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trabalho de ética opinião

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1 INTRODUÇÃO
Vivemos num contexto social cujos paradigmas estão se transformando rapidamente.
Os valores são trocados, renovados e invertidos. Vivemos um grande caos moral. 
É comum encontrarmos pessoas que não sabe discernir entre o ato moral “correto” e o “incorreto”. Justiça e injustiça são valores que se perderam no tempo criando confusão na sociedade, e ela não está sabendo lidar com muitas questões éticas ultimamente. As pessoas estão muito indecisas entre o bem e o “mal”. 
Diante dessa confusão, a ética cristã, vem mostrando e confrontando os valores morais e os princípios ideais para uma boa conduta humana. Vou abordar alguns assuntos que podem ser ou causar problemas éticos em várias situações. 
Não cabe aqui, fazer qualquer tipo de juízo de valores sobre os assuntos escolhidos (suicídio, eutanásia, pena de morte ou legitima defesa). São assuntos abrangentes e controvertidos. 
São temas bem polêmicos, que trazem até discussões acaloradas entre as pessoas com suas particularidades. 
Minha intenção não é dizer se é certo ao errado as atitudes tomadas pelas pessoas diante dos assuntos, apenas abordá-los e explicá-los da melhor maneira possível dentro do trabalho. 
Iremos apresentar nesse trabalho as definições de cada um, o que a sociedade no geral pensa sobre o assunto e o modo como a Bíblia ensina que devemos tratá-los. 
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Suicídio
O termo suicídio vem da língua latina (sui, que significa “próprio”; e caedere, que significa “matar”). O suicídio se caracteriza pela impossibilidade do indivíduo encontrar diferentes alternativas de solução para seus conflitos. E estando em crise, acaba optando, finalmente, pela morte. Em outras palavras, estando o indivíduo num momento de profunda perturbação, pode se ver impossibilitado de lidar com o enfrentamento de seus problemas, não encontrando, assim, o devido equilíbrio com o meio social, projetando na morte a saída mais apropriada para estancar a dor do viver.
O tema, pela sua complexidade, é assunto de grande desafio para qualquer linha de pesquisa que se disponha a tratar do fenômeno, justamente pelas diversas vertentes que se abrem: sociológica, psicológica, teológica, eclesiástica, clínica, psicopatológica, dentre outras.
Os fatores que levam ao suicídio são os mais diversos; sendo de ordem interna (saúde emocional ou física) ou de ordem externa (desemprego, pressão social ou relacional, fatores culturais, biológicos, econômicos etc.). Apesar da complexidade e dos tabus que envolvem o assunto suicídio, o que se tem apurado sobre o fenômeno é algo que impressiona. 
Os números apresentados pelas pesquisas e que revelam a grande incidência de tentativas e de atos consumados presentes no mundo todo, levou a Associação Internacional de Prevenção de Suicídio (instituição governamental vinculada oficialmente à Organização Mundial de Saúde), a estabelecer o dia 10 de setembro como o Dia Mundial de Prevenção de Suicídio, com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para uma ação global no enfrentamento do assunto reconhecidamente grave. 
A Bíblia apresenta alguns relatos históricos de suicídio. O Antigo Testamento relata cinco episódios de suicídio (Juízes 9:54, I Samuel 31:4-6, II Samuel 17:23, I Reis 16:18, Juízes 16:26-31). Já no Novo Testamento, há o registro do tão conhecido suicídio de Judas Iscariotes. 
Não são poucos os que acreditam que a morte por suicídio acaba sendo um atestado de maldição e rejeição divina. Isso resulta num enorme transtorno para os familiares sobreviventes, trazendo insegurança e bloqueios emocionais, muitas vezes chegando ao constrangimento na relação social com os demais membros da comunidade religiosa. 
A Bíblia, em parte alguma proíbe expressamente o suicídio, mas reconhece-o como consequência de pecado. Embora o suicídio não seja aprovado por Deus, cremos que Ele é justo juiz, e que há de julgar todas as coisas até as que estão escondidas.
2.2 Pena de morte 
O termo “capital” é derivado do latim capitalis, que quer dizer “referente à cabeça”, na tradução literal. Neste caso, a palavra é uma alusão ao ato da decapitação, método de execução da pena de morte bastante comum na Idade Média. 
Pena de morte é um tipo de condenação criminal prevista e regulamentada de acordo com a lei e sistema jurídico da região em que é aplicada. Também conhecida como pena capital, está sentença é utilizada por diversas sociedades ao longo de toda a história da humanidade. 
Atualmente, a aplicação das penas de morte como método punitivo é tema de grande discussão entre a comunidade internacional, principalmente entre os países que praticam estes atos e as organizações em prol dos direitos humanos. A pena de morte não está oficializada no Brasil, entretanto, existe na dura realidade da vida de muitas pessoas. Um exemplo disso são os traficantes de drogas que tem suas próprias regras para punição e geralmente essa punição é a morte. 
São vários os países que praticam a pena de morte como punição. Os países que se destacam são: Estados Unidos - alguns Estados (enforcamento, injeção letal, fuzilamento entre outros); Afeganistão (enforcamento e fuzilamento); Arábia Saudita (decapitação e apedrejamento); Bangladesh (enforcamento e fuzilamento); Bielorrússia (fuzilamento); Botsuana (enforcamento entre outros); China - menos Macau e Hong Kong (fuzilamento e injeção letal); Coreia do Norte (enforcamento e fuzilamento); Emirados Árabes Unidos (fuzilamento e apedrejamento); Etiópia (fuzilamento); Egito (enforcamento); Gâmbia (enforcamento e fuzilamento); Guiné Equatorial (enforcamento e fuzilamento); Iêmen (fuzilamento e apedrejamento); Índia (enforcamento e fuzilamento); Indonésia (fuzilamento e apedrejamento); Irã (fuzilamento, decapitação, apedrejamento, fuzilamento entre outros); Iraque (enforcamento e fuzilamento); Japão (enforcamento); Jordânia (enforcamento); Libano (enforcamento e fuzilamento); Líbia (fuzilamento); Malásia (enforcamento); Nigéria (fuzilamento, enforcamento e apedrejamento); Omã (enforcamento e fuzilamento); Paquistão (enforcamento e fuzilamento); São Cristóvão e Nevis (enforcamento); Síria (enforcamento e fuzilamento); Somália (fuzilamento); Sudão (apedrejamento entre outros); Sudão do Sul (enforcamento); Tailândia (injeção letal); Taiwan (fuzilamento e injeção letal) e Vietnã (fuzilamento e injeção letal). Existem outros países onde consta a pena de morte mas são raramente praticadas. 
A questão da violência em nosso tempo ultrapassa todas as fronteiras. Para a sociedade em geral, deve-se realizar um grande trabalho de prevenção ao crime, que implica reorganização da economia, da participação política, da educação cultural, da recriação dos valores morais. Porém ainda há muitas discussões com relação a isso. 
Quem é a favor argumenta que é uma questão de justiça; a vida humana tem que ser levada a sério; o sexto mandamento não exclui a pena de morte e que ela serve para proteger vidas inocentes. 
Já a alegação dos contras é que precisamos ter mais misericórdia, pessoas inocentes são erroneamente condenadas à morte e que o governo acaba que abusando e condenando atos não tão fortes assim a pena de morte. 
Apesar de no Antigo Testamento aparecer com frequência passagens sobre a pena de morte, elas não servem para uma interpretação favorável ao contexto de hoje. É preciso levar em conta o contexto cultural próprio daquele tempo onde a vingança privada era incentivada como uma questão de honra. O que atentasse contra a vida e integridade de outra pessoa ou servisse a outros deuses merecia pena de morte. Isto devia servir como exemplo para os outros, para manter a pureza do povo. 
Jesus que ensina o perdão e o amor de forma ilimitada. A atitude do perdão é mais nobre do que a do rancor, ódio e vingança. Isso não implica necessariamente tolerância com o criminoso, marginal ou bandido. Pelo contrário, os que cometem o mal devem ser punidos. 
A Bíblia não dá uma resposta definitiva se deve ou não haver pena de morte, mas para quem decide instituir a pena de morte, Deusdeixa algumas diretrizes: ao julgar alguém, deve-se ser justo; o julgamento deve ser justo e deverá ser por justiça e não por vingança.
2.3 Legitima defesa 
Foi reconhecida por praticamente todas as legislações por se tratar de um direito específico a condição humana, de autodefesa, que acompanha o homem desde seu nascimento e está presente durante toda sua vida. É um direito ou uma reação diante de uma agressão injusta. 
Legitima defesa é o ato de se defender de um agressor que queira te matar ou te machucar. Na lei, matar em legitima defesa não é cometer um crime, a pessoa estava apenas se defendendo de morte. 
O artigo 25 do Código Penal Brasileiro prevê que uma pessoa pode se defender ou defender outra pessoa na hipótese de sofrer ou estar na iminência de sofrer uma agressão, sem que isso seja considerado um crime.
É matar ou morrer, mas não confunda, não é a mesma coisa que dizer que um crime não foi executado, só que não existirá pena. Ele precisa ser feita sempre com moderação. O ato de defesa deve ser proporcional à gravidade da ameaça ou da agressão. 
A sociedade entende legitima defesa quando uma pessoa no momento de um assalto resiste e acaba lesionando ou matando o assaltante, não porque ele quis mas porque foi forçado a isso em razão do assalto, tanto pela ausência de polícia para defende-lo como qualquer outra assistência. 
Ele não tem outra opção a não ser se defender. E será sua responsabilidade perante a lei, qualquer “arma” (estiver ao seu alcance para se defender) que ele utilizar, mesmo que a tenha usado para defender do agressor. 
Bíblia não é muito clara se matar em legítima defesa é pecado ou não. Ela ensina duas coisas: primeiro a vida é importante demais para Deus e deve ser protegida e segundo, devemos amar aos nossos inimigos mas não ser pessoas inocentes ao ponto de não defender um parente, filho, um cônjuge, entre outros. 
Essa é uma situação muito complicada, porque de qualquer maneira, alguém vai morrer. O problema é que a vida do seu agressor também é preciosa pra Deus.
A morte é sempre um evento trágico. 
Matar nunca deve ser o propósito, mas só uma consequência triste de uma defesa justa. De qualquer jeito, quem mata em legítima defesa deve pedir perdão a Deus. 
2.4 Eutanásia 
A palavra eutanásia traz sua construção semântica dividida em "eu", que significa boa e thanatos, que significa morte, de forma que a origem da palavra revelava o que se pensava ser boa morte, piedosa, altruísta, caridosa, etc. 
Significa qualquer ato cometido ou omitido com o propósito de causar ou acelerar a morte de um ser humano após seu nascimento, com o propósito de pôr fim ao sofrimento de alguém.
A eutanásia é um assunto bastante polêmico e discutido em todo o mundo, inclusive pelas grandes religiões que tem seus modos diferentes de pensar em relação à vida do ser humano. Ela acontece quando uma pessoa doente, sem possibilidade de cura decide não querer mais viver, seja qual for o motivo, sofrimento, vergonha, desistência de vida ou depressão. 
Eutanásia sempre gerou muita polêmica, pois inflama paixões de ambos os lados, tanto por aqueles que a defendem como pelos que acham um absurdo. Atualmente a eutanásia é apresentada como uma preocupação com o doente, e não como um desejo de desfazer-se dele. 
Hoje em dia, as pessoas experimentam grande angústia acerca do sentido da velhice extrema e da morte. Há um medo muito grande com relação a “ficar vegetando em cima de uma cama” ou “ficar dando trabalho para algum parente”. 
Aqui no Brasil, a eutanásia é caracterizada como homicídio, mesmo em se tratando na eliminação de um sofrimento constante de um paciente terminal.
Alega-se que a eutanásia poderia acontecer mediante as seguintes situações: 
uma doença incurável hoje poderá ter cura amanhã; 
talvez ela aconteça mediante uma disputa por herança; 
talvez um amante esteja à espera da morte do moribundo (marido) para ficar com a esposa jovem; 
um possível comércio através do tráfico de órgãos; 
ou até de um milagre (uma sentença final poderá sofrer melhora do estado de saúde, por fatores que os médicos e a humanidade não tem condições de determinar).
A única forma que a legislação atual brasileira não pune, é quando o doente, absolutamente sozinho se mata, por iniciativa e vontade própria. 
Para Deus nada é impossível, assim nos ensina a Palavra de Deus. A pratica da eutanásia é condenada porque até o último momento da vida ou até depois da morte, Deus pode realizar um milagre e trazer essa pessoa de volta. O direito de tirar a vida de alguém pertence somente a Deus, pois, foi Ele quem criou e deu vida ao ser humano, tendo por este motivo o direito de tirá-la quando quiser. 
Jesus Cristo deu sua vida para salvar os pecadores e limpá-los de todo pecado, portanto, seria um pecado contra os ensinamentos cristãos o homem tirar sua própria vida que foi comprada por Cristo com um preço muito alto, o próprio sangue d’Ele. 
3 CONCLUSÃO
A sabedoria do crente em relação a esses assuntos polêmicos deve ser humilde e baseado sempre na Palavra de Deus. 
Nosso inimigo é muito astuto e tem cegado as mentes das pessoas cada vez mais. 
Vivemos num mundo muito difícil e cheio de pecado, e a cada dia estamos mais horrorizados com as notícias, mas devemos estar firmes no Senhor, firmes em sua Palavra, guiados por Seus princípios e com o olhar fixado na glória eterna ao lado do Senhor. 
Ao comparar o que a sociedade nos dias de hoje pensa, com o princípios bíblicos, conseguimos enxergar o quanto o mundo carece de Deus e o quanto nosso inimigo tem agido de forma tão livre no mundo.
Quando o crente se depara com alguma dessas situações abordadas no trabalho, há uma área especializada dentro do cuidado pastoral que poderá ajudar. 
Estou falando do aconselhamento pastoral, que se dedica a ajudar as pessoas, as famílias ou um grupo com relação as pressões e crises da vida, empregando métodos para as pessoas enfrentarem seus desafios e suas dificuldades com o objetivo de encontrarem cura e crescimento espiritual. Tem por objetivo ajudá-las a retomar a conexão com Deus, com as pessoas ao redor e consigo mesma. 
Nada mais é do que aplicar os princípios da Palavra de Deus em cada situação, mostrando que dentro da Palavra (Bíblia) há respostas para todas as dúvidas que esse mundo nos impõe. 
Que possamos ser fiéis a Deus e a sua Palavra, para que possamos passar por esta vida e ser um vaso de honra. 
REFERENCIAS
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