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DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1 Caro candidato, Está é nossa última aula. Veremos hoje os contratos mercantis, com exceção dos contratos intelectuais, que foram vistos na última aula. Disciplinas Contratos mercantis: características; compra e venda mercantil; representação comercial; comissão mercantil; concessão mercantil; contratos bancários: depósito bancário, mútuo bancário, desconto bancário, abertura de crédito; contratos bancários impróprios: alienação fiduciária em garantia, arrendamento mercantil (leasing), faturização (factoring), cartão de crédito; contrato de seguro. Inicialmente, é relevante ressaltar que esta aula encontra-se dividida em duas partes. A primeira apresenta questões na forma certo/errado, retiradas de provas das mais diversas bancas ou por nós elaboradas, enquanto a segunda é composta por questões de múltipla escolha. Ao fim de cada parte, é apresentado o gabarito dos exercícios com os respectivos comentários acerca dos enunciados. Ademais, para um entendimento mais profundo da matéria e melhor consolidação do conteúdo cobrado no edital, também iremos trazer à baila alguma teoria sobre os temas que estão sendo discutidos, com referência à doutrina e à respectiva legislação. Registre-se, por fim, que o número de questões relativas a cada tópico é determinado de acordo com a importância dos respectivos temas e com a frequência em que são cobrados em concursos públicos. Outrossim, algumas questões podem tratar, também, de tópicos vistos em aulas passadas, tendo em vista que as questões de concurso não necessariamente abordam apenas um tema específico de cada matéria. E então candidato, vamos aos trabalhos? DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 2 AULA 7 Responda Certo ou Errado 1. (CESPE - 2009 - SEFAZ-AC - Fiscal da Receita Estadual – Adaptada) Quanto a contratos mercantis, julgue os itens abaixo. I. Os contratos serão considerados mercantis quando pelo menos um dos contratantes for empresário. Esses contratos podem ser regulados por dois regimes jurídicos, o Código Civil, quando as duas partes estiverem em posição de igualdade, ou o CDC, quando uma das partes estiver em situação de vulnerabilidade econômica em relação à outra. II. No contrato de compra e venda mercantil, é defeso às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, ainda que estes sejam suscetíveis de determinação objetiva. III. No contrato de leasing, uma pessoa jurídica é proprietária de um bem de interesse de seu cliente e, em seguida, transfere a posse direta desse bem ao interessado mediante pagamento periódico de certo valor, por um prazo previamente determinado. Ao final desse prazo, aquele que usufrui do bem pode optar por renovar o contrato por igual prazo, adquirir o bem em definitivo, mediante pagamento de certo valor residual previamente definido, ou simplesmente devolver o bem. 2. (FGV - 2010 - SEFAZ-RJ - Fiscal de Rendas - Prova 2 – Adaptada) Com relação à representação comercial autônoma, analise as seguintes afirmativas. I. Para o exercício da atividade de representante comercial autônomo é necessário o prévio registro no Conselho Regional dos Representantes Comerciais. II. O contrato de representação comercial passou a ser regido pelo Código Civil, revogando-se a Lei n.º 4.886, de 9 de dezembro de 1965, que regulava, em sede especial, as atividades dos representantes comerciais autônomos. III. O representante comercial autônomo faz jus ao recebimento da comissão quando for feito o pagamento dos pedidos ou propostas. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 3 3. (COPS-UEL - 2011 - PGE-PR - Procurador do Estado – Adaptada) Sobre o regime jurídico dos contratos empresariais, julgue as seguintes assertivas. I – a alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada, independentemente da tradição efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor direto e depositário com todas as responsabilidades e encargos que lhe incumbem de acordo com a lei civil e penal. II – considera-se arrendamento mercantil, o negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta, existindo a opção de compra ou renovação de contrato, como faculdade do arrendatário. III – no contrato de agência, salvo ajuste diverso por escrito, o proponente pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na mesma zona, com idêntica incumbência. 4. (CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - Juiz – Adaptada) Do ponto de vista jurídico, entende-se por atividade bancária a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios em moeda nacional ou estrangeira. Por contrato bancário, entende-se aquele em que um dos contratantes é um banco. Com relação aos contratos bancários, julgue os seguintes itens. I. O contrato bancário compreendido como operação passiva é aquele que torna o cliente devedor do banco, a exemplo dos contratos de mútuo bancário, que, dessa natureza, são os mais comuns. II. O contrato de alienação fiduciária em garantia é classificado como contrato bancário impróprio e só pode ter como objeto bem móvel. III. O mútuo bancário é contrato real, tendo em vista que se aperfeiçoa com a entrega do dinheiro objeto do empréstimo pelo banco ao mutuário. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 4 5. (TRF - 4ª REGIÃO - 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - Juiz – Adaptada) O contrato de conta-corrente é um dos mais usuais na área bancária, estabelecendo-se relação na qual o banco se compromete a receber os valores remetidos pelo cliente ou por terceiros, bem assim a cumprir as ordens de pagamentos emitidas até o limite do valor depositado ou, firmado também pacto de abertura de crédito, até o limite estabelecido. Muitas vezes ocorrem problemas na execução desses contratos, dando causa a inúmeras ações que tramitam no judiciário brasileiro. Dadas as assertivas abaixo sobre os contratos de conta-corrente e de abertura de crédito, julgue-as. I. O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta- corrente, não é título executivo, mas, instruído com demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória. II. O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de abertura de crédito, constitui título executivo extrajudicial. III. Nos contratos bancários é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da abusividade das cláusulas. 6. (VUNESP - 2011 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros – Adaptada) Sobre Instituições Financeiras, julgue os itens abaixo: I. As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura. II. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que a renegociação de contrato bancário impede a discussão sobre ilegalidades de contratos anteriores. III. Estão sujeitas à aplicação do Código de Defesa do Consumidor. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO- STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 5 7. (CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz - Parte II – Adaptada) Julgue os seguintes itens sobre as diversas espécies de contratos mercantis. I. No contrato de faturização (factoring), determinada pessoa cede a outra o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pela empresa faturizada, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício. II. O devedor fica automaticamente constituído em mora (mora ex re) em caso de inadimplemento do contrato com alienação fiduciária em garantia, sendo desnecessária sua notificação para caracterização do atraso. III. A concessão mercantil é o contrato pelo qual pessoa física ou jurídica, sem relação de emprego, desempenha, em caráter não eventual, a mediação para realizar negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para transmiti- los ao concedente, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios. 8. (FGV - 2008 - TCM-RJ - Procurador – Adaptada) Analise as assertivas a seguir: I. O faturizado responde junto ao faturizador pelos prejuízos causados em caso de inadimplemento da obrigação contraída pelo devedor. II. De acordo com o Código Civil, o contrato de alienação fiduciária em garantia somente pode ter por objeto coisa infungível. III. Considera-se leasing financeiro o contrato pelo qual o arrendante adquire de terceiros certos bens de produção com o objetivo de entregá-lo ao arrendatário, que, no prazo contratual fixado, se obriga ao pagamento de prestações periódicas, com o direito de optar pela compra do bem, renovação do contrato ou devolução do bem. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 6 9. (TJ-DFT - 2007 - TJ-DF - Juiz – Objetiva 2 – Adaptada) Referindo-se ao contrato de seguro, analise as proposições abaixo: I - Mediante tal modalidade contratual, o segurador se obriga, através do pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. II - O princípio da boa-fé se avulta como de natureza relativa. III - a minoração do risco no curso do contrato resulta sempre na redução do prêmio estipulado. 10. (CESPE - 2011 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz – Adaptada) A respeito dos contratos que os empresários individuais e as sociedades empresárias celebram no exercício diário de suas atividades econômicas, julgue os itens abaixo. I. A Lei n.º 6.729/1979, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 8.132/1990, disciplina a concessão comercial que tenha por objeto o comércio de mercadorias, sendo, contudo, atípico o contrato quando a concessão comercial referir-se a veículos automotores. II. Embora o Código Civil determine que o objeto da propriedade fiduciária seja necessariamente coisa móvel infungível, existe a possibilidade de contrato de alienação fiduciária no mercado financeiro e de capitais, bem como em garantia de crédito fiscal e previdenciário. III. O contrato de comissão pode ostentar a cláusula del credere, segundo a qual os riscos do negócio cabem ao comitente, já que o comissário, embora atue em nome próprio, o faz no interesse do comitente e à conta dele, de acordo, inclusive, com suas instruções. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 7 11. (CESPE - 2007 - TJ-TO - Juiz – Adaptada) Acerca de contrato de compra e venda mercantil, julgue os itens abaixo. I. Considera-se perfeita a compra e venda pura quando as partes acordam quanto ao preço e ao objeto. II. É vedada a compra e venda sem fixação de preço. III. A compra e venda mercantil não pode ter por objeto coisa futura. 12. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos – 2012 – Adaptada de outras questões de concurso) Analise as seguintes assertivas sobre a representação comercial, respondendo certo ou errado: I. O contrato de representação comercial não admite as cláusulas del credere. II. Nos termos da Lei 4886/65, considera-se contrato de representação comercial com prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de seis meses, a outro contrato, por prazo indeterminado ou não. III. O contrato de representação comercial, regido pela Lei 4886/65, exige que o contratado seja pessoa jurídica, registrada no CORE (Conselho Regional dos Representantes Comerciais); caso contrário, estar-se-á necessariamente diante de um contrato de trabalho, já que presente o requisito da pessoalidade. 13. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos – 2012) Em relação à alienação fiduciária em garantia, considere as seguintes assertivas: I. Na alienação fiduciária em garantia, o devedor é o possuidor direto e depositário do bem, enquanto o credor tem a posse indireta e o domínio resolúvel. II. Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse do devedor, o credor poderá requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, sendo cabível a prisão civil do depositário infiel. III. É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 8 14. (FGV - 2008 - TCM-RJ - Procurador – Adaptada) A respeito do contrato de alienação fiduciária em garantia, julgue as seguintes afirmativas. I. O credor fiduciário detém a posse indireta do bem objeto do contrato. II. O credor fiduciário pode requerer a conversão do pedido de busca e apreensão em ação de depósito, se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado, ou não se achar na posse do devedor. III. O direito real que decorre do contrato de alienação fiduciária em garantia é a propriedade fiduciária. 15. (CESPE - 2007 - TJ-PI – Juiz - Adaptada) Com relação ao contrato de compra e venda regido pelo Código Civil, julgue os itens que se seguem. I - O pacto de retrovenda é cláusula acessória aposta no contrato de compra e venda de bens imóveis, consistente na faculdade que se reserva o vendedor de resolver o contrato, por vontade unilateral e imotivada, reavendo o imóvel desde que pague ao comprador o preço original, monetariamente corrigido, as despesas por ele suportadas e o valor equivalente às benfeitorias necessárias, bem como as úteis e voluptuárias que se efetuaram com a sua autorização escrita. II - Pela cláusula de preferência, o comprador se compromete a vender o bem móvel ou imóvel adquirido ao vendedor, em prazo certo e decadencial. Trata- se de cláusula resolutiva expressa no contrato, por ser potestativa, subordinada à vontade do antigo dono de readquirir o bem. O direito de preferência não se transmite por ato entre vivos, apenas por causa de morte do alienante aos herdeiros. III - A cláusula de venda a contento subordina a eficácia do negócio à circunstância da satisfação do adquirente. Pela condição suspensiva desse negócio, o comprador, enquanto não se manifesta acerca da aprovação da coisa, ocupa posição jurídica análoga à do comodatário. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 9 Questões demúltipla escolha 16. (VUNESP - 2011 - TJ-SP – Juiz) Relativamente à compra e venda, aponte a alternativa correta. a) Anulável será o contrato quando se deixar ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. b) É lícito aos contratantes estipular o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação, ou sujeitá-lo à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar, ou ainda ao arbítrio de terceiro que prometerem designar. c) A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição resolutiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue, e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado. d) É ilícita a compra e venda entre cônjuges. e) Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma autoriza a rejeição de todas. 17. (VUNESP - 2007 - OAB-SP - Exame de Ordem - 3 - Primeira Fase) O contrato pelo qual uma pessoa assume, em caráter não-eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outras, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, é denominado contrato de a) comissão. b) corretagem. c) agência. d) mandato. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 10 18. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos – 2012) Não constitui objeto do contrato de concessão mercantil de veículos automotores: a) O uso gratuito de marca do concedente, como identificação. b) A comercialização de veículos automotores, implementos e componentes fabricados ou fornecidos pelo produtor. c) A prestação de assistência técnica a esses produtos, inclusive quanto ao seu atendimento ou revisão. d) A locação de veículos automotores fabricados ou fornecidos pelo produtor. 19. (FAE - 2006 - TRT - 9ª REGIÃO/PR - Juiz - 1ª Prova - 2ª Etapa) Acerca do contrato de representação comercial, assinale a alternativa correta: a) No contrato de representação comercial, o representado nomeia um procurador, chamado representante comercial, com poderes para administrar bens, vender, negociar preço e condições. b) A representação comercial pode ser exercida por pessoa física ou jurídica, com total autonomia jurídica e negocial em relação ao representado, e se caracteriza pela obrigação do representante distribuir, numa área determinada, os produtos comercializados pelo representado. c) A representação comercial pode ser exercida por pessoa física, que, sem vínculo de emprego com o representado, se obriga a obter pedidos de compra e venda de mercadorias fabricadas ou comercializadas pelo representado, bem como a prestar-lhe contas. d) Na representação comercial, ao representado é vedado qualquer tipo de ingerência nos negócios do representante, não podendo o representado estipular preços ou condições de pagamento a serem praticados pelo representante, sob pena de caracterizar subordinação e descaracterizar o contrato de representação comercial. e) Nos contratos de representação comercial com prazo determinado, a parte que o denunciar estará obrigada a conceder pré-aviso de 30 dias e pagar indenização correspondente a 1/3 do total de comissões recebidas pelo representante. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 11 20. (VUNESP - 2009 - TJ-SP – Juiz) Sobre a representação comercial autônoma, conforme disciplinada na Lei Federal n.º 4.886, de 1965, é correto afirmar que a) a exerce a pessoa física ou jurídica que, sem relação de emprego, desempenhe em caráter não eventual, por conta de uma ou mais pessoas, a mediação para a realização de negócios mercantis. b) pode exercê-la quem não puder ser comerciante. c) pode exercê-la quem tenha sido condenado, pelo crime de lenocínio, a pena inferior a 2 (dois) anos de reclusão. d) nos pertinentes contratos, será facultativa a indicação da zona ou das zonas em que será exercida a representação. 21. (CESPE - 2011 - TRF - 5ª REGIÃO – Juiz) O contrato por meio do qual alguém entrega quantia de dinheiro ao banco para que este dela disponha livremente, com a obrigação de restituí-la ao depositante ou de entregá-la, em uma única vez ou em partes, à pessoa que este indicar, caracteriza-se como a) conta-corrente bancária. b) mútuo bancário. c) crédito documentado bancário. d) abertura de crédito bancário. e) depósito bancário. 22. (CESPE - 2008 - TJ-SE – Juiz) Considerando que determinada pessoa tenha firmado, com certa instituição financeira, contrato de mútuo da importância de R$ 5.000,00, com vencimento superior a 180 dias, assinale a opção correta acerca do contrato de mútuo bancário. a) O contrato firmado entre essa pessoa e a instituição financeira é classificado como consensual, por ter-se tornado perfeito no momento em que as partes entraram em acordo. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 12 b) Como seu prazo de vencimento é inferior a um ano, o mútuo bancário contraído é considerado um contrato de curto prazo. c) A avença bancária firmada não se sujeita à limitação das taxas de juros prescritas na CF. d) Em regra, o contrato de mútuo bancário deve ser celebrado por instrumento público. e) A bilateralidade é uma das principais características do mútuo bancário, pois gera direitos e obrigações para ambas as partes. 23. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos – 2012) No contrato de desconto bancário, o banco antecipa o pagamento de um crédito de determinado cliente, que o cede ao banco. Quando este crédito está documentado em um título de crédito, a cessão, em regra, dá-se por endosso. Sendo assim: a) o banco, além do direito de regresso contra o cliente endossante, protege-se contra a oposição de exceções pessoais por parte do devedor do título contra o endossante. b) o banco não terá direito de regresso contra o cliente endossante, mas protege-se contra a oposição de exceções pessoais por parte do devedor do título contra o endossante. c) o banco terá direito de regresso contra o cliente endossante, mas não se protege contra a oposição de exceções pessoais por parte do devedor do título contra o endossante. d) o banco não terá direito de regresso contra o cliente endossante nem se protege contra a oposição de exceções pessoais por parte do devedor do título contra o endossante. 24. (FCC - 2011 - MPE-CE - Promotor de Justiça) Se o bem móvel alienado fiduciariamente a um banco não for encontrado ou não se achar na posse do devedor, poderá o credor fiduciário DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 13 a) apenas alterar o pedido formulado na ação de busca e apreensão para o de execução por quantia certa. b) requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, nos mesmos autos, em ação de depósito, e o devedor ficará sujeito a prisão civil, se não restituir o bem ou seu equivalente em dinheiro. c) se o fiduciante estiver em mora, somente executar o fiador, que se sub- rogará, de pleno direito, no crédito e na garantia constituída pela alienação fiduciária. d) recorrer apenas à execução contra o devedor, penhorando-lhe outros bens suficientes para assegurar a execução. e) requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, nos mesmos autos, em ação de depósito, mas o devedor não ficará sujeito a prisão civil. 25. (VUNESP - 2011 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de Registros) Segundoa jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa incorreta a respeito de alienação fiduciária. a) O contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já integrava o patrimônio do devedor. b) A notificação destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas por alienação fiduciária deve necessariamente indicar o valor do débito. c) Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia. d) Na falência do devedor alienante, fica assegurado ao credor fiduciário o direito de pedir a restituição do bem alienado fiduciariamente. 26. (FCC - 2009 - TJ-GO – Juiz) O leasing financeiro e a alienação fiduciária em garantia caracterizam-se, respectivamente, pela a) aquisição, em ambos os contratos, de bens duráveis mediante financiamento bancário, sem que haja transferência de propriedade entre credor e devedor, ficando o bem em penhor nas mãos do devedor. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 14 b) aquisição do bem pelo financiador e locação dele para o tomador, que escolheu o bem, com opção de compra depois de certo prazo; e pela transferência pelo fiduciante da propriedade resolúvel do bem ao fiduciário, que o transferirá ao fiduciante mediante o cumprimento das obrigações por este assumidas. c) alienação do bem pelo proprietário que continuar na posse do bem como locatário, com opção de recomprá-lo depois de certo prazo; e pela transferência pelo fiduciante da propriedade resolúvel do bem ao fiduciário, que o transferirá ao fiduciante mediante o cumprimento das obrigações por este assumidas. d) locação do bem com obrigação de assistência técnica ao tomador que tem a opção de compra depois de decorrido certo prazo; e pela transferência pelo fiduciário da propriedade resolúvel do bem ao fiduciante, que o transferirá ao fiduciário mediante o cumprimento das obrigações por este assumidas. e) locação do bem pelo fornecedor ao tomador, que, juntamente com as prestações do aluguel, necessariamente, antecipará o valor residual garantido com vistas à aquisição compulsória do bem depois de certo prazo; e pela transferência pelo fiduciante da propriedade resolúvel do bem ao fiduciário, que o transferirá ao fiduciante mediante o cumprimento das obrigações por este assumidas. 27. (FGV - 2009 - SEFAZ-RJ - Fiscal de Rendas - Prova 2) A respeito do contrato de arrendamento mercantil, é correto afirmar que: a) é proibido o pagamento antecipado de Valor Residual Garantido (VRG). b) o bem objeto do contrato de arrendamento mercantil deve necessariamente ser adquirido pelo arrendatário. c) o bem objeto do contrato de arrendamento mercantil deve necessariamente retornar à instituição financeira. d) a cobrança antecipada do Valor Residual Garantido (VRG) descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil, transformando-o em compra e venda a prestação. e) a cobrança antecipada do Valor Residual |Garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 15 28. (EJEF - 2009 - TJ-MG – Juiz) Marque a opção CORRETA, correspondente à característica própria do contrato de seguro a) Personalíssimo. b) Aleatório. c) Comutativo. d) Unilateral. 29. (FCC - 2011 - TRE-TO - Analista Judiciário - Área Judiciária) Em regra, no seguro de dano, a transferência do contrato a terceiro com a alienação ou cessão do interesse segurado é a) vedada pelo Código Civil brasileiro em atenção aos princípios da transparência e da boa-fé objetiva. b) admitida, sendo que, se o instrumento contratual é nominativo, a transferência produz efeitos em relação ao segurador imediatamente, sendo desnecessário aviso escrito. c) admitida, sendo que a apólice ou o bilhete à ordem se transfere por endosso em branco. d) admitida, sendo que a apólice ou o bilhete à ordem só se transfere por endosso em preto, datado e assinado pelo endossante e pelo endossatário. e) admitida, sendo que se o instrumento contratual é nominativo, a transferência produz efeitos em relação ao segurador após dez dias úteis da efetivação da transferência, sendo desnecessário aviso escrito. 30. (ESAF - 2010 - SUSEP - Analista Técnico - Prova 1) As operações de resseguro e retrocessão têm como função: a) dispersar riscos. b) preservar a solvência de seguradoras. c) evitar a inobservância das condições técnicas de uma carteira. d) facilitar a capitalização das seguradoras. e) preservar as reservas técnicas e provisões especiais. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 16 Gabarito Questão 1: I – E, II – E, III – C. Questão 2: I – C, II – E, III – C. Questão 3: I – C, II – C, III – E. Questão 4: I – E, II – E, III – C. Questão 5: I – C, II – C, III – C. Questão 6: I – C, II – E, III – C. Questão 7: I – E, II – E, III – E. Questão 8: I – E, II – C, III – C. Questão 9: I – C, II – E, III – E. Questão 10: I – E, II – C, III – E. Questão 11: I – C, II – E, III – E. Questão 12: I – C, II – C, III – E. Questão 13: I – C, II – E, III – C. Questão 14: I – C, II – C, III – C. Questão 15: I – C, II – E, III – C. Questão 16: B Questão 17: C Questão 18: D Questão 19: C Questão 20: A Questão 21: E Questão 22: C Questão 23: A Questão 24: E Questão 25: B Questão 26: B Questão 27: E Questão 28: B Questão 29: D Questão 30: A DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 17 Comentários 1. (CESPE - 2009 - SEFAZ-AC - Fiscal da Receita Estadual – Adaptada) Quanto a contratos mercantis, julgue os itens abaixo. I. Os contratos serão considerados mercantis quando pelo menos um dos contratantes for empresário. Esses contratos podem ser regulados por dois regimes jurídicos, o Código Civil, quando as duas partes estiverem em posição de igualdade, ou o CDC, quando uma das partes estiver em situação de vulnerabilidade econômica em relação à outra. II. No contrato de compra e venda mercantil, é defeso às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, ainda que estes sejam suscetíveis de determinação objetiva. III. No contrato de leasing, uma pessoa jurídica é proprietária de um bem de interesse de seu cliente e, em seguida, transfere a posse direta desse bem ao interessado mediante pagamento periódico de certo valor, por um prazo previamente determinado. Ao final desse prazo, aquele que usufrui do bem pode optar por renovar o contrato por igual prazo, adquirir o bem em definitivo, mediante pagamento de certo valor residual previamente definido, ou simplesmente devolver o bem. Questão 1 O primeiro item trata de uma questão conceitual dos contratos mercantis. Não há norma positiva sobre o assunto, mas este é definido doutrinariamente. Os contratos mercantis — em tese — será aqueles cujas partes sejam empresários e a função econômica do negócio jurídico estiver relacionada à exploração de atividade empresarial. Sendo assim, a afirmativa está errada. O item II está errado em razão do que dispõe o art. 487 do Código Civil. O item III, por sua vez, está correto. A definição não é positivada em lei, mas é amplamente aceita pela doutrina. Deixaremos para analisar os aspectos teóricos do arrendamento mercantil posteriormente. DIREITO EMPRESARIAL– EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 18 Vejamos, agora, sobre os contratos mercantis, em geral, e sobre a compra e venda mercantil, especificamente. Na vigência do Código Comercial de 1850, um contrato seria mercantil se uma das partes fosse comerciante e o contrato estivesse relacionado a um ato de comércio. Porém, esta definição não possui mais qualquer aplicação, principalmente, pela entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor, pelo qual contratos entre um empresário é uma pessoa não empresária serão, na imensa maioria dos casos, contratos de consumo. Porém, o novo Código Civil não define o que é um contrato mercantil ou empresarial, principalmente, porque ele foi escrito com o espírito da unificação do Direito Privado, não fazendo distinção entre contratos civis e mercantis. A doutrina, por sua vez, acabou por definir contrato mercantil, simplesmente, como aquele que é celebrado entre empresários. Uma definição mais restrita, seria idêntica a esta, mas excluindo qualquer contrato no qual seja aplicável o CDC. O projeto do Novo Código Comercial pretende definir contrato comercial da seguinte forma: É empresarial o contrato quando forem empresários os contratantes e a função econômica do negócio jurídico estiver relacionada à exploração de atividade empresarial. Como se pode ver, a definição não se difere do que já apresentamos: ambas as partes são empresárias e o objeto do contrato deve relacionar-se com a exploração da atividade empresarial, ou seja, não deve ser de consumo. O Novo Código explicita este fato no parágrafo único do seu artigo seguinte: O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável aos contratos empresariais. De forma semelhante ao que já foi dito, não há nenhuma definição legal do que seja um contrato de compra e venda mercantil. O que há são contratos nos quais se aplica exclusivamente o Código Civil e contratos aos quais também é aplicável o CDC. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 19 Porém, de qualquer forma, também na esteira do que já foi dito, a doutrina conceitua a compra e venda mercantil, simplesmente, o contrato de compra e venda celebrado entre empresários. Segundo este entendimento, o Novo Código Comercial pretende conceituar a compra e venda mercantil como: A compra e venda mercantil é o contrato em que um empresário se obriga a transferir o domínio de coisa e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro, sendo o objeto contratual relacionado à exploração de atividade empresarial. Ou seja, nada diferente do que já vimos, porém, agora, aplicado a um tipo contratual específico: a compra e venda. Sendo assim, esta definição é apenas ilustrativa, pois, atualmente, o que vale são as normas contidas nos arts. 481 ao 532 do Código Civil, os quais regulam a compra e venda, e termos em mente de que o CDC não é aplicável. Deste modo, a compra e venda é definida no Código Civil desta forma: Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Reunindo a definição legal com o conceito estabelecido pela doutrina, podemos chegar a definição de compra e venda mercantil como: Compra e venda mercantil: contrato pelo qual um empresário obriga-se a transferir o domínio de certa coisa a outro — relacionado à sua atividade empresarial —, que a adquire, pagando-lhe certo preço em dinheiro. Assim, o contrato de compra e venda mercantil é uma relação jurídica bilateral, na qual, em um polo, temos um empresário que é credor de uma certa quantia de dinheiro e devedor de um bem material e, no outro, temos também um empresário, devedor da mesma quantia pecuniária e credor do mesmo bem material, que é relacionado à sua atividade empresarial. Além disso, ambas as obrigações são obrigações de dar, de modo que as regras dos arts. 233 a 246 são aplicáveis aos contratos de compra e venda, além de outros artigos gerais do Direito Obrigacional. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 20 No que tange especificamente a compra e venda, são de grande importância as disposições sobre o preço e a coisa vendida. Quanta esta, a única regra específica é a seguinte: Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório. Isto significa que alguma coisa pode ainda não existir no momento do contrato. O que importa é que, na data estipulada para o seu cumprimento, a coisa exista. Caso esta não exista, o contrato ficará sem efeito, salvo se o contrato for aleatório, que é o contrato no qual uma das partes assume o risco se o objeto pactuado não vier a existir (arts. 458 a 461). Já no que tange os preços, há vários dispositivos regulando-o: Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa. Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação. Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor. Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo médio. Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço. Através destas regras, vemos que o preço não precisa ser determinado no momento da celebração do contrato, mas este será nulo se for estipulado que caberá apenas a uma das partes arbitrar o preço (art. 489). DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 21 Fora o ajuste comum entre as partes, estas poderão definir que o preço será fixado por terceiro (art. 485), taxas de mercado ou bolsa (art. 486), índices econômicos (art. 487) ou, ainda, se as partes não estipularem nada e não houver tabelamento oficial, o preço será o habitual do vendedor (art. 488). Em seguida, temos o seguinte artigo: Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição. Este artigo pode dar a entender que será obrigação do vendedor transportar a coisa até o comprador. Porém, no art. 493, temos o seguinte: Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda. Como podemos observar, todas estas normas são dispositivas, de modo que as partes podem pactuar qualquer disposição diversa. Assim, se nada for pactuado e a coisa encontrar-se, por exemplo, na loja do vendedor, a este cumpre apenas disponibilizá-la ao comprador. Porém, caso seja estipulado que ela deverá ser entregue no domicílio do comprador, ao vendedor caberá as despesas com o transporte SE não for pactuado algo diverso. Ou seja, o Código Civil oferece apenas um standard contratual, pois todas estas cláusulas podem ser negociadas.Não a toa, há no comércio internacional um sistema chamado INCOTERMS 2000, que define minuciosamente os pontos de transferência de custo e os pontos de transferência de risco. O ponto de transferência de risco standard é o momento de tradição: Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador. § 1º Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão por conta deste. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 22 § 2º Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustados. Ou seja, a regra é que, até o momento da tradição — isto é, da entrega da coisa ao comprador —, os riscos são do vendedor, exceto se o comprador estiver em mora em recebê-las. Quanto ao pagamento, há uma diferença entre a venda a vista e a prazo. Se for a vista, o vendedor não tem a obrigação de entregar a coisa antes de receber o pagamento (art. 491); sendo a crédito, obviamente, deverá entregá-la, pois é da natureza desta modalidade de pagamento. 2. (FGV - 2010 - SEFAZ-RJ - Fiscal de Rendas - Prova 2 – Adaptada) Com relação à representação comercial autônoma, analise as seguintes afirmativas. I. Para o exercício da atividade de representante comercial autônomo é necessário o prévio registro no Conselho Regional dos Representantes Comerciais. II. O contrato de representação comercial passou a ser regido pelo Código Civil, revogando-se a Lei n.º 4.886, de 9 de dezembro de 1965, que regulava, em sede especial, as atividades dos representantes comerciais autônomos. III. O representante comercial autônomo faz jus ao recebimento da comissão quando for feito o pagamento dos pedidos ou propostas. Questão 2 O item I está correto. Embora o STF considere esta exigência inconstitucional, é o que dispõe o art. 2º da L. 4.886/1965. Sendo assim, as bancas consideram esta afirmação correta e, provavelmente, continuarão considerando-a assim até que seja edita alguma Súmula a respeito. Já o item II encontra-se errado. O Código Civil não revogou a L. 4.886/1965, havendo, inclusive, norma determinando a aplicação das Leis Especiais sobre o contrato de agência, do qual a representação comercial é espécie (art. 721, CC/2002). DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 23 O item III está correto. A retribuição — chamada de comissão, embora o contrato de representação comercial não seja uma comissão — é requisito do contrato, conforme o art. 27, f, da L. 4.886/1965. Esta questão trata exclusivamente da representação comercial. Este contrato possui lei própria (a Lei 4.886/1965) e é muito cobrado nos certames. Porém, ao apresentarmo-lo, o prezado candidato deparar-se-á com uma contradição em relação ao que virmos anteriormente: o contrato de representação comercial não necessariamente ocorre entre dois empresários! Como explicar isto? Sinceramente, não há explicação. A doutrina considera contrato mercantil o contrato entre dos empresários — nos termos já relatados — e, ao mesmo tempo, considera a representação comercial um contrato mercantil. Se isto não faz sentido e foge as leis da lógica, só nos resta lamentar. Porém, conforme a nossa atitude pragmática proposta, o nosso dever é treiná-lo para ser aprovado no exame a ser prestado. Sendo assim, caso o candidato seja perguntado se o contrato mercantil é um contrato entre dois empresários, deverá responder: sim; caso seja inquirido se a representação comercial é um contrato mercantil, deverá responder: sim; mesmo que isto seja uma contradição, pois isto é um problema que a doutrina, os legisladores e a jurisprudência devem resolver, e não nós, pois o nosso objetivo, do Ponto dos Concursos, é fazer com que seja aprovado, e o seu, candidato, é a aprovação. Pois bem, feita esta ressalva, a representação comercial foi regulada pela já citada a Lei, que além de dispor sobre o contrato, instituiu o Conselho Federal de Representantes Comerciais e os Conselhos Regionais de Representantes Comerciais. Eis o porquê de tal contrato ser enquadrado nos contratos mercantis: é um contrato típico da mercância, embora não seja realizado entre empresários; dentro do sistema antigo de atos de comércio, enquadrava-se como contrato mercantil e permanece assim até hoje. A inscrição dos representantes comerciais autônomos nos respectivos conselhos era — e, pela Lei, ainda é — obrigatória. Farta jurisprudência pretoriana considera isto inconstitucional. No entanto, há bancas que consideram a obrigatoriedade do registro como correto. Há ainda outras restrições ao exercício da representação comercial: DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 24 Art. 4º Não pode ser representante comercial: a) o que não pode ser comerciante; b) o falido não reabilitado; c) o que tenha sido condenado por infração penal de natureza infamante, tais como falsidade, estelionato, apropriação indébita, contrabando, roubo, furto, lenocínio ou crimes também punidos com a perda de cargo público; d) o que estiver com seu registro comercial cancelado como penalidade. Quanto ao contrato em si, a representação comercial é espécie de agência, que é regulada pelo Código Civil. Esta é assim definida: Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua disposição a coisa a ser negociada. Porém, o Código Civil faz a seguinte previsão: Art. 721. Aplicam-se ao contrato de agência e distribuição, no que couber, as regras concernentes ao mandato e à comissão e as constantes de lei especial. Sendo assim, a L. 4.886/1965 continua vigente e aplicável. Esta define o contrato e a atividade de representação comercial da seguinte forma: Art . 1º Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa física, sem relação de emprêgo, que desempenha, em caráter não eventual por conta de uma ou mais pessoas, a mediação para a realização de negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para, transmití-los aos representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios. Como podemos perceber, as definições são semelhantes. Neste contrato, uma pessoa — o representante comercial — realiza a mediação de negócios. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 25 Este detalhe é muito importante, pois é o que diferencia do contrato de comissão, que veremos mais adiante. Ademais, é cediço na doutrina que estes negócios mercantis são operações de compra e venda de mercadorias. Na comissão, o comissário realiza os negócios em próprio nome, mas a conta do comitente; na representação, podemos dizer que o representante “negocia” em termos coloquiais — encontra-se com o cliente, “vende” o produto —, mas, na prática, ele não está realizando o negócio: ele só está aproximando o cliente do representado e este, ao final, que realizará o negócio, em seu próprio nome. É claro que o representantepode ser investido com um mandato que o permita fechar os negócios, mas isto em nada alterará a natureza do contrato, pois quem continuará realizando os negócios será o representado; o representante será, como o próprio nome diz, um mero representante. A Lei prevê isso: Art. 1º [...] Parágrafo único. Quando a representação comercial incluir podêres atinentes ao mandato mercantil, serão aplicáveis, quanto ao exercício dêste, os preceitos próprios da legislação comercial. Importante ressaltar que o representante possui subordinação empresarial, mas não possui subordinação pessoal. Caso o representante seja pessoa natural e estabeleça-se esta subordinação, o contrato perderá sua natureza e ficará caracterizada a relação de emprego, em razão do princípio da primazia da realidade, atinente ao Direito do Trabalho. Esta subordinação consiste-se no fato de que o representante, por regra, não tem o poder de fechar os negócios que intermedeie; isto cabe ao próprio representado. O representante também não poderá fazer as seguintes liberalidades: Art. 29. Salvo autorização expressa, não poderá o representante conceder abatimentos, descontos ou dilações, nem agir em desacôrdo com as instruções do representado. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 26 O representado, porém, não tem o poder de determinar o modo pelo qual o representante realizará a sua atividade — nisto consiste sua autonomia. Sendo assim, a mecânica do contrato realiza-se da seguinte forma: o representante capta os negócios para o representado e envia-lhe as propostas; este, a partir disto, terá um prazo para manifestar-se, que poderá ser ajustado contratualmente. No caso de falta de previsão, isto é regulado pela Lei: Art. 33. Não sendo previstos, no contrato de representação, os prazos para recusa das propostas ou pedidos, que hajam sido entregues pelo representante, acompanhados dos requisitos exigíveis, ficará o representado obrigado a creditar-lhe a respectiva comissão, se não manifestar a recusa, por escrito, nos prazos de 15, 30, 60 ou 120 dias, conforme se trate de comprador domiciliado, respectivamente, na mesma praça, em outra do mesmo Estado, em outro Estado ou no estrangeiro. § 1º Nenhuma retribuição será devida ao representante comercial, se a falta de pagamento resultar de insolvência do comprador, bem como se o negócio vier a ser por êle desfeito ou fôr sustada a entrega de mercadorias devido à situação comercial do comprador, capaz de comprometer ou tornar duvidosa a liquidação. § 2º Salvo ajuste em contrário, as comissões devidas serão pagas mensalmente, expedindo o representado a conta respectiva, conforme cópias das faturas remetidas aos compradores, no respectivo período. § 3° Os valores das comissões para efeito tanto do pré-aviso como da indenização, prevista nesta lei, deverão ser corrigidos monetariamente. Da leitura destes artigos, podemos depreender que o representante faz jus a uma retribuição pelos negócios que intermediar e forem realizados. Art. 32. O representante comercial adquire o direito às comissões quando do pagamento dos pedidos ou propostas. § 1° O pagamento das comissões deverá ser efetuado até o dia 15 do mês subseqüente ao da liquidação da fatura, acompanhada das respectivas cópias das notas fiscais. § 2° As comissões pagas fora do prazo previsto no parágrafo anterior deverão ser corrigidas monetariamente. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 27 § 3° É facultado ao representante comercial emitir títulos de créditos para cobrança de comissões. § 4° As comissões deverão ser calculadas pelo valor total das mercadorias. § 5° Em caso de rescisão injusta do contrato por parte do representando, a eventual retribuição pendente, gerada por pedidos em carteira ou em fase de execução e recebimento, terá vencimento na data da rescisão. § 6° (Vetado). § 7° São vedadas na representação comercial alterações que impliquem, direta ou indiretamente, a diminuição da média dos resultados auferidos pelo representante nos últimos seis meses de vigência. A retribuição é apenas um dos vários requisitos do contrato, elencados na Lei: Art. 27. Do contrato de representação comercial, além dos elementos comuns e outros a juízo dos interessados, constarão obrigatoriamente: a) condições e requisitos gerais da representação; b) indicação genérica ou específica dos produtos ou artigos objeto da representação; c) prazo certo ou indeterminado da representação; d) indicação da zona ou zonas em que será exercida a representação; e) garantia ou não, parcial ou total, ou por certo prazo, da exclusividade de zona ou setor de zona; f) retribuição e época do pagamento, pelo exercício da representação, dependente da efetiva realização dos negócios, e recebimento, ou não, pelo representado, dos valôres respectivos; g) os casos em que se justifique a restrição de zona concedida com exclusividade; h) obrigações e responsabilidades das partes contratantes; i) exercício exclusivo ou não da representação a favor do representado; j) indenização devida ao representante pela rescisão do contrato fora dos casos previstos no art. 35, cujo montante não poderá ser inferior a 1/12 (um doze avos) do total da retribuição auferida durante o tempo em que exerceu a representação. § 1° Na hipótese de contrato a prazo certo, a indenização corresponderá à importância equivalente à média mensal da retribuição auferida até a data da rescisão, multiplicada pela metade dos meses resultantes do prazo contratual. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 28 § 2° O contrato com prazo determinado, uma vez prorrogado o prazo inicial, tácita ou expressamente, torna-se a prazo indeterminado. § 3° Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de seis meses, a outro contrato, com ou sem determinação de prazo. Dentre estes requisitos, fora a retribuição, podemos destacar a importância do prazo e da área de atuação, da exclusividade devida a ambas as partes e da indenização pela rescisão do contrato. Sobre o prazo, podemos ver, pelos §§ 1º e 2º, que somente na primeira contratação este poderá ser determinado; qualquer prorrogação transforma o contrato em prazo indeterminado. Deste modo, caso o representado queira encerrar o contrato, deverá pagar indenização ao representante, nos termos da alínea j do art. supra (o §1º trata da rescisão durante o contrato com prazo certo). Porém, como a própria alínea alerta, esta indenização somente será paga nos casos de rescisão imotivada. A Lei, de forma semelhante a um contrato trabalhista, busca proteger ambas as partes, no caso de uma rescisão imotivada e, além da indenização devida pelo representado — quando este realiza a rescisão —, ambas as partes, caso queiram rescindir o contrato imotivadamente, deverão notificar a outra ou pagar uma indenização. Art. 34. A denúncia, por qualquer das partes, sem causa justificada, do contrato de representação, ajustado por tempo indeterminado e que haja vigorado por mais de seis meses, obriga o denunciante, salvo outra garantia prevista no contrato, à concessão de pré-aviso, com antecedência mínima de trinta dias, ou ao pagamento de importância igual a um têrço (1/3) das comissões auferidas pelo representante, nos três meses anteriores. Art. 35. Constituem motivos justos para rescisão do contrato de representação comercial, pelo representado: a) a desídia do representante no cumprimentodas obrigações decorrentes do contrato; b) a prática de atos que importem em descrédito comercial do representado; c) a falta de cumprimento de quaisquer obrigações inerentes ao contrato de representação comercial; d) a condenação definitiva por crime considerado infamante; DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 29 e) fôrça maior. Art. 36. Constituem motivos justos para rescisão do contrato de representação comercial, pelo representante: a) redução de esfera de atividade do representante em desacôrdo com as cláusulas do contrato; b) a quebra, direta ou indireta, da exclusividade, se prevista no contrato; c) a fixação abusiva de preços em relação à zona do representante, com o exclusivo escopo de impossibilitar-lhe ação regular; d) o não-pagamento de sua retribuição na época devida; e) fôrça maior. Art . 37. Sòmente ocorrendo motivo justo para a rescisão do contrato, poderá o representado reter comissões devidas ao representante, com o fim de ressarcir-se de danos por êste causados e, bem assim, nas hipóteses previstas no art. 35, a título de compensação. Quanto à exclusividade de representação, esta cláusula, tratada nas alíneas d, e e f, é implícita e, caso o representado não queira conferir exclusividade ao representante, deverá deixar isto claro. Porém, esta exclusividade é restrita a uma área geográfica definida. Já a exclusividade da representação — a do representante perante o representado —, caso haja, deverá ser explícita no contrato. Art. 31. Prevendo o contrato de representação a exclusividade de zona ou zonas, ou quando este for omisso, fará jus o representante à comissão pelos negócios aí realizados, ainda que diretamente pelo representado ou por intermédio de terceiros. Parágrafo único. A exclusividade de representação não se presume na ausência de ajustes expressos. A regra é clara, havendo exclusividade, qualquer negócio realizado diretamente pelo comerciante ou por outro agente resultará no direito do representante receber sua retribuição tal qual receberia se tivesse ele mesmo intermediado o negócio. Por último, resta observar que o contrato de representação comercial veda a cláusula del credere. Esta cláusula, que é possível nos contratos de DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 30 comissão, torna o comissário solidariamente responsável com aqueles com quem contratar perante o comitente. No caso da representação comercial, isto não é possível. Caso aquele com quem tratou de intermediar o negócio para o representado não cumprir suas obrigações, este deverá suportar o prejuízo. Art. 43. É vedada no contrato de representação comercial a inclusão de cláusulas del credere. 3. (COPS-UEL - 2011 - PGE-PR - Procurador do Estado – Adaptada) Sobre o regime jurídico dos contratos empresariais, julgue as seguintes assertivas. I – a alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e a posse indireta da coisa móvel alienada, independentemente da tradição efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor direto e depositário com todas as responsabilidades e encargos que lhe incumbem de acordo com a lei civil e penal. II – considera-se arrendamento mercantil, o negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta, existindo a opção de compra ou renovação de contrato, como faculdade do arrendatário. III – no contrato de agência, salvo ajuste diverso por escrito, o proponente pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na mesma zona, com idêntica incumbência. Questão 3 O item I está correto. Também não há uma definição feita em Lei, mas é assim a forma pela qual a doutrina e a jurisprudência entendem o contrato. O item II, pelas mesmas razões, também está correto. Já o item III está errado. No contrato de agência, em sentido amplo, ocorre justamente o contrário, em razão do art. 711 do CC/2002 e, no que tange a representação comercial, a norma está no ar. 31 da sua Lei. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 31 Esta questão trata de diversos contratos. A agência, como já dito, é gênero do qual a representação comercial é espécie. Como já vimos os aspectos teóricos deste contrato, vamos tratar das definições de arrendamento mercantil e alienação fiduciária. Prezado candidato, o contrato de alienação fiduciária obedece à seguinte mecânica: uma parte aliena um determinado bem a outra, que se obriga a devolvê-la quando ocorrer determinado fato jurídico. Este fato normalmente é o pagamento de prestações de um contrato de mútuo. Dito isto, parece que temos uma espécie de retrovenda. Em ambos os casos há a chamada propriedade resolúvel. De fato, há semelhanças, mas os contratos são diferentes. Na retrovenda, há a intenção de vender o bem e a possibilidade de reavê-lo é acessória. Na alienação fiduciária, não. O mútuo é, na grande maioria dos casos, o principal objetivo daquele que aliena o bem, e este funciona como garantia para o pagamento do empréstimo. Na realidade, em regra, o bem nem chega a ser transferido ao credor fiduciário: este apenas passa a ser o titular do domínio do objeto, mas seu possuidor indireto (como na reserva de domínio). Ocorrendo o inadimplemento do devedor fiduciante, o credor fiduciário, após notificá-lo da mora, poderá vender a coisa a terceiros, se autorizado judicialmente, devendo aplicar o preço da venda no pagamento de seu crédito e das despesas decorrentes da cobrança, e entregar o saldo remanescente, se houver, ao devedor fiduciante. Ou seja, não há hipótese do credor fiduciário tornar-se proprietário definitivo do bem e isto faz com que a alienação fiduciária seja completamente distinta da retrovenda, pois, passada a semelhança inicial, vemos que tanto o propósito quanto os efeitos do contrato são totalmente distintos. Este contrato, normalmente, objetiva-se a dois propósitos. No primeiro, é o financiamento de um bem, no qual participa um terceiro, que vende o bem, além do credor fiduciário, que o financia, e o devedor fiduciante, que é aquele que possui a intenção de adquirir o bem. O segundo propósito é servir de garantia de um mútuo, situação na qual o bem sai do patrimônio do próprio devedor fiduciante. Esta possibilidade é prevista em Súmula do STJ: S. 28: o contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que já integrava o patrimônio do devedor. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 32 O arrendamento mercantil, também conhecido como leasing, é um contrato que se desenvolveu na prática mercantil. Posteriormente, recebeu tratamento normativo na Lei 6.099/1974, porém a doutrina ainda considera este contrato como atípico, pois o objetivo da Lei é regular os aspectos tributários do arrendamento mercantil. Ela, todavia, não deixa de apresentar normas definicionais. O parágrafo único do art. 1º, por exemplo, define o contrato: Art. 1º, parágrafo único - Considera-se arrendamento mercantil, para os efeitos desta Lei, o negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objetoo arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta. Como se pode perceber, há um grande problema nesta definição: ela utiliza os termos arrendamento, arrendadora e arrendatário sem defini-los. Seria a mesma coisa que definir locação como o negócio jurídico no qual o locador loca um bem do locatário. Ora, se não se sabe a definição do verbo locar, a definição é meramente circular e, simplesmente, não diz nada. Assim sendo, e aproveitando a menção do contrato de locação — que, como todos devem saber, significa um aluguel —, o leasing é melhor definido como uma locação especial por tempo determinado, cujo término do prazo permite ao arrendatário três opções: i) renovar o aluguel; ii) encerrar o contrato; iii) comprar o bem alugado, pagando o valo residual — uma diferença entre o valor de locação e o valor de compra. 4. (CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - Juiz – Adaptada) Do ponto de vista jurídico, entende-se por atividade bancária a coleta, a intermediação ou a aplicação de recursos financeiros próprios em moeda nacional ou estrangeira. Por contrato bancário, entende-se aquele em que um dos contratantes é um banco. Com relação aos contratos bancários, julgue os seguintes itens. I. O contrato bancário compreendido como operação passiva é aquele que torna o cliente devedor do banco, a exemplo dos contratos de mútuo bancário, que, dessa natureza, são os mais comuns. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 33 II. O contrato de alienação fiduciária em garantia é classificado como contrato bancário impróprio e só pode ter como objeto bem móvel. III. O mútuo bancário é contrato real, tendo em vista que se aperfeiçoa com a entrega do dinheiro objeto do empréstimo pelo banco ao mutuário. Questão 4 O item I está errado. Esta definição é doutrinária, e a operação passiva é justamente o contrário: é aquela cuja qual o banco será devedor do cliente. Quando o banco é credor do cliente, ocorre uma operação ativa. O item II também está errado. A alienação fiduciária pode ter como objeto bem imóvel, sendo esta modalidade, inclusive, regulada pela L. 9.514/1997. Já o item III está correto. Esta é uma classificação doutrinária. O contrato real constitui-se com a tradição — ou seja, a entrega — do bem. Difere-se dos contratos simplesmente consensuais que se tornam perfeitos com a mera declaração de vontade das partes. Teceremos alguns comentários, agora, sobre o mútuo e, também sobre o depósito bancário. Assim teremos exemplos sobre uma operação ativa e uma operação passiva. O depósito bancário é, como o nome diz, um contrato de depósito. O que o caracteriza como bancário é que, neste caso, o depositário é uma instituição financeira, isto é, um banco. Segundo o Código Civil: Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para guardar, até que o depositante o reclame. Assim, depósito bancário é o contrato pelo qual o banco — depositário — recebe uma quantia em dinheiro do correntista — depositante —, para guardar, até que este, que se torna credor do banco, reclame a quantia depositada. Na prática comum, primeiro o depositante realiza um contrato de abertura de conta corrente, podendo, a partir daí realizar depósitos e sacar valores. Porém, parte da doutrina objeta que este contrato seja um depósito, pois este contrato, como está no Código Civil, diz respeito ao depósito de objeto DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 34 móvel e, no caso do depósito bancário, não há objeto, mas um crédito que, embora materialize-se em moedas ou cédulas de dinheiro, não é um objeto. Neste caso, a doutrina caracteriza o depósito bancário como mútuo. Porém, acreditamos esta discussão ser inócua, pois o próprio Código Civil a resolve: Art. 645. O depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo disposto acerca do mútuo. Ou seja, tanto faz se o depósito bancário for um depósito de coisa fungível ou um mútuo puro e simples, pois as regras aplicáveis são as mesmas. Alega-se que, no caso do depósito, o depositário não se torna proprietário da coisa ao recebê-la, mas mero detentor; já no mútuo, não, torna-se proprietário. Ainda assim, acreditamos que a distinção é inócua, pois, esta distinção só é cabível no caso de depósito de infungíveis. No caso de bens fungíveis, o tanto o mutuário como o depositário tornam-se proprietários, pois a regra é a mesma: Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade. Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição. As regras são as mesmas, mas aquele que deposita seu dinheiro em um banco não tem a intenção de emprestá-lo à instituição financeira, mas de guardá-lo, de depositá-lo. Por isso, a doutrina que distingue o depósito de fungíveis do mútuo chama aquele de depósito irregular. Talvez, até seria salutar que ficasse caracterizado o empréstimo, pois, assim, os depositantes poderiam cobrar do banco uma remuneração pelo mútuo. Nem todas as regras do mútuo são aplicáveis, por exemplo: Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalização anual. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 35 Não são obrigatoriamente devidos juros em um depósito bancário. Em alguns casos, poderá ocorrer o que se chama de rendimento ou remuneração, como no depósito em poupança, mas não é da essência do contrato de depósito bancário. O mútuo também possui regras quanto ao prazo de resgate, mas as regras dos depósitos bancários são distintas. Há três tipos de saques dos depósitos: À vista: quando o depositário — o banco — deverá restituir imediatamente a quantia solicitada pelo depositante. A pré-aviso: quando a restituição deverá ser comunicada previamente ao banco em um prazo contratualmente estipulado. A prazo fixo: quando a restituição só poderá ser solicitada após uma determinada data fixada no contrato. No caso do saque à vista, há a objeção do banco quanto a valores muito elevados; nestes casos, o BACEN editou resolução nº 3.695/2009, que determina: Art. 2º É vedado postergar saques em espécie de contas de depósitos à vista de valor igual ou inferior a R$5.000,00 (cinco mil reais), admitida a postergação para o expediente seguinte de saques de valor superior ao estabelecido. Quanto ao mútuo propriamente dito, embora tenhamos visto que parte da doutrina considera o depósito bancário como mútuo, não é deste tipo de contrato que se trata o mútuo bancário. Agora, temos o banco como mutuante — aquele que empresta — e outra pessoa como mutuário — aquele que toma o empréstimo. A definição é a do art. 586 do Código Civil, ut supra. Já vimos todas as normas relevantes aos contratos de mútuo e de depósito irregular (que são as mesmas), com exceção desta: Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br36 Isto significa que no contrato de mútuo há uma espécie de cláusula rebus sic stantibus — “as coisas permanecendo como estão” —, de modo que uma alteração na situação econômica do mutuário permite o mutuante exigir garantia da restituição do empréstimo. As normas relativas ao mútuo a menor, embora, em tese, sejam aplicáveis ao mútuo bancário, na prática, devido aos mecanismos de controle das instituições financeiras, isto não ocorre. Sendo assim, resta falar de um aspecto jurisprudencial muito importante do mútuo bancário. É o que trata da limitação aos juros. Há, no Brasil, a chamada Lei da Usura — na verdade, um decreto de nº 22.626/1933 — que limita os juros a 12% ao ano, não capitalizados. Art. 1º. É vedado, e será punido nos termos desta lei, estipular em quaisquer contratos taxas de juros superiores ao dobro da taxa legal (Código Civil, art. 1062 [A taxa dos juros moratórios, quando não convencionada (art. 1.262), será de seis por cento ao ano]). Art. 4º. E proibido contar juros dos juros: esta proibição não compreende a acumulação de juros vencidos aos saldos líquidos em conta corrente de ano a ano. A Constituição Federal, inicialmente recepcionou e constitucionalizou esta regra: Art. 192, § 3º - As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer outras remunerações direta ou indiretamente referidas à concessão de crédito, não poderão ser superiores a doze por cento ao ano; a cobrança acima deste limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas as suas modalidades, nos termos que a lei determinar. Porém, esta norma foi revogada pela Emenda Constitucional nº 40 de 2003, além de nunca ter sido aplicada, pois o entendimento pretoriano era de que havia a necessidade de lei complementar regulamentando a DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 37 matéria. Vejamos o seguinte julgamento1: Tendo a Constituição Federal, no único artigo em que trata do Sistema Financeiro Nacional (art.192), estabelecido que este será regulado por lei complementar, com observância do que determinou no caput, nos seus incisos e parágrafos, não é de se admitir a eficácia imediata e isolada do disposto em seu parágrafo 3º, sobre a taxa de juros reais (12% ao ano), até porque estes não foram conceituados. Só o tratamento global do Sistema Financeiro Nacional, na futura lei complementar, com observância de todas as normas do caput, dos incisos e parágrafos do art. 192, é que permitirá a incidência da referida norma sobre juros reais e desde que estes também sejam conceituados em tal diploma. Em conseqüência, não são inconstitucionais os atos normativos em questão (parecer da Consultoria-Geral da República, aprovado pela Presidência da República e circular do Banco Central), o primeiro considerando não auto-aplicável a norma do parágrafo 3º sobre juros reais de 12% ao ano, e a segunda determinando a observância da legislação anterior à Constituição de 1988, até o advento da lei complementar reguladora do Sistema Financeiro Nacional. Há então, ainda, o limite de juros? Sim, a Lei da Usura não foi revogada; o que ocorre, apenas, é que a norma não tem a hierarquia de norma constitucional. Mas esta norma é aplicável às instituições financeiras? A resposta é não. O Supremo Tribunal Federal assim sumulou o entendimento: S. 596: As disposições do decreto 22.626/1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o sistema financeiro nacional. A justificativa legal para este entendimento foi a Lei 4.595/1964, que dispõe sobre a política das instituições monetárias, bancárias e creditícias, e determina a seguinte competência ao BACEN: Art. 4º Compete ao Conselho Monetário Nacional, segundo diretrizes estabelecidas pelo Presidente da República: [...] 1 STF, ADIn 4-7-600-DF, RTJ 147/719-858. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 38 VI - Disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as operações creditícias em todas as suas formas, inclusive aceites, avais e prestações de quaisquer garantias por parte das instituições financeiras; [...] IX - Limitar, sempre que necessário, as taxas de juros, descontos comissões e qualquer outra forma de remuneração de operações e serviços bancários ou financeiros, inclusive os prestados pelo Banco Central da República do Brasil [...]. Desta forma, os bancos não são completamente livres para pactuar os juros que bem entenderem, mas o limite não é o da Lei da Usura, mas o que for estabelecido pelo BACEN. Observemos que esta Súmula foi editada em 1976, quando o STF acumulava as competências que hoje são do STJ. Este tribunal, porém, não afastou o entendimento pretoriano, como podemos ver na seguinte súmula: S. 382: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade. Assim, os Bancos são livres para praticar a usura, pois não estão limitados aos juros de 12% ao ano e podem capitalizá-los. Para finalizar, apresentamos a ementa de um julgado do Egrégio STJ, que sintetiza os tópicos abordados: CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MÚTUO BANCÁRIO COM ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. JUROS REMUNERATÓRIOS. LEI N.º 4.595/64. ENUNCIADO 596 DA SÚMULA DO STF. JUROS MORATÓRIOS LIMITADOS A 12% A. A. LEI DE USURA. CAPITALIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. ENUNCIADO 294 DA SÚMULA DO STJ. INSCRIÇÃO DO NOME DO DEVEDOR EM CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. POSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. 1. Com o advento da Lei n.º 4.595/1964, restou afastada a incidência da Lei de Usura, que limitou os juros remuneratórios no patamar de 12% ao ano, nos termos do Enunciado nº 596 da Súmula do eg. Supremo Tribunal Federal: “As disposições do Decreto 22.626/1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o Sistema Financeiro Nacional”. 2. A taxa média do mercado não é considerada excessivamente onerosa. Assim, o pacto referente à taxa de juros remuneratórios só pode ser alterado se reconhecida sua abusividade em cada situação. DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 39 3. Os juros moratórios podem ser pactuados até o limite de 12% ao ano, conforme previsão legal. Precedentes. 4. O Superior Tribunal de Justiça admite a capitalização mensal dos juros nos contratos firmados posteriormente à entrada em vigor da Medida Provisória nº 1.963-17/2000, desde que haja previsão contratual. No particular, o contrato sob exame foi firmado posteriormente à norma referenciada. Dessarte, legítima a capitalização mensal dos juros remuneratórios, como pactuada. 5. Segundo o posicionamento consolidado pela eg. Segunda Seção desta Corte Superior, é possível a cobrança da comissão de permanência, desde que não cumulada com juros remuneratórios, correção monetária e/ou juros e multa moratórios. 6. A simples discussão judicial da dívida não é suficiente para obstaculizar ou remover a inscrição do nome do devedor em órgãos de proteção ao crédito. 7. Agravo regimental improvido.2 5. (TRF - 4ª REGIÃO - 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - Juiz – Adaptada) O contrato de conta-corrente é um dos mais usuais na área bancária, estabelecendo- se relação na qual o banco se compromete a receber os valores remetidos pelo cliente ou por terceiros, bem assim a cumprir as ordens
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