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Aula 99 Direito Empresarial Aula 06

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DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ 
PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA 
 
Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 1 
Caro candidato, 
Está é nossa última aula. 
Veremos hoje os contratos mercantis, com exceção dos contratos 
intelectuais, que foram vistos na última aula. 
Disciplinas 
Contratos mercantis: características; compra e venda mercantil; 
representação comercial; comissão mercantil; concessão 
mercantil; contratos bancários: depósito bancário, mútuo 
bancário, desconto bancário, abertura de crédito; contratos 
bancários impróprios: alienação fiduciária em garantia, 
arrendamento mercantil (leasing), faturização (factoring), cartão 
de crédito; contrato de seguro. 
Inicialmente, é relevante ressaltar que esta aula encontra-se dividida em 
duas partes. A primeira apresenta questões na forma certo/errado, retiradas 
de provas das mais diversas bancas ou por nós elaboradas, enquanto a 
segunda é composta por questões de múltipla escolha. Ao fim de cada parte, é 
apresentado o gabarito dos exercícios com os respectivos comentários acerca 
dos enunciados. 
Ademais, para um entendimento mais profundo da matéria e melhor 
consolidação do conteúdo cobrado no edital, também iremos trazer à baila 
alguma teoria sobre os temas que estão sendo discutidos, com referência à 
doutrina e à respectiva legislação. 
Registre-se, por fim, que o número de questões relativas a cada tópico é 
determinado de acordo com a importância dos respectivos temas e com a 
frequência em que são cobrados em concursos públicos. Outrossim, algumas 
questões podem tratar, também, de tópicos vistos em aulas passadas, tendo 
em vista que as questões de concurso não necessariamente abordam apenas 
um tema específico de cada matéria. 
E então candidato, vamos aos trabalhos? 
DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ 
PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA 
 
Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 2 
AULA 7 
Responda Certo ou Errado 
1. (CESPE - 2009 - SEFAZ-AC - Fiscal da Receita Estadual – Adaptada)
Quanto a contratos mercantis, julgue os itens abaixo. 
I. Os contratos serão considerados mercantis quando pelo menos um dos 
contratantes for empresário. Esses contratos podem ser regulados por dois 
regimes jurídicos, o Código Civil, quando as duas partes estiverem em posição 
de igualdade, ou o CDC, quando uma das partes estiver em situação de 
vulnerabilidade econômica em relação à outra. 
II. No contrato de compra e venda mercantil, é defeso às partes fixar o preço 
em função de índices ou parâmetros, ainda que estes sejam suscetíveis de 
determinação objetiva. 
III. No contrato de leasing, uma pessoa jurídica é proprietária de um bem de 
interesse de seu cliente e, em seguida, transfere a posse direta desse bem ao 
interessado mediante pagamento periódico de certo valor, por um prazo 
previamente determinado. Ao final desse prazo, aquele que usufrui do bem 
pode optar por renovar o contrato por igual prazo, adquirir o bem em 
definitivo, mediante pagamento de certo valor residual previamente definido, 
ou simplesmente devolver o bem. 
2. (FGV - 2010 - SEFAZ-RJ - Fiscal de Rendas - Prova 2 – Adaptada)
Com relação à representação comercial autônoma, analise as seguintes 
afirmativas. 
I. Para o exercício da atividade de representante comercial autônomo é necessário 
o prévio registro no Conselho Regional dos Representantes Comerciais. 
II. O contrato de representação comercial passou a ser regido pelo Código 
Civil, revogando-se a Lei n.º 4.886, de 9 de dezembro de 1965, que regulava, 
em sede especial, as atividades dos representantes comerciais autônomos. 
III. O representante comercial autônomo faz jus ao recebimento da comissão 
quando for feito o pagamento dos pedidos ou propostas. 
DIREITO EMPRESARIAL – EXERCÍCIOS – ANALISTA JUDICIÁRIO - STJ 
PROFESSOR: ANTÔNIO NÓBREGA 
 
Prof. Antônio Nóbrega www.pontodosconcursos.com.br 3 
3. (COPS-UEL - 2011 - PGE-PR - Procurador do Estado – Adaptada) 
Sobre o regime jurídico dos contratos empresariais, julgue as seguintes 
assertivas. 
I – a alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e 
a posse indireta da coisa móvel alienada, independentemente da tradição 
efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor direto e 
depositário com todas as responsabilidades e encargos que lhe incumbem de 
acordo com a lei civil e penal. 
II – considera-se arrendamento mercantil, o negócio jurídico realizado entre 
pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na 
qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens 
adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para 
uso próprio desta, existindo a opção de compra ou renovação de contrato, 
como faculdade do arrendatário. 
III – no contrato de agência, salvo ajuste diverso por escrito, o proponente 
pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na mesma zona, com 
idêntica incumbência. 
4. (CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - Juiz – Adaptada) Do ponto de vista 
jurídico, entende-se por atividade bancária a coleta, a intermediação ou a 
aplicação de recursos financeiros próprios em moeda nacional ou estrangeira. 
Por contrato bancário, entende-se aquele em que um dos contratantes é um 
banco. Com relação aos contratos bancários, julgue os seguintes itens. 
I. O contrato bancário compreendido como operação passiva é aquele que 
torna o cliente devedor do banco, a exemplo dos contratos de mútuo bancário, 
que, dessa natureza, são os mais comuns. 
II. O contrato de alienação fiduciária em garantia é classificado como contrato 
bancário impróprio e só pode ter como objeto bem móvel. 
III. O mútuo bancário é contrato real, tendo em vista que se aperfeiçoa com a 
entrega do dinheiro objeto do empréstimo pelo banco ao mutuário. 
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5. (TRF - 4ª REGIÃO - 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - Juiz – Adaptada) O 
contrato de conta-corrente é um dos mais usuais na área bancária, 
estabelecendo-se relação na qual o banco se compromete a receber os 
valores remetidos pelo cliente ou por terceiros, bem assim a cumprir as 
ordens de pagamentos emitidas até o limite do valor depositado ou, firmado 
também pacto de abertura de crédito, até o limite estabelecido. Muitas 
vezes ocorrem problemas na execução desses contratos, dando causa a 
inúmeras ações que tramitam no judiciário brasileiro. Dadas as assertivas 
abaixo sobre os contratos de conta-corrente e de abertura de crédito, 
julgue-as. 
I. O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da 
conta- corrente, não é título executivo, mas, instruído com demonstrativo de 
débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória. 
II. O instrumento de confissão de dívida, ainda que originário de contrato de 
abertura de crédito, constitui título executivo extrajudicial. 
III. Nos contratos bancários é vedado ao julgador conhecer, de ofício, da 
abusividade das cláusulas. 
6. (VUNESP - 2011 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de 
Registros – Adaptada) Sobre Instituições Financeiras, julgue os itens 
abaixo: 
I. As empresas administradoras de cartão de crédito são instituições 
financeiras e, por isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não 
sofrem as limitações da Lei de Usura. 
II. O Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que a 
renegociação de contrato bancário impede a discussão sobre ilegalidades de 
contratos anteriores. 
III. Estão sujeitas à aplicação do Código de Defesa do Consumidor. 
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7. (CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Juiz - Parte II – Adaptada)
Julgue os seguintes itens sobre as diversas espécies de contratos mercantis. 
I. No contrato de faturização (factoring), determinada pessoa cede a outra o 
direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição 
exclusiva ou semiexclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também 
ao direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou 
sistema operacional desenvolvidos ou detidos pela empresa faturizada, 
mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique 
caracterizado vínculo empregatício. 
II. O devedor fica automaticamente constituído em mora (mora ex re) em caso 
de inadimplemento do contrato com alienação fiduciária em garantia, sendo 
desnecessária sua notificação para caracterização do atraso. 
III. A concessão mercantil é o contrato pelo qual pessoa física ou jurídica, sem 
relação de emprego, desempenha, em caráter não eventual, a mediação para 
realizar negócios mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para transmiti-
los ao concedente, praticando ou não atos relacionados com a execução dos 
negócios. 
8. (FGV - 2008 - TCM-RJ - Procurador – Adaptada) Analise as assertivas a 
seguir: 
I. O faturizado responde junto ao faturizador pelos prejuízos causados em caso 
de inadimplemento da obrigação contraída pelo devedor. 
II. De acordo com o Código Civil, o contrato de alienação fiduciária em 
garantia somente pode ter por objeto coisa infungível. 
III. Considera-se leasing financeiro o contrato pelo qual o arrendante adquire 
de terceiros certos bens de produção com o objetivo de entregá-lo ao 
arrendatário, que, no prazo contratual fixado, se obriga ao pagamento de 
prestações periódicas, com o direito de optar pela compra do bem, renovação 
do contrato ou devolução do bem. 
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9. (TJ-DFT - 2007 - TJ-DF - Juiz – Objetiva 2 – Adaptada) Referindo-se 
ao contrato de seguro, analise as proposições abaixo: 
I - Mediante tal modalidade contratual, o segurador se obriga, através do 
pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo a 
pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados. 
II - O princípio da boa-fé se avulta como de natureza relativa. 
III - a minoração do risco no curso do contrato resulta sempre na redução 
do prêmio estipulado. 
10. (CESPE - 2011 - TRF - 2ª REGIÃO - Juiz – Adaptada) A respeito dos 
contratos que os empresários individuais e as sociedades empresárias 
celebram no exercício diário de suas atividades econômicas, julgue os itens 
abaixo. 
I. A Lei n.º 6.729/1979, com as alterações introduzidas pela Lei n.º 
8.132/1990, disciplina a concessão comercial que tenha por objeto o 
comércio de mercadorias, sendo, contudo, atípico o contrato quando a 
concessão comercial referir-se a veículos automotores. 
II. Embora o Código Civil determine que o objeto da propriedade fiduciária 
seja necessariamente coisa móvel infungível, existe a possibilidade de 
contrato de alienação fiduciária no mercado financeiro e de capitais, bem 
como em garantia de crédito fiscal e previdenciário. 
III. O contrato de comissão pode ostentar a cláusula del credere, segundo a 
qual os riscos do negócio cabem ao comitente, já que o comissário, embora 
atue em nome próprio, o faz no interesse do comitente e à conta dele, de 
acordo, inclusive, com suas instruções. 
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11. (CESPE - 2007 - TJ-TO - Juiz – Adaptada) Acerca de contrato de compra 
e venda mercantil, julgue os itens abaixo. 
I. Considera-se perfeita a compra e venda pura quando as partes acordam 
quanto ao preço e ao objeto. 
II. É vedada a compra e venda sem fixação de preço. 
III. A compra e venda mercantil não pode ter por objeto coisa futura. 
12. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos – 2012 – Adaptada de 
outras questões de concurso) Analise as seguintes assertivas sobre a 
representação comercial, respondendo certo ou errado: 
I. O contrato de representação comercial não admite as cláusulas del credere. 
II. Nos termos da Lei 4886/65, considera-se contrato de representação comercial 
com prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de seis meses, a 
outro contrato, por prazo indeterminado ou não. 
III. O contrato de representação comercial, regido pela Lei 4886/65, exige que o 
contratado seja pessoa jurídica, registrada no CORE (Conselho Regional dos 
Representantes Comerciais); caso contrário, estar-se-á necessariamente diante 
de um contrato de trabalho, já que presente o requisito da pessoalidade. 
13. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos – 2012) Em relação à 
alienação fiduciária em garantia, considere as seguintes assertivas: 
I. Na alienação fiduciária em garantia, o devedor é o possuidor direto e depositário 
do bem, enquanto o credor tem a posse indireta e o domínio resolúvel. 
II. Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na 
posse do devedor, o credor poderá requerer a conversão do pedido de busca e 
apreensão, sendo cabível a prisão civil do depositário infiel. 
III. É nula a cláusula que autoriza o proprietário fiduciário a ficar com a coisa 
alienada em garantia, se a dívida não for paga no vencimento. 
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14. (FGV - 2008 - TCM-RJ - Procurador – Adaptada) A respeito do 
contrato de alienação fiduciária em garantia, julgue as seguintes afirmativas. 
I. O credor fiduciário detém a posse indireta do bem objeto do contrato. 
II. O credor fiduciário pode requerer a conversão do pedido de busca e 
apreensão em ação de depósito, se o bem alienado fiduciariamente não for 
encontrado, ou não se achar na posse do devedor. 
III. O direito real que decorre do contrato de alienação fiduciária em garantia é 
a propriedade fiduciária. 
15. (CESPE - 2007 - TJ-PI – Juiz - Adaptada) Com relação ao contrato de 
compra e venda regido pelo Código Civil, julgue os itens que se seguem. 
I - O pacto de retrovenda é cláusula acessória aposta no contrato de compra 
e venda de bens imóveis, consistente na faculdade que se reserva o 
vendedor de resolver o contrato, por vontade unilateral e imotivada, 
reavendo o imóvel desde que pague ao comprador o preço original, 
monetariamente corrigido, as despesas por ele suportadas e o valor 
equivalente às benfeitorias necessárias, bem como as úteis e voluptuárias 
que se efetuaram com a sua autorização escrita. 
II - Pela cláusula de preferência, o comprador se compromete a vender o bem 
móvel ou imóvel adquirido ao vendedor, em prazo certo e decadencial. Trata-
se de cláusula resolutiva expressa no contrato, por ser potestativa, 
subordinada à vontade do antigo dono de readquirir o bem. O direito de 
preferência não se transmite por ato entre vivos, apenas por causa de morte 
do alienante aos herdeiros. 
III - A cláusula de venda a contento subordina a eficácia do negócio à 
circunstância da satisfação do adquirente. Pela condição suspensiva desse 
negócio, o comprador, enquanto não se manifesta acerca da aprovação da 
coisa, ocupa posição jurídica análoga à do comodatário. 
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Questões demúltipla escolha 
16. (VUNESP - 2011 - TJ-SP – Juiz) Relativamente à compra e venda, 
aponte a alternativa correta. 
a) Anulável será o contrato quando se deixar ao arbítrio exclusivo de uma das 
partes a fixação do preço. 
b) É lícito aos contratantes estipular o preço em função de índices ou 
parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação, ou sujeitá-lo à 
taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar, ou ainda ao 
arbítrio de terceiro que prometerem designar. 
c) A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição 
resolutiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue, e não se reputará 
perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado. 
d) É ilícita a compra e venda entre cônjuges. 
e) Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma autoriza a 
rejeição de todas. 
17. (VUNESP - 2007 - OAB-SP - Exame de Ordem - 3 - Primeira Fase) O 
contrato pelo qual uma pessoa assume, em caráter não-eventual e sem 
vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de outras, 
mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona determinada, é 
denominado contrato de 
a) comissão. 
b) corretagem. 
c) agência. 
d) mandato. 
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18. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos – 2012) Não constitui 
objeto do contrato de concessão mercantil de veículos automotores: 
a) O uso gratuito de marca do concedente, como identificação. 
b) A comercialização de veículos automotores, implementos e componentes 
fabricados ou fornecidos pelo produtor. 
c) A prestação de assistência técnica a esses produtos, inclusive quanto ao seu 
atendimento ou revisão. 
d) A locação de veículos automotores fabricados ou fornecidos pelo produtor. 
19. (FAE - 2006 - TRT - 9ª REGIÃO/PR - Juiz - 1ª Prova - 2ª Etapa)
Acerca do contrato de representação comercial, assinale a alternativa correta: 
a) No contrato de representação comercial, o representado nomeia um 
procurador, chamado representante comercial, com poderes para administrar 
bens, vender, negociar preço e condições. 
b) A representação comercial pode ser exercida por pessoa física ou jurídica, 
com total autonomia jurídica e negocial em relação ao representado, e se 
caracteriza pela obrigação do representante distribuir, numa área determinada, 
os produtos comercializados pelo representado. 
c) A representação comercial pode ser exercida por pessoa física, que, sem 
vínculo de emprego com o representado, se obriga a obter pedidos de compra 
e venda de mercadorias fabricadas ou comercializadas pelo representado, bem 
como a prestar-lhe contas. 
d) Na representação comercial, ao representado é vedado qualquer tipo de 
ingerência nos negócios do representante, não podendo o representado 
estipular preços ou condições de pagamento a serem praticados pelo 
representante, sob pena de caracterizar subordinação e descaracterizar o 
contrato de representação comercial. 
e) Nos contratos de representação comercial com prazo determinado, a parte 
que o denunciar estará obrigada a conceder pré-aviso de 30 dias e pagar 
indenização correspondente a 1/3 do total de comissões recebidas pelo 
representante. 
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20. (VUNESP - 2009 - TJ-SP – Juiz) Sobre a representação comercial 
autônoma, conforme disciplinada na Lei Federal n.º 4.886, de 1965, é correto 
afirmar que 
a) a exerce a pessoa física ou jurídica que, sem relação de emprego, 
desempenhe em caráter não eventual, por conta de uma ou mais pessoas, a 
mediação para a realização de negócios mercantis. 
b) pode exercê-la quem não puder ser comerciante. 
c) pode exercê-la quem tenha sido condenado, pelo crime de lenocínio, a pena 
inferior a 2 (dois) anos de reclusão. 
d) nos pertinentes contratos, será facultativa a indicação da zona ou das zonas 
em que será exercida a representação. 
21. (CESPE - 2011 - TRF - 5ª REGIÃO – Juiz) O contrato por meio do qual 
alguém entrega quantia de dinheiro ao banco para que este dela disponha 
livremente, com a obrigação de restituí-la ao depositante ou de entregá-la, em 
uma única vez ou em partes, à pessoa que este indicar, caracteriza-se como 
a) conta-corrente bancária. 
b) mútuo bancário. 
c) crédito documentado bancário. 
d) abertura de crédito bancário. 
e) depósito bancário. 
22. (CESPE - 2008 - TJ-SE – Juiz) Considerando que determinada pessoa 
tenha firmado, com certa instituição financeira, contrato de mútuo da 
importância de R$ 5.000,00, com vencimento superior a 180 dias, assinale a 
opção correta acerca do contrato de mútuo bancário. 
a) O contrato firmado entre essa pessoa e a instituição financeira é classificado 
como consensual, por ter-se tornado perfeito no momento em que as partes 
entraram em acordo. 
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b) Como seu prazo de vencimento é inferior a um ano, o mútuo bancário 
contraído é considerado um contrato de curto prazo. 
c) A avença bancária firmada não se sujeita à limitação das taxas de juros 
prescritas na CF. 
d) Em regra, o contrato de mútuo bancário deve ser celebrado por instrumento 
público. 
e) A bilateralidade é uma das principais características do mútuo bancário, pois 
gera direitos e obrigações para ambas as partes. 
23. (Antonio Nóbrega – Ponto dos Concursos – 2012) No contrato de 
desconto bancário, o banco antecipa o pagamento de um crédito de 
determinado cliente, que o cede ao banco. Quando este crédito está 
documentado em um título de crédito, a cessão, em regra, dá-se por 
endosso. Sendo assim: 
a) o banco, além do direito de regresso contra o cliente endossante, 
protege-se contra a oposição de exceções pessoais por parte do devedor do 
título contra o endossante. 
b) o banco não terá direito de regresso contra o cliente endossante, mas 
protege-se contra a oposição de exceções pessoais por parte do devedor do 
título contra o endossante. 
c) o banco terá direito de regresso contra o cliente endossante, mas não se 
protege contra a oposição de exceções pessoais por parte do devedor do 
título contra o endossante. 
d) o banco não terá direito de regresso contra o cliente endossante nem se 
protege contra a oposição de exceções pessoais por parte do devedor do 
título contra o endossante. 
24. (FCC - 2011 - MPE-CE - Promotor de Justiça) Se o bem móvel 
alienado fiduciariamente a um banco não for encontrado ou não se achar na 
posse do devedor, poderá o credor fiduciário 
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a) apenas alterar o pedido formulado na ação de busca e apreensão para o de 
execução por quantia certa. 
b) requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, nos mesmos autos, 
em ação de depósito, e o devedor ficará sujeito a prisão civil, se não restituir o 
bem ou seu equivalente em dinheiro. 
c) se o fiduciante estiver em mora, somente executar o fiador, que se sub-
rogará, de pleno direito, no crédito e na garantia constituída pela alienação 
fiduciária. 
d) recorrer apenas à execução contra o devedor, penhorando-lhe outros bens 
suficientes para assegurar a execução. 
e) requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, nos mesmos autos, 
em ação de depósito, mas o devedor não ficará sujeito a prisão civil. 
25. (VUNESP - 2011 - TJ-SP - Titular de Serviços de Notas e de 
Registros) Segundoa jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale 
a alternativa incorreta a respeito de alienação fiduciária. 
a) O contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem que 
já integrava o patrimônio do devedor. 
b) A notificação destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas por 
alienação fiduciária deve necessariamente indicar o valor do débito. 
c) Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda 
extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia. 
d) Na falência do devedor alienante, fica assegurado ao credor fiduciário o 
direito de pedir a restituição do bem alienado fiduciariamente. 
26. (FCC - 2009 - TJ-GO – Juiz) O leasing financeiro e a alienação fiduciária 
em garantia caracterizam-se, respectivamente, pela 
a) aquisição, em ambos os contratos, de bens duráveis mediante 
financiamento bancário, sem que haja transferência de propriedade entre 
credor e devedor, ficando o bem em penhor nas mãos do devedor. 
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b) aquisição do bem pelo financiador e locação dele para o tomador, que 
escolheu o bem, com opção de compra depois de certo prazo; e pela 
transferência pelo fiduciante da propriedade resolúvel do bem ao fiduciário, 
que o transferirá ao fiduciante mediante o cumprimento das obrigações por 
este assumidas. 
c) alienação do bem pelo proprietário que continuar na posse do bem como 
locatário, com opção de recomprá-lo depois de certo prazo; e pela 
transferência pelo fiduciante da propriedade resolúvel do bem ao fiduciário, 
que o transferirá ao fiduciante mediante o cumprimento das obrigações por 
este assumidas. 
d) locação do bem com obrigação de assistência técnica ao tomador que tem a 
opção de compra depois de decorrido certo prazo; e pela transferência pelo 
fiduciário da propriedade resolúvel do bem ao fiduciante, que o transferirá ao 
fiduciário mediante o cumprimento das obrigações por este assumidas. 
e) locação do bem pelo fornecedor ao tomador, que, juntamente com as 
prestações do aluguel, necessariamente, antecipará o valor residual garantido 
com vistas à aquisição compulsória do bem depois de certo prazo; e pela 
transferência pelo fiduciante da propriedade resolúvel do bem ao fiduciário, 
que o transferirá ao fiduciante mediante o cumprimento das obrigações por 
este assumidas. 
27. (FGV - 2009 - SEFAZ-RJ - Fiscal de Rendas - Prova 2) A respeito do 
contrato de arrendamento mercantil, é correto afirmar que: 
a) é proibido o pagamento antecipado de Valor Residual Garantido (VRG). 
b) o bem objeto do contrato de arrendamento mercantil deve necessariamente 
ser adquirido pelo arrendatário. 
c) o bem objeto do contrato de arrendamento mercantil deve necessariamente 
retornar à instituição financeira. 
d) a cobrança antecipada do Valor Residual Garantido (VRG) descaracteriza o 
contrato de arrendamento mercantil, transformando-o em compra e venda a 
prestação. 
e) a cobrança antecipada do Valor Residual |Garantido (VRG) não 
descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil. 
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28. (EJEF - 2009 - TJ-MG – Juiz) Marque a opção CORRETA, correspondente 
à característica própria do contrato de seguro 
a) Personalíssimo. 
b) Aleatório. 
c) Comutativo. 
d) Unilateral. 
29. (FCC - 2011 - TRE-TO - Analista Judiciário - Área Judiciária) Em 
regra, no seguro de dano, a transferência do contrato a terceiro com a 
alienação ou cessão do interesse segurado é 
a) vedada pelo Código Civil brasileiro em atenção aos princípios da 
transparência e da boa-fé objetiva. 
b) admitida, sendo que, se o instrumento contratual é nominativo, a 
transferência produz efeitos em relação ao segurador imediatamente, sendo 
desnecessário aviso escrito. 
c) admitida, sendo que a apólice ou o bilhete à ordem se transfere por endosso 
em branco. 
d) admitida, sendo que a apólice ou o bilhete à ordem só se transfere por 
endosso em preto, datado e assinado pelo endossante e pelo endossatário. 
e) admitida, sendo que se o instrumento contratual é nominativo, a 
transferência produz efeitos em relação ao segurador após dez dias úteis da 
efetivação da transferência, sendo desnecessário aviso escrito. 
30. (ESAF - 2010 - SUSEP - Analista Técnico - Prova 1) As operações de 
resseguro e retrocessão têm como função: 
 a) dispersar riscos. 
 b) preservar a solvência de seguradoras. 
 c) evitar a inobservância das condições técnicas de uma carteira. 
 d) facilitar a capitalização das seguradoras. 
 e) preservar as reservas técnicas e provisões especiais. 
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Gabarito 
Questão 1: I – E, II – E, III – C. Questão 2: I – C, II – E, III – C. 
Questão 3: I – C, II – C, III – E. Questão 4: I – E, II – E, III – C. 
Questão 5: I – C, II – C, III – C. Questão 6: I – C, II – E, III – C. 
Questão 7: I – E, II – E, III – E. Questão 8: I – E, II – C, III – C. 
Questão 9: I – C, II – E, III – E. Questão 10: I – E, II – C, III – E. 
Questão 11: I – C, II – E, III – E. Questão 12: I – C, II – C, III – E. 
Questão 13: I – C, II – E, III – C. Questão 14: I – C, II – C, III – C. 
Questão 15: I – C, II – E, III – C. Questão 16: B 
Questão 17: C Questão 18: D 
Questão 19: C Questão 20: A 
Questão 21: E Questão 22: C 
Questão 23: A Questão 24: E 
Questão 25: B Questão 26: B 
Questão 27: E Questão 28: B 
Questão 29: D Questão 30: A 
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 Comentários 
1. (CESPE - 2009 - SEFAZ-AC - Fiscal da Receita Estadual – Adaptada)
Quanto a contratos mercantis, julgue os itens abaixo. 
I. Os contratos serão considerados mercantis quando pelo menos um dos 
contratantes for empresário. Esses contratos podem ser regulados por dois 
regimes jurídicos, o Código Civil, quando as duas partes estiverem em posição 
de igualdade, ou o CDC, quando uma das partes estiver em situação de 
vulnerabilidade econômica em relação à outra. 
II. No contrato de compra e venda mercantil, é defeso às partes fixar o preço 
em função de índices ou parâmetros, ainda que estes sejam suscetíveis de 
determinação objetiva. 
III. No contrato de leasing, uma pessoa jurídica é proprietária de um bem de 
interesse de seu cliente e, em seguida, transfere a posse direta desse bem ao 
interessado mediante pagamento periódico de certo valor, por um prazo 
previamente determinado. Ao final desse prazo, aquele que usufrui do bem 
pode optar por renovar o contrato por igual prazo, adquirir o bem em 
definitivo, mediante pagamento de certo valor residual previamente definido, 
ou simplesmente devolver o bem. 
Questão 1
O primeiro item trata de uma questão conceitual dos contratos 
mercantis. Não há norma positiva sobre o assunto, mas este é definido 
doutrinariamente. Os contratos mercantis — em tese — será aqueles cujas 
partes sejam empresários e a função econômica do negócio jurídico estiver 
relacionada à exploração de atividade empresarial. Sendo assim, a afirmativa 
está errada. 
O item II está errado em razão do que dispõe o art. 487 do Código Civil. 
O item III, por sua vez, está correto. A definição não é positivada em lei, 
mas é amplamente aceita pela doutrina. Deixaremos para analisar os aspectos 
teóricos do arrendamento mercantil posteriormente. 
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Vejamos, agora, sobre os contratos mercantis, em geral, e sobre a 
compra e venda mercantil, especificamente. 
Na vigência do Código Comercial de 1850, um contrato seria mercantil se 
uma das partes fosse comerciante e o contrato estivesse relacionado a um ato de 
comércio. Porém, esta definição não possui mais qualquer aplicação, 
principalmente, pela entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor, pelo 
qual contratos entre um empresário é uma pessoa não empresária serão, na 
imensa maioria dos casos, contratos de consumo. 
Porém, o novo Código Civil não define o que é um contrato mercantil ou 
empresarial, principalmente, porque ele foi escrito com o espírito da unificação do 
Direito Privado, não fazendo distinção entre contratos civis e mercantis. 
A doutrina, por sua vez, acabou por definir contrato mercantil, 
simplesmente, como aquele que é celebrado entre empresários. Uma definição 
mais restrita, seria idêntica a esta, mas excluindo qualquer contrato no qual seja 
aplicável o CDC. 
O projeto do Novo Código Comercial pretende definir contrato comercial 
da seguinte forma: 
É empresarial o contrato quando forem empresários os contratantes e a função 
econômica do negócio jurídico estiver relacionada à exploração de atividade 
empresarial. 
Como se pode ver, a definição não se difere do que já apresentamos: 
ambas as partes são empresárias e o objeto do contrato deve relacionar-se 
com a exploração da atividade empresarial, ou seja, não deve ser de consumo. 
O Novo Código explicita este fato no parágrafo único do seu artigo seguinte: 
O Código de Defesa do Consumidor não é aplicável aos contratos empresariais. 
De forma semelhante ao que já foi dito, não há nenhuma definição legal 
do que seja um contrato de compra e venda mercantil. O que há são contratos 
nos quais se aplica exclusivamente o Código Civil e contratos aos quais 
também é aplicável o CDC. 
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Porém, de qualquer forma, também na esteira do que já foi dito, a 
doutrina conceitua a compra e venda mercantil, simplesmente, o contrato de 
compra e venda celebrado entre empresários. Segundo este entendimento, o 
Novo Código Comercial pretende conceituar a compra e venda mercantil como: 
A compra e venda mercantil é o contrato em que um empresário se obriga a 
transferir o domínio de coisa e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro, 
sendo o objeto contratual relacionado à exploração de atividade empresarial. 
 
Ou seja, nada diferente do que já vimos, porém, agora, aplicado a um 
tipo contratual específico: a compra e venda. Sendo assim, esta definição é 
apenas ilustrativa, pois, atualmente, o que vale são as normas contidas nos 
arts. 481 ao 532 do Código Civil, os quais regulam a compra e venda, e termos 
em mente de que o CDC não é aplicável. 
Deste modo, a compra e venda é definida no Código Civil desta forma: 
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a 
transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. 
Reunindo a definição legal com o conceito estabelecido pela doutrina, 
podemos chegar a definição de compra e venda mercantil como: 
Compra e venda mercantil: contrato pelo qual um empresário obriga-se a 
transferir o domínio de certa coisa a outro — relacionado à sua atividade 
empresarial —, que a adquire, pagando-lhe certo preço em dinheiro. 
Assim, o contrato de compra e venda mercantil é uma relação jurídica 
bilateral, na qual, em um polo, temos um empresário que é credor de uma 
certa quantia de dinheiro e devedor de um bem material e, no outro, temos 
também um empresário, devedor da mesma quantia pecuniária e credor do 
mesmo bem material, que é relacionado à sua atividade empresarial. Além 
disso, ambas as obrigações são obrigações de dar, de modo que as regras dos 
arts. 233 a 246 são aplicáveis aos contratos de compra e venda, além de 
outros artigos gerais do Direito Obrigacional. 
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No que tange especificamente a compra e venda, são de grande 
importância as disposições sobre o preço e a coisa vendida. Quanta esta, a 
única regra específica é a seguinte: 
Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura. Neste 
caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção 
das partes era de concluir contrato aleatório. 
Isto significa que alguma coisa pode ainda não existir no momento do 
contrato. O que importa é que, na data estipulada para o seu cumprimento, a 
coisa exista. Caso esta não exista, o contrato ficará sem efeito, salvo se o 
contrato for aleatório, que é o contrato no qual uma das partes assume o risco 
se o objeto pactuado não vier a existir (arts. 458 a 461). 
Já no que tange os preços, há vários dispositivos regulando-o: 
Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os 
contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar 
a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os 
contratantes designar outra pessoa. 
Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de 
bolsa, em certo e determinado dia e lugar. 
Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, 
desde que suscetíveis de objetiva determinação. 
Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a 
sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes 
se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor. 
Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, 
prevalecerá o termo médio. 
Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio 
exclusivo de uma das partes a fixação do preço. 
Através destas regras, vemos que o preço não precisa ser determinado no 
momento da celebração do contrato, mas este será nulo se for estipulado que 
caberá apenas a uma das partes arbitrar o preço (art. 489). 
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Fora o ajuste comum entre as partes, estas poderão definir que o preço 
será fixado por terceiro (art. 485), taxas de mercado ou bolsa (art. 486), 
índices econômicos (art. 487) ou, ainda, se as partes não estipularem nada e 
não houver tabelamento oficial, o preço será o habitual do vendedor (art. 488). 
Em seguida, temos o seguinte artigo: 
Art. 490. Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro 
a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição. 
Este artigo pode dar a entender que será obrigação do vendedor 
transportar a coisa até o comprador. Porém, no art. 493, temos o seguinte: 
Art. 493. A tradição da coisa vendida, na falta de estipulação expressa, dar-se-á 
no lugar onde ela se encontrava, ao tempo da venda. 
Como podemos observar, todas estas normas são dispositivas, de 
modo que as partes podem pactuar qualquer disposição diversa. Assim, se 
nada for pactuado e a coisa encontrar-se, por exemplo, na loja do vendedor, a 
este cumpre apenas disponibilizá-la ao comprador. Porém, caso seja estipulado 
que ela deverá ser entregue no domicílio do comprador, ao vendedor caberá as 
despesas com o transporte SE não for pactuado algo diverso. 
Ou seja, o Código Civil oferece apenas um standard contratual, pois todas 
estas cláusulas podem ser negociadas.Não a toa, há no comércio internacional 
um sistema chamado INCOTERMS 2000, que define minuciosamente os pontos 
de transferência de custo e os pontos de transferência de risco. 
O ponto de transferência de risco standard é o momento de tradição: 
Art. 492. Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do 
vendedor, e os do preço por conta do comprador. 
§ 1º Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou 
assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou 
assinalando, e que já tiverem sido postas à disposição do comprador, correrão 
por conta deste. 
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§ 2º Correrão também por conta do comprador os riscos das referidas coisas, se 
estiver em mora de as receber, quando postas à sua disposição no tempo, lugar 
e pelo modo ajustados. 
Ou seja, a regra é que, até o momento da tradição — isto é, da entrega 
da coisa ao comprador —, os riscos são do vendedor, exceto se o comprador 
estiver em mora em recebê-las. 
Quanto ao pagamento, há uma diferença entre a venda a vista e a 
prazo. Se for a vista, o vendedor não tem a obrigação de entregar a coisa 
antes de receber o pagamento (art. 491); sendo a crédito, obviamente, deverá 
entregá-la, pois é da natureza desta modalidade de pagamento. 
2. (FGV - 2010 - SEFAZ-RJ - Fiscal de Rendas - Prova 2 – Adaptada) Com 
relação à representação comercial autônoma, analise as seguintes afirmativas. 
I. Para o exercício da atividade de representante comercial autônomo é 
necessário o prévio registro no Conselho Regional dos Representantes 
Comerciais. 
II. O contrato de representação comercial passou a ser regido pelo Código 
Civil, revogando-se a Lei n.º 4.886, de 9 de dezembro de 1965, que regulava, 
em sede especial, as atividades dos representantes comerciais autônomos. 
III. O representante comercial autônomo faz jus ao recebimento da comissão 
quando for feito o pagamento dos pedidos ou propostas. 
 Questão 2
O item I está correto. Embora o STF considere esta exigência 
inconstitucional, é o que dispõe o art. 2º da L. 4.886/1965. Sendo assim, as 
bancas consideram esta afirmação correta e, provavelmente, continuarão 
considerando-a assim até que seja edita alguma Súmula a respeito. 
Já o item II encontra-se errado. O Código Civil não revogou a L. 
4.886/1965, havendo, inclusive, norma determinando a aplicação das Leis 
Especiais sobre o contrato de agência, do qual a representação comercial é 
espécie (art. 721, CC/2002). 
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O item III está correto. A retribuição — chamada de comissão, embora 
o contrato de representação comercial não seja uma comissão — é requisito 
do contrato, conforme o art. 27, f, da L. 4.886/1965. 
Esta questão trata exclusivamente da representação comercial. Este 
contrato possui lei própria (a Lei 4.886/1965) e é muito cobrado nos 
certames. Porém, ao apresentarmo-lo, o prezado candidato deparar-se-á 
com uma contradição em relação ao que virmos anteriormente: o contrato 
de representação comercial não necessariamente ocorre entre dois 
empresários! 
Como explicar isto? Sinceramente, não há explicação. A doutrina 
considera contrato mercantil o contrato entre dos empresários — nos termos 
já relatados — e, ao mesmo tempo, considera a representação comercial um 
contrato mercantil. Se isto não faz sentido e foge as leis da lógica, só nos 
resta lamentar. 
Porém, conforme a nossa atitude pragmática proposta, o nosso dever 
é treiná-lo para ser aprovado no exame a ser prestado. Sendo assim, caso o 
candidato seja perguntado se o contrato mercantil é um contrato entre dois 
empresários, deverá responder: sim; caso seja inquirido se a representação 
comercial é um contrato mercantil, deverá responder: sim; mesmo que isto 
seja uma contradição, pois isto é um problema que a doutrina, os 
legisladores e a jurisprudência devem resolver, e não nós, pois o nosso 
objetivo, do Ponto dos Concursos, é fazer com que seja aprovado, e o seu, 
candidato, é a aprovação. 
Pois bem, feita esta ressalva, a representação comercial foi regulada 
pela já citada a Lei, que além de dispor sobre o contrato, instituiu o 
Conselho Federal de Representantes Comerciais e os Conselhos Regionais de 
Representantes Comerciais. Eis o porquê de tal contrato ser enquadrado nos 
contratos mercantis: é um contrato típico da mercância, embora não seja 
realizado entre empresários; dentro do sistema antigo de atos de comércio, 
enquadrava-se como contrato mercantil e permanece assim até hoje. 
A inscrição dos representantes comerciais autônomos nos respectivos 
conselhos era — e, pela Lei, ainda é — obrigatória. Farta jurisprudência 
pretoriana considera isto inconstitucional. No entanto, há bancas que 
consideram a obrigatoriedade do registro como correto. 
Há ainda outras restrições ao exercício da representação comercial: 
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Art. 4º Não pode ser representante comercial: 
a) o que não pode ser comerciante; 
b) o falido não reabilitado; 
c) o que tenha sido condenado por infração penal de natureza infamante, tais 
como falsidade, estelionato, apropriação indébita, contrabando, roubo, furto, 
lenocínio ou crimes também punidos com a perda de cargo público; 
d) o que estiver com seu registro comercial cancelado como penalidade. 
Quanto ao contrato em si, a representação comercial é espécie de 
agência, que é regulada pelo Código Civil. Esta é assim definida: 
Art. 710. Pelo contrato de agência, uma pessoa assume, em caráter não 
eventual e sem vínculos de dependência, a obrigação de promover, à conta de 
outra, mediante retribuição, a realização de certos negócios, em zona 
determinada, caracterizando-se a distribuição quando o agente tiver à sua 
disposição a coisa a ser negociada. 
Porém, o Código Civil faz a seguinte previsão: 
Art. 721. Aplicam-se ao contrato de agência e distribuição, no que couber, as 
regras concernentes ao mandato e à comissão e as constantes de lei especial. 
 
Sendo assim, a L. 4.886/1965 continua vigente e aplicável. Esta define o 
contrato e a atividade de representação comercial da seguinte forma: 
Art . 1º Exerce a representação comercial autônoma a pessoa jurídica ou a pessoa 
física, sem relação de emprêgo, que desempenha, em caráter não eventual por 
conta de uma ou mais pessoas, a mediação para a realização de negócios 
mercantis, agenciando propostas ou pedidos, para, transmití-los aos 
representados, praticando ou não atos relacionados com a execução dos negócios. 
Como podemos perceber, as definições são semelhantes. Neste contrato, 
uma pessoa — o representante comercial — realiza a mediação de negócios. 
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Este detalhe é muito importante, pois é o que diferencia do contrato de 
comissão, que veremos mais adiante. Ademais, é cediço na doutrina que estes 
negócios mercantis são operações de compra e venda de mercadorias. 
Na comissão, o comissário realiza os negócios em próprio nome, mas a 
conta do comitente; na representação, podemos dizer que o representante 
“negocia” em termos coloquiais — encontra-se com o cliente, “vende” o 
produto —, mas, na prática, ele não está realizando o negócio: ele só 
está aproximando o cliente do representado e este, ao final, que realizará o 
negócio, em seu próprio nome. 
É claro que o representantepode ser investido com um mandato que o 
permita fechar os negócios, mas isto em nada alterará a natureza do contrato, 
pois quem continuará realizando os negócios será o representado; o 
representante será, como o próprio nome diz, um mero representante. A Lei 
prevê isso: 
Art. 1º [...] Parágrafo único. Quando a representação comercial incluir podêres 
atinentes ao mandato mercantil, serão aplicáveis, quanto ao exercício dêste, os 
preceitos próprios da legislação comercial. 
Importante ressaltar que o representante possui subordinação 
empresarial, mas não possui subordinação pessoal. Caso o representante seja 
pessoa natural e estabeleça-se esta subordinação, o contrato perderá sua 
natureza e ficará caracterizada a relação de emprego, em razão do 
princípio da primazia da realidade, atinente ao Direito do Trabalho. 
Esta subordinação consiste-se no fato de que o representante, por regra, 
não tem o poder de fechar os negócios que intermedeie; isto cabe ao próprio 
representado. O representante também não poderá fazer as seguintes 
liberalidades: 
Art. 29. Salvo autorização expressa, não poderá o representante conceder 
abatimentos, descontos ou dilações, nem agir em desacôrdo com as instruções 
do representado. 
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O representado, porém, não tem o poder de determinar o modo pelo 
qual o representante realizará a sua atividade — nisto consiste sua 
autonomia. 
Sendo assim, a mecânica do contrato realiza-se da seguinte forma: o 
representante capta os negócios para o representado e envia-lhe as propostas; 
este, a partir disto, terá um prazo para manifestar-se, que poderá ser ajustado 
contratualmente. No caso de falta de previsão, isto é regulado pela Lei: 
Art. 33. Não sendo previstos, no contrato de representação, os prazos para 
recusa das propostas ou pedidos, que hajam sido entregues pelo representante, 
acompanhados dos requisitos exigíveis, ficará o representado obrigado a 
creditar-lhe a respectiva comissão, se não manifestar a recusa, por escrito, nos 
prazos de 15, 30, 60 ou 120 dias, conforme se trate de comprador domiciliado, 
respectivamente, na mesma praça, em outra do mesmo Estado, em outro 
Estado ou no estrangeiro. 
§ 1º Nenhuma retribuição será devida ao representante comercial, se a falta de 
pagamento resultar de insolvência do comprador, bem como se o negócio vier a 
ser por êle desfeito ou fôr sustada a entrega de mercadorias devido à situação 
comercial do comprador, capaz de comprometer ou tornar duvidosa a 
liquidação. 
§ 2º Salvo ajuste em contrário, as comissões devidas serão pagas 
mensalmente, expedindo o representado a conta respectiva, conforme cópias 
das faturas remetidas aos compradores, no respectivo período. 
§ 3° Os valores das comissões para efeito tanto do pré-aviso como da 
indenização, prevista nesta lei, deverão ser corrigidos monetariamente. 
Da leitura destes artigos, podemos depreender que o representante faz 
jus a uma retribuição pelos negócios que intermediar e forem realizados. 
Art. 32. O representante comercial adquire o direito às comissões quando do 
pagamento dos pedidos ou propostas. 
§ 1° O pagamento das comissões deverá ser efetuado até o dia 15 do mês 
subseqüente ao da liquidação da fatura, acompanhada das respectivas cópias das 
notas fiscais. 
§ 2° As comissões pagas fora do prazo previsto no parágrafo anterior deverão ser 
corrigidas monetariamente. 
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§ 3° É facultado ao representante comercial emitir títulos de créditos para 
cobrança de comissões. 
§ 4° As comissões deverão ser calculadas pelo valor total das mercadorias. 
§ 5° Em caso de rescisão injusta do contrato por parte do representando, a 
eventual retribuição pendente, gerada por pedidos em carteira ou em fase de 
execução e recebimento, terá vencimento na data da rescisão. 
§ 6° (Vetado). 
§ 7° São vedadas na representação comercial alterações que impliquem, direta ou 
indiretamente, a diminuição da média dos resultados auferidos pelo representante 
nos últimos seis meses de vigência. 
A retribuição é apenas um dos vários requisitos do contrato, elencados 
na Lei: 
Art. 27. Do contrato de representação comercial, além dos elementos comuns e 
outros a juízo dos interessados, constarão obrigatoriamente: 
a) condições e requisitos gerais da representação; 
b) indicação genérica ou específica dos produtos ou artigos objeto da 
representação; 
c) prazo certo ou indeterminado da representação; 
d) indicação da zona ou zonas em que será exercida a representação; 
e) garantia ou não, parcial ou total, ou por certo prazo, da exclusividade de zona 
ou setor de zona; 
f) retribuição e época do pagamento, pelo exercício da representação, dependente 
da efetiva realização dos negócios, e recebimento, ou não, pelo representado, dos 
valôres respectivos; 
g) os casos em que se justifique a restrição de zona concedida com exclusividade; 
h) obrigações e responsabilidades das partes contratantes; 
i) exercício exclusivo ou não da representação a favor do representado; 
j) indenização devida ao representante pela rescisão do contrato fora dos casos 
previstos no art. 35, cujo montante não poderá ser inferior a 1/12 (um doze avos) 
do total da retribuição auferida durante o tempo em que exerceu a representação. 
§ 1° Na hipótese de contrato a prazo certo, a indenização corresponderá à 
importância equivalente à média mensal da retribuição auferida até a data da 
rescisão, multiplicada pela metade dos meses resultantes do prazo contratual. 
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§ 2° O contrato com prazo determinado, uma vez prorrogado o prazo inicial, tácita 
ou expressamente, torna-se a prazo indeterminado. 
§ 3° Considera-se por prazo indeterminado todo contrato que suceder, dentro de 
seis meses, a outro contrato, com ou sem determinação de prazo. 
Dentre estes requisitos, fora a retribuição, podemos destacar a 
importância do prazo e da área de atuação, da exclusividade devida a ambas 
as partes e da indenização pela rescisão do contrato. 
Sobre o prazo, podemos ver, pelos §§ 1º e 2º, que somente na 
primeira contratação este poderá ser determinado; qualquer prorrogação 
transforma o contrato em prazo indeterminado. Deste modo, caso o 
representado queira encerrar o contrato, deverá pagar indenização ao 
representante, nos termos da alínea j do art. supra (o §1º trata da rescisão 
durante o contrato com prazo certo). 
Porém, como a própria alínea alerta, esta indenização somente será 
paga nos casos de rescisão imotivada. A Lei, de forma semelhante a um 
contrato trabalhista, busca proteger ambas as partes, no caso de uma 
rescisão imotivada e, além da indenização devida pelo representado — 
quando este realiza a rescisão —, ambas as partes, caso queiram rescindir o 
contrato imotivadamente, deverão notificar a outra ou pagar uma 
indenização. 
Art. 34. A denúncia, por qualquer das partes, sem causa justificada, do 
contrato de representação, ajustado por tempo indeterminado e que haja 
vigorado por mais de seis meses, obriga o denunciante, salvo outra garantia 
prevista no contrato, à concessão de pré-aviso, com antecedência mínima de 
trinta dias, ou ao pagamento de importância igual a um têrço (1/3) das 
comissões auferidas pelo representante, nos três meses anteriores. 
Art. 35. Constituem motivos justos para rescisão do contrato de 
representação comercial, pelo representado: 
a) a desídia do representante no cumprimentodas obrigações decorrentes 
do contrato; 
b) a prática de atos que importem em descrédito comercial do representado; 
c) a falta de cumprimento de quaisquer obrigações inerentes ao contrato de 
representação comercial; 
d) a condenação definitiva por crime considerado infamante; 
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e) fôrça maior. 
Art. 36. Constituem motivos justos para rescisão do contrato de 
representação comercial, pelo representante: 
a) redução de esfera de atividade do representante em desacôrdo com as 
cláusulas do contrato; 
b) a quebra, direta ou indireta, da exclusividade, se prevista no contrato; 
c) a fixação abusiva de preços em relação à zona do representante, com o 
exclusivo escopo de impossibilitar-lhe ação regular; 
d) o não-pagamento de sua retribuição na época devida; 
e) fôrça maior. 
Art . 37. Sòmente ocorrendo motivo justo para a rescisão do contrato, 
poderá o representado reter comissões devidas ao representante, com o fim 
de ressarcir-se de danos por êste causados e, bem assim, nas hipóteses 
previstas no art. 35, a título de compensação. 
Quanto à exclusividade de representação, esta cláusula, tratada nas 
alíneas d, e e f, é implícita e, caso o representado não queira conferir 
exclusividade ao representante, deverá deixar isto claro. Porém, esta 
exclusividade é restrita a uma área geográfica definida. Já a exclusividade 
da representação — a do representante perante o representado —, 
caso haja, deverá ser explícita no contrato. 
Art. 31. Prevendo o contrato de representação a exclusividade de zona ou zonas, 
ou quando este for omisso, fará jus o representante à comissão pelos negócios aí 
realizados, ainda que diretamente pelo representado ou por intermédio de 
terceiros. 
Parágrafo único. A exclusividade de representação não se presume na ausência de 
ajustes expressos. 
A regra é clara, havendo exclusividade, qualquer negócio realizado 
diretamente pelo comerciante ou por outro agente resultará no direito do 
representante receber sua retribuição tal qual receberia se tivesse ele mesmo 
intermediado o negócio. 
Por último, resta observar que o contrato de representação comercial 
veda a cláusula del credere. Esta cláusula, que é possível nos contratos de 
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comissão, torna o comissário solidariamente responsável com aqueles com 
quem contratar perante o comitente. No caso da representação comercial, isto 
não é possível. Caso aquele com quem tratou de intermediar o negócio para o 
representado não cumprir suas obrigações, este deverá suportar o prejuízo. 
Art. 43. É vedada no contrato de representação comercial a inclusão de 
cláusulas del credere. 
3. (COPS-UEL - 2011 - PGE-PR - Procurador do Estado – Adaptada) Sobre 
o regime jurídico dos contratos empresariais, julgue as seguintes assertivas. 
I – a alienação fiduciária em garantia transfere ao credor o domínio resolúvel e 
a posse indireta da coisa móvel alienada, independentemente da tradição 
efetiva do bem, tornando-se o alienante ou devedor em possuidor direto e 
depositário com todas as responsabilidades e encargos que lhe incumbem de 
acordo com a lei civil e penal. 
II – considera-se arrendamento mercantil, o negócio jurídico realizado entre 
pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na 
qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens 
adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para 
uso próprio desta, existindo a opção de compra ou renovação de contrato, 
como faculdade do arrendatário. 
III – no contrato de agência, salvo ajuste diverso por escrito, o proponente 
pode constituir, ao mesmo tempo, mais de um agente, na mesma zona, com 
idêntica incumbência. 
 Questão 3
O item I está correto. Também não há uma definição feita em Lei, mas é 
assim a forma pela qual a doutrina e a jurisprudência entendem o contrato. 
O item II, pelas mesmas razões, também está correto. 
Já o item III está errado. No contrato de agência, em sentido amplo, 
ocorre justamente o contrário, em razão do art. 711 do CC/2002 e, no que 
tange a representação comercial, a norma está no ar. 31 da sua Lei. 
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Esta questão trata de diversos contratos. A agência, como já dito, é 
gênero do qual a representação comercial é espécie. Como já vimos os 
aspectos teóricos deste contrato, vamos tratar das definições de arrendamento 
mercantil e alienação fiduciária. 
Prezado candidato, o contrato de alienação fiduciária obedece à seguinte 
mecânica: uma parte aliena um determinado bem a outra, que se obriga a 
devolvê-la quando ocorrer determinado fato jurídico. Este fato normalmente é 
o pagamento de prestações de um contrato de mútuo. 
Dito isto, parece que temos uma espécie de retrovenda. Em ambos os 
casos há a chamada propriedade resolúvel. De fato, há semelhanças, mas os 
contratos são diferentes. Na retrovenda, há a intenção de vender o bem e a 
possibilidade de reavê-lo é acessória. Na alienação fiduciária, não. O mútuo é, 
na grande maioria dos casos, o principal objetivo daquele que aliena o bem, e 
este funciona como garantia para o pagamento do empréstimo. 
Na realidade, em regra, o bem nem chega a ser transferido ao credor 
fiduciário: este apenas passa a ser o titular do domínio do objeto, mas seu 
possuidor indireto (como na reserva de domínio). Ocorrendo o inadimplemento 
do devedor fiduciante, o credor fiduciário, após notificá-lo da mora, poderá 
vender a coisa a terceiros, se autorizado judicialmente, devendo aplicar o 
preço da venda no pagamento de seu crédito e das despesas decorrentes da 
cobrança, e entregar o saldo remanescente, se houver, ao devedor fiduciante. 
Ou seja, não há hipótese do credor fiduciário tornar-se proprietário 
definitivo do bem e isto faz com que a alienação fiduciária seja completamente 
distinta da retrovenda, pois, passada a semelhança inicial, vemos que tanto o 
propósito quanto os efeitos do contrato são totalmente distintos. 
Este contrato, normalmente, objetiva-se a dois propósitos. No primeiro, é 
o financiamento de um bem, no qual participa um terceiro, que vende o bem, 
além do credor fiduciário, que o financia, e o devedor fiduciante, que é aquele 
que possui a intenção de adquirir o bem. O segundo propósito é servir de 
garantia de um mútuo, situação na qual o bem sai do patrimônio do próprio 
devedor fiduciante. Esta possibilidade é prevista em Súmula do STJ: 
S. 28: o contrato de alienação fiduciária em garantia pode ter por objeto bem 
que já integrava o patrimônio do devedor. 
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O arrendamento mercantil, também conhecido como leasing, é um contrato 
que se desenvolveu na prática mercantil. Posteriormente, recebeu tratamento 
normativo na Lei 6.099/1974, porém a doutrina ainda considera este contrato 
como atípico, pois o objetivo da Lei é regular os aspectos tributários do 
arrendamento mercantil. Ela, todavia, não deixa de apresentar normas 
definicionais. O parágrafo único do art. 1º, por exemplo, define o contrato: 
Art. 1º, parágrafo único - Considera-se arrendamento mercantil, para os efeitos 
desta Lei, o negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de 
arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha 
por objetoo arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo 
especificações da arrendatária e para uso próprio desta. 
 
Como se pode perceber, há um grande problema nesta definição: ela 
utiliza os termos arrendamento, arrendadora e arrendatário sem defini-los. 
Seria a mesma coisa que definir locação como o negócio jurídico no qual o 
locador loca um bem do locatário. Ora, se não se sabe a definição do verbo 
locar, a definição é meramente circular e, simplesmente, não diz nada. 
Assim sendo, e aproveitando a menção do contrato de locação — que, 
como todos devem saber, significa um aluguel —, o leasing é melhor definido 
como uma locação especial por tempo determinado, cujo término do prazo 
permite ao arrendatário três opções: i) renovar o aluguel; ii) encerrar o 
contrato; iii) comprar o bem alugado, pagando o valo residual — uma diferença 
entre o valor de locação e o valor de compra. 
4. (CESPE - 2009 - TRF - 1ª REGIÃO - Juiz – Adaptada) Do ponto de vista 
jurídico, entende-se por atividade bancária a coleta, a intermediação ou a 
aplicação de recursos financeiros próprios em moeda nacional ou estrangeira. 
Por contrato bancário, entende-se aquele em que um dos contratantes é um 
banco. Com relação aos contratos bancários, julgue os seguintes itens. 
I. O contrato bancário compreendido como operação passiva é aquele que 
torna o cliente devedor do banco, a exemplo dos contratos de mútuo bancário, 
que, dessa natureza, são os mais comuns. 
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II. O contrato de alienação fiduciária em garantia é classificado como contrato 
bancário impróprio e só pode ter como objeto bem móvel. 
III. O mútuo bancário é contrato real, tendo em vista que se aperfeiçoa com a 
entrega do dinheiro objeto do empréstimo pelo banco ao mutuário. 
 Questão 4
O item I está errado. Esta definição é doutrinária, e a operação passiva é 
justamente o contrário: é aquela cuja qual o banco será devedor do cliente. 
Quando o banco é credor do cliente, ocorre uma operação ativa. 
O item II também está errado. A alienação fiduciária pode ter como 
objeto bem imóvel, sendo esta modalidade, inclusive, regulada pela L. 
9.514/1997. 
Já o item III está correto. Esta é uma classificação doutrinária. O 
contrato real constitui-se com a tradição — ou seja, a entrega — do bem. 
Difere-se dos contratos simplesmente consensuais que se tornam perfeitos 
com a mera declaração de vontade das partes. 
Teceremos alguns comentários, agora, sobre o mútuo e, também sobre o 
depósito bancário. Assim teremos exemplos sobre uma operação ativa e uma 
operação passiva. 
O depósito bancário é, como o nome diz, um contrato de depósito. O que 
o caracteriza como bancário é que, neste caso, o depositário é uma instituição 
financeira, isto é, um banco. Segundo o Código Civil: 
Art. 627. Pelo contrato de depósito recebe o depositário um objeto móvel, para 
guardar, até que o depositante o reclame. 
 
Assim, depósito bancário é o contrato pelo qual o banco — depositário —
recebe uma quantia em dinheiro do correntista — depositante —, para guardar, 
até que este, que se torna credor do banco, reclame a quantia depositada. Na 
prática comum, primeiro o depositante realiza um contrato de abertura de 
conta corrente, podendo, a partir daí realizar depósitos e sacar valores. 
Porém, parte da doutrina objeta que este contrato seja um depósito, pois 
este contrato, como está no Código Civil, diz respeito ao depósito de objeto 
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móvel e, no caso do depósito bancário, não há objeto, mas um crédito que, 
embora materialize-se em moedas ou cédulas de dinheiro, não é um objeto. 
Neste caso, a doutrina caracteriza o depósito bancário como mútuo. Porém, 
acreditamos esta discussão ser inócua, pois o próprio Código Civil a resolve: 
Art. 645. O depósito de coisas fungíveis, em que o depositário se obrigue a 
restituir objetos do mesmo gênero, qualidade e quantidade, regular-se-á pelo 
disposto acerca do mútuo. 
Ou seja, tanto faz se o depósito bancário for um depósito de coisa fungível 
ou um mútuo puro e simples, pois as regras aplicáveis são as mesmas. Alega-se 
que, no caso do depósito, o depositário não se torna proprietário da coisa ao 
recebê-la, mas mero detentor; já no mútuo, não, torna-se proprietário. Ainda 
assim, acreditamos que a distinção é inócua, pois, esta distinção só é cabível no 
caso de depósito de infungíveis. No caso de bens fungíveis, o tanto o mutuário 
como o depositário tornam-se proprietários, pois a regra é a mesma: 
Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é obrigado a 
restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade 
e quantidade. 
Art. 587. Este empréstimo transfere o domínio da coisa emprestada ao 
mutuário, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradição. 
As regras são as mesmas, mas aquele que deposita seu dinheiro em um 
banco não tem a intenção de emprestá-lo à instituição financeira, mas de 
guardá-lo, de depositá-lo. Por isso, a doutrina que distingue o depósito de 
fungíveis do mútuo chama aquele de depósito irregular. 
Talvez, até seria salutar que ficasse caracterizado o empréstimo, pois, 
assim, os depositantes poderiam cobrar do banco uma remuneração pelo 
mútuo. Nem todas as regras do mútuo são aplicáveis, por exemplo: 
Art. 591. Destinando-se o mútuo a fins econômicos, presumem-se devidos 
juros, os quais, sob pena de redução, não poderão exceder a taxa a que se 
refere o art. 406, permitida a capitalização anual. 
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Não são obrigatoriamente devidos juros em um depósito bancário. Em 
alguns casos, poderá ocorrer o que se chama de rendimento ou remuneração, 
como no depósito em poupança, mas não é da essência do contrato de 
depósito bancário. 
O mútuo também possui regras quanto ao prazo de resgate, mas as 
regras dos depósitos bancários são distintas. Há três tipos de saques dos 
depósitos: 
ƒ À vista: quando o depositário — o banco — deverá restituir 
imediatamente a quantia solicitada pelo depositante. 
ƒ A pré-aviso: quando a restituição deverá ser comunicada 
previamente ao banco em um prazo contratualmente estipulado. 
ƒ A prazo fixo: quando a restituição só poderá ser solicitada após uma 
determinada data fixada no contrato. 
No caso do saque à vista, há a objeção do banco quanto a valores muito 
elevados; nestes casos, o BACEN editou resolução nº 3.695/2009, que 
determina: 
Art. 2º É vedado postergar saques em espécie de contas de depósitos à vista de 
valor igual ou inferior a R$5.000,00 (cinco mil reais), admitida a postergação 
para o expediente seguinte de saques de valor superior ao estabelecido. 
Quanto ao mútuo propriamente dito, embora tenhamos visto que parte 
da doutrina considera o depósito bancário como mútuo, não é deste tipo de 
contrato que se trata o mútuo bancário. Agora, temos o banco como mutuante 
— aquele que empresta — e outra pessoa como mutuário — aquele que toma o 
empréstimo. A definição é a do art. 586 do Código Civil, ut supra. 
Já vimos todas as normas relevantes aos contratos de mútuo e de 
depósito irregular (que são as mesmas), com exceção desta: 
Art. 590. O mutuante pode exigir garantia da restituição, se antes do 
vencimento o mutuário sofrer notória mudança em sua situação econômica. 
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Isto significa que no contrato de mútuo há uma espécie de cláusula rebus 
sic stantibus — “as coisas permanecendo como estão” —, de modo que uma 
alteração na situação econômica do mutuário permite o mutuante exigir 
garantia da restituição do empréstimo. 
As normas relativas ao mútuo a menor, embora, em tese, sejam 
aplicáveis ao mútuo bancário, na prática, devido aos mecanismos de controle 
das instituições financeiras, isto não ocorre. 
Sendo assim, resta falar de um aspecto jurisprudencial muito importante 
do mútuo bancário. É o que trata da limitação aos juros. Há, no Brasil, a 
chamada Lei da Usura — na verdade, um decreto de nº 22.626/1933 — que 
limita os juros a 12% ao ano, não capitalizados. 
Art. 1º. É vedado, e será punido nos termos desta lei, estipular em quaisquer 
contratos taxas de juros superiores ao dobro da taxa legal (Código Civil, art. 1062 
[A taxa dos juros moratórios, quando não convencionada (art. 1.262), será de seis 
por cento ao ano]). 
Art. 4º. E proibido contar juros dos juros: esta proibição não compreende a 
acumulação de juros vencidos aos saldos líquidos em conta corrente de ano a ano. 
 
A Constituição Federal, inicialmente recepcionou e constitucionalizou esta 
regra: 
Art. 192, § 3º - As taxas de juros reais, nelas incluídas comissões e quaisquer 
outras remunerações direta ou indiretamente referidas à concessão de crédito, 
não poderão ser superiores a doze por cento ao ano; a cobrança acima deste 
limite será conceituada como crime de usura, punido, em todas as suas 
modalidades, nos termos que a lei determinar. 
Porém, esta norma foi revogada pela Emenda Constitucional nº 40 de 
2003, além de nunca ter sido aplicada, pois o entendimento pretoriano 
era de que havia a necessidade de lei complementar regulamentando a 
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matéria. Vejamos o seguinte julgamento1: 
Tendo a Constituição Federal, no único artigo em que trata do Sistema Financeiro 
Nacional (art.192), estabelecido que este será regulado por lei complementar, com 
observância do que determinou no caput, nos seus incisos e parágrafos, não é de 
se admitir a eficácia imediata e isolada do disposto em seu parágrafo 3º, sobre a 
taxa de juros reais (12% ao ano), até porque estes não foram conceituados. Só o 
tratamento global do Sistema Financeiro Nacional, na futura lei complementar, 
com observância de todas as normas do caput, dos incisos e parágrafos do art. 
192, é que permitirá a incidência da referida norma sobre juros reais e desde que 
estes também sejam conceituados em tal diploma. 
Em conseqüência, não são inconstitucionais os atos normativos em questão 
(parecer da Consultoria-Geral da República, aprovado pela Presidência da 
República e circular do Banco Central), o primeiro considerando não auto-aplicável 
a norma do parágrafo 3º sobre juros reais de 12% ao ano, e a segunda 
determinando a observância da legislação anterior à Constituição de 1988, até o 
advento da lei complementar reguladora do Sistema Financeiro Nacional. 
Há então, ainda, o limite de juros? Sim, a Lei da Usura não foi revogada; 
o que ocorre, apenas, é que a norma não tem a hierarquia de norma 
constitucional. Mas esta norma é aplicável às instituições financeiras? A 
resposta é não. O Supremo Tribunal Federal assim sumulou o entendimento: 
S. 596: As disposições do decreto 22.626/1933 não se aplicam às taxas de 
juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições 
públicas ou privadas, que integram o sistema financeiro nacional. 
 
A justificativa legal para este entendimento foi a Lei 4.595/1964, que 
dispõe sobre a política das instituições monetárias, bancárias e creditícias, e 
determina a seguinte competência ao BACEN: 
Art. 4º Compete ao Conselho Monetário Nacional, segundo diretrizes 
estabelecidas pelo Presidente da República: [...] 
 
1 STF, ADIn 4-7-600-DF, RTJ 147/719-858. 
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VI - Disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as operações 
creditícias em todas as suas formas, inclusive aceites, avais e prestações de 
quaisquer garantias por parte das instituições financeiras; [...] 
IX - Limitar, sempre que necessário, as taxas de juros, descontos comissões e 
qualquer outra forma de remuneração de operações e serviços bancários ou 
financeiros, inclusive os prestados pelo Banco Central da República do Brasil [...]. 
Desta forma, os bancos não são completamente livres para pactuar os 
juros que bem entenderem, mas o limite não é o da Lei da Usura, mas o que 
for estabelecido pelo BACEN. 
Observemos que esta Súmula foi editada em 1976, quando o STF 
acumulava as competências que hoje são do STJ. Este tribunal, porém, não 
afastou o entendimento pretoriano, como podemos ver na seguinte súmula: 
S. 382: A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si 
só, não indica abusividade. 
 
Assim, os Bancos são livres para praticar a usura, pois não estão 
limitados aos juros de 12% ao ano e podem capitalizá-los. Para finalizar, 
apresentamos a ementa de um julgado do Egrégio STJ, que sintetiza os tópicos 
abordados: 
CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MÚTUO BANCÁRIO COM 
ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. JUROS REMUNERATÓRIOS. LEI N.º 
4.595/64. ENUNCIADO 596 DA SÚMULA DO STF. JUROS MORATÓRIOS 
LIMITADOS A 12% A. A. LEI DE USURA. CAPITALIZAÇÃO. POSSIBILIDADE. 
COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. ENUNCIADO 294 DA SÚMULA DO STJ. INSCRIÇÃO 
DO NOME DO DEVEDOR EM CADASTROS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. 
POSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. 
1. Com o advento da Lei n.º 4.595/1964, restou afastada a incidência da 
Lei de Usura, que limitou os juros remuneratórios no patamar de 12% ao 
ano, nos termos do Enunciado nº 596 da Súmula do eg. Supremo Tribunal 
Federal: “As disposições do Decreto 22.626/1933 não se aplicam às taxas de 
juros e aos outros encargos cobrados nas operações realizadas por instituições 
públicas ou privadas, que integram o Sistema Financeiro Nacional”. 
2. A taxa média do mercado não é considerada excessivamente onerosa. 
Assim, o pacto referente à taxa de juros remuneratórios só pode ser 
alterado se reconhecida sua abusividade em cada situação. 
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3. Os juros moratórios podem ser pactuados até o limite de 12% ao ano, conforme 
previsão legal. Precedentes. 
4. O Superior Tribunal de Justiça admite a capitalização mensal dos juros
nos contratos firmados posteriormente à entrada em vigor da Medida 
Provisória nº 1.963-17/2000, desde que haja previsão contratual. No 
particular, o contrato sob exame foi firmado posteriormente à norma referenciada. 
Dessarte, legítima a capitalização mensal dos juros remuneratórios, como 
pactuada. 
5. Segundo o posicionamento consolidado pela eg. Segunda Seção desta Corte 
Superior, é possível a cobrança da comissão de permanência, desde que não 
cumulada com juros remuneratórios, correção monetária e/ou juros e multa 
moratórios. 
6. A simples discussão judicial da dívida não é suficiente para obstaculizar ou 
remover a inscrição do nome do devedor em órgãos de proteção ao crédito. 
7. Agravo regimental improvido.2 
5. (TRF - 4ª REGIÃO - 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - Juiz – Adaptada) O 
contrato de conta-corrente é um dos mais usuais na área bancária, estabelecendo-
se relação na qual o banco se compromete a receber os valores remetidos pelo 
cliente ou por terceiros, bem assim a cumprir as ordens

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