ADCT.

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