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Bioquímica 2 – Corpos Cetônicos 1 – Momento do Metabolismo Os corpos cetônicos são formados quando o organismo está degradando muitos aminoácidos, e isso ocorre quando o mesmo está sobre efeito do hormônio glucagon. A alta concentração de glucagon no organismo pode ser causada principalmente por duas coisas. A primeira causa, e mais comum, é o jejum prolongado, pois as taxas de glicose no sangue ficam baixas, então o organismo passa a mandar a glicose das células para a rede sanguínea e passa a aumentar a taxa de beta oxidação (degradação de lipídios), com o intuito de gerar energia. A outra situação que faz com que uma pessoa possua altas taxas de glucagon é a diabetes, já que a diabetes tipo 1 prejudica a produção de insulina e a tipo 2 anula a reposta do organismo à insulina. Sem a insulina no caminho, o glucagon se torna o hormônio dominante do metabolismo energético do diabético, que passa a agir como se o indivíduo estivesse sempre em jejum. O glucagon então promove a quebra de lipídios, e consequentemente, a geração de corpos cetônicos. 2 – Geração de Corpos Cetônicos Durante a beta oxidação são produzidos muitas moléculas de Acetil-Coa, que são mandadas para o ciclo de Krebs. Entretanto, se a pessoa está com falta de glicose ou sem condições de degradar glicose (diabetes), o organismo dá preferência a uma outra rota para a Acetil-Coa. Essa via alternativa do organismo é juntar duas moléculas de Acetil-Coa, gerando uma molécula de acetoacetato e liberando duas coenzimas A, que serão mandadas para a beta oxidação, que é um processo dependente de coenzima A, que gera boa quantidade de energia e que não depende de glicose. O acetoacetato é o principal corpo cetônico, mas existem outros dois, que são derivados dele. O primeiro é o D-Beta-hidroxibutirato, que é formado a partir da redução do acetoacetato, e o segundo é a acetona, que é grada a partir da descarboxilação do acetoacetato. 3 – Função dos Corpos Cetônicos Os corpos cetônicos servem como fonte de energia para alguns tecidos do corpo, principalmente o tecido muscular e nervoso, que são dois tecidos que consomem muito ATP. As hemácias, que são tecidos que não possuem mitocôndria, não são capazes de consumir corpos cetônicos e nem ácidos graxos, mas apenas glicose. Além disso, é através da formação dos corpos cetônicos que o organismo é capaz de continuar a beta oxidação, já que esse processo libera duas coenzimas A. 4 – Por que o Ciclo de Krebs não funciona sem glicose? Quando o organismo está com baixa de glicose, ele passa a fazer gliconeogênese, que é o processo de formação de glicose a partir de moléculas que não são carboidratos. Uma das principais maneiras de fazer a gliconeogênese é a partir da molécula de oxalacetato, que é o componente que se une à Acetil-CoA para iniciar o ciclo. Na gliconeogênese, oxalacetato é convertido em fosfoenolpiruvato, que depois é transformado em glicose. Portanto, vão ter muito menos moléculas de oxalacetato disponíveis para ocorrer o ciclo de Krebs, o que geraria um acúmulo de Acetil-Coa. Entretanto, exatamente para evitar esse acúmulo de moléculas fora de uma via metabólica, que ocorre a cetogênese, ou seja, a formação de corpos cetônicos. 5 – Formação do Acetoacetato Reação 1: Duas moléculas de Acetil-CoA se unem, gerando Acetoacetil-CoA. Enzima: Tiolase Consequência: Libera uma Coenzima A e gera uma molécula de 4 carbonos. Reação 2: Acetoacetil-Coa se une com uma outra molécula de Acetil-Coa, gerando um HMG-CoA. Enzima: HMG-CoA sintase mitocondrial, que é uma enzima presente principalmente nas células do fígado. Consequência: Libera uma Coenzima A e gera uma molécula de 6 carbonos. Reação 3: Quebra da molécula de HMG-Coa, gerando acetoacetato e liberando uma nova molécula de Acetil-Coa. Enzima: HMG-Coa liase Consequência: Essa reação finaliza a geração do acetoacetato e libera uma Acetil-Coa, para poder ser utilizada no ciclo de krebs ou na formação de mais corpos cetônicos. Obs: A geração do D-Beta-hidroxibutirato depende da redução do acetoacetato, que é um processo que ocorre para oxidar as moléculas de NADH de volta para a forma de NAD+, permitindo assim que a beta oxidação se mantenha. Obs: A síntese de corpos cetônicos ocorre na matriz mitocondrial, principalmente das células hepáticas, que se localizam no fígado. 6 – Cetoacidose Diabética Como já foi visto, a diabetes é a patologia que inibe e produção ou a ação da insulina. Sem insulina, o transportador glut 4, presente nos músculos e nos adipócitos, não é ativado, portanto, esses tecidos se tornam incapazes de absorver a glicose do sangue. O organismo, então, entenderá como se estivesse sempre sem glicose, o que vai ativar a produção de hormônios catabólicos. Esses hormônios são o Glucagon, o ACTH (cortisol) e o GH. Esses hormônios catabólicos vão promover a quebra de moléculas que não são carboidratos para gerar glicose. As proteínas serão transformadas em piruvato, que irá pra produção de glicose através de gliconeogênese, e amônia, que ficará na circulação sanguínea. Os triglicerídios serão transformados em glicerol, que irá para a gliconeogênese, e ácidos graxos. Os ácidos graxos dos triglicerídios são oxidados e liberam Acetil-Coa, o que promoverá a formação de corpos cetônicos. Juntando todos os fatores citados acima, é visto que um diabético pode apresentar: Hiperglicemia, acúmulo de ácidos graxos no sangue, acúmulo de amônia no sangue e cetoacidose. A hiperglicemia gera no organismo a necessidade de eliminá-la, o que gera poliúria, eliminação de grande volume de urina, além disso, a urina do diabético costuma apresentar altas taxas de glicose. O problema da poliúria é que, se ela for muito intensa, pode vir a causar desidratação e hipotensão, por falta de água e eletrólitos no organismo. A falta de sódio, um eletrólito essencial para o organismo, gera a hiponatremia, que pode causar danos no sistema nervoso, já que não há potencial de ação sem sódio. Esses danos no sistema nervoso podem causar lentidão, tremores e até mesmo coma. O excesso de corpos cetônicos causa acidose, pois os grupamentos cetona e álcool tem pH ácido. Quanto a isso, o corpo tenta aumentar o pH sanguíneo através da liberação de CO2, o que faz com que os diabéticos apresentem maior frequência respiratória (taquipneia), que vem acompanhada de um odor característico de pessoas com diabetes, que é o hálito cetônico, decorrente do excesso de corpos cetônicos no organismo.
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