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São Sebastião 2018 SEÇÃO IX DA COMPOSIÇÃO DO TRIBUNAL DO JÚRI E DA FORMAÇÃO DO CONSELHO DE SENTENÇA. A organização da sessão do Tribunal do Júri é detalhadamente prevista no Código de Processo Penal, cabendo apenas mencionar alguns aspectos mais relevantes. Art. 447 - O Tribunal do Júri é composto por 1 (um) juiz togado, seu presidente e por 25 (vinte e cinco) jurados que serão sorteados dentre os alistados, 7 (sete) dos quais constituirão o Conselho de sentença em cada sessão de julgamento. Conforme o Art. 447 do CPP, o Tribunal do Júri é composto por um juiz togado, ou seja, um juiz de direito ou juiz federal, seu presidente, e 25 jurados, dos quais apenas sete são sorteados para fazer parte do Conselho de Sentença, estando os demais dispensados pelo juiz presidente após a escolha. Os jurados podem ser alistados ou convocados. Os que se submetem ao alistamento devem ser maiores de 18 anos e eleitores, além de terem que concordar com a prestação do serviço de forma voluntária. Autoridades locais, associações e instituições de ensino podem indicar pessoas aptas ao exercício da função. Já os jurados convocados não podem se recusar à composição do Conselho de sentença, estando sujeito a multa caso não compareça ou se ausente antes do final do julgamento sem que haja justificativa plausível. A situações de impedimento estão elencados no Art. 448, adicionando a elas as causas de impedimento, suspeição e as incompatibilidades previstas para os juízes togados. Ao lado delas, estão os casos em que os jurados estão proibidos de constituir o concelho de sentença, nos termos do Art. 449. Art. 448 - São impedidos de servir o mesmo conselho: I – Marido e mulher; II – Ascendente e descendente; III – sogro e genro ou nora; IV – irmãos e cunhados, durante o cunhadio; V – tio e sobrinho; VI – Padrasto, madrasta ou enteado; §1º O mesmo impedimento ocorrerá em relação às pessoas que mantenham união estável reconhecida como entidade familiar. §2º Aplicar-se-á aos jurados o disposto sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades dos juízes togados. São Sebastião 2018 Art. 449 – Não poderá servir o jurado que: I – tiver funcionado em julgamento anterior do mesmo processo, independentemente da causa determinante do julgamento posterior; II – no caso do concurso de pessoas, houver integrado o Conselho de Sentença que julgou o outro acusado; III – tiver manifestado prévia disposição para condenar ou absolver o acusado; Além disso, uma vez sorteados, eles não podem mais estabelecer comunicação entre si ou com pessoas alheias ao ambiente do júri, inclusive com familiares, vige o Princípio da Incomunicabilidade, sob pena de exclusão do Conselho de Sentença e multa. Art. 450 - Dos impedidos entre si por parentesco ou relação de convivência, servirá o que houver sido sorteado em primeiro lugar. Logo, o primeiro a ser sorteado provoca a natural exclusão do próximo membro da família que vier a ser escolhido. Diante de uma situação dessas, caberá ao jurado decliná-la quando sorteado ou, ainda, poderá ser recusado por qualquer das partes de forma motivada, não se computando, portanto, no limite das recusas imotivadas. Quanto as espécies de recusa: MOTIVADA: por suspeição, impedimento, incompatibilidade e proibição, sem qualquer limite numérico, cabendo ao juiz decidir no ato sobre a procedência ou não da alegação; IMOTIVADA: limitada a 3 (três) para cada parte. É recusa peremptória, sem necessidade de fundamentar o porquê de determinado jurado não ser admitido. Art. 451 – Os jurados excluídos por impedimento, suspeição ou incompatibilidade serão considerados para a constituição do número legal exigível para a realização da sessão. O CPP em seu Art. 451, estabelece quanto ao Quorum mínimo para a instalação da sessão, devendo estar presente o número mínimo de 15 (quinze) jurados para que o juiz instale a sessão, é possível que, em seguida à comunicação das causas de impedimentos e suspeições, algum jurado decline. Ou, se não o fizer, pode ser recusado pela parte interessada. Ainda assim, embora não possa participar do Conselho de Sentença, sua presença é contada para efeito de compor os quinzes jurados indispensáveis para o início dos trabalhos. Nenhum prejuízo há, pois, o jurado somente foi computado para a formação do quórum mínimo, inexistindo qualquer lesão à imparcialidade dos membros do Conselho. São Sebastião 2018 Art. 452 – O mesmo Conselho de Sentença poderá conhecer mais de um processo, no mesmo dia, se as partes aceitarem, hipótese em que seus integrantes deverão prestar novo compromisso. No Art. 452, diz que é possível, desde que as partes concordem expressamente, a utilização do mesmo Conselho de Sentença em outros processos no mesmo dia. Nesse caso, não se farão aceitações ou recusas, mas simplesmente submete-se o Conselho a novo compromisso (Art. 472, CPP). Exemplo disso seria, no mesmo dia pela manhã, o Conselho julgar um réu e, à tarde. Voltar para julgar outro. SEÇÃO X DA REUNIÃO E DAS SESSÕES DE TRIBUNAL DE JÚRI Art. 453 – O Tribunal do Júri reunir-se-á para as sessões de instrução e julgamento dos períodos e na forma estabelecida pela lei local de organização judiciária. Em respeito às diversas realidades regionais, o Art. 453 do CPP confere à lei local de organização judiciária – de cada Estado da Federação, portanto – a escolha e a regulamentação dos meses em que poderão ser realizadas as sessões de instrução e julgamento no plenário do júri. Art. 454 – Até o momento de abertura dos trabalhos da sessão, o juiz presidente decidirá os casos de isenção e dispensa de jurados e o pedido de adiamento de julgamento mandando consignar em ata as deliberações. É possível que alguém seja convocado, mas faça chegar ao magistrado o seu pedido de desligamento, por isenção (ex: maior de sessenta anos, que não deseja permanecer no júri). A dispensa é fruto de pedido momentâneo, válido para determinado dia, não provocando o afastamento definitivo. O jurado pode apresentar causa legítima para não participar em determinada data, não significando a sua exclusão do júri. Art. 455 – Se o Ministério Público não comparecer, o juiz presidente adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, cientifica- das as partes e as testemunhas. Parágrafo único. Se a ausência não for justificada, o fato será́ imediatamente comunicado ao Procurador-Geral de Justiça com a data designada para a nova sessão. Se o representante do Ministério Público não comparecer – com ou sem justificativa –, o julgamento será ́adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, saindo todos os presentes (partes, testemunhas etc.) cientificados a respeito. No caso de ausência injustificada, a fim de que sejam adotadas as providências disciplinares cabíveis, e especialmente com o São Sebastião 2018 propósito de evitar novo adiamento, o juiz comunicará o fato ao Procurador-Geral de Justiça, ocasião em que também informará a respeito da data designada para a nova sessão. Cabe aqui anotar que o ordenamento jurídico vigente não contempla a figura do Promotor ad hoc (para o ato), e, ademais, ainda que assim não fosse, por certo o nomeado não reuniria condições de participar responsavelmente do julgamento em plenário, que, em razão de sua complexidade, sempre reclama tempo para estudo prévio e acurada reflexão sobre o processo. Art. 456 – Se a falta, sem escusa legítima, for do advogado do acusado, e se outro não for por este constituído, o fato será imediatamente comunicado ao presidenteda seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, com a data designada para a nova sessão. §1º Não havendo escusa legítima, o julgamento será adiado somente uma vez, devendo o acusado ser julgado quando chamado novamente. §2º Na hipótese do §1º deste artigo, o juiz intimará a Defensoria Pública para o novo julgamento, que será adiado para o primeiro dia desimpedido, observando o prazo mínimo de 10 (dez) dias. O adiamento será inevitável. Curial que, se a ausência for fundamentada em motivo relevante (doença, por exemplo), o novo julgamento é mera decorrência. A lei se preocupa com o advogado desidioso com os interesses de seu cliente e que se ausenta injustificadamente. Nessa hipótese, compete ao juiz-presidente oficiar à Seção da OAB, noticiando o episódio e representando o profissional relapso. Conveniente, da mesma forma, que o réu seja intimado a constituir novo defensor. Permanecendo o réu inerte, o magistrado intimará a Defensoria Pública da data do novo julgamento e para assumir a causa, observando-se um prazo mínimo de 10 dias, considerado primordial para a defesa e estratégia de ação em favor do acusado. Art. 457 – O julgamento não será adiado pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente ou do advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado. §1º Os pedidos de adiamento e as justificações de não comparecimento deverão ser, salvo comprovado motivo de força maior, previamente submetidos à apreciação do juiz presidente do Tribunal do Júri. §2º Se o acusado preso não for conduzido, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido da mesma reunião, salvo se houver pedido de dispensa de comparecimento subscrito por ele e seu defensor. Finalmente, está consagrado o direito de não comparecer, ou seja, o réu em liberdade, que foi devidamente intimado para a sessão do júri pode, sem qualquer prejuízo jurídico, não comparecer no seu julgamento. No mesmo sentido dispõe o §2º, em relação ao réu preso, que poderá pedir a dispensa de comparecimento, tendo o legislador tomado a cautela de exigir que São Sebastião 2018 tal pedido seja subscrito pelo réu e seu defensor. O direito de não comparecer é uma decorrência lógica do direito de silêncio e do nemo tenetur se detegere, mas que infelizmente não vinha merecendo o devido respeito e tratamento. Art. 458 – Se a testemunha, sem justa causa, deixar de comparecer, o juiz presidente, sem prejuízo da ação penal pela desobediência, aplicar-lhe-á a multa prevista no § 2o do art. 436 deste Código. Verificada a ausência injustificada, o juiz aplicará à testemunha desidiosa multa no valor de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, quantificação que deverá ser individualizada, levando em conta sua condição econômica, sem prejuízo das providências cabíveis com vistas à sua responsabilização por crime de desobediência. A testemunha que residir fora da comarca do julgamento, a este não se encontra obrigada a comparecer, ainda que seu depoimento tenha sido apontado como imprescindível. JURISPRUDÊNCIA “A testemunha residente fora da comarca, ainda que arrolada com cláusula de imprescindibilidade, não está obrigada a comparecer ao Tribunal do Júri para depor. É-lhe facultado apresentar-se espontaneamente em plenário ou ser ouvida por meio de carta precatória, caso requerida na fase processual própria” (STF, HC 82.281/SP, 2a T., rel. Min. Maurício Corrêa, j. 26-11-2002, DJ de 1o-8-2003, p. 141). Art. 459 – Aplicar-se-á às testemunhas a serviço do Tribunal do Júri o disposto no art. 441 deste Código. Nenhum desconto será feito nos vencimentos ou no salário do jurado sorteado que comparecer à sessão do júri. Tal qual apontado no comentário ao referido dispositivo, o serviço prestado é de relevância ímpar para a prestação jurisdicional, de modo que o reconhecimento legal deve por todos ser respeitado. A redação é repetição do primitivo art. 453, parágrafo único. Art. 460 – Antes de constituído o Conselho de Sentença, as testemunhas serão recolhidas a lugar onde umas não possam ouvir os depoimentos das outras. Antes mesmo de ser formado o Conselho de Sentença, o juiz deverá providenciar para que as testemunhas de acusação e de defesa sejam colocadas em salas distintas, incomunicáveis entre si, para que seja mantida a integridade da prova a ser produzida. É sem sombra de dúvida que uma testemunha de defesa pode se sentir influenciada após ouvir a versão apresentada por testemunha(s) de acusação, de modo a colocar em risco a fidelidade das informações que prestar em plenário e assim contribuir negativamente para a busca da verdade real. A violação da incomunicabilidade, in casu, acarreta apenas nulidade relativa, cujo reconhecimento não prescinde da demonstração de prejuízo efetivo. São Sebastião 2018 Art. 461 – O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer, salvo se uma das partes tiver requerido a sua intimação por mandado, na oportunidade de que trata o art. 422 deste Código, declarando não prescindir do depoimento e indicando a sua localização. § 1º Se, intimada, a testemunha não comparecer, o juiz presidente suspenderá os trabalhos e mandará conduzi-la ou adiará o julgamento para o primeiro dia desimpedido, ordenando a sua condução. § 2º O julgamento será realizado mesmo na hipótese de a testemunha não ser encontrada no local indicado, se assim for certificado por oficial de justiça. No caso de ausência de testemunha, o julgamento só será adiado se: por ocasião de sua indicação para oitiva em plenário, a parte que a arrolou tiver indicado seu endereço, requerido sua intimação por mandado e afirmado ser imprescindível tal depoimento. Mesmo que atendidos os requisitos acima indicados, se o oficial de justiça certificar que a testemunha não foi localizada no endereço informado pela parte, o julgamento não será adiado. Se, regularmente intimada, a testemunha deixar de comparecer, o juiz presidente suspenderá os trabalhos e mandará conduzi-la coercitivamente até sua presença, a fim de participar do julgamento, como é seu dever. Ocorre que, por razões diversas, nem sempre será possível ou recomendável a suspensão temporária dos trabalhos e a imediata condução coercitiva da testemunha, especialmente nos grandes centros urbanos, daí a lei facultar ao juiz adiar o julgamento para o primeiro dia desimpedido, e ordenar a condução coercitiva da testemunha na data designada. Art. 462. Realizadas as diligências referidas nos arts. 454 a 461 deste Código, o juiz presidente verificará se a urna contém as cédulas dos 25 (vinte e cinco) jurados sorteados, mandando que o escrivão proceda à chamada deles. Como providência inicial, o juiz procederá à conferência da urna, que deverá conter as 25 (vinte e cinco) cédulas, cada uma com o nome de um jurado sorteado, e determinará que o escrivão proceda à chamada nominal de cada um deles, publicamente, após o que as cédulas serão recolocadas na urna. Art. 463 – Comparecendo, pelo menos, 15 (quinze) jurados, o juiz presidente declarará instalados os trabalhos, anunciando o processo que será submetido a julgamento. §1º O oficial de justiça fará o pregão, certificando a diligência nos autos. §2º Os jurados excluídos por impedimento ou suspeição serão computados para a constituição do número legal. São Sebastião 2018 Para a instalação dos trabalhos e sequência do julgamento, é imprescindível que estejam presentes ao menos 15 (quinze) jurados. É este o quórum mínimo. Constatadas as presenças necessárias e satisfeitoo quórum mínimo, o juiz presidente declarará instalados os trabalhos e anunciará o processo que na ocasião será submetido a julgamento. Muito embora o art. 463, caput, do CPP, seja expresso a esse respeito, é comum o anúncio do processo feito por oficial de justiça, mas disso não se retira qualquer nulidade, considerando a absoluta ausência de prejuízo. Fazer o pregão significa anunciar em voz alta, publicamente, na antessala do Tribunal, o processo que vai ser submetido a julgamento, com a indicação dos nomes das partes e seus respectivos representantes, e o artigo de lei em que fora pronunciado o acusado. Incumbe ao oficial de justiça proceder ao pregão das partes e testemunhas, após o que certificará tal diligência nos autos. Tão logo sejam instalados os trabalhos, pode ocorrer arguição de impedimento, de suspeição ou de incompatibilidade contra o juiz presidente do Tribunal do Júri, contra o órgão do Ministério Público ou qualquer funcionário do judiciário.Se o juiz reconhecer a procedência da arguição contra sua pessoa, o adiamento será inevitável. Art. 464 – Não havendo o número referido no art. 463 deste Código, proceder-se-á ao sorteio de tantos suplentes quantos necessários, e designar-se-á nova data para a sessão do júri. Se não for alcançado o quórum mínimo (CPP, caput do art. 463), o juiz procederá ao sorteio de tantos suplentes quantos forem necessários, e designará nova data para o julgamento, que então será adiado. JURISPRUDÊNCIA “Na instalação do Conselho de Sentença, não havendo o quorum míni- mo exigido pela lei, de 15 jurados, deve o magistrado proceder na forma do que estabelece o artigo 445 do Código de Processo Penal. Prejuízo presumido” (STF, HC 87.723/AP, 2a T., rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 5- 6- 2007, DJe 131, de 26-10-2007). Art. 465 – Os nomes dos suplentes serão consignados em ata, remetendo-se o expediente de convocação, com observância do disposto nos Arts. 434 e 435 deste Código. Os nomes dos suplentes sorteados serão consignados na ata dos trabalhos, e eles serão convocados para comparecimento no dia e na hora marcados pelo juiz, cumprindo que por aqui se observe o disposto nos arts. 434 (intimação pelo correio ou qualquer outro meio hábil) e 435 (publicação da relação dos jurados). Art. 466 – Antes do sorteio dos membros do Conselho de Sentença, o juiz presidente esclarecerá sobre os impedimentos, a suspeição e as incompatibilidades constantes dos arts. 448 e 449 deste Código. §1º O juiz presidente também advertirá os jurados de que, uma vez sorteados, não poderão comunicar-se entre si e com outrem, nem manifestar sua opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e multa, na forma do § 2o do art. 436 deste Código. São Sebastião 2018 §2º A incomunicabilidade será certificada nos autos pelo oficial de justiça. Os jurados serão advertidos pelo juiz de que após o sorteio e até o final do julgamento não poderão comunicar-se entre si ou com qualquer outra pessoa, exceto com ele, o juiz, ou funcionário por ele indicado, tampouco manifestar sua particular opinião sobre o processo, e que a quebra do dever de incomunicabilidade implicará em exclusão do Conselho de Sentença e multa, de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, conforme autorizar a condição econômica do jurado inquieto. Há processos complexos em que o julgamento pode demorar alguns dias, e nesses casos devem ser adotadas as providências cabíveis para que os jurados sejam alojados em hotéis e permaneçam incomunicáveis, o que, convenhamos, é de difícil alcance prático. Além das implicações indicadas, se, em meio ao julgamento, qualquer jurado verbalizar opinião sobre o mérito do processo, o Conselho de Sentença deverá ser dissolvido, na medida em que inviabilizada a continuidade do julgamento. Art. 467 – Verificando que se encontram na urna as cédulas relativas aos jurados presentes, o juiz presidente sorteará 7 (sete) dentre eles para a formação do Conselho de Sentença. Verificada a presença de quórum mínimo e feitas as advertências pertinentes para o momento, na sequência o juiz procederá ao sorteio dos 7 (sete) jurados que formarão o Conselho de Sentença. Art. 468 – À medida que as cédulas forem sendo retiradas da urna, o juiz-presidente as lerá, e a defesa e, depois dela, o Ministério Público poderão recusar os jurados sorteados, até 3 (três) cada parte, sem motivar a recusa. Parágrafo único. O jurado recusado imotivadamente por qualquer das partes será excluído daquela sessão de instrução e julgamento, prosseguindo-se o sorteio para a composição do Conselho de Sentença com os jurados remanescentes. Para a escolha dos jurados que irão compor o Conselho de Sentença, as cédulas serão retiradas da urna pelo juiz, uma a uma, e será anunciado o nome do jurado sorteado, que nesse momento deverá informar ao juiz sua eventual suspeição, impedimento ou incompatibilidade, e se assim não proceder poderá ser motivadamente impugnado pela defesa ou pela acusação. Se houver recusa motivada, o juiz deverá decidir a respeito – para acolher ou rejeitar – e, seja qual for sua decisão, deverá determinar que conste na ata dos trabalhos o teor da impugnação, as informações do impugnado a respeito e a decisão proferida. Não sendo acolhida eventual recusa motivada, a defesa será perguntada se aceita ou recusa o jurado sorteado. Se for aceito, na sequência o Ministério Público será instado a dizer se o aceita ou recusa. É de rigor que se observe a ordem indicada. Essas são as denominadas recusas peremptórias, que podem ser feitas pela defesa e pela acusação sem apresentar qualquer fundamento, e evidentemente não se confundem com as recusas motivadas por impedimento, suspeição ou incompatibilidade, a recusa de jurado, motivada ou imotivada, deve ocorrer logo após o anúncio de seu nome pelo juiz, quando estiver com a palavra a defesa ou a acusação, respectivamente. São Sebastião 2018 Art. 469 – Se forem 2 (dois) ou mais os acusados, as recusas poderão ser feitas por um só defensor. §1º A separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em razão das recusas, não for obtido o número mínimo de 7 (sete) jurados para compor o Conselho de Sentença. §2º Determinada a separação dos julgamentos, será julgado em primeiro lugar o acusado a quem foi atribuída a autoria do fato ou, em caso de coautoria, aplicar-se-á o critério de preferência disposto no Art. 429 deste Código. Havendo dois ou mais réus, as recusas poderão ser feitas por um único defensor. O problema é quando cada réu, através de seu respectivo defensor, exerce o direito de recusa em descompasso com o corréu. Estabelece o art. 469, § 1o, que a separação dos julgamentos somente ocorrerá se, em razão das recusas não sincronizadas, não for obtido o número mínimo de 7 (sete) jurados para compor o conselho de sentença. Significa que se após o exercício de todas as recusas, houver um consenso em torno de sete jurados, haverá júri com os dois réus. Do contrário, opera-se a cisão. Art. 470 – Desacolhida a arguição de impedimento, de suspeição ou de incompatibilidade contra o juiz presidente do Tribunal do Júri, órgão do Ministério Público, jurado ou qualquer funcionário, o julgamento não será suspenso, devendo, entretanto, constar da ata o seu fundamento e a decisão. O texto fala por si. Caso uma das partes argua a exceção de qualquer dos sujeitos mencionados no dispositivo e esta seja recusada pelo juiz presidente, o julgamento prosseguirá, consignando- se na ata o pedido e o indeferimento fundamentado. Note-se que não basta registrar em ata que ocorreu arguição e indeferimento,é preciso que se faça constar os fundamentos da decisão proferida. Art. 471 – Se, em consequência do impedimento, suspeição, incompatibilidade, dispensa ou recusa, não houver número para a formação do Conselho, o julgamento será adiado para o primeiro dia desimpedido, após sorteado os suplentes, com observância ao disposto no Art. 464 deste código. Outra hipótese de adiamento da sessão para outra data é a impossibilidade de formação do Conselho de Sentença por insuficiência do número de jurados presentes, com potencial para sorteio. Se comparecerem, por exemplo, quinze jurados (quórum mínimo para a instalação dos trabalhos), mas houver a recusa motivada, calcada em causas de impedimento ou suspeição, de vários deles, é possível que o afastamento ocorra em número tal a ponto de inviabilizar o sorteio de 7 (sete) jurados para compor o Conselho. Ademais, associadas às causas de impedimento e suspeição estão os motivos de dispensa, sob justificativa legítima. São Sebastião 2018 Art. 472 – Formado o Conselho de sentença, o presidente, levantando-se, e, com ele, todos os presentes, fará aos jurados a seguinte exortação: Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir vossa decisão de acordo com vossa consciência e os ditames da justiça. Os jurados, nominalmente chamados pelo presente, responderão: Assim prometo. Parágrafo único. O jurado, em seguida, receberá cópias da pronúncia ou, se for o caso, das decisões posteriores que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo. Trata-se de nada mais do que uma fórmula ritual, simbólica, em que os jurados prometem julgar com imparcialidade e decidir de acordo com sua consciência e os “ditames da justiça”. É, de certo modo, um instrumento de captura psíquica, em que se busca fortalecer o compromisso dos jurados em julgar com seriedade e comprometimento que a função exige. São Sebastião 2018 BIBLIOGRAFIA Silva, Marco Antônio Marques da, Código de Processo Penal Comentado/ Marco Antonio Marques da Silva, Jayme Walmer de Freiras – São Paulo: Saraiva, 2012. Nucci, Guilherme de Souza, Código de Processo Penal Comentado/ Guilherme de Souza Nucci, 13. ed. Ver. e ampl., - Rio de Janeiro: Forense, 2014. Marcão, Renato, Código de Processo Penal Comentado/ Renato Marcão. – São Paulo: Saraiva, 2016. Lopes Jr., Aury, Direito Processual Penal/ Aury Lopes Jr. – 14. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2017. Lopes Jr., Aury, Direito Processual Penal/ Aury Lopes Jr. – 15. Ed – São Paulo: SaraivaJur, 2018.
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