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Fichamento Cultura um conceito antropologico

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LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 1988
Parte 1; Capítulo 4
 A primeira definição de cultura do ponto de vista antropológico pertence a Edward Tylor, observada em seu livro “Primitive Culture” (1871): tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade. Além de definir o conceito, propõe que a cultura por se tratar de um fenômeno natural possa ser objeto de um estudo sistemático que poderia formular leis sobre o processo cultural. Segue um trecho de Tylor: 
“Para mentes educadas parece alguma coisa presunçosa e repulsiva o ponto de vista de que a história da humanidade é parte e parcela da história da natureza, que nossos pensamentos, desejos e ações estão de acordo com leis equivalentes aquelas que governam os ventos e as ondas, a combinação dos ácidos e das bases e o crescimento das plantas e animais.”
 Segundo Laraia, Tylor explica a diversidade baseado nos estágios evolutivos de um povo. Tais estágios teriam como extremo inferior as tribos selvagens e no extremo superior as nações europeias e o resto da humanidade estaria entre os extremos. Para Tylor seria um das tarefas da antropologia demarcar estes estágios a partir de uma escala evolutiva.
 O autor aponta que Tylor se destaca na tentativa de classificação da cultura por não aceitar prontamente todos os relatos de viajantes como verdades. Pelo contrario, questionava e duvidava da veracidade desses relatos.
 A principal crítica do método comparativo começa com o antropólogo Fran Boas, responsável por uma grande geração de antropólogos norte-americanos. Boa critica em seu artigo “The Limitation of the Comparative Method of Anthropology”, no qual propõe no lugar do método comparativo seco, a comparação de resultados obtidos através de estudos históricos das culturas e da compreensão dos efeitos psicológicos e do meio ambiente. V partir disso, Boas desenvolve o particularismo histórico, segundo qual a cultura segue o caminho próprio que os acontecimentos históricos lhe proporcionaram.
 O antropólogo Alfred Koeber em seu artigo “O superorganico” defende que o homem superou suas limitações orgânicas graças a cultura. Kroeber preocupa-se em distinguir o orgânico e o cultural. O homem depende muito do seu equipamento biológico satisfazendo determinadas funções vitais independentes da cultura em que se encontra. A variação na forma de desempenhar essas funções é que difere uma cultura da outra. Assim o homem é predominantemente cultural, pois seus atos dependem do aprendizado, não de uma determinação genética. 
 A espécie humana participante do processo evolutivo sobreviveu apesar de um aparato físico fraco em comparação aos demais animais. As modificações no processo evolutivo do homem diferem da dos outros animais por não ter ou quase não ter modificações anatômicas; o homem obtém os mesmo resultados por outro caminho. Kroeber diz:
“Nossos meios de voar são exteriores aos nossos corpos. O pássaro nasce com um par de asas; nós inventamos o aeroplano. O pássaro renunciou a um par potencial de mãos para obter as suas asas; nós, porque a nossa faculdade não é parte de nossa constituição congênita, conservamos todos os órgãos e capacidade de nossos antepassados, acrescentando-lhes a nova capacidade.”
 Ao defender que o homem superou o orgânico, Kroeber tenta mostrar que o homem teria se libertado da natureza, expandindo os limites de habitat da espécie.
 O homem tem uma lógica de desenvolvimento evolutivo diferente dos demais animais, com poucas ou quase nenhuma perda. Mas ao adquirir cultura, perdeu o instinto animal, ou seja, atos geneticamente pré-determinados são substituídos pelo processo de aprendizagem.
 Laraia diz: “O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado.” O patrimônio cultural é um processo acumulativo de gerações que o antecederam e o uso, pois, desse patrimônio é que vai permitir novas descobertas. A natureza pode criar indivíduos com inteligência acima da média, mas para que tal inteligência se materialize é preciso que esses indivíduos estejam em um meio propício.
 O autor, através do exemplo da criança chipanzé e da criança humana aborda o advento da linguagem, a qual distancia completamente as duas espécies. Através da fala, a cultura é repassada e incorporada pelo ser mais jovem assim como a experiência que este tiver ao longo do tempo. Laraia afirma: “a linguagem humana é um produto da cultura, mas não existiria cultura se o homem não tivesse capacidade de desenvolver um sistema articulado de comunicação oral”.
Parte 1; Capítulo 5
 Segundo estudiosos da paleontologia humana, há uma relação de causa e consequência entre um cérebro mais complexo e a origem da cultura. Entre eles, Kenneth P. Oakley, destaca a habilidade manual proporcionada pela posição ereta e por consequência mais estímulos cerebrais e inteligência.
 Para Lévi Strauss, a origem da cultura est relacionada com a convenção da primeira regra, que para ele seria a proibição do incesto.
 Para Leslie White, o uso do símbolo foi o responsável pela mudança do simples animal ao homem. White diz: “Uma criança do gênero Homo torna-se humana somente usando é introduzida e participa da ordem de fenômenos superorganicos que é a cultura. E a chave deste mundo, e o meio de participação nele, é o símbolo”.
 Pela mesma logica, pensadores católicos defenderam que o homem adquiriu cultura quando o Criador lhe deu a alma imortal, só possível quando o corpo tivesse aparato biológico para tal, ou seja, tivesse evoluído o bastante.
 Diferente das abordagens anteriores, segundo Laraia: “O conhecimento cientifico atual esta convencido de eu o salto da natureza para cultura foi contínuo e incrivelmente lento”.
 O antropólogo Clifford Geertz mostra em seu artigo a transição para a humanidade que o australopiteco africano o qual tinha um cérebro menor que o dos homens atuais não poderia ter uma linguagem como a atual, mas já manufaturava objetos e caçava animais. Assim Geertz conclui que o crescimento do cérebro foi posterior ao início da cultura. Para ele, o homem seria não só produtor da cultura, mas numa abordagem biológica, produto dela.
Parte 1; Capítulo 6 
 O autor baseia-se no artigo “Theories of Culture” de Roger Keesing para classificar as tentativas modernas de conceituar a cultura.
 Nas teorias que tratam a cultura como um sistema adaptativo, difundida por Leslie White e reformulada por outros pode-se sintetizar que “culturas são sistemas que servem para adaptar as comunidades humanas aos seus embasamentos biológicos”; “mudança cultural é primariamente um processo de adaptação equivalente ao da seleção natural. ”
 Nas teorias chamadas idealistas pode-se subdividir em três perspectivas. A primeira é a da cultura como sistema cognitivo, produto dos “novos etnógrafos”. A segunda aborda a cultura como sistema estrutural de criação acumulativa. A terceira considera a cultura como sistema simbólico, desenvolvida pelas vertentes de Geertz e David Schneider. Para Geertz a cultura seria um tipo de programação que os homens, todos eles geneticamente aptos a receber qualquer tipo, recebe uma certa programação e a partir dela age. Já Schneider diz: “Cultura é um sistema de símbolos e significados. Compreende categorias ou unidades e regras sobre relações e modos de comportamento”.
 Por fim, para expressar a infinidade de conceitos sobre cultura, Laraia cita Murdock (1932): “Os antropólogos sabem de fato o que é cultura, mas divergem na maneira de exteriorizar este conhecimento”.
Parte 2; Capítulo 1
 O patrimônio cultural de uma dada sociedade sempre tende a depreciar as maneiras de quem se encontra fora dos limites e padrões de certa cultura. Laraia utiliza o exemplo do preconceito aos homossexuais, um comportamento padronizado em algumas sociedades, mas diferentes em outras. Ou seja, o modo de ver o mundoe o comportamento a partir deste, são produtos de uma herança cultural.
 Segundo o autor, pessoas de diferentes culturas podem ser identificadas por uma série de características, mesmo que sejam consideradas fisiológicas, pois diferem no modo de materializar-se em cada padrão cultural. 
 Resume as exemplificações ao dizer que “todos os homens são dotados do mesmo equipamento anatômico, mas a utilização do mesmo, ao invés de ser determinada geneticamente, depende de um aprendizado e este consiste na cópia de padrões que fazem parte da herança cultural do grupo”.
 A visão do mundo através de sua própria cultura faz com que o homem geralmente tenda a acreditar que sua cultura é a melhor e mais correta em comparação a outras. Tal tendência é denominada de etnocentrismo.
 Para Laraia, a projeção da dicotomia entre nós e os outros de uma mesma comunidade para além dela é o inicio de uma tendência xenófoba.
Universidade Federal da Bahia
Ciências Sociais
Alexandra Helena Batista da Silva
Salvador, 2018

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