Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Semelhanc¸a de triaˆngulos MO´DULO 1 - AULA 10 Aula 10 – Semelhanc¸a de triaˆngulos Objetivos • Introduzir a noc¸a˜o de semelhanc¸a de triaˆngulos • Determinar as condic¸o˜es mı´nimas que permitem dizer que dois triaˆngulos sa˜o semelhantes. Introduc¸a˜o Vimos na aula 3 a noc¸a˜o de congrueˆncia de triaˆngulos. Intuitivamente falando, dois triaˆngulos sa˜o congruentes quando apresentam o mesmo tama- nho e a mesma forma. Veremos, nesta aula, a noc¸a˜o de semelhanc¸a entre dois triaˆngulos que, intuitivamente falando, significara´ que os mesmos teˆm a mesma forma. Definic¸a˜o 30 Dizemos que dois triaˆngulos sa˜o semelhantes se existe uma correspondeˆncia entre seus ve´rtices de modo que aˆngulos correspondentes sejam congruentes e lados correspondentes sejam proporcionais. O que a definic¸a˜o anterior quer dizer e´ que ABC e DEF sa˜o semelhan- tes (segundo a correspondeˆncia A↔ D, B ↔ E e C ↔ F ) se BÂC ≡ ED̂F , AB̂C ≡ DÊF , BĈA ≡ EF̂D e m(AB) m(DE) = m(AC) m(DF ) = m(BC) m(EF ) . Usaremos a notac¸a˜o ABC ∼ DEF para indicar que ABC e DEF sa˜o semelhantes segundo a correspondeˆncia A ↔ D, B ↔ E e C ↔ F . Como na congrueˆncia de triaˆngulos, a ordem em que as letras esta˜o escritas e´ importante (veja figura 185). A B C D E F Fig. 185: ABC ∼ DEF . 121 CEDERJ Semelhanc¸a de triaˆngulos A raza˜o comum entre os lados e´ chamada raza˜o de semelhanc¸a. E´ claro que dois triaˆngulos congruentes sa˜o semelhantes, com raza˜o de semelhanc¸a igual a 1. Mas existem triaˆngulos semelhantes que na˜o sa˜o congruentes: considere dois triaˆngulos equila´teros em que a medida do lado de um deles seja o dobro da medida do lado do outro. Como os treˆs aˆngulos dos dois triaˆngulos medem 60o, conclui-se que eles sa˜o semelhantes com raza˜o de semelhanc¸a 1/2 (ou 2). Obviamente os dois triaˆngulos na˜o sa˜o congruentes. Veja figura 186. A B C D E F Fig. 186: Triaˆngulos equila´teros semelhantes, mas na˜o congruentes. E´ claro que todo triaˆngulo e´ semelhante a si mesmo (propriedade refle- xiva) e que se ABC ∼ DEF enta˜o DEF ∼ ABC (propriedade sime´trica). Ale´m disso, se ABC ∼ DEF e DEF ∼ GHI enta˜o ABC ∼ GHI (proprie- dade transitiva). Analogamente a` congrueˆncia de triaˆngulos, em que determinamos condic¸o˜es mı´nimas (casos de congrueˆncia) para garantir a congrueˆncia entre dois triaˆngulos, existem tambe´m condic¸o˜es mı´nimas que garantem que dois triaˆngulos sa˜o se- melhantes. Essas condic¸o˜es mı´nimas sa˜o os casos de semelhanc¸a de triaˆngulos. Comec¸aremos com a seguinte proposic¸a˜o: Proposic¸a˜o 23 Se um triaˆngulo tem dois de seus aˆngulos correspondentemente congruen- tes a dois aˆngulos de outro triaˆngulo, enta˜o os dois triaˆngulos sa˜o semelhantes. A B C D E F Fig. 187: Proposic¸a˜o 23. Prova: Sejam ABC e DEF triaˆngulos tais que AB̂C ≡ DÊF e BĈA ≡ EF̂D (figura 187). Queremos provar que BÂC ≡ ED̂F e m(AB) m(DE) = m(AC) m(DF ) = m(BC) m(EF ) . CEDERJ 122 Semelhanc¸a de triaˆngulos MO´DULO 1 - AULA 10 Como a soma dos aˆngulos internos de qualquer triaˆngulo e´ 180o, segue da hipo´tese que tambe´m se tem BÂC ≡ ED̂F . Se os segmentos BC e EF forem congruentes, segue que ABC ≡ DEF pelo caso de congrueˆncia A.L.A.. Logo, ABC e DEF sa˜o semelhantes (com raza˜o de semelhanc¸a igual a 1). Suponha agora que os segmentos BC e EF na˜o sejam congruentes. Por exemplo, suponha que BC < EF . Marque um ponto G no segmento EF de modo que BC ≡ EG e por G trace uma reta paralela a` reta ←→DF . Seja H o ponto em que essa reta corta o segmento ED (Figura 188). A B C E H G D F Fig. 188: Proposic¸a˜o 23. Segue da proposic¸a˜o 10, da aula 5 que HĜE ≡ DF̂E. Mas os aˆngulos AĈB e DF̂E sa˜o congruentes por hipo´tese. Enta˜o HĜE ≡ AĈB e obtemos do caso de congrueˆncia A.L.A. que ABC ≡ HEG. Consequ¨entemente, os segmentos AB e HE sa˜o tambe´m congruentes. Usando o Teorema de Tales, conclui-se que m(HE) m(DE) = m(EG) m(EF ) . Mas m(EG) = m(BC) e m(HE) = m(AB). Logo, m(AB) m(DE) = m(BC) m(EF ) . (I) Para completar a prova, considere um ponto I ∈ EF tal que IF ≡ BC e, por I, trace uma reta paralela a DE. Seja J o ponto em que essa reta corta DF (figura 189). A B C E D F I J Fig. 189: Proposic¸a˜o 23. Raciocinando como antes, obte´m-se JÎF ≡ DÊF ≡ AB̂C e ABC ≡ JIF . Segue que AC ≡ JF e m(AC) m(DF ) = m(JF ) m(DF ) = m(IF ) m(EF ) = m(BC) m(EF ) (II) 123 CEDERJ Semelhanc¸a de triaˆngulos Juntando (I) e (II) conclu´ımos finalmente que m(AB) m(DE) = m(BC) m(EF ) = m(AC) m(DF ) Portanto, ABC ∼ DEF . Q.E.D. Voceˆ seria capaz de descobrir como Tales determinou a altura da piraˆmide? (Veja a primeira nota lateral da aula 9.) A pro´xima proposic¸a˜o traz mais um caso de semelhanc¸a de triaˆngulos. Proposic¸a˜o 24 Se dois triaˆngulos ABC e DEF sa˜o tais que AB̂C ≡ DÊF e m(AB) m(DE) = m(BC) m(EF ) , enta˜o ABC e DEF sa˜o semelhantes. Prova: Se AB e DE forem congruentes, enta˜o m(AB) = m(DE) e m(BC) m(EF ) = m(AB) m(DE) = 1. Segue que BC e EF tambe´m sa˜o congruentes. Como AB̂C ≡ DÊF por hipo´tese, conclui-se por L.A.L. que ABC e DEF sa˜o triaˆngulos congruentes. Assim, ABC e DEF sa˜o semelhantes (com raza˜o de semelhanc¸a igual a 1). Suponha agora que AB e DE na˜o sejam congruentes. Por exemplo, suponha que AB < DE. Nesse caso tem-se tambe´m BC < EF (pela nossa hipo´tese). Marque um ponto G no segmento DE de modo que AB ≡ GE. Pelo ponto G trace uma reta paralela a` reta DF e seja H o ponto em que essa reta corta o segmento EF (figura 190). A B C E G H D F Fig. 190: Proposic¸a˜o 24. Usando o Teorema de Tales obte´m-se que m(GE) m(DE) = m(EH) m(EF ) . Mas m(AB) = m(GE) por construc¸a˜o do ponto G. Assim, m(AB) m(DE) = m(EH) m(EF ) . CEDERJ 124 Semelhanc¸a de triaˆngulos MO´DULO 1 - AULA 10 Como m(AB) m(DE) = m(BC) m(EF ) por hipo´tese, segue que m(EH) = m(BC), ou seja, BC e EH sa˜o tambe´m congruentes. Como ja´ temos que AB ≡ GE e AB̂C ≡ DÊF , segue do caso L.A.L. de congrueˆncia de triaˆngulos que ABC e GEH sa˜o triaˆngulos congruentes. Em particular tem-se GĤE ≡ AĈB. Mas GĤE ≡ DF̂E pois GH//DF , donde se conclui que AĈB ≡ DF̂E. Enta˜o os triaˆngulos ABC e DEF sa˜o tais que AB̂C ≡ DÊF e AĈB ≡ DF̂E. A semelhanc¸a entre os triaˆngulos ABC e DEF segue agora da proposic¸a˜o 23. Q.E.D. A hipo´tese da proposic¸a˜o anterior significa que os lados AB e BC do triaˆngulo ABC sa˜o proporcionais aos lados DE e EF do triaˆngulo DEF . O que a proposic¸a˜o 24 diz enta˜o e´ que, se dois lados de um triaˆngulo sa˜o proporcionais a dois lados de outro triaˆngulo e os aˆngulos inclusos a esses lados sa˜o congruentes, enta˜o esses triaˆngulos sa˜o semelhantes. Podemos relacionar semelhanc¸a com a reduc¸a˜o ou ampliac¸a˜o de fotos ou imagens. Encerraremos os casos de semelhanc¸a com a seguinte proposic¸a˜o: Proposic¸a˜o 25 Se dois triaˆngulos ABC e DEF sa˜o tais que m(AB) m(DE) = m(AC) m(DF ) = m(BC) m(EF ) , enta˜o ABC e DEF sa˜o semelhantes. Prova: Se BÂC ≡ ED̂F , AB̂C ≡ DÊF ou AĈB ≡ DF̂E, obtemos a seme- lhanc¸a entre os triaˆngulos ABC e DEF a partir da proposic¸a˜o 24. Caso contra´rio, teremos dois aˆngulos de um dos triaˆngulos menores que os seus correspondentes do outro triaˆngulo. Suponha, por exemplo, que tenhamos AB̂C < DÊF e AĈB < DF̂E. Nesse caso, trac¸amos semi- retas −−→ EG e −−→ FH de forma que AB̂C ≡ GÊF e AĈB ≡ HF̂E. Sejam I o ponto em que a semi-reta −−→ EG intersecta o segmento DF , J o ponto em que a semi-reta −−→ FH intersecta o segmento DE e K o ponto de intersec¸a˜o entreas semi-retas −−→ EG e −−→ FH. Trace o segmento DK (figura 191). 125 CEDERJ Semelhanc¸a de triaˆngulos A B C D E F H J K I G Fig. 191: Proposic¸a˜o 24. Os triaˆngulos ABC e KEF sa˜o semelhantes pela Proposic¸a˜o 23. Tem- se portanto que m(AB) m(KE) = m(AC) m(KF ) = m(BC) m(EF ) . Mas m(AB) m(DE) = m(AC) m(DF ) = m(BC) m(EF ) por hipo´tese. Portanto, m(KE) = m(DE) e m(KF ) = m(DF ), ou seja, KE ≡ DE e KF ≡ DF . Mas o exerc´ıcio 8 da aula 2 diz que essa situac¸a˜o na˜o pode ocorrer (compare com a prova do caso L.L.L. de congrueˆncia de triaˆngulos). Essa contradic¸a˜o prova que devemos ter BÂC ≡ ED̂F , AB̂C ≡ DÊF ou AĈB ≡ DF̂E, o que implica, como vimos no in´ıcio desta prova, que ABC e´ semelhante a DEF . Q.E.D. O que a proposic¸a˜o 25 diz e´ que, se os treˆs lados de um triaˆngulo sa˜o proporcionais aos treˆs lados de outro triaˆngulo, enta˜o esses triaˆngulos sa˜o semelhantes. Resumo Nesta aula voceˆ aprendeu... • O que significa dizer que dois triaˆngulos sa˜o semelhantes. • Que, se dois aˆngulos de um triaˆngulo sa˜o congruentes a dois aˆngulos de outro triaˆngulo, enta˜o esses triaˆngulos sa˜o semelhantes. • Que, se dois lados de um triaˆngulo sa˜o porporcionais a dois lados de outro triaˆngulo e os aˆngulos inclusos a esses lados sa˜o congruentes, enta˜o esses triaˆngulos sa˜o semelhantes. • Que, se os treˆs lados de um triaˆngulo sa˜o proporcionais aos treˆs lados de outro triaˆngulo, enta˜o esses triaˆngulos sa˜o semelhantes. CEDERJ 126 Semelhanc¸a de triaˆngulos MO´DULO 1 - AULA 10 Exerc´ıcios 1. Determine os valores de x e de y na figura 192. 3 x 4 6 8 y Fig. 192: Exerc´ıcio 1. 2. Determine o valor de x na figura 193. 4 6 3 8 12 x Fig. 193: Exerc´ıcio 2. 3. Na figura 194, ABCD, EFGC e HIJG sa˜o quadrados. Determine o valor de x. A B CD E F G H J x9 6 I Fig. 194: Exerc´ıcio 3. 4. Na figura 195, ABCD e´ um retaˆngulo, m(BC) = 12 e M e´ o ponto me´dio de AB. Determine m(EF ). A B CD E FM Fig. 195: Exerc´ıcio 4. 127 CEDERJ Semelhanc¸a de triaˆngulos 5. (U.F.SE - 1984) Na figura 196, m(AC) = 8 cm e m(CD) = 4 cm. A B CD Fig. 196: Exerc´ıcio 5. A medida de BD, em cm, e´: (a) 9 (b) 10 (c) 12 (d) 15 (e) 16 6. (Poteˆncia de um ponto em relac¸a˜o a um c´ırculo.) Em qualquer uma das figuras 197, prove que m(PA).m(PB) = m(PC).m(PD). A B C D P A B C D P Γ Γ Fig. 197: Exerc´ıcio 6. O valor comum do produto m(PA).m(PB) e´ chamado de poteˆncia do ponto P em relac¸a˜o ao c´ırculo Γ. 7. Determine o valor de x na figura 198 10 x 8 4 6 7 Fig. 198: Exerc´ıcio 7. 8. Na figura 199, PA e´ tangente ao c´ırculo. A C D P Fig. 199: Exerc´ıcio 8. Prove que m(PA)2 = m(PC)m(PD). CEDERJ 128 Semelhanc¸a de triaˆngulos MO´DULO 1 - AULA 10 9. Na figura 200, m(AB) = 4, m(BC) = 6, m(AC) = 8 e o per´ımetro de DEF vale 27. A B C D E F Fig. 200: Exerc´ıcio 9. Determine as medidas dos lados de DEF . 10. Calcule o raio do c´ırculo da figura 201, sabendo que BC e´ tangente ao c´ırculo. A B C D O 16 9 Fig. 201: Exerc´ıcio 10. 11. (FATEC-1978) Dado o triaˆngulo ABC na figura 202, constru´ımos a poligonal L = BCB1C1B2C2B3C3 . . .. A B C p n m C 3 C 2 C 1 B 3 B 2 B 1 60 o 60 o 60 o 60 o Fig. 202: Exerc´ıcio 11. O comprimento de L e´: (a) 2p (b) m+n+ p (c) 2(m+n) (d) 2(m+ p) (e) m+ n 2 + p 129 CEDERJ Semelhanc¸a de triaˆngulos 12. (UFF, 1994) O hexa´gono regular da figura 203 possui lado medindo L. M 1 M 2 M 3 M 4 M 5 M 6 M 7 M 8 M 9 N 1 N 2 N 3 N 4 N 5 N 6 N 7 N 8 N 9 Fig. 203: Exerc´ıcio 12. Sabendo que os 9 segmentos M1N1,M2N2, . . . ,M9N9 sa˜o todos para- lelos e dividem o segmento M1M9 em 8 partes iguais, pode-se afirmar que a soma m(M1N1) +m(M2N2) + . . .+m(M9N9) e´ igual a: (a) 11L (b) 12L (c) 13L (d) 14L (e) 15L 13. Determine o raio do c´ırculo circunscrito ao triaˆngulo ABC da figura 204, sabendo que m(AB) = 4, m(AC) = 6 e m(AH) = 3. A B C H Fig. 204: Exerc´ıcio 13. 14. (UFF, 1996) O quadrila´tero MNPQ, esta´ inscrito no c´ırculo de centro O e raio 10 cm, conforme a figura 205. Q M N P O Fig. 205: Exerc´ıcio 14. Sabendo que a diagonal MP passa por O, QM = 8 cm e MN = 12 cm, pode-se afirmar que o valor do segmento MH, em cm, e´: (a) 4, 0 (b) 4, 5 (c) 4, 8 (d)5, 0 (e) 5, 3 CEDERJ 130 Semelhanc¸a de triaˆngulos MO´DULO 1 - AULA 10 15. (FUVEST - 1979) Na figura 206, ABC e´ um triaˆngulo retaˆngulo em A, ADEF e´ um quadrado, m(AB) = 1 e m(AC) = 3. B D E A F C Fig. 206: Exerc´ıcio 15. Pode-se afirmar que o lado do quadrado mede: (a) 0,70 (b) 0,75 (c) 0,80 (d) 0,85 (e) 0,90 16. (UFF, 1993) Considere o triaˆngulo iso´sceles PQR da figura 207, de lados congruentes PQ e PR, cuja altura relativa ao lado QR e´ h. M P Q K R 1 2 M Fig. 207: Exerc´ıcio 16. Sabendo que M1 e M2 sa˜o, respectivamente, os pontos me´dios de PQ e PR, a altura do triaˆngulo KM1M2, relativa ao lado M1M2 e´: (a) 2h 3 (b) h 6 (c) h √ 3 2 (d) h √ 3 3 (e) h √ 3 6 131 CEDERJ
Compartilhar