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Curso: DIREITO
Disciplina: DIREITO EMPRESARIAL II
PROFESSOR: JURANDI FERREIRA DE SOUZA JUNIOR
2ª ROTEIRO
TÍTULOS DE CRÉDITO
Teorias:
Há várias teorias que procuram explicar a essência dos títulos de crédito. O nosso direito, porém, assim como o da maioria dos países, considera apenas estas:
Teoria da criação: defende que o direito deriva da criação do título através da assinatura. O emitente do título fica ligado à sua assinatura e obrigado perante o futuro portador, credor eventual e indeterminado. A obrigação, porém, só nasce com o aparecimento desse futuro detentor do título.
 Teoria da emissão: sustenta que o direito deriva da emissão voluntária do título, ou seja, apenas a redação e a subscrição não definiriam a vontade do emitente de se obrigar perante um eventual credor. Esta se daria tão somente com o abandono voluntário da posse, seja por ato unilateral, seja por entrega (tradição), aí nascendo a obrigação do subscritor.
Teoria de Vivante:
Sustenta o duplo sentido da vontade. Através de sua teoria, Vivante considera qual o ânimo do devedor quando da entrega do título, de maneira que, para ele existem duas vontades, uma originária, de pessoalidade, com o credor principal, e outra que se concretiza pela liberdade de circulação do crédito. Assim, em relação ao credor principal existe uma relação contratual, e em relação a terceiros possuidores, uma fundamentada na obrigação de firma, pois, é através deste ato que o devedor expressa a sua vontade de se obrigar.
No Direito Brasileiro:
Em nosso direito, ora aparece a teoria da criação, ora a teoria da emissão. O direito brasileiro não se filiou exclusivamente a nenhuma dessas correntes. Podemos dizer que adotou os princípios da teoria da criação com nuances da teoria da emissão, procurando conciliar ambas.
A teoria da criação aparece explícita no art.1506 do C.C.1916: “A obrigação do emissor subsiste, ainda que o título tenha entrado em circulação contra a sua vontade”. E permanece positivada no C.C.2002, no seu art.905, § único: “A prestação é devida ainda que o título tenha entrado em circulação contra a vontade do emitente”.
Já a teoria da emissão, amparava-se no texto do art.1509, do C.C.1916, que diz: “A pessoa, injustamente desapossada de títulos ao portador, só mediante intervenção judicial poderá impedir que ao legítimo detentor se pague a importância do capital, ou seu interesse”. No novo código, tal previsão recebeu nova e mais completa redação através do art.909: “O proprietário, que perder ou extraviar título, ou for injustamente desapossado dele, poderá obter novo título em juízo, bem como impedir que sejam pagos a outrem capital e rendimentos”.
Classificação dos títulos de crédito:
Várias são as opiniões quanto à classificação dos títulos de crédito. Vivante classifica-os quanto ao conteúdo:
Títulos de crédito propriamente ditos: são aqueles que dão direito à prestação de uma coisa fungível. Ex.: letra de câmbio.
Títulos de crédito que servem para a prestação de direitos reais sobre coisas determinadas: tomemos como exemplos o conhecimento de depósito e o conhecimento de frete ou transporte.
Títulos de crédito que atribuem a qualidade de sócio: podem ser exemplificados pelas ações das sociedades anônimas. Através dos certificados atribuídos a cada sócio, estes podem ou não desempenhar determinada função na empresa.
Títulos de crédito que dão direito a algum serviço: são comumente encontrados no nosso dia a dia. Ex.: entrada de cinema, bilhetes de viagem etc.
- Rubens Requião, ao lado de outros doutrinadores, classifica-os quanto à natureza jurídica ou hipótese de emissão, em:
Abstratos ou não-causais: são aqueles que independem de qualquer causa ou origem da obrigação, são autônomos. Para Rubens Requião são os mais perfeitos, pois deles não se indaga a origem. Podem ser emitidos em qualquer hipótese. Ex.: cheque e nota promissória.
Limitados: são os que não podem ser emitidos em algumas hipóteses definidas em lei. Ex: a letra de câmbio não pode ser sacada pelo comerciante para documentar crédito nascido de venda mercantil, para tanto existe a duplicata.
Causais: são aqueles que estão vinculados à sua origem ou ao negócio que lhe deu causa. Apesar de aparentemente ferirem o princípio da autonomia, são considerados como títulos de crédito por serem transferíveis por endosso, o que lhes garante a circulação. Somente podem ser emitidos nas hipóteses autorizadas por lei. Ex.: duplicata mercantil.
Fábio Ulhoa, além do critério acima, classifica ainda os títulos de crédito conforme veremos:
- Quanto ao modelo:
Vinculados: são aqueles títulos de crédito que somente produzem os efeitos cambiais se atenderem o padrão exigido. O emitente não tem a liberdade de escolher a disposição formal dos elementos essenciais à criação do título. Ex: cheque e duplicata.
Livres: são aqueles títulos em que, por não existir previsão de um padrão de uso obrigatório, o emitente pode dispor como quiser os elementos essenciais à formação do título. Porém, os seus requisitos devem ser observados, para que sejam considerados como títulos de crédito. Ex.: nota promissória.
- Quanto à estrutura ou comando que encerram:
Ordem de pagamento: são títulos que representam uma ordem de entrega imediata. Ex.: cheque e letra de câmbio. Geram três situações jurídicas distintas: 
Sacador: quem ordenou a realização do pagamento.
Sacado: a quem se dirige a ordem e que irá cumpri-la se atendidas as condições para o seu cumprimento.
Tomador: que é o beneficiário da ordem.
Promessa de pagamento: encerra um compromisso de entrega futura. Ex.: nota promissória. Gera apenas duas situações jurídicas:
Promitente: assume a obrigação de pagar.
Beneficiário da promessa: aquele que detém o direito de receber, podendo transferi-lo para outrem.
- Quanto ao modo de circulação:
Títulos ao portador: não ostentam o nome da pessoa beneficiada. Tem a inscrição “ao portador” em seu texto ou não explicita o beneficiário. A sua circulação se dá pela simples tradição, entendendo-se como proprietário o seu detentor. Tem uma circulação fácil, porém insegura, uma vez que a simples tradição sem endosso não responsabiliza. O direito brasileiro, hoje, não admite títulos ao portador (Lei 8021/90).
Títulos nominativos à ordem: são aqueles em que está explícito o nome do beneficiário, identificando no próprio documento o titular do crédito ou direito nele representado. A sua circulação ou transmissão se opera pelo endosso, ato típico da circulação cambiária. Endossados em branco, funcionam quase como títulos ao portador. Tem uma circulação fácil e segura.
Títulos nominativos não à ordem: também trazem em si o nome do beneficiário, porém a cláusula “não à ordem” impede que circule mediante endosso. Essa condição precisa ser explicitada. A sua circulação se opera mediante contrato de cessão civil de crédito. Tem circulação extremamente segura, mas não fácil.
No código Civil de 2002, porém, o conceito de título nominativo difere. Seriam os títulos em que o nome do favorecido consta de registro do emitente (art.921) e cuja circulação depende de alterações neste registro. No direito brasileiro não há títulos que atendam essa condição.
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