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1 QFD - QUALITY FUNCTION DEPLOYMENT (Desdobramento da Função Qualidade) 1 – Origem e fundamentos O QFD surgiu no Japão no final dos anos 60, as empresas japoneses estavam passando por uma ruptura em seu PDP, até então utilizavam amplamente como forma de obtenção de novos produtos a engenharia reversa e agora começavam a adotar a estratégia de desenvolver seus próprios produtos. Devido ao movimento do Total Quality Control (TQC) era notória a necessidade de incorporar a qualidade aos produtos ainda em seu processo de desenvolvimento, o desafio era como fazê-lo? O Prof. Akao (1996) primeiramente preocupou-se em identificar quais eram as dificuldades das empresas em incorporarem a qualidade ao longo do PDP. As principais dificuldades eram: a falta de clareza na determinação da qualidade de projeto, e a compreensão da impossibilidade de instruir as linhas de produção quanto aos pontos prioritários do projeto antes de o produto entrar na fabricação. Sabemos que no PDP, principalmente nas fases iniciais, existem muitos dados principalmente verbais. O que as empresas queriam dizer era: como obter estes dados? organizá-los? priorizá-los? Enfim auxiliar o processo decisório e fluir os dados e informações ao longo das etapas do PDP. O princípios das pesquisas do professor Akao era contribuir para o gerenciamento do trabalho humano, dados e informações ao longo do PDP. Com o modelo de gerenciamento utilizado era o TQC, que tem como princípio o “foco no cliente”, o PDP deve iniciar-se com o cliente. A primeira técnica utilizada para organizar os dados verbais foi o diagrama de Ishikawa (conhecido como espinha de peixe ou diagrama causa efeito), amplamente utilizada. Este primeiro esforço consistiu em dispor os dados verbais de forma organizada e hierarquizada. Fornecia-se assim que os pontos de vista interfuncionail dos envolvidos no PDP fossem contemplados (cliente, assistência técnica, logística, projeto, produção, marketing e outras) e visualizados. O diagrama de Ishikawa era incapaz de priorizar os dados verbais. Tem- se então a grande contribuição do professor Mizuno que propõe o uso de matrizes. As pesquisas dos professores Akao e Mizuno eram aplicadas nos estaleiros de Kobe e começam a avaliar, aperfeiçoar e consolidar o método. O QFD passa a ser socializado como método para a comunidade empresarial a partir da publicação do primeiro livro sobre QFD em 1978 tendo como autores Akao e Mizuno (Quality Function Deployment: Integrating Customer Requirements into Product Design). O nome japonês da metodologia aplicada primeiramente nos estaleiros de Kobe em japonês é hin shitsu, ki nou, ten kai. É difícil traduzir essa expressão, uma vez que cada palavra tem vários significados. Por exemplo, hin shitsu pode significar “qualidade”, características”, “qualidades” ou “atributos”. Ki nou significa “função” ou “mecanização”. E as palavras cujos significados mais se aproximam de ten kai são “difusão”, “desenvolvimento”, “desdobramento” e “evolução”. No ocidente o método recebeu o nome de Quality Function Deployment (QFD), que enfatiza o desdobramento, enquanto o método não foca apenas o desdobramento mas também o gerenciamento do trabalho humano (o que deve ser feito? Quem é o responsável? Como deve ser feito?). Assim muitos reduzem o QFD ao preenchimento de matrizes (conhecido como QFD restrito). Esta simplificação teve alguns benefícios como a popularização do método, a possibilidade de padronizar as matrizes e o desenvolvimento de softwares. Porém foi nocivo ao restringir a visão do QFD apenas a manipulação, organização e priorização de dados verbais. Akao e Mizuno preconizam, 2 com certa dose de exagero, o QFD como uma sistemática capaz de desenvolver produtos (QFD amplo), integrando as matrizes como parte importante. Cheng (1995) descreve que o QFD aborda dois recursos importantes envolvidos no PDP: a informação (dados verbais) e o trabalho proposto (sistematização). Veja que estes recursos são as bases do PDP. Figura 1 – Recursos abordados pelo QFD Porém, antes de precisamos identificar quem são os clientes? Por exemplo, se pensarmos em um picolé de fruta. Podemos ser mais específicos e definirmos um picolé de maracujá. Quem é o cliente? Ora são todos que gostam de picolé. Precisamos ser mais específicos, os picolés são para crianças. Vamos melhorar este cluster, qual idade? De 2 aos 12 anos. Assim nosso cliente são as crianças que gostam de picolé de maracujá, dos 2 aos 12 anos. Basicamente temos que projetar o projeto do produto e seu processo de fabricação. Vamos considerar como saída do: projeto do produto: especificações das partes do picolé: embalagem (produto e transporte), palito e corpo do picolé. processo de fabricação: percentual dos ingredientes; etapas do processo de fabricação; parâmetros de regulagem dos equipamentos; características da qualidade a serem inspecionadas no produto. Definido o cliente é só perguntar: o que as crianças esperam do picolé de maracujá? Uma primeira resposta é simples: “tem que ser gostoso, saboroso, delicioso, gelado...” esta é uma linguagem primitiva (muitas vezes utilizada pelo cliente que possui pouco conhecimento técnico). A linguagem primitiva pode ter seus dados coletados através de: reclamações do cliente; relatório de vendas e assistência técnica; entrevista com os clientes; e analise de cena. Vamos focalizar a analise de cena, pois muitas vezes os clientes não expressam todas suas exigências verbalmente. A analise de cena trata-se se observar o cliente ou filmá- lo (imagine o seu cliente em sua vida diária e tente identificar suas necessidades). INFORMAÇÃOINFORMAÇÃO ColetarColetar ProcessarProcessar DisporDispor ConhecimentoConhecimento TecnológicoTecnológico RECURSO 1RECURSO 1 TRABALHOTRABALHO PROPOSTOPROPOSTO DesdobrarDesdobrar AlocarAlocar ExecutarExecutar TrabalhoTrabalho ExecutadoExecutado RECURSO 2RECURSO 2 OrganizarOrganizar 3 Lembre-se que nem sempre o cliente é explicito em suas necessidades. Veja algumas crianças chupando picolé em uma sorveteria. Descrever a cena: “Normalmente as crianças pedem para um adulto comprar o picolé. Quando a criança é pequena: o adulto pega o picolé, sente pelo tato sua consistência, alguns lêem a embalagem (rápida olhada ou tentam ler detalhadamente tudo que esta escrito), posteriormente abrem a embalagem do picolé e dão para seu filho que inquieto quer chupar o picolé sozinho. Em outros casos a própria criança abre a embalagem. Após a abertura da embalagem antes de chupar o picolé é comum uma olhada (adulto que abre e criança que chupa). São comuns recomendações do adulto para que a criança tome cuidado para não sujar a roupa, as mãos, .... A maioria das crianças chupa o picolé ao invés de mordê-lo, assim demoram mais para chupar o picolé que normalmente começa a pingar e sujar as mãos e as roupas da criança. Os picolés são chupados da extremidade oposta a mão quês segura o palito. Os adultos perguntam para a criança: esta gostoso? Deixa eu experimentar um pouco (normalmente mordem o picolé). Alguns adultos ficam nervosos e chegam a tomar o picolé da criança e tentam evitar seu derretimento, muitas vezes as crianças ficam chorando.Também é comum crianças pequenas deixarem o picolé cair no chão. Os adultos acabam indo embora com seus filhos. Algumas crianças chupam o seu picolé e querem outro (querem mais). A embalagem e o palito são jogados fora.” Bem através desta cena identificamos também outro cliente, o que paga a conta “o adulto". Você acha que suas necessidades também devam ser atendidas? Se afirmativo, quais seriam suas necessidades? Neste sentidonão seriam também clientes o balconista que vende o picolé? Teriam outros clientes? Pense.... lembre-se do conceito de cliente do gerenciamento de projetos (cliente é quem paga a conta). Que requisitos do cliente podemos identificar ao estudarmos a cena descrita? Vamos escrevê-los no quadro 1. Falado pelo cliente (Abstrato) Analise de cena Requisitos do cliente (Concreto) Gostoso, saboroso, delicioso “.... abre a embalagem...” Abrir a embalagem com facilidade “...sente pelo tato sua consistência...” Gelado Após a abertura da embalagem antes de chupar o picolé é comum uma olhada (adulto que abre e criança que chupa) “...lêem a embalagem...” Informações nutricionais “... não sujar a roupa, as mãos, ....” Não pode derreter enquanto a criança chupa „...demoram mais para chupar o picolé que normalmente começa a pingar e sujar as mãos e as roupas da criança. Alguns adultos ficam nervosos e chegam a tomar o picolé da criança e tentam evitar seu derretimento, muitas vezes as crianças ficam chorando.” “... Os adultos perguntam para a criança: esta gostoso? Deixa eu experimentar um pouco (normalmente mordem o picolé).. “....crianças chupa o picolé ao invés de mordê-lo...” Tamanho adequado “...é comum crianças pequenas deixarem o picolé cair no chão” Facilidade de segurar com as mãos “Algumas crianças chupam o seu picolé e querem outro (mais)” Não enjoativo 4 Falado pelo cliente (Abstrato) Analise de cena Requisitos do cliente (Concreto) Os adultos perguntam para a criança: esta gostoso? Deixa eu experimentar um pouco (normalmente mordem o picolé) Sabor “...lêem a embalagem...” Saudável “...rápida olhada..‟ Identificação visual da embalagem Higiene “Após a abertura da embalagem antes de chupar o picolé é comum uma olhada (adulto que abre e criança que chupa)” Aspecto visual agradável Quadro 1 – Desdobramento da qualidade. Observe o potencial da analise de cena para identificar a qualidade exigida, complementando o que foi expresso verbalmente pelo cliente. Perceba que ouvir o cliente passa por “ver (linguagem corporal - analise de cena)” e “ouvir (linguagem falada – pesquisa de mercado)”. Por se tratar de um produto alimentício os requisitos do cliente também conhecidos como qualidade exigida deveriam abordar os cinco sentidos. Os dados de projeto foram coletados, conforme a figura 1, mas verifique que eles estão dispostos de maneira organizada. As próximas etapas consistem em processar e dispor estes dados verbais. Vamos utilizar um diagrama de Ishikawa (figura 2). Figura 2 – Visualização ordenada dos requisitos dos clientes (qualidade exigida) desdobrada nos requisitos de projeto (características de projeto) 5 Verifiquem na figura 2 que os requisitos do cliente (qualidade exigida) são “traduzidos” para uma linguagem de engenharia os requisitos de projeto (características de projeto). Observe que os requisitos de projeto são mensuráveis ou padronizados tecnicamente. A figura 2 apresenta apenas alguns requisitos de projeto, que ao serem estabelecidos exigem da equipe envolvida no desenvolvimento do produto conhecimento técnico (domínio tecnológico). O diagrama de Ishikawa permite uma visão detalhada e ao mesmo tempo global dos requisitos do projeto, sendo um excelente meio de comunicação e socialização do projeto. Perceba que para coletar os dados o projeto do desenvolvimento do picolé de maracujá foi desdobrado em atividades (ver o capitulo sobre gerenciamento de projetos WBS), estas atividades possuem entregas definidas, responsáveis e prazos para serem realizadas. Se a empresa possui um PDP (desenvolve produtos com freqüência), torna-se necessário padronizar os registros e documentos, assegurando previsibilidade e facilitando a coleta de dados. Estamos abordando aqui o segundo recurso do QFD, o trabalho proposto. 2 – Definição e a sistemática do QFD Akao (1988), define o QFD como uma metodologia de conversão das demandas dos consumidores em características da qualidade, desenvolvendo uma qualidade de projeto para o produto acabado pelos relacionamentos desdobrados sistematicamente entre as demandas e as características, começando com a qualidade de cada componente funcional e estendendo o desdobramento para a qualidade de cada parte e processo. Assim, a qualidade do produto como um todo será gerada através de uma rede de relacionamentos. O Desdobramento da Função Qualidade é um método específico de ouvir o que dizem os clientes, descobrir exatamente o que eles querem e, em seguida, utilizar um sistema lógico (matrizes) para determinar a melhor forma de satisfazer necessidades com recursos existentes. Permite que todos trabalhem em conjunto para dar aos clientes exatamente o que eles desejam (Silva, 1994). Os envolvidos no PDP possuem alguns questionamentos: será que todas as necessidades dos clientes, representadas pelas qualidades exigidas, possuem a mesma importância? Uma solução é solicitar ao cliente que priorize as características, assim o resultado é uma lista com as qualidades exigidas ordenadas. Porém este procedimento simples pode eliminar qualidades exigidas que são obrigatórias para os clientes ou algumas que poderiam diferenciar o produto tornando-se argumento de venda. Neste sentido as pesquisas de Kano (1991) da Science University of Tokyo, busca contribuir para a priorização das qualidades exigidas pelo cliente propondo uma técnica de avaliação. Basicamente sua proposta consiste em um gráfico cartesiano, onde no eixo y ele mensura a satisfação ou insatisfação do cliente, no eixo x se a qualidade exigida é suficiente ou insuficiente (ver figura 3). Assim a qualidade exigida pode ser classificada em: Atrativa: trata-se de requisitos do cliente que, quando presentes no produto, conduzem a uma satisfação plena, porém se ausentes o cliente nem percebe, pois ela não é esperada, assim não causa insatisfação apenas aumenta o grau de satisfação. Por exemplo: uma caneta que ao escrever na pele a tinta evapora após 6 horas sem deixar nenhum vestígio, anti-alérgica e dentro deste período 6 mesmo com a mão suada a tinta permanece inalterada (não borra). São os requisitos que diferenciam o produto de seus concorrentes. Linear: trata-se de requisitos que, quando mais presentes, resultam em maior grau de satisfação, enquanto que a sua ausência conduz à insatisfação. Os requisitos do cliente classificados neste grupo estão diretamente relacionados ao desempenho do produto. Por exemplo: duração da carga de uma caneta – quanto mais durar a carga de tinta da caneta mais satisfeito o cliente fica. Quanto menos durar a carga mais insatisfeito fica o cliente. São os requisitos que quanto mais/menos melhor. Obrigatória: trata-se de requisitos com presença óbvia, enquanto que a sua ausência provoca uma insatisfação. Por exemplo: uma caneta que não escreve. São os requisitos que devem ser incorporados no produto. Figura 3 – Modelo kano Perceba que um requisito do cliente atrativo pode com o passar do tempo tornar-se linear ou obrigatória. Por exemplo, o controle remoto da TV, que no inicio era atrativo e hoje é obrigatório. Os três fatores acima constituem os elementos funcionais e fundamentais da qualidade, porém os subseqüentes também podem estar presentes: Indiferente: trata-se de requisitos que, mesmo presentes ou não, resultam numa indiferença do usuário. Normalmente são requisitos dos clientes mal identificados. Por exemplo, uma caneta com o menor nível de ruído ao ser acionada. Reversa: trata-se de um requisito que, mesmoquando plenamente presente, provoca insatisfação junto ao cliente ou usuário, ou ainda, apesar de ser incompleta, resulta numa satisfação plena do consumidor. São requisitos do cliente que se incorporados provocam insatisfação ao invés de satisfação. Por exemplo, uma caneta com o logotipo do fabricante em alto relevo, permitindo a 7 existência de quinas (cantos vivos) cortantes que dificultam o uso da caneta, podendo ferir seu usuário. Questionável: o cliente não é bem claro sobre a presença ou ausência do requisito. Por exemplo, no caso de uma caneta se a caneta possuir um formato ergonômico na área de empunhadura da escrita, o cliente acha excelente e se não possuir o cliente também acha excelente. O modelo de avaliação consiste na avaliação da presença e da ausência do dos requisitos do cliente, que são as entradas e a saída é a classificação do requisito (quadro 2). Por exemplo, o requisito do cliente em relação a uma caneta é “escrever”, são feitas para o cliente duas perguntas e suas respostas podem ser: gosto, acho óbvio, indiferente, com restrições e não gosto. Ausência: Se a caneta não escreve como você se sente? – Resposta: NÃO GOSTO Presença: Se a caneta escreve como você se sente? – Resposta: ACHO ÓBVIO Com estas duas entradas no quadro 2 (ausência: não gosto e presença: acho óbvio) temos como célula correspondente: “OBRIGATÓRIA”, ou seja, o requisito do cliente é “obrigatório”. O que isso significa? A ausência deste requisito causara uma insatisfação no cliente, porém sua presença não fará com que o cliente fique satisfeito. Este requisito DEVE ser incorporado à caneta (óbvio). Requisito ausente Gosto Acho óbvio Indiferente Com restrições Não gosto R e q u is it o p re s e n te Gosto Questionável Atrativa Atrativa Atrativa Linear Acho óbvio Reversa Indiferente Indiferente Indiferente Obrigatória Indiferente Reversa Indiferente Indiferente Indiferente Obrigatória Com restrições Reversa Indiferente Indiferente Indiferente Obrigatória Não gosto Reversa Reversa Reversa Reversa Questionável Quadro 2: Tabela de Avaliação Funcional proposta por Kano(1991). Normalmente, não se podem incorporar no produto todos os requisitos dos clientes devido a limitações, por exemplo, de orçamento, preço de venda, legislações. Alguns requisitos são inversamente proporcionais, como por exemplo, um produto resistente, leve, com elevada confiabilidade e barato. Recomendo não perguntar ao cliente o que você sabe a resposta. Um exemplo muito comum é perguntar: “você acha que o preço é elevado?” Os clientes em sua maioria respondem que “sim”. É um principio da economia conhecido como “mais valia”, que significa para o cliente “pagar menos e obter mais”. Observe que devem ser feitas escolhas de quais requisitos dos clientes serão incorporados ao produto, deve-se decidir! A utilização do modelo de Kano fornece subsídios a este processo decisório, orientado quais os requisitos do cliente que: devem ser incorporados no produto (requisitos do cliente obrigatórios); 8 devem possuir um nível mínimo de desempenho para que o cliente não fique insatisfeito, mas se tiver seu desempenho acima do nível mínimo o cliente ficará satisfeito (requisito linear). Por exemplo, a bateria de um notebook deve durar no mínimo 2 horas de uso continuo, se durar mais torna-se um diferencial do produto em relação a maioria dos concorrentes; podem ser incorporados ao produto, pois trataram diferencial em relação aos produtos concorrentes, podendo até aumentar o preço do produto (atrativo); devem ser retirados do produto pois causaram insatisfação no cliente (reverso); devem ter avaliada sua pertinência quanto a incorporação no produto, pois o cliente é insensível a sua presença (indiferente). No modelo Kano nem todos os clientes serão unânimes em classificar o requisito da mesma maneira, assim a medida de tendência utilizada é a moda (o requisito que a maioria dos clientes entrevistados escolheu). Tente aplicar o modelo Kano nos requisitos dos clientes identificados para o picolé de maracujá, preenchendo o quadro 3. Falado pelo cliente Requisitos do cliente Modelo Kano Presença Ausência Classificação Gostoso, saboroso, delicioso Abrir a embalagem com facilidade Gosto Não gosto Linear Gelado Informações nutricionais Não pode derreter enquanto a criança chupa Facilidade de segurar com as mãos Não enjoativo Sabor Saudável Identificação visual da embalagem Higiene Aspecto visual agradável Quadro 3 – Desdobramento da qualidade. Como vimos os requisitos dos clientes podem estar relacionados entre si. Uma técnica que permite identificar estes relacionamentos é o diagrama de relação. Consiste basicamente em verificar a existência da relação “causa-efeito” entre dados verbais. Vamos apresentar a sistemática do diagrama de relação aplicando-a no caso do picolé de maracujá. 1º Dispor os dados verbais que se pretende identificar a relação (figura 4) 9 Figura 4 –Requisitos do cliente para o picolé de maracujá 2º Partindo de um dado verbal (exigência do cliente), busca-se estabelecer a existência de relação “causa-efeito”. Existe relação entre “abrir a embalagem com facilidade” e “gelado”? Quando o picolé esta derretendo ele pode dificultar a abertura da embalagem, assim existe relação. Caso a relação não existe, nada é feito e busca- se a relação com o próximo dado verbal. 3º Como a relação existe é necessário estabelecer seu sentido cauã-efeito. A relação pode ser verificada através das perguntas: “a abertura da embalagem com facilidade depende do picolé estar gelado?” inverte-se a pergunta “o picolé estar gelado depende da abertura da embalagem?”. Veja que a resposta a primeira pergunta é “sim”, já na segunda pergunta, se pensarmos em uma pessoa abrindo a embalagem de um picolé, a resposta seria “não”, a abertura da embalagem do picolé é realizada em segundos, neste pequeno período de tempo a influencia no requisito do cliente “gelado” pode ser desprezada (figura 5). A relação causa-efeito só pode existir em um sentido. 10 Figura 5 – Construção do diagrama de relação entre os requisitos do cliente para o picolé de maracujá 4º Avalia-se a próxima relação repetindo o 2º passo. No caso, existe relação entre “abrir a embalagem com facilidade” e “informações nutricionais”? A resposta é “não”. Volta-se novamente no 2º passo até concluir todas as relações. Quando se tem dificuldade em estabelecer a relação é recomendável desdobrar os requisitos do cliente. Ao término de todas as relações se obtêm a figura 6. Figura 6 – Diagrama de relação entre os requisitos do cliente para o picolé de maracujá. 11 Como as relações são elaboradas coletivamente pela equipe, o resultado é influenciado pela equipe. Normalmente o mesmo diagrama, se executado por pessoas diferentes, pode ter pequenas diferenças de correlação. Assim, quanto mais heterogenia a equipe que constrói o diagrama de relação, melhor será seu resultado. É muito comum os participantes exporem justificativas quanto a existência ou não de correlação, o processo de confecção do diagrama de relação deve ser participativo. A analise do diagrama de relação parte de seu principio de estabelecer relações “causa-efeito” entre os dados verbais, assim o dado verbal de onde saem mais setas é a “causas fundamental”, independente de quantas setas ele recebe (só nos interessa para a identificação das cauãs quantas setas saem). Posteriormente,os dados verbais que mais recebem setas são “efeito principal”. Veja na figura 7 sobre cada requisito do cliente, respectivamente, a quantidade de setas que sai e entra. Figura 7 – Diagrama de relação entre os requisitos do cliente para o picolé de maracujá. A análise do diagrama da figura 7 permite identificar como principal “causa‟ o requisito do cliente “gelado” (saem 5 setas) seguido pelo requisito “identificação visual da embalagem”. Os efeitos principais são “não enjoativo” e “higiene” (ambos recebem 4 setas). Observe que o diagrama de relação contribui para a ordenação (priorização) dos requisitos dos clientes. Uma das limitações do diagrama de relação é a existência de muitos dados verbais para serem relacionados, o processo torna-se demorado e cansativo, fazendo com que os participantes e dispersem. 12 O QFD descreve a necessidade de ordenar os requisitos dos clientes, normalmente em uma escala de pesos inteiros que varia de 1 a 5. Pode ser realizada de várias maneiras, como por exemplo, utilizando o diagrama de relação, utilizando históricos de projetos semelhantes, experiência dos membros da equipe de projeto, pesquisas com clientes. No nosso exemplo vamos considerar os resultados do diagrama de relação atribuindo para a “causa fundamental” peso 5 e os requisitos do cliente que não saem nenhuma seta peso 1, os demais pesos foram estabelecidos através de regra de três considerando a quantidade de setas que saem (quadro 4). No nosso caso foi realizada uma pesquisa de mercado que identificou também para os requisitos do cliente seus respectivos pesos (quadro 4). A equipe analisou os resultados obtidos pelo diagrama de relação, pesquisa de mercado e baseado em discussões argumentadas, decidiu por consenso adotar os pesos obtidos na pesquisa de mercado. O uso de mais de uma técnica para se estabelecer os pesos permite que decisão para seu estabelecimento seja resultado de analises. Falado pelo cliente Requisitos do cliente Diagrama de relação Pesquisa de mercado Adotados pela equipe Setas Pesos Saem Entram Pesos Pesos Gostoso, saboroso, delicioso Abrir a embalagem com facilidade 1 2 2 2 2 Gelado 5 0 5 5 5 Informações nutricionais 2 0 3 3 3 Não pode derreter enquanto a criança chupa 3 1 4 4 4 Facilidade de segurar com as mãos 2 1 3 3 3 Não enjoativo 0 4 1 3 3 Sabor 1 1 2 4 4 Saudável 0 2 1 3 3 Identificação visual da embalagem 4 1 5 2 2 Higiene 0 4 1 5 5 Aspecto visual agradável 0 2 1 2 2 Quadro 4 – Pesos atribuídos aos requisitos dos clientes. Casa da qualidade: A primeira matriz do QFD conhecida como “casa da qualidade” contrasta o mundo do cliente com o “mundo da empresa” (figura 8). 13 Figura 8 – Visão geral da matriz I “Casa da Qualidade” O preenchimento da matriz I – casa da Qualidade: Etapa 1 – Linguagem primitiva: a partir da identificação do cliente identifica suas necessidades (desenvolvido no tópico 1 e 2 deste capitulo) Etapa 2 – Desdobramento da linguagem primitiva em requisitos do cliente (desenvolvido no tópico 1 e 2 deste capitulo) Etapa 3 – Estabelecimento dos pesos (desenvolvido no tópico 2 deste capitulo) Etapa 4 – Estabelecimento dos requisitos de projeto: consiste em identificar como os requisitos dos clientes podem ser mensurados tecnicamente (linguagem de engenharia). No nosso exemplo o requisito do cliente “abrir a embalagem com facilidade” tem relacionamento com os requisitos de projeto: “dimensões da embalagem que se desdobra em comprimento, largura e altura; rugosidade superficial da embalagem; força de abertura da embalagem); formato da embalagem; tempo de abertura; espessura da embalagem O preenchimento dos requisitos de projeto para o exemplo é descrito na figura 9. 14 Requisitos de Projeto (COMOs) Características da Qualidade Im p o r tâ n c ia Avaliação Competitiva Dimensões da embalagem R u g o s id a d e s u p e rf ic ia l d a e m b a la g e m F o rç a d e a b e rt u ra F o rm a to d a e m b a la g e m T e m p o d e a b e rt u ra E s p e s s u ra d a e m b a la g e m T e m p e ra tu ra Ín d ic e d e c o e fi c ie n te t é rm ic o - e m b a la g e m N o rm a d o I N M E T R O d e e m b a la g e n s % I n g re d ie n te s E s p e c if ic a ç ã o d o s i n g re d ie n te s C o re s d a e m b a la g e m C o m p ri m e n to L a rg u ra A lt u ra Requisitos dos Clientes (O QUEs – Qualidade exigida) R u im E x c e le n te 1 2 3 4 5 G o s to s o , s a b o ro s o , d e li c io s o Abrir a embalagem com facilidade 2 Gelado 5 Informações nutricionais 3 Não pode derreter enquanto a criança chupa 4 Facilidade de segurar com as mãos 3 Não enjoativo 3 Sabor 4 Saudável 3 Identificação visual da embalagem 2 Higiene 5 Aspecto visual agradável 2 Valores Objetivo Avaliação Competitiva Técnica Excelente 5 4 3 2 Ruim 1 Importância Técnica Absoluto Relativo Figura 9 – Matriz I “Casa da Qualidade” para o picolé de maracujá Etapa 5 – Calculo dos valores para os requisitos de projeto. Os valores dos requisitos de projeto são calculados a través: da atribuição de uma nota ao valor da relação entre os requisitos dos clientes e os requisitos de projeto (fraco 1; médio 3 e forte 9); posteriormente multiplica-se o peso do grau de importância dos requisitos do cliente pela nota atribuída a relação; o somatório dos valores de cada célula da coluna dos requisitos de projeto perfazem o total de pontos obtidos pelo requisito (figura 10). Foi 15 considerada uma relação fraca entre “abrir a embalagem com facilidade” e o “comprimento”, a nota para uma relação fraca é “1”, como a importância para o requisito do cliente “abrir a embalagem com facilidade” o grau de importância é “2”, assim o valor da célula é 2 (2 x 1), o mesmo raciocínio é utilizado para as demais células. Quando não existe relação à célula fica em branco. Após se estabelecer todas as relações soma-se o valor das colunas obtendo o valor total para o requisito de projeto, no caso “20” (2+5+3+4+6). Requisitos de Projeto (COMOs) Características da Qualidade Im p o r tâ n c ia Dimensões da embalagem R u g o s id a d e s u p e r fi c ia l d a e m b a la g e m C o m p r im e n to L a r g u r a A lt u r a Requisitos dos Clientes (O QUEs – Qualidade exigida)G o s to s o , s a b o r o s o , d e li c io s o Abrir a embalagem com facilidade 2 1 2x1=2 Gelado 5 1 5x1=5 Informações nutricionais 3 3 3x1= 3 Não pode derreter enquanto a criança chupa 4 1 4x1 = 4 Facilidade de segurar com as mãos 3 Não enjoativo 3 Sabor 4 Saudável 3 Identificação visual da embalagem 2 3 2x3 = 6 Higiene 5 Aspecto visual agradável (sem embalagem) 2 Valores Objetivo Avaliação Competitiva Técnica Excelente 5 4 3 2 Ruim 1 Importância Técnica Absoluto 34 Relativo Figura 9 – Matriz I “Casa da Qualidade” calculo do valor dos requisitos de projeto O calculo é realizado para todas as relações da matriz. O valor relativo é obtido através da divisão do valor absoluto do requisito de projeto pelo total dos valores absolutos, sendo expresso em percentualmente (%). O resultado final é descrito na figura 10. 16 Requisitos de Projeto (COMOs) Características da Qualidade Im p o rt â n c ia Dimensõe s da embalage m R u g o s id a d e s u p e rf ic ia l d a e m b a la g e m F o rç a d e a b e rt u ra F o rm a to d a e m b a la g e m T e m p o d e a b e rt u ra E s p e s s u ra d a e m b a la g e m T e m p e ra tu ra C o e fi c ie n te t é rm ic o - e m b a la g e m N o rm a d o I N M E T R O d e e m b a la g e n s % I n g re d ie n te s E s p e c if ic a ç ã o d o s in g re d ie n te s C o re s d a e m b a la g e m C o m p ri m e n to L a rg u ra A lt u ra Requisitos dos Clientes (O QUEs – Qualidade exigida) G o s to s o , s a b o ro s o , d e lic io s o Abrir a embalagem com facilidade 2 2 2 2 2 18 6 18 2 Gelado 5 5 5 5 15 15 45 45 5 5 Informações nutricionais 3 9 9 9 3 27 27 27 27 Não pode derreter enquanto a criança chupa 4 12 12 12 4 4 36 12 4 Facilidade de segurar com as mãos 3 3 Não enjoativo 3 9 27 9 Sabor 4 36 36 36 Saudável 3 3 27 27 Identificação visual da embalagem 2 6 6 2 18 18 18 Higiene 5 5 5 15 5 Aspecto visual agradável (picolé sem embalagem) 2 2 18 18 18 18 Valores Objetivo Avaliação Competitiva Técnica Excelente 5 4 3 2 Ruim 1 Importância Técnica Absoluto 34 34 28 8 18 54 18 24 14 7 75 87 117 122 50 816 Relativo (%) 4 4 3 1 2 7 2 3 18 9 11 14 15 6 100 Figura 10 – Matriz I – Calculo dos requisitos de projeto Observe na figura 10 que os dados verbais foram quantificados tornando-se possível fornecer informações a equipe de projeto sobre para seu processo decisório. Lembre- se que a decisão de quais são os principais requisitos de projeto cabe ao responsável pelo projeto (gerente do projeto) que pode adotar um procedimento participativo com a equipe, os resultados do QFD auxiliam o processo participativo e a tomada de decisão. No exemplo os principais requisitos de projeto ordenados são: temperatura; especificação dos ingredientes; % ingredientes; e a norma do INMETRO de embalagens. Existem algumas recomendações sobre a matriz quando: 17 algum requisito de projeto não possuir relação com nenhum requisito do cliente ou vice-versa é recomendável identificar outro requisito; algum requisito de projeto possuir relação com vários requisito do cliente ou vice-versa é recomendável desdobrar este requisito. No exemplo verifique que os requisitos de projeto “% de ingredientes” e “especificação dos ingredientes”, podem ser desdobrados em: água; essência e açúcar; no estabelecimento das relações a equipe possuir duvidas da existência da relação ou da sua intensidade, é recomendável o desdobramento do requisito. Etapa 6 – Orientação dos requisitos do projeto. Este campo da matriz tem como objetivo estabelecer informar a equipe de projeto se o requisito de projeto precisa ser minimizado (), maximizado () ou se é um padrão (alvo ) a ser atendido. Observe que para cada orientação existe um símbolo (figura 11). Requisitos de Projeto (COMOs) Características da Qualidade Im p o rt â n c ia Dimensõ es da embalage m R u g o s id a d e s u p e rf ic ia l d a e m b a la g e m F o rç a d e a b e rt u ra F o rm a to d a e m b a la g e m T e m p o d e a b e rt u ra E s p e s s u ra d a e m b a la g e m T e m p e ra tu ra C o e fi c ie n te t é rm ic o - e m b a la g e m N o rm a d o I N M E T R O d e e m b a la g e n s % I n g re d ie n te s E s p e c if ic a ç ã o d o s i n g re d ie n te s C o re s d a e m b a la g e m C o m p ri m e n to L a rg u ra A lt u ra Requisitos dos Clientes (O QUEs – Qualidade exigida) G o s to s o , s a b o ro s o , d e lic io s o Abrir a embalagem com facilidade 2 2 2 2 2 18 6 18 2 Figura 11 – Matriz I – Orientação dos requisitos do projeto. No caso podem existir questionamentos sobre a temperatura: “ela não deveria ser um alvo?”, pois não podemos reduzir muito a temperatura, torna-se inviável o processo de produção e pode causar queimaduras na manipulação do picolé. Justificam-se estas preocupações, mas sabemos que dentro de uma faixa de temperatura possível quanto menor a temperatura melhor. Esta é uma decisão que cabe a equipe de projeto. Etapa 7 – Relação entre os requisitos de projeto. Os requisitos de projeto podem estar relacionados entre si de maneira positiva ou negativa, Por exemplo, existe uma relação entre “coeficiente térmico - embalagem” e “temperatura”, sabemos que quanto maior o coeficiente térmico melhor se da a troca de calor, assim quanto menor a temperatura menor deve ser o índice de coeficiente térmico. Os requisitos possuem uma correlação positiva. Existem casos onde a correlação é negativa, por exemplo, “temperatura” e “rugosidade superficial”, se sabe que quanto maior for o a rugosidade 18 superficial (maior será a área para troca de calor) menor será a temperatura do picolé. Esta parte da matriz fornece orientação a equipe que se melhorar um requisito de projeto isso pode contribuir para melhoria de outro, se a relação for positiva. A experiência da equipe de projeto passa a ficar explicita orientando posteriores analises estatísticas, comodelineamento de experimentos, fornecendo informações sobre interações que devem ser analisadas. Os símbolos utilizados são positiva (+) e negativa ( – ). Figura 12 – Matriz I – Relação entre os requisitos de projeto. Observe que a relação entre os requisitos do projeto expressa a opinião da equipe, são hipóteses que podem ser validadas ou refutadas através de experimentos com analise estatística dos dados. Etapa 8 – Avaliação competitiva dos requisitos do cliente (Benchmarking). Esta parte do QFD aborda uma avaliação competitiva entre os requisitos do cliente e os produtos que são referencias no mercado. Precisamos definir se o mercado é regional, nacional ou mundial. Podemos buscar o melhor produto do mundo, mesmo que não seja nosso concorrente direto atualmente. Lembre-se da classificação proposta por Kano (obrigatório, linear e atrativo), requisitos obrigatórios precisam ser atendidos. No exemplo, optou-se pelo mercado nacional, o melhor picolé (campeão de vendas) é o frutare da Kibon. Como o “frutare da Kibon” é classificado pelo cliente no requisito “abrir a embalagem com facilidade”? Para obter esta resposta são utilizadas técnicas de pesquisa de mercado, grupos de foco, analise de cenas com o cliente interagindo com o produto concorrente. No nosso caso foi realizada uma pesquisa com os clientes que avaliaram este requisito com nota 2, numa escala de 1 (ruim) a 5 (excelente). Para o “frutare da Kibon” que é simbolicamente representada na matriz por . Após o preenchimento da avaliação do principal produto concorrente é necessário decidir como o produto que esta sendo desenvolvido se diferenciará do concorrente: em quais requisitos ele será melhor? Em quais será igual? Em quais será pior? É inviável muitas vezes ser bom em todos os requisitos do cliente. Este tipo de decisão muitas vezes não é do gerente de projeto e sim da alta administração, o QFD pode auxiliar nesta 19 decisão fornecendo de forma estruturada uma comparação com o concorrente. O resultado desta decisão é representado na matriz simbolicamente por (produto da empresa). O resultado do exemplo é apresentado na figura 13. - Frutare da Kibon - Picolé de maracujá Figura 13 – Matriz I – Avaliação competitiva dos requisitos do cliente (Benchmarking). Etapa 9 – Avaliação competitiva técnica dos requisitos de projeto (Benchmarking). A questão é saber como estão os produtos concorrentes em relação aos requisitos de projeto, quais são seus valores. Nesta fase se obterem subsídios para a aplicação da engenharias reversa como meio para o processo decisório que vai estabelecer quais serão os valores meta dos requisitos de projeto. Verifique que este processo decisório envolve conhecimento técnico, diferente das decisões da etapa 8. Os conceitos da etapa 8 são repetidos nesta etapa, tendo como diferencial a preocupação com os requisitos técnicos. Qual é o produto de referência? Observe que também pode ser analisado existir mais de um produto. Vamos optar pelo frutare da Kibon. Como o “frutare da Kibon” é classificado em relação ao requisito de projeto “comprimento da embalagem”? Para obter esta resposta aplicam-se os conceitos da engenharia reversa. Qual o comprimento da embalagem do frutare? Basta medir a embalagem e obter a dimensão de 200 ± 1 mm. 20 Para a definição deste requisito de projeto é necessário o conhecimento técnico para fornecer informações ao processo decisório do processo: produtivo de embalagem que responda questões como: a embalagem é feita de forma automatizada, semi-automatizada ou manual? Os equipamentos de embalagem existentes na empresa aceitam regulagem? Qual é o limite desta regulagem em função do comprimento da embalagem? Qual o impacto nos custos se optarmos por um comprimento fora do limite do equipamento? de aquisição são necessárias: quais são os fornecedores de embalagem de picolé? O comprimento das embalagens é padronizado? Qual o impacto nos custos se optarmos por um comprimento diferente do padronizado? Existe matéria prima de embalagem adquirida e/ou estocada que previa ser utilizada neste produto? de logística: alterações no comprimento da embalagem podem afetar o armazenamento e transporte dos picolés? As embalagens de transporte são padronizadas? Qual o impacto de uma mudança de comprimento nas embalagens de transporte? Quais são os problemas que podem existir advindos das câmaras frias e dos frízeres existentes na empresa? Observe que algumas poucas perguntas permitem reduzir os riscos inerentes ao projeto de um novo produto. Lembre-se de que as definições de projeto estabelecidas na etapa inicial, onde alterações podem ser realizadas com relativa facilidade, tem impacto em todas as outras etapas do projeto. No nosso caso após a participação dos especialistas optou-se em classificar o comprimento da embalagem do “frutare da Kibon” uma nota 4, numa escala de 1 (ruim) a 5 (excelente). Para o “frutare da Kibon” atribui-se um símbolo para sua posterior representação gráfica na matriz, no exemplo um . Após o preenchimento da avaliação do principal produto concorrente é necessário decidir como o produto que esta sendo desenvolvido se diferenciará do concorrente: em quais requisitos ele será melhor? Em quais será igual? Em quais será pior? É inviável muitas vezes buscar o ponto ótimo em todos os requisitos de projeto, existe uma solução de compromisso assumida ao longo do processo decisório (em inglês conhecida como trade off). Este tipo de decisão muitas vezes pode ser assumida pelo gerente de projeto com a aprovação da alta administração, o QFD pode auxiliar nesta decisão fornecendo de forma estruturada uma comparação com o concorrente. O resultado desta decisão é representado na matriz através de um símbolo que significa o produto da empresa, no nosso caso um . O resultado do exemplo é apresentado na figura 14. 21 Requisitos de Projeto (COMOs) Características da Qualidade Imp ort ânc ia Avaliação Competitiva Dimensões da embalagem Ru gos ida de sup erfi cia l da em bal age m For ça de abe rtur a For ma to d a e mb ala gem Tem po de abe rtur a Esp ess ura da em bal age m Tem per atu ra Co efic ien te t érm ico - e mb ala gem No rma o INM ET RO de em bal age ns % I ngr edi ent es Esp eci fica ção do s in gre die nte s Co res da em bal age m Co mp rim ent o Lar gur a Altu ra Requisitos dos Clientes (O QUEs – Qualidade exigida) Ru im Exc ele nte 1 2 3 4 5 Go sto so, sa bor oso , de licio so Abrir a embalagem com facilidade 2 2 2 2 2 18 6 18 2 Gelado 5 2 2 2 15 15 45 45 5 5 Informações nutricionais 3 9 9 9 3 27 27 27 27 Não pode derreter enquanto a criança chupa 4 12 12 12 4 3 36 12 4 Facilidade de segurar com as mãos 3 3 Não enjoativo 3 9 27 9 Sabor 4 36 36 36 Saudável 3 3 27 27 Identificação visual da embalagem 2 6 6 2 18 18 18 Higiene 5 5 5 15 5 Aspecto visual agradável (sem embalagem) 2 2 18 18 18 18 Valores Objetivo Avaliação Competitiva Técnica Excelente 5 4 3 2 Ruim 1 Importância Técnica Absoluto 31 31 25 8 18 53 18 24 147 75 87 117 122 50 806 Relativo (%) 4 4 3 1 2 7 2 3 18 9 11 15 15 6 100% Requisitos de Projeto (COMOs) Características da Qualidade Im po rtâ nc ia Avaliação Competitiva Dimensões da embalagem Ru go sid ad e s up erf icia l d a e mb ala ge m Fo rça de ab ert ura Fo rm ato da em ba lag em Te mp o d e a be rtu ra Es pe ssu ra da em ba lag em Te mp era tur a Co efi cie nte té rm ico - e mb ala ge m No rm a o I NM ET RO de em ba lag en s % Ing red ien tes Es pe cifi ca çã o d os in gre die nte s Co res da em ba lag em Co mp rim en to La rgu ra Alt ura Requisitos dos Clientes (O QUEs – Qualidade exigida) Ru im Ex ce len te 1 2 3 4 5 Go sto so , s ab oro so , d elic ios o Abrir a embalagem com facilidade 2 2 2 2 2 18 6 18 2 Gelado 5 2 2 2 15 15 45 45 5 5 Informações nutricionais 3 9 9 9 3 27 27 27 27 Não pode derreter enquanto a criança chupa 4 12 12 12 4 3 36 12 4 Facilidade de segurar com as mãos 3 3 Não enjoativo 3 9 27 9 Sabor 4 36 36 36 Saudável 3 3 27 27 Identificação visual da embalagem 2 6 6 2 18 18 18 Higiene 5 5 5 15 5 Aspecto visual agradável (sem embalagem) 2 2 18 18 18 18 Valores Objetivo Avaliação Competitiva Técnica Excelente 5 4 3 2 Ruim 1 Importância Técnica Absoluto 31 31 25 8 18 53 18 24 147 75 87 117 122 50 806 Relativo (%) 4 4 3 1 2 7 2 3 18 9 11 15 15 6 100% - Frutare da Kibon - Picolé de maracujá Figura 14 – Matriz I – Avaliação competitiva dos requisitos de projeto (Benchmarking). Observe na figura 14 que o requisito de projeto “especificações dos ingredientes” não foi realizado Esta foi uma decisão da equipe de projetos que por restrições de recursos (financeiras ou de tempo) preferiu não obter estes dados do produto de referência. Etapa 10 – Valores objetivo para os requisitos de projeto (metas). Os requisitos de projeto precisam ter valores objetivo especificados. A decisão de quais serão os valores objetivos é fundamentada na avaliação competitiva dos requisitos técnicos. A existência de valores objetivo orienta qual deve ser o foco a equipe de projeto, são critérios de aceitação técnicos que definem se o requisito técnico atende ou não o escopo do projeto (figura 15). 22 Requisitos de Projeto (COMOs) Características da Qualidade Im p o rt â n c ia Avaliação Competitiva Dimensões da embalagem R u g o s id a d e s u p e rf ic ia l d a e m b a la g e m F o rç a d e a b e rt u ra F o rm a to d a e m b a la g e m T e m p o d e a b e rt u ra E s p e s s u ra d a e m b a la g e m T e m p e ra tu ra C o e fi c ie n te t é rm ic o - e m b a la g e m N o rm a o I N M E T R O d e e m b a la g e n s % I n g re d ie n te s E s p e c if ic a ç ã o d o s i n g re d ie n te s C o re s d a e m b a la g e m C o m p ri m e n to L a rg u ra A lt u ra Requisitos dos Clientes (O QUEs – Qualidade exigida) R u im E x c e le n te 1 2 3 4 5 G o s to s o , s a b o ro s o , d e li c io s o Abrir a embalagem com facilidade 2 2 2 2 2 18 6 18 2 Gelado 5 2 2 2 15 15 45 45 5 5 Informações nutricionais 3 9 9 9 3 27 27 27 27 Não pode derreter enquanto a criança chupa 4 12 12 12 4 3 36 12 4 Facilidade de segurar com as mãos 3 3 Não enjoativo 3 9 27 9 Sabor 4 36 36 36 Saudável 3 3 27 27 Identificação visual da embalagem 2 6 6 2 18 18 18 Higiene 5 5 5 15 5 Aspecto visual agradável (sem embalagem) 2 2 18 18 18 18 Valores Objetivo M á x im o 2 0 0 m m M á x im o 5 0 m m M á x im o 2 5 m m M ín im o 0 .5 µ m M á x im o 5 N V o lu m e < 2 5 0 m l M á x im o 5 s M á x im o 0 .5 m m M á x im o – 2 o C > 2 0 W /m 2 K 1 0 0 % c o n fo rm e A p ro v a ç ã o t e s te d e g u s ta ç ã o A p ro v a ç ã o s e to r c o m p ra s A p ro v a ç ã o M K T Avaliação Competitiva Técnica Excelente 5 4 3 2 Ruim 1 Importância Técnica Absoluto 31 31 25 8 18 53 18 24 147 75 87 117 122 50 806 Relativo (%) 4 4 3 1 2 7 2 3 18 9 11 15 15 6 100% Figura 15 – Matriz I Observe que os valores objetivo podem estabelecer um limite (máximo ou mínimo) ou serem posteriormente definidos através de aprovações posteriores (aprovação de Marketing – MKT). 23 Com a conclusão da matriz I (casa da qualidade), a equipe de projeto precisa definir o projeto do produto, no caso o picolé de maracujá. Basicamente o picolé de maracujá é composto de três componentes: embalagem (produto e transporte), corpo do picolé e o palito. Qual destas partes é a mais importante? Quais são as principais especificações de projeto? A equipe de projeto se depara mais uma vez com a necessidade de obter informações que auxiliem no processo decisório. A sistemática proposta pelo QFD é a elaboração da matriz de projeto (matriz II), que possui como entrada os requisitos de projeto e como saída as especificações de projeto. A figura 16 descreve a matriz de projeto. Figura 16 – matriz de projeto As etapas para confecção da matriz II são: Etapa 1 – Definição dos requisitos de projeto. Devido à priorização realizada na matriz I, não é recomendado utilizar todos os requisitos de projeto na matriz II, assim faz-se necessário a sua priorização. O preenchimento da matriz II tem como entrada os requisitos de projeto previamente priorizados pela matriz I (saída da matriz I), que são: temperatura (147); especificação dos ingredientes (122); % ingredientes (117); e a norma do INMETRO de embalagens (87).Estes requisitos de projeto devem ser usados na matriz II. A equipe de projeto pode identificar outros requisitos que ela julga pertinente e também usá-los na matriz II. No nosso caso iremos incorporar o coeficiente térmico da embalagem, as cores da embalagem e o tempo de abertura da embalagem. Etapa 2 – Estabelecimento dos índices de importância (pesos) para os requisitos de projeto. Como na matriz I, para cada requisito de projeto torna-se necessário o 24 estabelecimento de um peso (importância). O procedimento para o estabelecimento deste peso é realizado através de uma regra de três simples. No nosso caso o requisito de projeto de maior nota é a temperatura, com 147, assim este requisito terá 5 como valor de seu peso (importância). Os demais pesos são calculados através de uma regra de três (se 147 esta para 5, então 122 estará para X. O calculo fornece o valor de X como 4). Deve-se arredondar o calculo do peso para valores inteiros. Os resultados são descritos na figura 17. Etapa 3 – Estabelecimento das especificações de projeto. Consiste em estabelecer quais são as partes do produto (sistemas, sub-sistemas, partes e componentes), bem como seu respectivo desdobramento em especificações. Nesta etapa é preponderante conhecimento técnico, sendo necessário o envolvimento dos fornecedores. No nosso exemplo o produto é bastante simples e possui apenas três partes: embalagem (transporte e do picolé), palito e o corpo do picolé. A especificação destas partes foi realizada pela equipe e encontra-se descrita na figura 17. Etapa 4 – Calculo dos valores para as especificações de projeto. Os valores das especificações de projeto são calculados a través: da atribuição de uma nota ao valor da relação entre os requisitos de projeto e as especificações de projeto (fraco 1; médio 3 e forte 9); posteriormente multiplica-se o peso do grau de importância dos requisitos do projeto pela nota atribuída a relação; o somatório dos valores de cada célula da coluna dos requisitos de projeto perfazem o total de pontos obtidos pelo requisito (figura 17). Foi considerada uma relação “média” entre “temperatura” e “dimensões da embalagem de transporte”, a nota para uma relação “média" é “3”, como a importância para o requisito de projeto “temperatura” é “5”, assim o valor da célula é 15 (5 x 3), o mesmo raciocínio é utilizado para as demais células. Quando não existe relação à célula fica em branco. Após se estabelecer todas as relações soma-se o valor das colunas obtendo o valor total para o requisito de projeto, no caso “15”, pois as demais células apresentam como valor de “zero” (estão vazias). A figura 17 apresenta o resultado destes cálculos. Etapa 5 – Valores objetivo para as especificações de projeto (metas). As especificações de projeto precisam ter valores objetivo especificados. A decisão de quais serão os valores objetivos é fundamentada no conhecimento técnico dos envolvidos no projeto do produto, bem, como de outros processos da empresa. Os valores objetivo definem os critérios de aceitação técnicos (figura 17). 25 Especificações de projeto (COMOs) Embalagem Palito Corpo do picolé Transporte Picolé Características da Qualidade Requisitos de projeto (O QUEs) Im p o r t â n c ia ( P e s o ) I D im e n s õ e s ( C o m p r im e n to , la r g u r a e p r o fu n d id a d e ) P e s o M á x im o d a C a ix a c h e ia ( d e fi n e r e s is tê n c ia d a c a ix a ) C o e fi c ie n te d e t r a n s fe rê n c ia d e c a lo r A lt u ra m á x im a d e e m p il h a m e n to T e m p e r a tu ra n o i n te r io r d a c a ix a a té o d e s ti n o C o e fi c ie n te d e t r a n s fe rê n c ia d e c a lo r E s p e c if ic a ç õ e s p a ra f o to li to D im e n s õ e s ( c o m p ri m e n to e l a rg u r a ) G r a m a tu r a D im e n s õ e s F o rm a to ( d e s e n h o ) D e n s id a d e F o rm a to E s p e c if ic a ç ã o e s s ê n c ia E s p e c if ic a ç ã o a ç ú c a r E s p e c if ic a ç ã o á g u a % a ç ú c a r % á g u a % e s s ê n c ia T e m p e r a tu ra d o p ic o lé p a ra c o n s u m o Temperatura 5 15 15 15 5 45 45 45 5 5 5 45 5 15 45 % Ingredientes 4 12 12 12 36 36 36 12 Especificação dos ingredientes 4 45 45 45 12 12 12 12 Norma o INMETRO de embalagens 3 9 27 9 9 9 9 3 27 9 Coeficiente térmico - embalagem 3 27 9 3 27 27 Cores da embalagem 2 18 18 2 18 Tempo de abertura 1 9 9 3 Valores Objetivo E T C a ix a 2 2 E T C a ix a 2 2 E T C a ix a 2 2 E T C a ix a 2 2 E T C a ix a 2 2 > 2 0 W /m 2 K P a d r ã o G r a fi a W Z M á x . 2 0 0 x 5 0 x 2 5 M a x in m o 1 5 g /m 2 P a d r ã o P a li te x P a d r ã o P a li te x P a d r ã o P a li te x 0 0 1 - P 2 0 0 8 – R 0 0 P a d r ã o P o n ti lh ã o E s s ê n c ia P a d r ã o a ç ú c a r U N IA O N e u tr a P H 7 F o rm u la ç ã o M a r a c u já F o rm u la ç ã o M a r a c u já F o rm u la ç ã o M a r a c u já M á x im o – 2 o C Taxa de Importância Absoluta 15 15 15 5 45 81 54 81 19 14 14 3 126 57 57 57 53 63 48 108 930 Relativa (%) 2 2 2 1 5 9 6 9 2 2 2 0 14 6 6 6 6 7 5 12 100 Figura 17 – Matriz II – Projeto do produto Analisando a matriz II verificamos que as principais especificações são o formato do picolé (126), Temperatura do picolé para consumo (108) e as dimensões da 26 embalagem (81), temos como resultado a ordenação das especificações de projeto. Ë importante observar também que parte dos valores objetivos foram estabelecidos pelos fornecedores (por exemplo a essência, o açúcar, o palito) . Seria inviável para empresa possuir domínio tecnológico de toda sua cadeia de valor, a parceria com os fornecedores é imprescindível. É relevante saber selecionar os fornecedores, pois existe a necessidade que o fornecedor (terceiro) possua expertise (conhecimento técnico) de seus produtos. A participação dos fornecedores no PDP propicia economia de recursos e oportunidade de aprendizado pata equipe de projeto. Outros valores objetivos podem advir de padrões estabelecidos pela própria empresa. Por exemplo,o formato do corpo do picolé, as embalagens de transporte (ET, significa especificação técnica). Codificações normalmente são utilizadas pela empresa para facilitar o armazenamento e o acesso aos registros, no nosso exemplo o “formato do corpo do picolé” é descrito no registro: „001‟ que é um código seqüencial, “P”significa projeto e “2008” o ano, “R00” significa que o registro não foi revisado, em caso de revisões estas seguem uma numeração seqüencial. Com a conclusão da matriz II (projeto do produto), a equipe de projeto precisa definir o processo de fabricação do produto, no caso o picolé de maracujá. Basicamente o processo de produção do picolé consiste em: selecionar fornecedores, comprar matéria prima; armazenar matéria prima; misturar ingredientes; colocar a mistura na forma e resfriar; retirar da forma e embalar manualmente; congelar os picolés; armazenar câmara fria; transporte e entrega. Qual destas etapas do processo é a mais critica? O que deve ser planejado para que o processo atenda as especificações de engenharia? Figura 18 – Matriz III – Processo A equipe de projeto se depara mais uma vez com a necessidade de obter informações que auxiliem no processo decisório. A sistemática proposta pelo QFD é a elaboração da matriz de processo (matriz III), que possui como entrada as especificações de 27 projeto e como saída o planejamento do processo. A figura 18 descreve a matriz de processo. O procedimento para o preenchimento da matriz III segue as mesmas etapas das matrizes I e II, sendo o resultado apresentado na figura 19. S e le c io n a r f o r n e c e d o r e s C o m p r a r o s i n g r e d ie n te s R e c e b e r o s i n g r e d ie n te s A r m a z e n a r o s i n g r e d ie n te s Produção C o n g e la r o s p ic o lé s A r m a z e n a r n a c â m a r a f r ia T r a n s p o r t e e e n tr e g a Etapas do processo (COMOs) Especificações de projeto (O QUEs) Im p o r t â n c ia ( P e s o ) I M is tu r a r n a b a te d e ir a o s i n g r e d ie n te s C o lo c a r a m is tu r a n a s f o r m a s R e s f r ia r o s p ic o lé s R e ti r a r o s p ic o lé s d a f o r m a e e m b a la r m a n u a lm e n te Formato 5 45 45 45 15 45 15 15 Temperatura do picolé para consumo 4 12 12 36 36 36 Dimensões da embalagem (comprimento e largura) 3 27 27 27 9 Coeficiente de transferência de calor da embalagem 3 27 27 27 3 9 9 9 Temperatura no interior da caixa até o destino 2 18 18 18 2 18 18 18 18 Especificação essência 2 18 18 18 18 Especificação açúcar 2 18 18 18 18 Especificação água 2 18 18 18 18 % água 2 18 18 18 % açúcar 2 18 6 2 % essência 2 18 Valores Objetivo P 0 0 5 e m e ta s S G Q P 0 0 7 IO 0 1 6 IO 0 2 2 IO 0 5 6 IO 0 5 1 M á x im o – 2 o C IO 0 7 8 M á x im o – 5 o C IO 0 8 8 P 0 1 5 e I O 0 8 7 IO 0 9 9 Capacidade do Processo (Cpk) Carta de Controle da Qualidade Manutenção Preventiva Dispositivo a Prova de Falhas Funcionário Qualificado Instruções operacionais e/ou procedimentos Necessidade de Treinamento Registros (inspeções e testes) Taxa de Importância Absoluta 171 126 126 59 54 45 81 54 128 78 78 1000 Relativa (%) 17 13 13 6 5 5 8 5 13 8 8 100 Figura 19 – Matriz de Processo 28 A matriz III fornece várias informações que auxiliam no processo decisório da equipe. Verificamos que os principais processos ordenados são: seleção de fornecedores; comprar e receber ingredientes; e congelar os picolés. Outras matrizes podem ser elaboradas, por exemplo, detalhamento das etapas dos processos para operações e qualificações de funcionários. As matrizes contribuem para o processo decisório oferecendo priorização e orientação dos padrões necessários para o desenvolvimento do produto. Akao preconiza que o processo de desenvolvimento de produtos tem como macro objetivos: redução de custos; aumento de confiabilidade; qualidade; e tecnologia. No nosso caso o desenvolvimento do picolé de maracujá tem como ênfase a qualidade. Para Akao as matrizes previstas no QFD são um meio que deve atender aos objetivos do projeto do novo produto, assim as matrizes que devem ser utilizadas são definidas pela equipe. O conjunto destas matrizes é definido por Akao como modelo conceitual. Para Akao cada PDP deve ter um modelo conceitual, sendo difícil estabelecer um modelo conceitual padronizado para todo PDP. O modelo conceitual utilizado para o desenvolvimento do picolé é composto de 3 matrizes, descritas na figura 20. Figura 20 – Modelo conceitual do PDP picolé de maracujá Um dos principais problemas encontrados na aplicação do QFD são o tamanho das matrizes. 29 Bibliografia: KANO, N. A Qualidade Atrativa e a Qualidade Obrigatória. Business Management Total, São Paulo, 1991. AKAO, Yoji. Quality Function Deployment: Integrating Customers Requirementes Into Product Design. Massachussets, Cambridge, Productivity Press, 1988 CHENG,L.C. et al. QFD - Planejamento da Qualidade. Belo Horizonte: Fundação Christiano Ottoni, 1995.
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