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Homicídio

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Professora Letícia de Jesus Pereira
Especialista em Direito Penal e Processo Penal
Homicídio
Homicídio simples
Art. 121: Matar alguém: 
Pena: reclusão de 6 a 20 anos
Elementos do Tipo
Núcleo: Matar
Objeto Jurídico: a vida humana (alguém) extrauterina.
Objeto material do delito: é a pessoa contra a qual recai a conduta praticada.
Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum)
Sujeito passivo: qualquer pessoa (crime comum)
Elemento subjetivo: dolo, mas admite a modalidade culposa.
Consumação: no momento da morte da vítima, que se verifica com a cessação da atividade encefálica – art. 3º da Lei 9.434/97.
Há discussão na doutrina acerca de quando deve considerar o início da vida. Para alguns doutrinadores a vida começa com o início do parto, com o rompimento do saco amniótico. Quando se tratar de parto cesariano, deve-se considerar o começo da vida com o início da operação, ou seja, pela incisão abdominal. Outros, por sua vez, entendem que a vida protegida por este tipo penal é a destruição da vida extrauterina.
Recaindo a conduta sobre uma pessoa já sem vida (morta) o crime é impossível por impropriedade absoluta do objeto (art. 17).
Admite tentativa: por isso se diz que é um crime plurissubsistente – o iter criminis pode ser fracionado.
Ação penal é pública incondicionada
Competência para julgar é do Tribunal do Júri – art. 5º, XXXVIII, “d” (exceto nos casos em que for homicídio culposo – de competência do juízo comum).
Quando homicídio for praticado por militar contra civil será competente a justiça comum, salvo se no contexto da ação militar.
Classificação doutrinária
Crime comum – tanto em relação ao sujeito ativo quanto passivo, pois pode ser praticado por qualquer pessoa e contra qualquer pessoa. 
Simples
Crime de forma livre (em regra, pois há modalidades no homicídio qualificado que indicam os meios e modos para a prática do delito – incisos III e IV do §2º)
Crime de dano: há uma efetiva lesão ao bem jurídico protegido
Pode ser doloso ou culposo
Em regra é comissivo, mas pode ser omissivo impróprio (quando o agente possuir o status de garantidor – ex. mãe que deixa de alimentar seu filho até que ele morra).
Crime material – a consumação depende de um resultado naturalístico (morte de alguém).
Crime instantâneo para alguns doutrinadores ou instantâneo de efeitos permanentes para outros (GRECO), pois independe da vontade do agente retornar à situação anterior.
Não transeunte: deixa vestígios. Por ser um crime material e não transeunte, é indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto (art. 158 e 167 do Código de Processo Penal).
Monossubjetivo: a conduta núcleo pode ser praticada por uma única pessoa
Plurissubsistente: pode haver o fracionamento do caminho do crime, pois é visualizável o “passo a passo”.
§1º - homicídio privilegiado – causa especial de redução de pena (minorante). 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Crítica exposta por Greco – para que pudesse realmente gozar do status de privilegiado as penas mínima e máxima previstas no parágrafo deveriam estar previstas no próprio parágrafo, menores do que as do caput. Assim sendo, não estaríamos diante de uma privilegiadora, mas sim uma causa de diminuição de pena, a ser aplicada na terceira fase de dosimetria da pena.
Embora a Lei tenha dito “o juiz pode”, não se trata de uma faculdade do julgador, pois ocorrendo uma das situações previstas no §1º o agente tem direito de ter reduzida a sua pena (OBRIGATORIEDADE)
a) motivo de relevante (importante) valor social ou moral: 
Relevante valor social atende aos interesses da coletividade.
Ex. mata o traidor da pátria, um político corrupto, etc.
Relevante valor moral diz respeito a interesse particular do autor do homicídio, aprovado pela moralidade média e considerado nobre e altruísta. Envolve sentimento de piedade, misericórdia, compaixão.
Ex. eutanásia, pai que mata o estuprador da própria filha, etc.
Obs: é considerado crime a eutanásia. Entretanto existe divergência quanto a ortotanásia que consiste na morte no tempo certo, ou seja, o médico deixa de ministrar medicamentos, operações ou intervenções que prolonguem artificialmente a vida do paciente, portadora de doença incurável, em estado terminal, e irremediável, já desenganada pela medicina.
b) domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima.
Sob o domínio – completamente dominado pela situação, o agente perde a sua capacidade de autocontrole (se estiver tão somente sob a influência não será homicídio privilegiado, mas garante a aplicação de uma atenuante – art. 65, III, “c”, CP).
Emoção – é aquela que se apresenta intensa, provocando certo choque emocional. A frieza na ação exclui a emoção tratada no parágrafo primeiro.
Atenção: Os Tribunais têm aceitado a violenta emoção do marido que apanha sua esposa na cama com outro.
Logo em seguida – de imediato, o que não quer dizer que não caiba espaço de tempo. O que a lei busca evitar é que o agente fique arquitetando uma vingança.
Os julgados consideram imediata toda reação praticada durante o período de domínio de violenta emoção, o que dependerá da análise do caso concreto.
Obs: se o juiz não puder aplicar a causa de diminuição ou porque o criminoso não estava dominado, ou por causa do lapso temporal aplica-se as circunstancias que atenuam a pena (art. 65, III, “a” e “c”).
 
c) Injusta provocação da vítima.
Vale ressaltar que provocação não se confunde com agressão, pois se for agressão pode-se aplicar a legítima defesa.
Ex. situações de desprezo, humilhação, zombaria, etc.
As circunstâncias do parágrafo primeiro do art. 121 são incomunicáveis, pois estas circunstâncias não interferem na qualidade do crime, mas tão somente na quantidade da pena. Assim menciona o art. 30 da parte geral do CP: 
Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
Homicídio qualificado – é considerado crime hediondo, repercutindo, assim, no regime inicial de pena.
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Podemos dividir as qualificadoras em 4 grupos: 
motivos: I e II
meios: III
modos: IV
fins: V
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Paga é o recebimento prévio; enquanto que promessa é o convencionado para momento posterior.
Paga ou promessa é o homicídio mercenário ou por mandato remunerado. O executor é movido pela ganância do lucro, isto é, em troca de alguma recompensa prévia ou expectativa do seu recebimento. Esta recompensa deve possuir valor econômico.
Neste caso falamos em concurso necessário ou bilateral, do qual é indispensável a participação de, no mínimo, duas pessoas: mandante e executor.
De acordo com Rogério Greco, esta qualificadora não se comunica ao agente que manda executar, somente àquele que recebe a quantia ou aceita o futuro pagamento. Menciona ainda que na hipótese do pai que manda matar o estuprador da sua filha, terá ele praticado o homicídio privilegiado (motivo de relevante valor moral). Enquanto aquele que foi contratado para executar o delito deverá responder pelo homicídio qualificado, mediante pagaou promessa de recompensa.
Entretanto, há precedentes no STF afirmando que esta qualificadora deve ser aplicada ao mandante e executor.
Para Nucci e Greco paga ou promessa são formas específicas de torpeza.
Motivo torpe é aquele motivo repugnante, que provoca nojo, sensação de repulsa, é aquele moralmente reprovável.
Ex. pessoa que manda matar o co-herdeiro.
É discutível se a vingança pode ser considerada em todo caso como motivo torpe. De acordo com o STJ e STF, é imprescindível a análise do caso concreto, para se determinar a torpeza.
II - por motivo fútil;
É o motivo insignificante, desproporcional ao resultado.
Ex. matar dono do bar por se recusar vender bebida fiado.
Segundo Greco matar sem motivo é ainda pior do que matar por motivo fútil. Bem assim, não seria razoável punir de forma mais severa aquele que comete o crime por motivo fútil, e de forma mais branda (homicídio simples) aquele que mata sem motivação nenhuma, só por matar.
Para Damásio de Jesus não deve ser confundido.
Por algum tempo o ciúmes foi tido como motivo fútil. Depois passou a ser considerado motivo torpe. Atualmente a larga doutrina não entende o ciúme como motivo fútil ou torpe.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.
São os meios utilizados pelo agente para a prática da conduta
Veneno: difícil a conceituação, pois dependerá do caso concreto. Dar açúcar a um diabético, por exemplo, poderia ser visto como veneno. Pode ser qualquer substância biológica ou química, mineral, animal ou vegetal. (SANCHES)
Fogo ou explosivo: qualquer substância capaz de causar explosão.
Asfixia: pode ser mecânica (enforcamento, estrangulamento, afogamento, esganadura) ou tóxica (produzida por gases).
Tortura: é meio cruel que causa excessivo sofrimento físico ou mental.
Obs: não confundir com o art. 1º da Lei de Tortura (Lei nº 9.455/1997) em que prevê o crime de tortura, qualificado pelo resultado morte (§3º), pois aqui a tortura é um fim em si mesmo; a intenção é de torturar com o fim de obter informação, confissão, declaração, etc.
Insidioso – meio dissimulado na sua eficiência maléfica. Ex. dar veneno pra pessoa misturado à sua comida.
Cruel – é meio que aumenta o sofrimento da vítima. Ex. vítima é esquartejada viva; vítima é obrigada a ingerir veneno sabendo que este vai ser a causa de sua morte.
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
Traição – é a ação do agente que colhe a vítima por trás, desprevenida, sem ter qualquer visualização do ataque.
Ex. atirar pelas costas ou enquanto a vítima está dormindo
Emboscada – sinônimo de tocaia, o agente aguarda escondido em determinado local, a passagem da vítima para matá-la. Pressupõe ocultamento do agente, que ataca a vítima com surpresa. Denota maior covardia e perversidade do delinquente (Sanches).
Dissimulação – ocultar a verdadeira intenção, agindo com hipocrisia. O agente, fingindo amizade ou carinho, aproxima-se da vítima com o fim de matá-la.
Recurso que dificulta ou torne impossível a defesa da vítima: vítima que esteja dormindo, embriagada, superioridade de agente. Exige a surpresa no ataque.
Segundo a doutrina majoritária, a superioridade de armas ou o emprego de armas contra vítima desarmada não qualifica o homicídio.
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime.
Esta qualificadora deverá ter relação com outro crime, havendo assim conexão.
Ex. mata testemunha de um roubo; mata perito que vai apurar um estupro; mata co-autor de um roubo ou furto para ficar com a coisa.
Feminicídio
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I - violência doméstica e familiar;
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Para que incida a qualificadora é necessária uma situação de violência praticada contra a mulher, em contexto caracterizado por uma relação de poder e submissão, praticada por homem sobre mulher em situação de vulnerabilidade. 
Tem precedente no STJ de aplicação da Lei Maria da Penha numa agressão de mulher contra mulher, no caso concreto eram mãe e filha.
Antes da Lei nº 13.104 de 2015, o crime praticado nestas condições já era qualificado, tendo em vista que a maioria dos julgados considerava uma forma de torpeza.
De acordo com Rogério Sanches, matar mulher sem o menosprezo à sua condição de mulher é femicídio. Enquanto que matar mulher, movido pelo menosprezo à sua condição é feminicídio.
Conceito de violência doméstica e familiar é encontrado no artigo 5º da Lei 11.340 de 2006:
Art. 5º Para os efeitos desta lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
Ex. O maníaco do parque é um exemplo de agente que praticava o estupro em concurso com o feminicídio.
O Transexual pode ser sujeito passivo do crime de feminicídio? 
Duas correntes se formam. A primeira, conservadora, não permite essa interpretação extensiva, tendo em vista que geneticamente o transexual não é mulher (apenas passa a ter o órgão genital feminino em decorrência de uma cirurgia). Entretanto, para a doutrina moderna, o transexual que, além da cirurgia também muda o seu nome civil mediante ação judicial própria, deve ser considerado mulher para os efeitos civis e penais. Nesse sentido, Greco, Sanches e TJMG.
O travesti não pode ser considerado sujeito passivo do feminicídio, vez que é homem, e assim deve ser tratado.
De acordo com os ensinamentos de Sanches, esta qualificadora é subjetiva, ou seja, trata-se do motivo pelo qual o homicídio é praticado, contra mulher por razões da condição do sexo feminino.
Entretanto, não coaduna com o entendimento de Sanches a decisão do TJDF, que entendeu ser objetiva a qualificadora do feminicídio, bastando que no caso concreto observe se a vítima é mulher e se a violência se deu no contexto doméstico e familiar ou com menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
Competência para o juízo de pronúncia: Nas comarcas em que há vara privativa do Júri, todo o processo, do início ao fim será desta Vara. Nas localidades onde não tenham esta vara, competente será da Vara Criminal Comum ou Vara Especializada em Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, conforme o que dispuser a Lei de Organização Judiciária do Estado.
Homicídio Funcional
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
A previsão legislativa desta situação qualificadora é diminuir os crimes contra aqueles que atuam na área da segurança pública.
O art. 142 da CF abrange as Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, que atuamsob a autoridade suprema do Presidente da República.
Art. 144 temos: a polícia federal, polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, polícia civil, polícia militar e corpo de bombeiros.
E os guardas municipais? Entende Sanches que deve incidir a qualificadora (art. 144, §8º, CF), não sendo esta a posição dominante, no entanto.
Força Nacional de Segurança Pública: é um agrupamento de polícia da União que assume o papel de polícia militar em situações excepcionais nos estados brasileiros, sempre que houver situação de risco para a ordem pública.
Esta qualificadora tem caráter subjetivo, incompatível, portanto com o homicídio privilegiado.
Atenção: havendo mais de uma qualificadora, a primeira deve servir para qualificar o delito e a segundo, se previsto nas agravantes, art. 61, deve ser aplicada na segunda fase de dosimetria da pena. Quando não estiver prevista no art. 61, deve ser observada na primeira fase, como circunstâncias judiciais.
Homicídio Qualificado-Privilegiado
Pode haver o crime qualificado-privilegiado? De acordo com a doutrina e jurisprudência majoritária somente é admissível quando as qualificadoras sejam de natureza objetiva (meios – III e modos – IV). Neste caso, entende o STJ que não deve ser tratado como crime hediondo, por ausência de previsão legal.
Atenção: Latrocínio vai a júri? Não, pois não se trata de um crime doloso contra a vida, mas contra o patrimônio.
Homicídio culposo - §3º
Sendo culposo o homicídio a pena é de detenção de um a três anos.
Imprudência – Prática de um ato perigoso. (culpa positiva)
Negligência – deixar de fazer aquilo que a cautela recomenda (culpa negativa)
Imperícia – falta de aptidão para o exercício de arte, ofício ou função (culpa profissional).
Aumento de Pena
§4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício*, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
São duas as regras previstas no parágrafo quarto. A primeira relativa ao crime culposo, segundo a doutrina não pode ser confundida com a imperícia, pois nesta o agente não tem conhecimentos técnicos, enquanto que na causa de aumento ele os possui, mas deixa de usá-los (CULPA PROFISSIONAL).
Ex. médico especialista em cirurgia cardíaca que corta um nervo do paciente por descuido. Se a cirurgia fosse feita por um não especialista, teríamos a simples imperícia.
Deixar de prestar socorro à vítima – pedreiro que do décimo andar deixa cair um saco de cimento, vindo a atingir uma pessoa que passava por lá. Terá ele o dever de prestar o socorro.
Se a morte for instantânea não se exige que socorra um cadáver. Entretanto, não cabe ao agente fazer esse juízo de valor, pois se restar dúvidas deverá socorrê-lo.
Art. 304 parágrafo único CTB.
Socorro prestado por terceiro – o agente queria prestar socorro, mas tinha pessoas mais capacitadas para isso. Não deve incidir a qualificadora.
Bem assim, também não incidirá quando para prestar o socorro o criminoso tenha que expor a sua própria vida a perigo.
Se não pode prestar socorro pessoalmente pode chamar ambulância.
Não procura diminuir as consequências do seu ato, como, por exemplo, não compra medicamentos ou arca com o tratamento da vítima.
Fugir para evitar prisão em flagrante: Nucci critica esta causa de aumento de pena, pois, segundo afirma, ninguém é obrigado a se autoincriminar (Convenção Americana sobre Direitos Humanos).
Sendo doloso – Simples, privilegiado ou qualificado, contra pessoa menor de 14 anos e maior de 60 anos. A idade da vítima deve ser de conhecimento do agente. Aplicando esta causa de aumento não deve incidir a agravante genérica, sob pena de bis in idem.
Perdão Judicial
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
Aqui também não se trata de uma faculdade do juiz, mas direito subjetivo do réu, desde que atendidos os requisitos. 
O Estado perde o interesse de punir. A pena se torna desnecessária, dada a situação de sofrimento do agente.
Ex. o agente mata (culposamente), mas fica paraplégico; esquece o seu filho no carro e este vem a falecer.
Natureza Jurídica da Sentença que concede o perdão judicial: Súmula nº 18 do STJ: “A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório”.
Causa de Aumento de Pena
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
Milícia privada é agrupamento armado e estruturado de civis com a pretensa finalidade de restaurar a segurança em locais controlados pela criminalidade, geralmente remunerados por empresários e moradores da localidade.
Grupo de extermínio: é a associação de matadores (justiceiros) que buscam exterminar pessoas perigosas ou etiquetadas como marginais. Podem ser civis ou não.
Doutrina entende que precisamos de no mínimo 3 pessoas para a formação da milícia privada ou grupo de extermínio, por aproximar-se ao conceito de associação criminosa (art. 288, CP).
Outros, no entanto, entendem que é preciso, no mínimo, 4 pessoas, pois o conceito aproxima-se mais com o de organização criminosa, previsto na Lei nº 12.850/2013.
Causa de Aumento no Feminicídio
A Lei que prevê o feminicídio ainda fez uma alteração no CP, estabelecendo como causa de aumento de pena as seguintes situações:
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. 
Entendimentos do STF: se o homicídio foi cometido na direção de veículo automotor em virtude de pega, teremos aqui o dolo. Creio eu que na sua modalidade de dolo eventual (art. 121, CP – dolo eventual).
Se o homicídio é cometido na direção de veículo automotor por pessoa embriaga, tem-se que observar se a embriaguez foi preordenada, ou seja, se a pessoa se embriagou para praticar o ilícito ou assumir o risco de produzi-lo, o agente é punido a título de dolo. Entretanto, se a embriaguez foi voluntária, e o agente podia prever que, em tal estado, poderia vir a cometer o crime, a pena é aplicável a título de culpa. (art. 302, §2º do CTB – CULPA CONSCIENTE).
Há criticas em relação aos dois entendimentos. No primeiro não concordam alguns doutrinadores, haja vista que, aquele que participa desse tipo de competição acredita piamente nas suas habilidades enquanto motorista, e que nenhuma lesão ou morte será produzida.
Quanto ao segundo entendimento, Rogério Sanches exemplifica: João dirige um veículo automotor embriagado, em alta velocidade e ignora sinais de parada obrigatória, acabando por atropelar um pedestre, não se constatando no local, marcas de frenagem. Neste caso, o que se pode concluir é que o agente atuou com dolo eventual, devendo ser punido nas penas do art. 121 do CP.
Transmissão do vírus HIV: de acordo com Rogério Sanches, se a pessoa contaminada tem a vontade de transmitir a doença, tem relações sexuais sem proteção, pratica homicídio, tentado ou consumado conforme o caso. Se, no entanto, pratica relações sexuais com a devida proteção, mas mesmo assim acaba transmitindo a doença, deve responder por lesão corporal culposa ou homicídio culposo, no caso de mortedecorrente da doença.
Tem entendimentos no STJ afirmando que a transmissão dolosa do vírus HIV deve ser caracterizada como lesão corporal gravíssima, enquadrando-se como doença incurável, nos termos do art. 129, §2º, II, CP.
Ação Penal – Pública Incondicionada, em qualquer modalidade de homicídio.

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