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Análise de Demonstrações Financeiras Administração Profa: Flávia Alves Introdução A contabilidade é um instrumento da função administrativa que captura e registra os fatos que modificam a situação financeira patrimonial e econômica de uma entidade (empresa). Finalidades: Controle: processo pelo qual a administração se certifica, na medida do possível, de que a organização está agindo em conformidade com os planos e políticas previamente traçados. Planejamento: processo de decidir que curso de ação deverá ser tomado no futuro. Questões O que a empresa possui e o que ela deve aos outros? Como têm sido utilizados os recursos? Quais são as fontes de receitas? Qual foi o lucro em determinado período? Qual o estado de saúde financeira da empresa? Introdução De tempos em tempos (EXERCÍCIO) é necessário apurar os RESULTADOS da empresa. Os relatórios que evidenciam a situação da empresa são denominados DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ou FINANCEIRAS. São definidas por instrumentos legais. A análise de demonstrações financeiras começa onde termina a contabilidade Fatos ou eventos econômico- financeiros Demonstrações Financeiras = Dados Informações financeiras para a tomada de decisões Processo Contábil Análise • A análise objetiva extrair informações das Demonstrações Financeiras para a tomada de decisões Demonstrações Financeiras De acordo com a Lei das S.A., as empresas de capital aberto são obrigadas a apresentar quatro demonstrações financeiras: Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL); Demonstração de origens e aplicações de recursos (DOAR). Estrutura das Demonstrações Financeiras A análise das demonstrações financeiras exige noções do seu conteúdo, significado, origens e limitações. Balanço Patrimonial O Balanço Patrimonial (BP) (Balance Sheet) reflete a posição financeira de uma empresa em determinado momento. Apresenta todos os bens e direitos da empresa (ATIVO), assim como as obrigações (PASSIVO) em determinada data. A diferença entre ATIVO e PASSIVO é chamada PATRIMÔNIO LÍQUIDO e representa o capital investido pelos proprietários da empresa, quer através de recursos trazidos de fora da empresa, quer gerados por esta em suas operações e retidos internamente O BP de cada exercício deve conter também a indicação dos valores correspondentes ao exercício anterior Bens e Direitos BENS: Tudo que possa ser avaliado economicamente (valor expresso em moeda), que satisfaça alguma necessidade da empresa e sobre o qual a empresa detenha a posse (esteja em seu poder) e o domínio (seja o dono) Tangíveis: têm existência física (imóveis, máquinas,...) Intangíveis: não existem fisicamente (patente, marca,...) DIREITOS: São bens de propriedade da empresa, mas que se encontram em poder de terceiros (dinheiro depositado no banco, aplicações financeiras, pagamentos a receber,...) Obrigações São bens de propriedade de terceiros que se encontram temporariamente em poder da empresa. (sinal recebido por uma mercadoria ainda não entregue, promissórias a pagar,...) ORIGENS E APLICAÇÕES O lado direito do BP representa toda a fonte de recursos, ou seja, a ORIGEM do capital da empresa. Nenhum recurso entra na empresa se não for via Passivo ou Patrimônio Líquido. O lado esquerdo do BP representa o destino dos recursos, ou seja, as APLICAÇÕES. Logo: ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO (Equação Contábil básica) APLICAÇÕES = ORIGENS Balanço Patrimonial ATIVOS Bens e Direitos PASSIVO Obrigações com terceiros Patrimônio líquido Aplicação Origem ORIGEM E APLICAÇÃO EXIGÍVEL - no momento em que a dívida vencer será exigida (reclamada) a sua liquidação. AGRUPAMENTO DE CONTAS Facilitar a interpretação e a análise Regras: PRAZO: • curto prazo (normalmente o período de até um ano após o fechamento do balanço) • Longo prazo: superior a um ano GRAU DE LIQUIDEZ DECRESCENTE: • Os itens de maior liquidez são classificados em primeiro plano Balanço Patrimonial ATIVOS Bens E Direitos Aplicação ESTRUTURA ATIVO CIRCULANTE ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO PERMANENTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO Origem PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE GRUPOS DE CONTAS DO ATIVO Ativo circulante Disponível: o dinheiro (caixa ou bancos) é agrupado com outros itens que serão transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a curto prazo. Contas a receber: são valores ainda não recebidos provenientes de vendas de mercadorias ou prestação de serviços a prazo a receber de clientes (duplicatas a receber) GRUPOS DE CONTAS DO ATIVO Estoques: são mercadorias a serem revendidas. No caso da indústria, são os produtos acabados, matérias-primas e outros materiais secundários que compõem o produto. Investimento temporário: são aplicações realizadas normalmente no mercado financeiro com excedente de caixa. São investimentos de curto prazo pois, tão logo a empresa necessite do dinheiro, ela se desfaz da aplicação. GRUPOS DE CONTAS DO ATIVO Deduções do circulante: • Contas a receber: a parcela estimada pela empresa que não será recebida deve ser subtraída de Contas a receber com o título Provisão para Pagadores Duvidosos. Outras contas do Ativo Circulante Realizável a longo prazo: são ativos de menor liquidez que o Circulante Empréstimos ou adiantamentos concedidos às sociedades coligadas ou controladas*, diretores, acionistas,... Coligada: tem uma influência significativa sobre a outra empresa Controlada: direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. Subsidiária integral : todas as ações de uma empresa pertencem a outra. GRUPOS DE CONTAS DO ATIVO Permanente: ativos que dificilmente serão vendidos (sem nenhuma liquidez para a empresa). São ativos de vida útil longa (também denominados ativos fixos). Como dedução do valor bruto encontra-se a depreciação acumulada que é a perda de capacidade dos ativos ao longo do tempo. GRUPOS DE CONTAS DO ATIVO Investimento: participações em outras sociedades (investimento em coligadas) e outras aplicações de característica permanente que não se destinam à manutenção da atividade operacional da empresa: imóveis alugados a terceiros, obras de arte,... Imobilizado: bens e direitos destinados à manutenção das atividades da empresa: terrenos, prédios, instalações, máquinas, equipamentos, móveis e utensílios, veículos,... Intangível: direitos que tenham por objeto bens intangíveis destinados à manutenção das atividades da empresa (patentes, marcas, direitos autorais,)... GRUPOS DE CONTAS DO PASSIVO O passivo agrupará contas de acordo com o seu vencimento, isto é, aquelas que deverão ser pagas mais rapidamente integrarão um primeiro grupo Passivo circulante: obrigações que normalmente deverão ser pagas no prazo de um ano: contas a pagar, dívidas com fornecedores, impostos a recolher, empréstimos bancários, provisões (despesas incorridas, geradas, ainda não pagas, mas já reconhecidas pela empresa: IR, férias, 13º salário, encargos,...). GRUPOS DE CONTAS DO PASSIVO Passivo não circulante: são as dívidas que serão liquidadas em um prazo superior a um ano: financiamentos, dívidas a pagar,... PATRIMÔNIOLÍQUIDO Evidencia recursos dos proprietários aplicados no empreendimento. Não exigível Pode ser proveniente das seguintes fontes: INVESTIMENTOS – efetuados pelos proprietários em troca de ações, quotas ou outras participações; LUCROS – acumulados na empresa como fonte (adicional) de Financiamento GRUPOS DE CONTAS DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO Patrimônio Líquido: representa o investimento dos proprietários mais o lucro acumulado. Capital social: representa os recursos diretamente investidos pelos acionistas no negócio. Reservas: nesta conta são classificadas as parcelas dos Resultados Acumulados (mínimo 5%) cuja destinação já tenha sido definida por exigência legal ou por decisão dos acionistas. Lucros: parte dos Resultados Acumulados sem destinação definida. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Introdução A Demonstração do Resultado do Exercício (Income Statement) é um relatório que decompõe as RECEITAS e as DESPESAS que ocorreram em um determinado exercício e apura o lucro resultante. Mostra como os recursos obtidos com a venda dos produtos ou serviços comercializados foram gastos. Só registra o que contribui para aumentar ou diminuir a capacidade de consumo da empresa. Demonstração dedutiva É apresentado de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se as despesas e, em seguida, indica-se o resultado. Receita Despesa Lucro ou Prejuízo Sentido vertical (dedutivo) A DRE pode ser simples para micro e pequenas empresas que não requeiram dados pormenorizados para a tomada de decisão. A DRE completa, exigida por lei, fornece maiores detalhes para a tomada de decisão: grupos de despesas, vários tipos de lucro, destaque dos impostos, etc. Receita Bruta e Deduções Receita Bruta: é o valor bruto faturado Deduções: são ajustes (e não despesas) realizados sobre a Receita Bruta para se apurar a Receita Líquida. Ajuste significa que não houve sacrifício financeiro ou esforço para obter a receita. Impostos sobre vendas (governo) • IPI: Imposto sobre produto industrializado (gov. Federal) • ICMS: Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (gov. Estadual) • ISS: Imposto sobre serviços (gov. Municipal) • PIS: Programa de Integração Social (gov. Federal) • FINSOCIAL: Fundo de Investimento Social (gov. Federal) • A empresa é mera intermediária Devoluções (vendas canceladas) Abatimentos (descontos incondicionais) Receita Líquida A Receita Líquida é a parcela do faturamento com a qual a empresa pode contar para pagar suas obrigações. Receita Bruta (-) Deduções Receita Líquida Custo de Produtos Vendidos CPV = EI +CPP - EF Onde: EI – estoque inicial, CPP – Custo de Produção do Período, EF – estoque final Receita Líquida (-) Custo de Produtos Vendidos (CPV) Lucro Bruto Custo de Produtos Vendidos CPP = MC +MOD + CIF Onde: MC – material consumido MOD – mão-de-obra direta, CIF – custos indiretos de fabricação Custo de Produtos Vendidos Para empresas comerciais é denominado Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) Para empresas prestadoras de serviço é denominado Custo dos Serviços Prestados (CSP) Se a empresa não vende nada, este item não aparece na DRE Lucro Bruto É a diferença entre a venda de mercadorias e o custo dessa mercadoria vendida, sem considerar despesas administrativas, de vendas e financeiras. Receita Líquida (-) CPV Lucro Bruto Despesas Operacionais Compreendem as despesas necessárias para a empresa funcionar. São todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa. Lucro Bruto (-) Despesas operacionais Lucro Operacional Despesas operacionais Despesas de vendas: abrangem desde a promoção do produto até sua colocação junto ao consumidor. Despesas administrativas: necessárias para gerir a empresa. Despesas com P&D Outras despesas/receitas operacionais: lucros/prejuízos de participações em outras sociedades,... Lucro Operacional (LAJIR – lucro antes de juros e Imposto de Renda) É a diferença entre o Lucro Bruto e as despesas operacionais Lucro Bruto (-) Despesas operacionais Lucro Operacional Despesas não operacionais Despesas / receitas não relacionadas diretamente com o objetivo do negócio da empresa são classificadas como não operacionais (aleatórias, esporádicas) Ganhos ou perdas de capital: lucro ou prejuízo na venda de itens do ativo permanente Lucro Operacional (-) Despesas não Operacionais (-) Despesas financeiras Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) Despesas financeiras Despesas financeiras: remunerações aos capitais de terceiros (juros, comissões bancárias, descontos concedidos,..). Ocorrem também receitas financeiras. Pode ser “positivo” ou “negativo”. Incluem o pagamento das amortizações das dívidas da empresa. Lucro Operacional (-) Despesas não Operacionais (-) Despesas financeiras Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) Lucro antes do Imposto de Renda (LAIR) Lucro Operacional (-) Despesas não Operacionais (-) Despesas financeiras Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) O Imposto de Renda incide sobre o lucro da empresa (lucro real, que sofre alguns ajustes para obedecer à legislação específica) Lucro depois do Imposto de Renda Lucro Antes do Imposto de Renda (-) Provisão para o Imposto de Renda Lucro Depois do Imposto de Renda (LDIR) Participações e Contribuições Estatutárias Após a apuração do Lucro Depois do Imposto de Renda, faz-se as deduções das participações, previstas nos estatutos (proporcionais ao lucro): Debêntures: título de crédito representativo de empréstimo que a companhia faz junto a terceiros (público em geral) e que assegura a seus detentores direito contra a emissora, nas condições constantes da escritura de emissão Empregados e administradores: complemento á remuneração (% do lucro) Partes beneficiárias: concedidas a pessoas com atuação relevante nos destinos da empresa (fundadores, restauradores,...) Contribuições: Fundos de Previdência Exemplo Lucro de R$ 1 milhão, com participações fixadas de 10%: • Após deduzidas do resultado as participações e contribuições, resta o Lucro Líquido do Exercício. Lucro Líquido por ação Ao dividir o Lucro Líquido do Exercício pela quantidade de ações em que está dividido o capital da empresa, obtém-se o Lucro Líquido por Ação do Capital Social Indicação obrigatória ao final da DRE. Resumo Receita Bruta (de vendas ou serviços) (-) Deduções Receita Líquida (de vendas ou serviços) (-) Custo de Produtos Vendidos Resultado Bruto (-) Despesas Operacionais de vendas administrativas comP&D Resultado Operacional (-) Despesas Não Operacionais (-) Despesas financeiras Resultado Antes do Imposto de Renda (-) Provisão para o Imposto de Renda e Contribuição Social Resultado Depois do Imposto de Renda (-) Participações e contribuições Lucro/Prejuízo Líquido do Exercício Lucro Líquido por ação do capital social Análise de Demonstrações Financeiras Introdução Objetivo: extrair informações das DFs para embasar a tomada de decisão Acompanhamento da evolução dos resultados ao longo de vários exercícios consecutivos Existem aspectos da empresa não evidenciados por esta análise Origem: 1895 (Nova York): sistema bancário passa a exigir as demonstrações (basicamente o BP) dos tomadores de empréstimos Três técnicas de análise: Horizontal Vertical Através de índices Análise Horizontal O ano inicial da série analisada é estabelecido como ano de referência, associando-lhe o índice básico 100 e as cifras relativas aos anos posteriores são expressas em relação à ele. 2009 2010 2011 Lucro Bruto R$ 358.300 R$ 425.000 R$ 501.000 100 119 140 100 118 Análise Horizontal o A análise horizontal toma por base dois ou mais exercícios sociais para verificar a evolução ou involução de seus componentes. Observando o comportamento dos diversos itens do BP e da DRE pode-se fazer uma análise de tendência. Análise Vertical É realizada basicamente extraindo-se relações percentuais entre itens pertencentes à mesma DF (especialmente para a DRE). A finalidade é dar idéia da representatividade de um determinado item ou subgrupo de uma DF relativamente a um determinado total ou subtotal tomado com base. Relacionamentos de itens da mesma demonstração financeira e dentro do mesmo lado (credor ou devedor) Essa análise permite avaliar a composição de itens e sua evolução no tempo. Exemplo Custo dos produtos vendidos/receita líquida: 2010: 696.655/ 1.211.694*100 = 57,5% 2011: 493.740/858.500*100 = 57,5% Despesa de vendas/despesas operacionais: 2010: 210.156/315.563*100 = 66,6% 2011:168.120/252.240 = 66,6% DRE (Em R$ mil) 2010 2011 Receita Bruta 1.435.087 1.022.200 Deduções (223.393) (163.700) Receita Líquida 1.211.694 858.500 Custo dos produtos Vendidos (696.655) (493.740) Lucro Bruto 515.039 364.760 Despesas de vendas (210.156) (168.120) Despesas Administrativas (90.166) (72.130) Despesas Financeiras (15.241) (12.190) Lucro Operacional 199.476 112.320 Análise Vertical As análises horizontal e vertical se complementam e devem ser utilizadas em conjunto. EX: O custo dos produtos vendidos se reduziu de um ano para o outro mas sua participação percentual em relação à Receita Líquida se manteve. Completar o DRE, elaborar as análises vertical e horizontal e, em seguida, responda as perguntas: 2015 2016 R$ AV AH R$ AV AH Receita com vendas 50.000 100.000 (-)CPV (15.000) (40.000) Lucro Bruto (-) Despesas operacionais De vendas (5.000) (8.000) Administrativas (4.000) (6.000) Com P&D (1.000) (3.000) Lucro operacional (-) Imposto de Renda e cont. social (2.000) (13.000) Lucro Líquido a. Quais foram as despesas operacionais mais significativas de 2015? b. Quais foram as mudanças mais significativas na composição das despesas operacionais ao longo dos anos? c. O que se observar em relação ao CPV entre os períodos analisados? d. O que ocorreu com o lucro líquido?
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