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ESCOLA ESTRUTURAL TERAPIA FAMILIAR ESTRUTURAL OBJETIVO: Alterar a estrutura familiar PRINCIPAL AUTOR: Salvador Minuchin Argentino, migrado para os EUA. É médico especializado em psiquiatria infantil. Em NY, final dec. de 50, trabalhou numa escola particular para adolescentes com problemas de conduta, provenientes da famílias pobres – publica em 1967 “Families of the Slums”. Na Filadélfia passou a dirigir Philadelphia Child Guidance Clinic. 1952 saiu de NY, foi a Israel onde trabalhou com crianças sem lar e ficou absolutamente comprometido com a ideia da importância das famílias. 1954 nos EUA, trabalhou numa escola para garotos delinqüentes e suas famílias, onde sugeriu aos colegas que começassem a atender famílias. Criam o atendimento em sala de espelho unidirecional. 1962, conheceu o amigo Jay Haley, em Palo Alto. Trabalham e diferenciam sua técnica, não observando mas participando, unindo-se ao drama. 1974, lança o livro Famílias, funcionamento e tratamento. 1978, publica Psychosomatic families, descrição da estrutura disfuncional de 53 famílias com crianças portadoras de distúrbios psicossomáticos – 86% de êxito, antes somente 60%. TERAPIA FAMILIAR ESTRUTURAL Em 1981 foi lançado o livro Techniques of Family Terapy, junto com H. C. Fischman, aprofunda questões sobre TF e uma reflexão individual sobre sua evolução como terapeuta e teórico durante 15 anos. A ascensão de Minuchin e sua escola estrutural deu-se paralelamente ao desenvolvimento do movimento da Terapia de Família nos EUA, Europa e América do Sul. No Brasil: 1981 – primeiro evento: Encontro de profissionais em família e casal. No mesmo ano em Porto Alegre se iniciou um curso introdutório sobre o tema. TERAPIA FAMILIAR ESTRUTURAL A terapia familiar oferece formas de reconhecer a organização total que mantém o funcionamento (interação entre os membros) de um sistema familiar. Levando em consideração a interação com o contexto social. Três constructos são os componentes essenciais da Terapia Familiar Estrutural (TFE): Estrutura, Subsistemas e Fronteiras. TERAPIA FAMILIAR ESTRUTURAL Estrutura familiar: Refere-se ao padrão organizado em que os membros da família interagem (Ex.: mãe emaranhada a um dos filhos, pai distante e disputa entre os irmãos). Depois que os padrões são estabelecidos, os membros da família usam apenas uma fração do leque completo de comportamentos disponíveis para eles. São estabelecidos padrões, determinados papéis e as coisas de tornam uniformes e previsíveis. Para haver mudança, é necessário alterar a estrutura subjacente que mantém o padrão disfuncional. ESTRUTURA 1- A estrutura da família é a de um sistema sociocultural aberto em transformação. Este sistema pode ser: GENÉRICO: com regras universais que governam a organização familiar. Ex.: hierarquia com autoridade. IDIOSSINCRÁSICO: peculiaridades de cada sistema, instauração de um padrão. Ex.: o inteligente, o brigão. Saber que uma família é monoparental ou tem dificuldade com um dos filhos, não nos diz nada sobre sua estrutura. A estrutura só se torna observável através das interações concretas entre os membros da família. 2º A família passa por um desenvolvimento, atravessando certo número de estágios, que requerem reestruturação. 3º - A família se adapta a circunstâncias modificadas, de maneira a manter a continuidade e a intensificar o crescimento psicossocial de cada membro. Subsistemas O sistema familiar diferencia e leva a cabo suas funções através de subsistemas. As alianças entre os indivíduos são subsistemas dentro de uma família. Díades, tais como esposo-esposa e mãe e filho, podem ser subsistemas. Os subsistemas podem ser formados por geração, gênero, interesse ou função. Cada membro da família desempenha muitos papéis em vários subgrupos; A mãe que também é esposa, filha, sobrinha, neta, e em cada um desses papéis é exigido um comportamento diferente. É necessário que os membros saibam diferenciar-se. SUBSISTEMA CONJUGAL Formado quando dois adultos se unem com o propósito expresso de formarem uma família. Para isto é necessário a complementariedade e a acomodação mútua. Ambos trazem uma referência própria familiar que deverá ser reformulada. Funções: Sexualidade, intimidade e companheirismo SUBSISTEMA PARENTAL Inicia com o nascimento do primeiro filho. Além das funções conjugais, estão presentes agora as funções parentais. A socialização deste novo membro passará por instituições extrafamiliares, fazendo-se necessária adaptação a organizações como, por exemplo, a escola. Funções: Nutrir, guiar e normatizar SUBSISTEMA FRATERNAL É o primeiro laboratório social pela qual a criança pode experimentar relações com iguais. Este conjunto de relações fraternais serve de base para as crianças mediarem suas relações com o mundo. Funções: Cooperar, competir e negociar FRONTEIRAS Os indivíduos, os subsistemas e as famílias como um todo são demarcados por fronteiras interpessoais, barreiras invisíveis que envolvem os indivíduos e os subsistemas, regulando a quantidade de contato com os outros. As fronteiras servem para proteger a autonomia da pessoas, da família e de seus subsistemas, lidando com a proximidade e com a hierarquia. Tipos de Fronteiras 1. FRONTEIRA RÍGIDA São explicitamente restritivas e permitem pouco contato com os subsistemas externos, o que resulta em distanciamento. Os indivíduos ou os subsistemas distanciados são relativamente isolados e autônomos. Do lado positivo, isso estimula a autonomia, por outro lado, dificulta a ajuda mútua. Tipos de Fronteiras 2. FRONTEIRA DIFUSA É quando os indivíduos encontram-se emaranhados, ou seja, quando há uma excessiva e intensa ligação entre os membros da família. Os subsistemas emaranhados, fornecem um sentimento de apoio mútuo, mas à custa da independência e da autonomia. Pais emaranhados fazem muito pelos filhos, entretanto, os filhos emaranhados com os pais tornam-se dependentes, sentem-se menos à vontade sozinhos e podem ter dificuldade em se relacionar com pessoas de fora da família. Tipos de Fronteiras 3. FRONTEIRA NÍTIDA É aquela que se caracteriza pelo bom funcionamento da família, onde cada indivíduo executa sua função, sem interferência, porém, admitindo contato com os demais indivíduos e subsistemas da família. Ex. Pais e filhos compartilham muitas coisas juntos, mas há algumas funções do casal que não precisam ser compartilhadas com os filhos, por fazer parte do subsistema conjugal. Além de manter a privacidade do casal, uma fronteira clara estabelece uma estrutura hierárquica em que os pais ocupam uma posição de liderança. Estilos de relações decorrentes do tipo de fronteiras ___________ _ _ _ _ _ _ _ . . . . . . . . . . . . DESLIGADA NÍTIDA EMARANHADA (Fronteiras rígidas) (limites normais) (fronteiras difusas) Emaranhamento e desligamento se referem a um estilo transacional ou à preferência por um tipo de interação, e não a uma diferença qualitativa entre funcional e disfuncional. Em diferentes estágios evolutivos da família diferentes estilos de fronteiras são utilizados. Ex. Criança pequena – emaranhamento. Diagramas de estruturas familiares ________ fronteiras rígidas _ _ _ _ _ fronteiras nítidas . . . . . . . .fronteiras difusas Coalizão -----l l------ Conflito Desvio Emaranhamento _____________ _____________ _____________ Desenvolvimento familiar normal O que caracteriza uma família normal não é ausência de problemas, mas uma estrutura funcional para lidar com eles. Famílias sadias modificam sua estrutura para acomodar circunstâncias modificadas, já as famílias disfuncionais aumentam a rigidez das estruturas e deixam de ser efetivas. Necessário analisar a acomodação e a criação de fronteiras. Desenvolvimento familiar normal Acomodação Acomodar os padrões de relacionamento da família de origem à nova família, bem como as características individuais de cada pessoa. Definição de fronteiras Definir as fronteiras dos subsistemas familiares e as fronteiras com os sistemas externos; Definir as fronteiras com as famílias de origem. Desenvolvimento de transtornos de comportamento (1) Os sistemas familiares precisam ser suficientemente estáveis para garantir continuidade e suficientemente flexíveis para se acomodar às mudanças. Problemas surgem quando estruturas familiares inflexíveis não conseguem se ajustar de forma adequada a desafios maturacionais ou situacionais. Mudanças adaptativas são necessárias quando a família ou um de seus membros enfrenta um stress externo e quando são atingidos pontos de crescimento transicionais. Desenvolvimento de transtornos de comportamento (2) Os sintomas de um membro da família reflete os relacionamentos dessa pessoa com os outros e também pode evidenciar a função de outros relacionamentos na família. Ex. mãe e filho emaranhados pode evidenciar pai periférico, ou casal desligado. Os estressores podem ser ambientais (desemprego, mudança de residências), ou relacionados ao ciclo vital (nascimento, morte). Desenvolvimento de transtornos de comportamento (3) Nas famílias desligadas, as fronteiras são rígidas, e a família não consegue mobilizar apoio quando necessário. Nas famílias emaranhadas, as fronteiras são difusas, e os membros da família reagem exageradamente e se envolvem com os outros de maneira intrusiva. Desenvolvimento de transtornos de comportamento (4) Evitação do conflito Quando os membros familiares evitam falar de suas discordâncias para se protegerem da dor de se enfrentarem com verdades duras. As famílias desligadas evitam o conflito, negando diferenças. Apontar causas externas para problemas internos. Desenvolvimento de transtornos de comportamento (5) Elementos importantes para uma avaliação estrutural da família. Os sintomas de um membro não refletem apenas o relacionamento dessa pessoa com os outros, mas são uma função de outros relacionamentos na família. É importante incluir todo o grupo familiar na avaliação e todos os sistemas externos. Alguns problemas podem ser tratados como sendo do indivíduo. Objetivos da Terapia Os problemas são mantidos por uma organização familiar disfuncional. A terapia visa alterar a estrutura familiar para que a família possa resolver seus problemas. O terapeuta não resolve problemas: esta tarefa é da família. O terapeuta ajuda a modificar o funcionamento familiar de modo que os membros da família possam resolver seus problemas. Portanto, a resolução do sintoma não é um fim em si mesmo, mas como resultado de uma mudança estrutural. Objetivos da Terapia Criação de uma estrutura hierárquica efetiva (papéis definidos, pais como um subsistema coeso). Com famílias emaranhadas, o objetivo é diferenciar indivíduos e subsistemas, reforçando as fronteiras entre eles. Com famílias desligadas, o objetivo é aumentar a interação, tornando as fronteiras mais permeáveis. Técnicas Três etapas básicas 1. Unir-se à família; 2. Mapear suas estruturas; 3. Intervir para transformar a estrutura. Técnicas 1 – Unindo e Acomodando – desarmar as defesas e aliviar a ansiedade, que é feito através da criação de uma aliança com cada membro da família. 2 – Encenação - trabalhando com a interação dos membros, é feito a escolha de um ponto específico para a encenação. Essa técnica permite descobrir muitas coisas sobre a estrutura da família. Ex.: Tipo de fronteira, os papéis de cada membro. 3 – Mapeamento Estrutural - diagnóstico, deve ser levado em conta tanto o problema que a família apresenta quanto a dinâmica estrutural que revela. 4 – Focalização e modificação das interações: foco no processo ao invés do conteúdo. Intensidade nas intervenções. Técnicas 5 – Criação de fronteiras - determinando os limites, o terapeuta intervêm para realinhar as fronteiras, aumentando ou a proximidade ou a distância entre os subsistemas. 6 – Desequilíbrio – ao criar o desequilíbrio se muda o relacionamento dentro do subsistema, o terapeuta se une a um indivíduo ou subsistema e o apóia a custa de outros. 7 – Desafio de suposição improdutivas - desafiando as suposições da família, mudar a maneira pela qual a família enxerga a sua situação lhes permite mudar a maneira de se relacionar. Referências NICHOLS, Michael e SCHWARTZ, Richard. Terapia familiar: conceitos e métodos. 7 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. MINUCHIN, Salvador. Famílias: funcionamento e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
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