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Agregados Macroeconômicos

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UNIDADE II 
 
OS AGREGADOS 
MACROECONÔMICOS 
DO BRASIL 
Aula 5 
Sistema de Contas Nacionais e Valor adicionado 
Economia a três setores: famílias, empresas e governo 
Bibliografia 
 
 
 - FUNDAMENTOS DE ECONOMIA 
Vasconcellos & Garcia, Cap. 9 
 
 
Sistema de Contas Nacionais 
 
 
 
• Método tradicional de partidas dobradas 
• famílias, empresas, governo, e setor externo 
 
 
• Inclui apenas as transações com bens e serviços finais 
Valor adicionado 
 Como medir os agregados pelas três óticas – produto, 
despesa e renda – possíveis? 
 
Em termos operacionais, a forma mais prática utilizada é o 
valor adicionado ou valor agregado. 
 
• É o valor que se adiciona ao produto em cada estágio da 
produção 
• É a renda adicionada por cada setor produtivo 
 
• Somando-se o valor adicionado em cada estágio de 
produção, chega-se ao produto final da economia 
Valor adicionado ou valor agregado 
 
 
 
 
 
 
*Renda adicionada por cada setor 
Valor adicionado ou valor agregado 
 
 
*na prática: medido por diferença 
(valor das vendas menos os custos dos bens intermediários 
Valor adicionado ou valor agregado 
 
 
 
Valor adicionado = valor bruto da produção (receita de 
vendas) – compra de bens e serviços intermediários 
 
• Essas informações são registradas nas notas fiscais (transações 
realizadas entre empresas) 
• Cópias das notas fiscais são enviadas aos órgãos de arrecadação 
• Outra forma seria pelo somatório das declarações de imposto de 
renda do país (menos confiável) 
Formação de Capital 
 
Se admitirmos, ainda dentro do modelo a dois setores, que 
 
 1. as famílias não gastam toda sua renda em bens 
de consumo (parte é poupada para consumo futuro), e 
 2. as empresas produzem bens de consumo e 
bens de capital, que aumentarão a capacidade produtiva 
da economia 
 
Novos conceitos: 
 poupança, investimento e depreciação 
Poupança Agregada (S) 
• É a parcela da renda nacional (RN) que não é consumida 
no período: 
 S = RN – C 
S= poupança (saving) 
RN = renda nacional 
C = consumo agregado 
 
 De toda a renda recebida pelas famílias, na forma de 
salários, juros, aluguéis e lucros, a parcela que não for 
gasta em consumo num dado período é POUPANÇA 
AGREGADA 
 
Poupança é o ato de não consumir no período, não importa o destino 
que será dado à renda 
Investimento Agregado (I) 
• É o gasto com bens que foram produzidos, mas não foram 
consumidos no período, e que aumentam a capacidade 
produtiva da economia nos períodos seguintes 
 
 Investimento agregado = Taxa de acumulação de capital 
 
• Composto por: 
1. Investimentos em bens de capital (máquinas e imóveis) 
 = formação bruta de capital fixo (FBKF) 
2. Variação do estoque 
 = diferença do estoque de produtos que não foram consumidos 
entre o início e o final do período 
Investimento Agregado (I) 
 
Investimento total = Investimentos em bens de capital 
(FBKF) + Variações do estoque 
 
• OBS: 
• Investimento agregado é um conceito que envolve produtos físicos. 
• “investir em ações” = transação financeira e não investimento em 
sentido econômico (não aumentou a capacidade produtiva) 
• Investimentos em ativos de segunda mão também não entram no 
cálculo, pois no fundo, constitui uma transferência de ativos que se 
compensa: alguém desinvestiu, a capacidade produtiva total permanece 
a mesma 
Investimento Agregado (I) 
 
Com a introdução do Investimento (I), o produto nacional 
(PN) fica: 
 
 PN = C + I 
 
• As empresas produzem bens de consumo (C) e bens de 
capital (I) 
Depreciação 
 
• É o desgaste do equipamento de capital da economia 
num dado período 
 
• No processo de produção as máquinas e os equipamentos sofrem 
desgastes, tornam-se obsoletos, de forma que precisam ser 
repostos, para garantir a manutenção da capacidade produtiva. 
 
• A depreciação é justamente a parte do produto que se destina a tal 
reposição 
 
• O conceito de depreciação introduz uma diferenciação entre 
investimento bruto e investimento líquido, que é dada pela 
depreciação 
 
 
Depreciação 
 
 
Investimento líquido = Investimento bruto – Depreciação 
 
Dessa forma, conseguimos distinguir entre Produto Nacional 
Líquido (PNL) e Produto Nacional Bruto (PNB): 
 
 Produto nacional líquido (PNL) = Produto Nacional 
 Bruto (PNB) - Depreciação 
 
Economia a 3 setores 
 
• Vamos adicionar o setor público (governo) ao modelo. 
• Modelo = famílias, empresas, governo 
 
• Setor público = união, estados e municípios 
 
• Novos conceitos: 
 
 receita fiscal e gastos públicos 
 superávit ou déficit público 
 preço a custo de fatores e preço de mercado 
 renda disponível 
 
 
 
 
Receita Fiscal 
 
• Receita ou arrecadação fiscal do governo constituída por: 
 
1. Impostos indiretos: incidem sobre transações com bens 
e serviços (IPI, ICMS, etc); 
2. Impostos diretos: incidem sobre as pessoas físicas e 
jurídicas (imposto de renda) 
3. Contribuições à previdência Social (de empregados e 
empregadores) 
4. Outras receitas: taxas, multas, pedágios, aluguéis. 
Gastos do governo 
 
• São considerados 3 tipos de gastos: 
 
1. Gastos dos ministérios e autarquias: como os 
serviços do governo não tem preço (justiça, educação, 
planejamento, etc) o produto gerado pelo governo é 
medido por suas despesas correntes ou de custeio 
(salários, compras de materiais para manutenção da 
máquina administrativa e despesas de capital 
(aquisição de equipamentos, construção de estradas, 
hospitais, escolas, prisões, etc). Receitas provêm de 
dotações orçamentárias. 
 
Gastos do governo 
 
 
2. Gastos de empresas públicas e sociedade de 
economia mista: como suas receitas provêm da venda 
de bens e serviços no mercado, atuando como 
empresas privadas, elas são consideradas nas contas 
nacionais dentro do setor de produção, junto com 
empresas privadas, e não como governo 
Gastos do governo 
 
3. Gastos com transferências e subsídios: são 
considerados nas contas nacionais como transferências 
(donativos, pensões, subsídios), não são computados 
como parte da renda nacional, pois representam 
apenas uma transferência financeira do setor público 
para o setor privado, não ocorrendo qualquer aumento 
da produção corrente 
 exemplo: aposentadorias e bolsas de estudo, que 
 não são fatores de produção do período corrente 
Superávit ou Déficit Público 
 
SUPERÁVIT: quando o total da arrecadação é superior ao 
total dos gastos públicos 
 
 
DÉFICIT: quando o total da arrecadação é inferior ao total 
dos gastos públicos 
 = necessidade de financiamento do setor público 
 
 
3 tipos conceituais: 
 primário ou fiscal, total ou nominal, e operacional 
 
Primário, Nominal ou Operacional? 
• Se o cálculo exclui os juros da dívida pública (interna e 
externa), tem-se o conceito de superávit ou déficit 
primário ou fiscal. 
 
• Quando são incluídos os juros nominais sobre a dívida, 
tem-se o conceito de superávit ou déficit total ou 
nominal. 
 
• Se o cálculo considera apenas os juros reais (excluindo a 
taxa de inflação e variação cambial), tem-se o conceito 
de superávit ou déficit operacional 
 
OBS: superávit e déficit = fluxo (ao longo do período) / Dívida pública = estoque 
 (acumulado até o período) 
Custo de fatores x Preços de mercado 
• O preço de mercado de um produto normalmente está acima 
do valor remunerado aos fatores de produçãoutilizados. >>> 
incorpora os impostos indiretos cobrados pelo governo (IPI, 
ICMS e outros) 
 
• Em alguns casos, quando o produto é essencial para a 
população, pode ocorrer o subsídio do preço pelo governo. 
>>> preço pelo qual o produto é vendido é inferior ao seu 
custo de produção. 
 
• CUSTO DE FATORES = preço que a empresa paga aos 
fatores de produção (salários, aluguéis, juros, e lucros) 
 
• PREÇO DE MERCADO = preço final pago na venda, adiciona 
ao custo de fatores os impostos indiretos e subtrais os 
subsídios. 
 
Custo de fatores x Preços de mercado 
• É possível partir então do cálculo de Renda Nacional 
(RN) a custo de fatores e se chegar ao cálculo do 
Produto Nacional (PN) a preço de mercado: 
 
Em termos líquidos (considera depreciação): 
 
 PNL pm = RNL cf + impostos indiretos – subsídios 
 
Ou em termos brutos: 
 
 PNB pm = RNB cf + impostos indiretos – subsídios 
 
 
Custo de fatores x Preços de mercado 
 OBS: 
 
1. Por convenção, costuma-se a associar o produto a 
preço de mercado e a renda ao custo dos fatores 
 
2. Apenas impostos indiretos, e não os diretos, são 
relevantes nessa diferenciação. Os impostos diretos 
não representam uma diferença entre o custo dos 
fatores para a empresa e o preço final de mercado, pois 
incidem sobre os salários, juros, alugueis e lucros e são 
pagos pelos proprietários desses fatores. 
 
Renda Pessoal disponível 
Mede quanto da renda gerada no processo produtivo fica em 
poder das famílias: 
 
• Parte-se da renda nacional líquida a custo de fatores (soma dos 
salários, juros, aluguéis e lucros e já descontada a depreciação) 
 
• Depois deduz-se os lucros retidos (não distribuídos) pelas 
empresas para reinvestimentos 
 
• Deduz-se ainda os impostos diretos e as contribuições 
previdenciárias pagas pelas famílias e empresas ao governo 
 
• Por fim, deduz-se as demais receitas correntes do governo e 
adiciona-se as transferências do governo às famílias 
Renda Pessoal disponível 
 RNL cf 
- Lucros retidos 
- Impostos diretos 
- Contribuições previdenciárias 
- outras receitas correntes do governo 
+ transferências do governo às famílias 
= Renda pessoal disponível 
 
* Mede quanto “sobra” para as famílias decidirem gastar na compra 
de bens e serviços ou, então, poupar. 
Carga tributária 
 
• Carga Tributária BRUTA = total da arrecadação fiscal do 
governo 
 (impostos diretos e indiretos, e outras receitas do governo, 
 como taxas, multas, aluguéis) 
 
• Carga Tributária LÍQUIDA = Carga tributária bruta menos a 
parte dos tributos que volta ao setor privado na forma de 
transferências e subsídios 
 
Carga Tributária Líquida = carga tributária bruta – Transferências 
 e Subsídios do governo ao setor privado 
Economia a 4 setores 
• Vamos adicionar o setor externo ao modelo. 
• Modelo = famílias, empresas, governo e setor externo 
 
• Economia “aberta” ao exterior 
 
• Novos conceitos: 
 
 Exportação e Importação 
 Renda Líquida do exterior 
 Produto Interno x Produto Nacional 
 
 
 
Exportações e Importações 
 
 
• EXPORTAÇÕES: representam as compras pelos 
estrangeiros, de mercadorias produzidas pelas empresas 
que pertencem a nosso país 
 
 
• IMPORTAÇÕES: representam as despesas que nós 
fazemos com produtos estrangeiros 
PIB – Produto Interno Bruto 
 
• PIB é o somatório de todos os bens e serviços finais 
produzidos DENTRO do território nacional num dado 
período 
 
• Valorizados a preço de mercados 
• Desconsidera se os fatores de produção são de propriedade de 
residentes ou de não residentes (exemplo: uso de capital 
estrangeiro) 
 
PNB – Produto Nacional Bruto 
• Para produzir o PIB utilizamos fatores de produção que 
pertencem a não residentes, cuja remuneração é 
remetida a seus proprietários no exterior 
 
• Uso de capital monetário externo >>> juros 
• Uso de capital físico de empresas estrangeiras >>> lucros 
• Uso de tecnologia estrangeira >>> royalties 
 
• Existem residentes que possuem fatores de produção 
fora do país e, portanto, recebem renda do exterior 
 
• Extração de petróleo pela Petrobrás 
• Construtoras com obras no exterior 
 
 
 
PNB – Produto Nacional Bruto 
 
• Somando ao PIB a renda recebida do exterior e 
subtraindo a renda enviada ao exterior, tem-se o 
produto nacional bruto 
• Representa a renda que efetivamente pertence aos 
residentes do país 
 
 PNB = PIB + Renda recebida do exterior 
 – Renda enviada ao exterior 
 
 
 
Renda Líquida do exterior – RLE 
 
RLE = a diferença entre a renda recebida e a renda 
enviada ao exterior 
 
PNB = PIB + Renda recebida do exterior - Renda enviada ao exterior 
 
• PNB = PIB + RLE 
 
• RLE = PNB – PIB 
 
• PIB = PNB – RLE 
 
Renda Líquida Enviada ao Exterior – RLEE 
No Brasil: 
 
A renda enviada supera a renda recebida >>> diferença 
(RLE) é chamada de Renda Liquida enviada ao exterior 
 
Então o PIB é maior que o PNB >>> utilizamos mais os 
serviços dos fatores de produção estrangeiros do que eles 
utilizam os nossos 
Exercícios de fixação de conceitos 
Suponhamos que sejam dados, em bilhões de reais: 
 
• Renda Interna Bruta, a custo de fatores (salários + juros+ 
aluguéis + lucros) (RIBcf) = 500 
• Impostos diretos = 50 
• Impostos Indiretos = 60 
• Subsídio do governo às empresas privadas = 5 
• Transferências do governo às famílias (aposentadorias e 
bolsas de estudo) = 8 
• Renda enviada ao exterior (juros, lucros, royalties) = 3 
• Renda recebida do exterior = 1 
• Depreciação de ativos fixos = 25 
Exercícios de fixação de conceitos 
Calcular: 
 
• Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm) 
• Produto Nacional Bruto a preços de mercado (PNBpm) 
• Produto Nacional Líquido a preços de mercado (PNLpm) 
• Carga Tributária Bruta 
• Carga Tributária Líquida

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