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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA DOUGLAS ANDRADE ARCANJO DE OLIVEIRA A SEGURANÇA OPERACIONAL NA AVIAÇÃO CIVIL Palhoça 2017 DOUGLAS ANDRADE ARCANJO DE OLIVEIRA A SEGURANÇA OPERACIONAL NA AVIAÇÃO CIVIL Monografia apresentada ao Curso de graduação em Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel. Orientação: Profa. Patricia Fontanella, Profa. Dra. Palhoça 2017 DOUGLAS ANDRADE ARCANJO DE OLIVEIRA A SEGURANÇA OPERACIONAL NA AVIAÇÃO CIVIL Este monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Ciências Aeronáuticas e aprovada em sua forma final pelo Curso de Ciências Aeronáuticas, da Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça, 10 de junho de 2017. _____________________________________________________ Professor orientador: Patricia Fontanella, Profa. Dra. Universidade do Sul de Santa Catarina _____________________________________________________ Prof. Cleo Marcus Garcia, Msc. Universidade do Sul de Santa Catarina Dedico este trabalho a todos os amantes da aviação que fazem com que as fronteiras deste planeta se tornem cada vez mais curtas e ajudam na integração de todos os povos; AGRADECIMENTOS A Deus Nosso Senhor por proporcionar-me o dom da vida e a capacidade intelectual para aprender e poder desenvolver este trabalho. A minha linda esposa que tanto amo, por estar comigo desde o início desta jornada de estudos onde, por muitos momentos, precisei deixar de dar a devida atenção que ela merecia, mas que nos fizeram amadurecer como casal e aumentar ainda mais meu amor por ela. Aos meus pais, Anderson e Liberaci, que sempre me deram apoio total e irrestrito em todas as escolhas que fiz durante minha vida e até o presente momento. Ao meu irmão e melhor amigo desde sempre, Rubem, oficial aviador da Força Aérea Brasileira, pelo companheirismo, pelas dicas, pelos ensinamentos e apoio com as matérias relacionadas à aviação. À Força Aérea Brasileira que me proporcionou e proporciona até hoje, o crescimento pessoal e profissional e provê o sustento da minha família. À minha professora orientadora, Patrícia Fontanella, pela dedicação e empenho em fazer com que pudesse absorver todos os conhecimentos por ela transmitidos e por estar sempre a disposição para nos atender a qualquer instante. A todos que amam a aviação e tem fascínio por essa atividade “mágica” que encurta fronteiras, aproxima os povos de todo o planeta e, literalmente, leva o homem para mais próximo do céu. Não se espante com a altura do voo. Quanto mais alto, mais longe do perigo. Quanto mais você se eleva, mais tempo há de reconhecer uma pane. É quando se está próximo do solo que se deve desconfiar.” (Santos Dumont) RESUMO Esta pesquisa objetivou-se em entender os motivos das atividades aéreas possuírem inúmeros métodos e procedimentos preventivos com foco principal na Segurança Operacional de suas operações. Trata-se de uma pesquisa exploratória exploração de documentos oficiais como ICA’s (Instruções do Comando da Aeronáutica), MCA’s (Manuais do Comando da Aeronáutica), bem como sites oficiais de órgãos reguladores da aviação, de agências regulamentadoras e instituições oficiais que compõem o sistema que envolve a aviação, tais como ICAO (International Civil Aviation Organization) ou OACI (Organização Internacional da Aviação Civil), ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil), DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) e CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos). Foi utilizada abordagem qualitativa, aprofundando e descrevendo detalhadamente sobre Segurança Operacional na aviação, buscando esclarecer os motivos das realizações de determinados procedimentos que, na maioria das vezes, são desconhecidos das pessoas que utilizam a aviação e até de quem trabalha direta ou indiretamente na aviação. Palavras-chave: Prevenção, Segurança Operacional, Aviação, Procedimentos. ABSTRACT The objective of this research was to understand the reasons for air activities having numerous preventive methods and procedures with a main focus on the Operational Safety of their operations. It is an exploratory exploration of official documents such as ICA's, MCA's, as well as official websites of aviation regulatory bodies, regulatory agencies and official institutions that make up the system Which involves aviation, such as ICAO (International Civil Aviation Organization) or ICAO (International Civil Aviation Organization), ANAC (National Civil Aviation Agency), DECEA (Department of Airspace Control) and CENIPA (Center for Research and Prevention Of Aeronautical Accidents). A qualitative approach has been used, deepening and detailing in detail on Aviation Operational Safety, seeking to clarify the reasons for the accomplishment of certain procedures that, for the most part, are unknown to those who use aviation and even to those who work directly or indirectly in aviation. Keywords: Prevention, Safety, Aviation, Procedures. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Internacional Civil Aviation Organization ......................................................19 Figura 2 – Agência Nacional de Aviação Civil ................................................................20 Figura 3 – Departamento de Controle do Espaço Aéreo ..................................................21 Figura 4 – Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos ...................24 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Movimento Anual de Aeronaves (Pousos + Decolagens) – Região Sudeste........30 Tabela 2 - Movimento Anual de Passageiros (Embarcados + Desembarcados) – Região Sudeste....................................................................................................................................30 Tabela 3 - Movimento Anual de Carga Aérea e Correios (t) (Carregada + Descarregada + Trânsito) – Região Sudeste....................................................................................................31 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Acidentes do transporte aéreo regular de passageiros no Brasil de 2010 a 2015...................................................................................................................................25 Gráfico 2 – Acidentes da aviação geral de 2010 a 2015 ..................................................25 LISTA DE SIGLAS ICAO – Internacional Civil Aviation Organization OACI – Organização da Aviação Civil Internacional ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil – Brasil DECEA – Departamentode Controle do Espaço Aéreo CENIPA – Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos VSV – Vistoria de Segurança de Voo NSCA – Norma de Sistema do Comando da Aeronáutica PPAA – Programa de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos TWR – Torre de Controle de Aeródromo SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................14 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA..........................................................................................................14 1.2 OBJETIVOS.....................................................................................................................................15 1.2.1 Objetivo Geral..............................................................................................................................15 1.2.2 Objetivos Específicos...................................................................................................................15 1.3 JUSTIFICATIVA...................................................................................................15 1.4 METODOLOGIA..................................................................................................16 1.4.1 Natureza da pesquisa e tipo de pesquisa............................................................16 1.4.2 Materiais e métodos.............................................................................................17 1.4.3 Procedimentos de coleta de dados......................................................................17 1.4.4 Procedimento de análise dos dados.....................................................................17 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO......................................................................17 2 REFERENCIAL TÉORICO...................................................................................18 2.1 Órgãos regulamentadores da aviação no mundo e no Brasil.................................18 2.2 Formas de prevenção, de aperfeiçoamento e atualização para o aumento e manutenção da segurança operacional da aviação........................................................26 2.3 Ações operacionais, preventivas e de segurança operacional realizadas na aviação..26 2.3.1 Peso transportado nas aeronaves.................................................................................26 2.3.2 Controle de tráfego das aeronaves...............................................................................27 2.3.3 Manutenções em aeronaves..........................................................................................28 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................................31 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................33 REFERÊNCIAS........................................................................................................35 ANEXOS...................................................................................................................37 ANEXO A- CONTRATO DE CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS.............................................................................................................38 14 1 INTRODUÇÃO Ao pensar em aviação, é impossível não vir à nossa mente a questão da segurança em todo e qualquer segmento ligado diretamente às atividades aéreas, por se tratar de atividade complexa e de haver um risco em potencial constante durante suas realizações. Neste trabalho de pesquisa, o assunto Segurança na Aviação será estudado mais profundamente, abordando a importância da segurança operacional na aviação, que são incansavelmente intensificados, treinamentos são realizados periodicamente por todos os operadores ligados direta e indiretamente à aviação, realizadas inúmeras checagens, diversos procedimentos de segurança aplicados em todas as fases das operações aéreas. A aviação, por se tratar de uma atividade complexa, demanda o máximo de cautela e segurança que se possa ser dispensada em sua realização e em tudo o que, potencialmente, possa oferecer ou apresentar qualquer risco à operação aérea de qualquer tipo ou segmento. Procedimentos gerais da aviação realizados antes, durante e após cada voo realizado, serão mais profundamente explicados e será explicada, também, qual a importância de serem realizados rigorosamente por profissionais com a devida qualificação, treinamento e certificação. Será demonstrado como é realizado o controle do espaço e do tráfego aéreo para que cada aeronave que pretende realizar um voo, assim o faça, com toda a segurança possível, desde o início do funcionamento dos motores desta aeronave, até o seu desligamento já no destino pretendido. Estes e outros questionamentos sobre os procedimentos realizados na aviação visando a segurança operacional destas atividades serão demonstrados mais amplamente. 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA Qual a importância e quais os motivos de toda e qualquer atividade ligada à aviação envolver inúmeros, diversos e repetitivos procedimentos e processos, incluindo as realizadas em solo, como manutenções, verificações de rotina, preenchimentos de formulários e diversas outras? 15 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo Geral Compreender qual a importância da segurança operacional na aviação, desde os pequenos procedimentos de um passageiro ao chegar ao aeroporto e necessitar realizar a pesagem de sua bagagem, até os mais complexos, como os diversos procedimentos e “check- lists” executados pela tripulação de uma aeronave no momento de decolagem ou pouso. 1.2.2 Objetivos Específicos a) Identificar os órgãos que regulamentam os procedimentos de segurança operacional na aviação mundial e no Brasil. b) Analisar as formas de prevenção, de aperfeiçoamento e atualização adotados pelos órgãos regulamentadores da aviação mundial e brasileira, que garantem a manutenção da segurança operacional da aviação. c) Entender as diversas ações operacionais, preventivas e de segurança operacional realizadas nas atividades de aviação. 1.3 JUSTIFICATIVA Por que pesquisar mais profundamente sobre a questão da segurança operacional na aviação? Certamente, todas as pessoas que se utilizam da aviação como meio de transporte, ou que já utilizaram pelo menos uma vez, devem, em algum momento, desde o instante em que entram em uma aeronave, até o momento do seu desembarque, ter se questionado sobre algum procedimento que tenha verificado, por exemplo, durante o abastecimento, se questionar se o combustível introduzido na aeronave seria suficiente para a realização da viagem, ou durante a apresentação dos procedimentos de segurança realizados pela tripulação, não tenha se questionado o porquê daqueles procedimentos serem realizados daquela maneira, porque sua bagagem de mão ser limitada a um peso máximo por pessoa, como os aviões são controlados durante o voo, ou como são feitas as manutenções de uma aeronave, enfim, todos tiveram, têm ou terão algum questionamento do porque da adoção de algum determinado 16 procedimento ou de vários procedimentos realizados na aviação. Esta pesquisa se faz justificar pelo simples fato de poder esclarecer e sanar muitas dúvidas de todos que gostam de aviação, todos que estudam sobre aviação ou simplesmente que dela utilizam como meio de transporte. 1.4 METODOLOGIA Como o objetivo da pesquisa é, basicamente, fazer uma explanação sobre a Segurança Operacional na Aviação, foi necessário analisar documentos oficiais abertos ao público e publicações disponibilizadas nos sites oficiaisligados à aviação, que descrevem o conteúdo demonstrado e os conceitos aqui apresentados. 1.4.1 Natureza da pesquisa e tipo de pesquisa Foi utilizada uma pesquisa do tipo exploratória nesta pesquisa, pois, conforme descrito na justificativa, questionamentos sobre o tema Segurança Operacional são questionados na atividade aérea por seus utilizadores e trata-se de um assunto a ser explorado mais profundamente para que o conhecimento sobre o assunto seja mais amplamente difundido e tais questionamentos sejam esclarecidos. Como o objetivo da pesquisa é descrever sobre o assunto com mais profundidade, a pesquisa utilizada foi qualitativa, descrevendo com mais detalhes o objeto de estudo, sanando dúvidas gerais, dando resposta a questionamentos e demonstrando o motivo de estudo do assunto escolhido. Podendo assim, trazer mais segurança às pessoas que utilizam o meio aéreo como transporte, como meio de trabalho, hobbie ou amantes da aviação em geral. Conforme descrito no objetivo geral, foi explanada qual a importância da segurança operacional na aviação, a partir de procedimentos mínimos aos mais complexos realizados nas atividades aéreas. Já de acordo com os objetivos específicos, foram identificados os órgãos de regulamentação dos procedimentos de segurança operacional no mundo e no Brasil, as formas de prevenção, treinamentos, prevenção e aperfeiçoamento que são adotados por esses órgãos regulamentadores para a garantia da manutenção e melhoria da segurança operacional na aviação, o que faz com que a atividade da aviação seja rotulada, e com razão, como uma das mais seguras atividades desenvolvidas pela humanidade. 17 1.4.2 Materiais e métodos Como o objetivo desta pesquisa é esclarecer e explicar o motivo de certos procedimentos da aviação que, muitas vezes, passam despercebidos pela maioria das pessoas atendidas de alguma forma pela aviação, quais as importâncias destes, o que poderia acontecer se não fossem realizados periodicamente e corretamente e quais as consequências da não realização dos mesmos. 1.4.3 Procedimentos de coleta de dados Os procedimentos para coleta dos dados desta pesquisa serão de pesquisa documental, com análise de documentos utilizados no meio da aviação, manuais, sites oficiais de órgãos regulamentadores da aviação, ICA’s (Instruções do Comando da Aeronáutica), MCA’s (Manuais do Comando da Aeronáutica), além de publicações oficiais e simpósios de diversas agências e órgãos ligados à aviação. 1.4.4 Procedimento de análise dos dados Segundo Gil (1999, p. 43), as pesquisas exploratórias visam proporcionar uma visão geral de um determinado fato, portanto foram seguidos passos descritos abaixo: 1. Pesquisa dos dados a serem coletados e verificação de suas veracidades e oficialidades; 2. Coleta dos dados selecionados para a explanação do assunto, conforme seus conceitos; 3. Explanação dos dados coletados, por meio de elaboração de textos explicativos, de figuras, símbolos e gráficos relacionados ao assunto. 1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO Este trabalho está organizado em quatro capítulos: O primeiro capítulo, apresentando a introdução, o problema de pesquisa, os objetivos (geral e específicos), justificativa e metodologia utilizada na realização do trabalho. O segundo capítulo, apresentando o referencial teórico utilizado na elaboração da pesquisa, dividido em três tópicos, onde o primeiro tópico descreve os órgãos 18 regulamentadores da aviação no mundo e no Brasil, o segundo tópico, diserta sobre as formas de prevenção, de aperfeiçoamento e atualização para o aumento e manutenção da segurança operacional da aviação e o terceiro tópico descreve as ações operacionais, preventivas e de segurança operacional realizadas na aviação. O terceiro capítulo faz uma apresentação e uma discussão dos resultados obtidos durante a pesquisa, dissertando sobre os assuntos explicitados no corpo do trabalho, demonstrando os motivos pelos quais certos procedimentos são realizados na aviação, o desenvolvimento da segurança operacional com o passar do tempo e a evolução das aeronaves, os órgãos reguladores e fiscalizadores da aviação mundial e brasileira, os procedimentos, desde os mais simples aos mais complexos adotados em todas as fases de realização das atividades aéreas, regulamentações e certificações necessárias para o exercício das atividades ligadas direta e indiretamente à aviação, programas de manutenções das aeronaves e tudo o que foi explorado e discutido sobre Segurança Operacional na Aviação e sua importância nas operações aeronáuticas. O quarto capítulo apresenta uma conclusão e as considerações finais sobre o desenvolvimento do trabalho, seguidamente das referências utilizadas na elaboração do mesmo. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Órgãos regulamentadores da aviação no mundo e no Brasil É responsabilidade da OACI, estabelecer padrões e práticas para orientar as autoridades de aviação civil em todo o mundo, tais como operação de aeronaves, serviços de tráfego aéreo, segurança, meio ambiente, investigações de acidentes e licença de pessoal para trabalhar na aviação. A OACI foi fundada após o final da Segunda Guerra mundial, por 52 nações, dentre elas o Brasil, que se reuniram devido à necessidade de criação de normas e padrões comuns para regulamentar a aviação, que crescia assustadoramente, devido ao fato de ser, à época, um meio de transporte que projetaria uma diminuição das distâncias geográficas mundiais. Para isso, regras precisariam ser estabelecidas para a garantia de uma padronização e da segurança nas operações entre as nações. 19 Figura 1 - OACI Fonte: http://www.icao.int/Pages/default.aspx (2017) A aviação civil mundial é regulamentada pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), que é uma agência das Nações Unidas (ONU), e é a organização responsável por promover o desenvolvimento ordenado e seguro da aviação civil no mundo, estabelecendo normas e regulamentos necessários para a segurança, eficiência, regularidade aérea e para a proteção ambiental da aviação. É a principal organização governamental da aviação civil, com sede em Montreal, Canadá, formada por 191 Estados-contratantes, por profissionais da aviação e por representantes da indústria aeronáutica. (AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL – ANAC, 2016). Figura 2 – Agencia Nacional de Aviação Civil (ANAC) 20 Fonte: http://www.anac.gov.br (2017) O Brasil como um dos membros fundadores da OACI tem participação ativa nas elaborações de normas e recomendações emitidas pelo órgão, bem como em todas as discussões nele realizadas. E a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) é o órgão brasileiro responsável pela regulamentação e fiscalização das atividades da aviação civil no país. (Agência Nacional de Aviação Civil – 2017) Cada país possui seu próprio órgão de controle de tráfego, no Brasil, o órgão regulamentado pela OACI para tal é o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) que, por sua vez é subordinado ao Comando da Aeronáutica. O DECEA dispõe de uma estrutura física robusta e de instalações em mais de uma centena de municípios de todas as 27 unidades federativas brasileiras. Nas capitais, nos municípios de médio porte ou mesmo nas regiões mais remotas, cerca de 12 mil profissionais atuam, 24 horas por dia, 365 dias por ano, em meio a uma complexa rede operacional interconectada que compreende, além do órgão e suas 13 organizações subordinadas: 5 centros de controle de área, 47 controles de aproximação,59 torres de controle de aeródromo, 79 destacamentos de controle do espaço aéreo, 90 estações de telecomunicações aeronáuticas, 75 Estações Prestadoras de Serviços de Telecomunicações e de Tráfego Aéreo, 170 radares, 50 Sistemas de Pouso por Instrumentos, dentre outros auxílios à navegação aérea. (DEPARTAMENTO DE CONTROLE DO ESPAÇO AÉREO – 2016 - https://www.decea.gov.br/?i=quem-somos&p=o-decea) 21 Figura 3 – Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) Fonte: https://www.decea.gov.br (2017) Há, ainda, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, órgão mais importante quando se trata do assunto desta pesquisa, sobre Segurança Operacional. Também subordinado ao Comando da Aeronáutica, responsável por planejar, gerenciar, controlar e executar todas as atividades voltadas a prevenção e a investigação de acidentes aeronáuticos. O CENIPA, planeja, normatiza, coordena, supervisiona e controla todas as atividades voltadas à prevenção de acidentes aeronáuticos que envolvem toda a infraestrutura aeronáutica do Brasil, onde estão inclusas a aviação militar, a aviação civil, a infraestrutura aeroportuária do Brasil, a indústria aeronáutica do país, o controle do espaço aéreo e todos os operadores de aeronaves civis e militares que atuam no Brasil. Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – 2017) Ainda tem como das suas principais funções, a participação direta nas investigações de acidentes e incidentes aeronáuticos ocorridos em todo o território brasileiro, bem como 22 representar o Brasil junto aos órgãos internacionais em todos os assuntos relacionados à prevenção e investigação de acidentes aeronáuticos e investigar, também, os acidentes ou incidentes ocorridos no exterior, mas que envolvam aeronaves militares brasileiras, operadores civis brasileiros, aeronaves civis possuidoras de matrícula brasileira ou de fabricação brasileira e, ao final destas investigações, elaborar relatórios finais de acidentes aeronáuticos de ocorrências de solo e incidentes aeronáuticos e providenciar sua divulgação. Segundo o CENIPA (MCA 3-3, p. 14), todo acidente resulta de uma sequência de eventos e nunca de uma “causa isolada”. Raramente um acidente é o resultado de um único fator ou de uma única situação perigosa. Os acidentes aeronáuticos sempre resultam da combinação de vários fatores diferentes, os chamados “Fatores contribuintes”. Um dos artifícios adotados pelo CENIPA para a manutenção da Segurança Operacional e, consequentemente, para a prevenção de acidentes, é a “Vistoria de Segurança de Voo (VSF)”, que se trata de uma atividade pró-ativa de busca e análise de informações que visa à identificação de Condições Latentes que possam afetar a Segurança de Voo e à recomendação de ações mitigadoras. (NSCA 3-3). O CENIPA planeja e executa suas atividades de prevenção, incidentes aeronáuticos e ocorrências em solo através da realização de atividades educativas como palestras, eventos, treinamentos e aulas dirigidos a todos os envolvidos com a atividade aérea, através de atividades promocionais como eventos destinados a valorizar a importância da prevenção de acidentes, através de avaliação de risco de fauna nos aeródromos e no entorno, através da criação de comissões de segurança de voo com profissionais especializados em suas áreas de atuação para gerenciamento da segurança de voo, através de gerenciamentos de riscos com o objetivo de identificar os riscos e controlar os perigos por eles causados. (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – 2017) Ainda segundo a NSCA 3-3 (p. 20), uma das principais ferramentas para prevenção de ocorrências aeronáuticas é a Vistoria de Segurança de Voo, onde são levantados os perigos inerentes às atividades aéreas, permitindo o monitoramento dos processos, a identificação das condições latentes, as contenções das falhas ativas e o reforço das defesas do sistema. A VSV deve ter abrangência necessária e a profundidade adequada para identificar perigos, incluindo condições latentes e atos inseguros praticados. Durante a realização das VSV, deverá ser enfatizada a qualidade dos PPAA (Programa de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) das organizações vistoriadas e ao controle do cumprimento das recomendações de segurança de voo. A realização da VSV deve ter foco no 23 assessoramento à administração da organização e não possuir caráter de punição. Existem dois tipos de VSV, as periódicas, que são aquelas realizadas regularmente, em períodos predeterminados e sua programação deve constar no PPAA da organização e, também, as VSV especiais que são aquelas realizadas excepcionalmente, com o objetivo de identificar os perigos os perigos que possam ter surgido ou que permaneceram após ocorrência de um acidente aeronáutico, após entrada em operação de novo equipamento aéreo ou de novas instalações operacionais, após mudança de sede ou de missão da organização, após significativas mudanças nos métodos ou filosofia de treinamento, nos procedimentos de operação e/ou manutenção, após alteração na infraestrutura aeroportuária de sua sede ou do local onde é realizada a maior parte de suas operações aéreas, após significativo aumento na incidência de ocorrências aeronáuticas que possam afetar a segurança de voo, após serem identificados perigos que afetem ou possam afetar a segurança de voo, após serem verificados indícios de problemas organizacionais ou circunstâncias comportamentais adversas que possam afetar a segurança de voo e quaisquer outras circunstâncias em que sejam julgadas convenientes para a realização de uma VSV especial. Conforme a MCA 3-3 (p. 15), a prevenção de acidentes, por sua natureza, não produz os efeitos desejados senão sob a forma de mobilização geral. Para alcançar seus objetivos, todos, sem distinção têm que se integrar no esforço global, com a consciência de que segurança deve ser algo inerente a tudo que se faz, deve ser integrante de todas as tarefas desenvolvidas em aviação. Ainda, segundo a NSCA 3-3-2013 (p. 19), é necessária que sejam realizadas Atividades Promocionais por parte das organizações e do pessoal envolvido com a aviação, como campanhas de mobilização, publicação de periódicos, reconhecimento e divulgação de atos meritórios, premiações, jornadas de Segurança de Voo e concursos literários sobre a Segurança de Voo, a fim de incentivar a participação do pessoal envolvido com a atividade aérea na prevenção de ocorrências aeronáuticas a fim de elevar o nível de consciência nos assuntos afetos à segurança de voo. Até mesmo as ações mais simples devem se cercar do adequado grau de segurança. Somente através de um bem dirigido programa educativo, lograr-se-á elevar os índices de segurança individual e, por consequência, da segurança coletiva. 24 Figura 4 – Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos Fonte: www.cenipa.aer.mil.br/ (2017) A missão do CENIPA é promover a prevenção de acidentes aeronáuticos, preservando os recursos humanos e materiais, visando ao progresso da aviação brasileira. (CENTRO DE INVESTIGAÇÃO E PREVENÇÃO DE ACIDENTES AERONÁUTICOS – 2017 - http://www.cenipa.aer.mil.br/cenipa/index.php/o- cenipa/missao) O CENIPA, ainda, encaminha dados relativos à Segurança Operacional para a ANAC que, por sua vez, coleta informações contidas em seu próprio banco de dados e os publica em seu site oficial para que, não somente os profissionais da aviação tenham acesso, masqualquer pessoa que manifeste interesse possa acessá-los. (Centro de Investigação e 25 Prevenção de Acidentes Aeronáuticos – 2017) Gráfico 1 – Acidentes da aviação regular, ocorridos entre 2010 e 2015 Fonte: ANAC (2017) Gráfico 2 – Acidentes ocorridos, série histórica, ocorridos entre 2010 e 2015 26 Fonte: ANAC (2017) 2.2 Formas de prevenção, de aperfeiçoamento e atualização para o aumento e manutenção da segurança operacional da aviação. A aviação de forma geral, no Brasil e no mundo é uma atividade que necessita da realização de diversos procedimentos e diversas formas de prevenção para a manutenção da segurança de suas operações e, por isso, cada dia mais, a aviação é considerada uma das atividades mais seguras realizadas pelo homem. E são inúmeras essas ações, como pesagem da bagagem a ser embarcada em uma aeronave, realização de checagens gerais de rotina de equipamentos, controles, níveis e padrões nas aeronaves, nos equipamentos de apoio, equipamentos de manutenção, ferramentas, medidores e todos os equipamentos utilizados direta ou indiretamente na operação de aeronaves, nas operações de manutenção de aeronaves e em todas as operações ligadas ao exercício das atividades aéreas. Também são realizados constantes e repetitivos treinamentos, aperfeiçoamentos, formações, atualizações e especializações para pilotos, copilotos, mecânicos, despachantes operacionais, controladores de tráfego aéreo, coordenadores de voo, chefes de cabine, agentes de aeroporto, comissários de bordo, etc. Para que as atividades de aviação sejam cada vez mais seguras e se mantenham em constante atualização, constante aperfeiçoamento e constante melhoria e aumento da segurança operacional na aviação. Além destas formas de atualização, são exigidas certificações para cada tipo de aeronave, para cada tipo de manutenção, para cada tipo de operação de controle de tráfego aéreo e cada tipo de operação ligada à aviação, fazendo, assim, que cada setor seja operado cada qual por quem possua a devida certificação e experiência relativas às suas atividades específicas. 2.3 Ações operacionais, preventivas e de segurança operacional realizadas na aviação. 2.3.1 Peso transportado nas aeronaves Ao adentrar em algum aeroporto ou aeródromo para embarque, portando bagagem, seja ela de mão ou não, é sempre necessário pesá-la e a grande maioria das pessoas não 27 compreende o motivo dessa pesagem ou simplesmente ignoram sua razão. Existem razões técnicas para tal procedimento, que parece ser sem importância. Porém, para uma aeronave decolar, realizar um voo com segurança até seu destino e realizar o pouso, é preciso estar dentro dos padrões estabelecidos por seu fabricante em relação ao peso máximo para voo e abastecimento que garanta uma autonomia de voo segura, é preciso saber qual o peso a bordo, é preciso que as bagagens estejam corretamente acomodadas em local adequado da aeronave para que a segurança do voo seja garantida, pois cada aeronave é fabricada com um centro de gravidade que ajuda na manutenção do equilíbrio e da aerodinâmica em voo e, ao alocar bagagens e pesos extras em seus compartimentos de forma errada, esse centro de gravidade poderá ser deslocado, devido à diferença de peso fora dos padrões de fabricação da aeronave, por isso a importância da pesagem do peso extra carregado, para que sejam realizados corretamente os cálculos necessários para um voo seguro, de acordo com as especificações do fabricante contidas nos manuais de cada aeronave, fazendo com que realizem seus voos sem que haja problemas durante qualquer uma de suas etapas. Por este motivo existe a realização dessa pesagem antes do embarque, bem como tais informações relativas ao peso para decolagem e pouso de uma aeronave são, também, utilizados nos cálculos para abastecimento da quantidade correta de combustível necessário para autonomia segura do voo até seu destino com margem de segurança para o caso de ocorrência de qualquer tipo de emergência durante o voo, de qualquer pane, condições meteorológicas adversas ou quaisquer motivos externos ou internos à aeronave que necessite da realização de algum tipo de manobra ou pouso emergencial em aeroportos ou aeródromos alternativos previamente determinados nos planos de voo. No Brasil, em relação ao peso das bagagens a serem transportadas, a ANAC estabelece uma franquia para os passageiros, em aeronaves com mais de 31 assentos, para voos domésticos, de 23 kg por passageiro para bagagem despachada e de 5 kg para bagagens de mão, já para voos internacionais, a franquia é de 32 kg para bagagem despachada e para bagagem de mão deve ser de acordo com as regras do país de destino. (Fonte: Panfleto sobre bagagem da ANAC - http://www.anac.gov.br/publicacoes/anac_panfleto_bagagem.pdf/view) 2.3.2 Controle de tráfego das aeronaves Outro questionamento a respeito de procedimentos é sobre o controle do tráfego das 28 aeronaves, tanto em solo quanto em voo. Desde o momento de fechamento das portas de uma aeronave no pátio de um aeródromo ou aeroporto, todos os procedimentos relativos ao funcionamento do motor e ao deslocamento da mesma, são realizados pela tripulação coordenadamente com a torre de controle (TWR), para que haja um total controle de todas as ações executadas por todas as aeronaves que ali se encontram ou, do contrário, o pátio de aeronaves seria um local com constantes ocorrências de colisões entre aeronaves, veículos de apoio, pessoas que ali trabalham e materiais utilizados nas operações de aeronaves no solo. Para, simplesmente, dar partida nos motores é necessário que o comandante da aeronave esteja autorizado, após isso é solicitada autorização para taxi na pista em direção à pista de decolagens e pousos e, depois de autorizada, a aeronave segue os comandos da torre de controle até o momento de sua decolagem, que, depois de realizada, tem seu trajeto controlado pela torre até um determinado perímetro ao redor do aeroporto ou aeródromo. Após os procedimentos supracitados e após a decolagem, o controle do tráfego da aeronave é realizado por um centro de controle de área, que é responsável pelo controle de uma de terminada área do espaço aéreo brasileiro, conduzindo a aeronave até seu destino, ou até os limites de seu controle, passando para o centro de controle responsável pela área que a aeronave deva adentrar e, já nos momentos que antecedem o pouso, a aeronave passa a ser controlada pelo controle de aproximação correspondente ao aeródromo de destino, se não fosse desta forma, as aeronaves voariam sem orientação alguma pelos céus e, muito provavelmente seriam comuns vários acidentes devido à falta de controle e organização dos voos. Nenhuma atitude em relação ao funcionamento ou a movimentação de aeronaves, veículos de serviço ou até mesmo pessoas em um aeródromo é realizada sem que, para isso, haja uma autorização prévia por parte dos órgãos controladores de tráfego aéreo, inclusive em solo. 2.3.3 Manutenções em aeronaves Toda e qualquer aeronave devidamente certificada e regulamentada para realizar voos, sejam eles regulares ou não, possuem programas de manutenções periódicos durante sua vida útil e como as empresas aéreas dependem de que a aeronave mantenha-se voando para a obtenção de lucros, pois uma aeronave parada devido a qualquer pane que a impeça de estar realizando voos significa prejuízo para a organização que a opera. 29 Porém, mais importante que os lucros que uma aeronave pode ou não proporcionar, é a segurança damesma durante suas operações e, para isso, é de vital importância que sejam seguidos rigorosamente todos os programas de manutenção exigidos no manual de cada modelo, respeitando as especificidades exigidas pelos fabricantes. Segundo a ANAC, que é bastante rigorosa em questão de habilitações técnicas para profissionais da aviação, é preciso ter concluído um curso por ela homologado e ser aprovado em uma banca específica de exames da ANAC, para ser um profissional da área de mecânica de aeronaves, que podem ser três tipos de habilitações diferentes: GMP (Grupo motopropulsor), que habilita a trabalhar com todos os tipos de motores de aviação geral, sistemas de rotores e hélices, e sistemas dos grupos motopropulsores; CEL (Célula), que habilita a trabalhar com todos os sistemas de pressurização, pneumáticos, hidráulicos, ar condicionado e com a fuselagem em geral de aviões e helicópteros; AVI (Aviônicos), que habilita a trabalhar com todos os componentes elétricos e eletrônicos de aeronaves, instrumentos de navegação, sistemas elétricos, sistemas de rádio navegação e radiocomunicação e de radar. Podemos não perceber, mas após o pouso de uma aeronave, é efetuado um check list de trânsito, antes da próxima decolagem e trata-se de um check mais visual, com verificação de quantidade de óleo, de abastecimento, verificação de vazamentos e possíveis danos estruturais visíveis na aeronave. Existe, também, o chamado check de 48 horas e consiste em realizar tarefas mais detalhadas do que as realizadas no check de trânsito, como verificação das rodas, do freio, verificação de outros fluidos. Estas e outras checagens, como o check limitado por horas de operação que são determinados pelos programas de manutenção baseados na quantidade de horas de operação da aeronave, o check por ciclo operacional da aeronave que é o check realizado após cada operação da aeronave, desde sua partida até o pouso e o fim do voo e verificam componentes que tem vida útil limitada por ciclos e existem as manutenções que necessitam da parada total da aeronave e seu recolhimento para uma oficina especializada onde verificações e manutenções mais complexas, previstas pelo fabricante são realizadas mais criteriosamente. Mesmo sem que a maioria dos utilizadores de serviços de transporte aéreo veja ou percebam essas manutenções ou checagens que são, periodicamente, realizadas em aeronaves, estas são obrigações regulamentadas pela ANAC que todos os operadores de aeronaves devem realizar para a manutenção da segurança operacional das atividades aéreas. 30 A aviação é uma atividade, não só considerada, mas efetivamente muito segura e possui tudo muito bem organizado, planejado e executado em todas as suas fases, sejam elas antes, durante ou após um voo, por isso a importância de todos possuírem a possibilidade de conhecer mais a fundo sobre o mundo das atividades aéreas e seus procedimentos, manutenções, formas de prevenção de acidentes, gerenciamentos e tudo que envolve a Segurança Operacional na Aviação e mantém a aviação em alto nível de segurança e até aumenta esse nível através do seu desenvolvimento e do seu aperfeiçoamento constante. Para termos uma ideia de quão importante é manter a segurança quando se trata de atividade da aviação, veremos o movimento de aeronaves realizado anualmente, somente na região sudeste, que é a mais movimentada do país, e do quanto transtorno poderia ser causado se a Segurança Operacional na Aviação, não fosse tratada com a devida importância, as operações aéreas se tornariam um caos, sendo impossível o desenvolvimento de suas atividades. Observamos as tabelas abaixo, retirada do Anuário Estatístico Operacional da INFRAERO do ano de 2015: Tabela 1. Movimento Anual de Aeronaves (Pousos + Decolagens) – Região Sudeste Ano Regular Não Regular Total Var. % Part. na Doméstico Internacional Doméstico Internacional Executiva/Geral Anual Rede % 2011 338.366 160 156.468 1.415 341.878 838.287 - 40,79 2012 351.700 164 174.422 639 366.941 893.866 6,63 42,14 2013 333.287 176 179.872 218 342.679 856.232 -4,21 42,53 2014 326.314 148 176.386 255 325.705 828.808 -3,20 41,90 2015 336.145 132 132.789 129 285.701 754.896 -8,92 41,52 Tabela 2. Movimento Anual de Passageiros (Embarcados + Desembarcados) – Região Sudeste Ano Regular Não Regular Total Var. % Part. na Doméstico Internacional Doméstico Internacional Executiva/Geral Anual Rede % 2011 30.069.072 4 921.032 1.632 805.939 31.797.679 - 31,83 2012 31.199.627 0 994.432 812 854.395 33.049.266 3,94 31,46 2013 31.741.459 0 1.200.490 2.064 595.025 33.539.038 1,48 31,66 2014 33.517.404 0 1.212.184 1.963 557.517 35.289.068 5,22 31,30 2015 34.223.837 0 1.156.337 471 572.511 35.953.156 1,88 32,01 31 Tabela 3. Movimento Anual de Carga Aérea e Correios (t) (Carregada + Descarregada + Trânsito) – Região Sudeste Ano Regular Não Regular Total Var. % Part. na Doméstico Internacional Doméstico Internacional Anual Rede % 2011 66.451 2.913 1.309 1.050 71.722 - 10,73 2012 79.075 2.998 1.120 394 83.586 16,54 13,71 2013 83.889 2.705 1.424 325 88.342 5,69 14,80 2014 80.604 1.841 892 309 83.647 -5,31 14,03 2015 77.834 1.619 752 271 80.475 -3,79 15,86 Anuário Estatístico Operacional (INFRAERO – 2015) 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Com o que foi estudado neste trabalho, podemos afirmar que, sem a Segurança Operacional despendida nas atividades aéreas seria muito difícil que o homem pudesse ter chegado ao patamar que existe em relação à confiabilidade e precisão, apresentados pelas aeronaves que conhecemos nos dias de hoje. Pois com o desenvolvimento e o aperfeiçoamento das “máquinas voadoras” com o passar do tempo, foram aperfeiçoados também os procedimentos de voo, as manutenções, os check lists, carregamentos e armazenamentos de cargas, navegação aérea, controle de tráfego aéreo, auxílios à navegação, instrumentos e, enfim, toda a cultura organizacional voltada a Segurança Operacional e tudo mais que se relaciona direta ou indiretamente com a atividade do voo. Conhecemos os órgãos reguladores da aviação mundial, bem como os brasileiros, que são responsáveis pela regulamentação, pela fiscalização e pela execução das atividades aéreas como um todo, cada um na sua área de atuação: a OACI que regulamenta e orienta as autoridades da aviação em todos os países membros; No Brasil, a ANAC é responsável pela regulamentação e fiscalização das atividades da aviação civil; Também no Brasil, existe o DECEA que é o órgão responsável por todas as atividades de Controle de Tráfego Aéreo em todo o país e trata-se de um órgão militar que faz parte do Comando da Aeronáutica; E o CENIPA, que também é subordinado ao Comando da Aeronáutica e, relativo ao assunto 32 abordado neste trabalho, é o mais importante por ser o responsável pela investigação e prevenção de acidentes aeronáuticos e pelas ações adotadas para que a Segurança Operacional em toda a infraestrutura aeronáutica brasileira possa estar sempre apresentando um nível elevado de segurança nas atividades aéreas. Vimos que existem diversos procedimentos e ações na aviação, que mantém a segurança das operações aéreas, desde a simples pesagem das bagagens e cargas a serem embarcadas em uma aeronave antes da realização de um voo, realização de checagens rotineiras em equipamentos, níveis, controles e padrões das aeronaves, manutenções programadas ou de rotina nas aeronaves, em equipamentos de apoio, até a realização constante e repetitiva de vários e complexos treinamentos, aperfeiçoamentos,atualizações e especializações realizadas pelos profissionais da aviação, como os pilotos, copilotos, chefes de cabine, comissários, mecânicos aeronáuticos, controladores de tráfego aéreo e todos os agentes envolvidos diretamente com as atividades de voo. Fazendo, assim, com que a engrenagem que movimenta o sistema de realização das atividades aeronáuticas desenvolvidas pela humanidade. Além da realização das atividades supracitadas, para a manutenção da Segurança Operacional na Aviação, vimos também que para exercer quaisquer das atividades aeronáuticas é necessário possuir a certificação adequada para cada tipo de atividade a ser realizada, para que cada atividade seja executada necessariamente por quem está realmente habilitado para tal especificamente. A cerca das manutenções das aeronaves, verificamos que cada uma possui programas específicos, que devem ser rigorosamente seguidos de acordo especificações dadas por seus fabricantes e que são essenciais para que se mantenha em condições de realizar voos com o devido nível de Segurança Operacional. Tais manutenções e checagens são rotineiramente realizadas em aeronaves, bem como as programadas, e são muitas vezes despercebidas pela maioria dos usuários, mas todas são realizadas por profissionais que são rigorosamente testados e homologados pela ANAC, o que garante a excelência na sua realização. Enfim, quando se trata de atividade de aviação, tudo que é realizado possui um elevado nível de preocupação com a segurança em todos os pontos e fases de sua realização, desde a preparação de uma aeronave, até o desligamento de seus motores ao final de um voo, por isso, muitas vezes, questionados pelas pessoas o porquê da realização de determinados procedimentos, nem sempre compreendidos, mas que têm uma importância primordial para contribuir com a Segurança Operacional e mantê-la em todos os eventos e todas as fases da 33 operação de voo que é realizada milhares e milhares de vezes, todos os dias em todas as partes do planeta e continua sendo considerada uma das atividades mais seguras realizadas no mundo. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo principal desta pesquisa foi elucidar diversos pontos muito questionados por muitas pessoas, sejam elas operadores da aviação, operadores de serviços ligados à aviação ou simplesmente pessoas que utilizam os serviços aéreos em todas as suas modalidades e em todas as fases de um voo, mesmo que antes ou depois de sua realização propriamente dita. Segundo Luiz Mendes Antas (Glossário de termos técnicos p. 756), “Consideram-se fases de um voo as diferentes etapas que uma aeronave tem que cumprir em terra e no ar, tais como: partida, aquecimento, cheque em terra, decolagem, transição de decolagem a subida, subida, transição de subida a voo de cruzeiro, voo cruzeiro, descida, pouso e parada.”, portanto quando falamos sobre os procedimentos realizados em todas as fases do voo, são os procedimentos referentes a cada uma das fases supracitadas, cada uma com sua particularidade e forma correta de ser executada, conforme especificações técnicas ou cultura organizacional. A aviação é uma atividade que apresenta um alto nível de complexidade e excelência em suas atividades, porém, para os leigos, muito do que é realizado durante uma operação aérea passa sem que seja notado ou é ignorado e tido como sem importância para a realização de um voo. Tudo que é feito anteriormente, durante ou posteriormente a um voo, possui um objetivo e tem grande importância para a Segurança Operacional e muitos usuários até se sentem constrangidos ou até acham ruim o fato de necessitarem realizar certos procedimentos, porém deveriam os realizar da melhor maneira possível, pois todo e qualquer procedimento representa a garantia e a manutenção da segurança do voo e consequentemente de todos que estarão utilizando do serviço aeronáutico. Para garantir a manutenção da Segurança Operacional nas atividades aeronáuticas, é preciso que haja colaboração de todas as áreas envolvidas, de todos os profissionais ligados a estas operações e deve ser mantida uma cultura organizacional para que a excelência das atividades de voo seja mantida e cada vez mais aperfeiçoamentos possam ser realizados, 34 através da identificação de falhas em procedimentos, da execução de procedimentos indevidos ou realizados de maneira não condizente com os padrões de segurança devidos e que, por mínimos que sejam, por geralmente envolverem o transporte de grande quantidade de pessoas e grande parte das aeronaves utilizadas em transporte de passageiros serem de grandes dimensões, ao se envolverem em acidentes ou incidentes aéreos poderiam levar a tragédias de enormes proporções, causando a perda de muitas vidas e danos a grandes áreas, principalmente dentro das cidades. Por se tratar de uma atividade que envolve um alto risco durante suas realizações, a aviação deve ser tratada sempre com o maior profissionalismo e compreensão dos agentes que compõem esse complexo sistema para que continue sendo da mais alta confiabilidade possível e possa garantir que as operações aéreas sejam realizadas de modo a oferecer a maior segurança que pode ser alcançada. Esta monografia apresentou e descreveu os principais procedimentos, as principais normas, os principais órgãos regulamentadores, fiscalizadores, preventores e investigadores da aviação mundial e no Brasil e as formas com que as organizações e os operadores das atividades aeronáuticas provém a Segurança Operacional na execução das mesmas, adotando medidas técnicas de prevenção, aperfeiçoamento dos profissionais empregados na aviação e a manutenção da cultura organizacional de priorização da segurança em todas as suas fases. Conseguindo, assim, sanar as principais dúvidas e questionamentos que a maioria das pessoas que utilizam ou já utilizaram alguma vez de qualquer tipo de serviço aeronáutico, seja ele para qualquer fim, transporte de passageiros ou de cargas. Assim, fica clara a importância das atividades aéreas serem executadas através de inúmeros processos e procedimentos que garantem a manutenção da Segurança Operacional nas atividades aéreas, sejam elas atividades de voo, atividades de operação em solo, de manutenção e controle de tráfego aéreo. Como demonstrado nas tabelas 1,2 e 3 nas páginas 30 e 31, a aviação tem um movimento extremamente intenso, pois é responsável por grande parte da integração dos povos e nações, pois, através dela são alcançados os pontos mais remotos e difíceis de chegar por outros meios de transporte. Sem a manutenção de todas as regulamentações, procedimentos e processos explicados neste estudo, a aviação não seria considerada uma das mais seguras atividades a serem realizadas pela humanidade. 35 REFERÊNCIAS BRASIL. ANAC. Manual do Gerenciamento de Segurança Operacional (MGSO), 2016. Disponível em: http://www.anac.gov.br/assuntos/paginas-tematicas/gerenciamento-da- seguranca-operacional/mgso-manual-de-gerenciamento-da-seguranca-operacional. Acesso em: 06 fev. 2017. BRASIL. DECEA. Plano de Implementação de Sistemas de Gerenciamento da Segurança Operacional nas organizações subordinadas ao DECEA, 2011. Disponível em: http://publicacoes.decea.gov.br/?i=publicacao&id=3661. 68 p. Acesso em: 06 fev. 2017. BRASIL. ANAC. Relatório Anual de Segurança Operacional (RASO), 2015. Disponível em: http://www.anac.gov.br/assuntos/paginas-tematicas/gerenciamento-da-seguranca- operacional/arquivos/raso_2015.pdf. 58 p. Acesso em: 06 fev. 2017. BRASIL. CENIPA. FCA 58-1 Panorama Estatístico da Aviação Civil Brasileira, 2015. Disponível em: http://www.cenipa.aer.mil.br/cenipa/Anexos/article/19/FCA%2058-1%20Estat%C3%ADsticas%20da%20Avia%C3%A7%C3%A3o%20Civil%202012.pdf. Acesso em: 18 abr. 2017. BRASIL. Organização Brasileira Para o Desenvolvimento da Certificação Aeronáutica (DCA-BR). 2° Simpósio Internacional de Confiabilidade e Gestão de Segurança Operacional, 2010. Disponível em: http://www.dcabr.org.br/cursos-eventos/eventos/eventos- realizados/2010/simposio-icgso-09-11-2010.aspx. 19 abr. 2017. BRASIL. ANAC. Programa Brasileiro Para a Segurança Operacional da Aviação Civil (PSO- BR), 2009. Disponível em: http://www.anac.gov.br/assuntos/paginas- tematicas/gerenciamento-da-seguranca-operacional/promocao-da-seguranca-operacional- 2/palestras/pso-br-e-gerenciamento-de-risco.pdf. Acesso em: 23 mar. 2017. BRASIL. MINISTÉRIO DA DEFESA. CENIPA. NSCA 3-3 – Gestão da Segurança de Voo na Aviação Brasileira, 2013. Disponível em: http://www.cenipa.aer.mil.br/cenipa/index.php/legislacao/category/1-nsca-norma-do-sistema- do-comando-da-aeronautica-?download=5%3Ansca-3-3. 35 p. 36 BRASIL. INFRAERO. Anuário Estatístico Operacional da INFRAERO, 2015. Disponível em: http://www.infraero.gov.br/index.php/br/estatisticas/estatisticas.html. Acesso em: 09 mai. 2017. BRASIL. CENTRO DE GERENCIAMENTO DA NAVEGAÇÃO AÉREA (CGNA). Anuário Estatístico de Tráfego Aéreo, 2014. Disponível em: http://portal.cgna.gov.br/files/uploads/anuario_estatistico/anuario_estatistico_2014.pdf. Acesso em: 29 abr. 2017 ANTAS, Luiz Mendes, Glossário de Termos Técnico. São Paulo: Terraço, 1979. 756 p. (Coleção Aeroespacial T. 1). Regulamento Brasileiro da Aviação Civil RBAC n° 175. Disponível em: http://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/boletim-de-pessoal/2009/50/rbac- 175/view. 29 p. Acesso em 09 mai. 2017. Regulamento Brasileiro da Aviação Civil RBAC n° 61. Disponível em: http://www.anac.gov.br/assuntos/legislacao/legislacao-1/rbha-e-rbac/rbac/rbac-061-emd- 06/@@display-file/arquivo_norma/RBAC61EMD06.pdf. Acesso em: 14 abr. 2017. RESOLUÇÃO N° 106, DE 30 DE JUNHO DE 2009 – Sistema de Gerenciamento de Segurança Operacional para os Pequenos Provedores de Serviço da Aviação Civil. 37 ANEXOS 38 ANEXO A – CONTRATO DE CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS 39
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