Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANDERSON FERREIRA STJ AFO + LRF LISTA ‐2 PROF. ANDERSON FERREIRA facebook: M.Anderson.Ferreira.AFO email:coord.platinum.fiscal@gmail.com 1 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA - AFO CONCEITO A definição de “orçamento” não é consensual entre as opiniões dos estudiosos da matéria. Não se chegou ainda a um conceito que fosse livre de crítica e aceito pacificamente pela maioria dos doutrinadores. Em sentido lato sensu, o conceito que melhor se adequa à bibliografia das principais bancas de concurso público é: Orçamento: é um instrumento de intervenção planejada do Estado para expressar, por um período de tempo, sua política de trabalho e plano de governo, contendo autorização legislativa para a arrecadação das receitas e realização das despesas. Segundo a CF/88, o orçamento é materializado em três instrumentos de planejamento: O Plano Plurianual – PPA (estratégico), a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO (tático) e a Lei Orçamentária Anual – LOA (operacional). Em sentido stricto sensu, a Secretaria do Tesouro Nacional – STN conceitua o orçamento público como sendo a “Lei de iniciativa do Poder Executivo que estima a receita e fixa a despesa da administração pública. É elaborada em um exercício para depois de aprovada pelo Poder Legislativo, vigorar no exercício seguinte”. Ou seja, em sentido stricto sensu a expressão “orçamento público” se refere à própria LOA. Tecnicamente, orçamento pode ser entendido como dotação, que é o limite de crédito consignado na lei de orçamento ou crédito adicional, para atender determinada despesa. Veja como em prova: 1. (CESPE/ABIN/Agente Téc./cargo18/2010) No âmbito da execução orçamentária, o termo crédito não se confunde com o conceito de recurso. 2. (CESPE/CADE/Analista-cargo1/2014) O orçamento público constitui o reflexo das escolhas ideológicas feitas pelo partido político ou pelo grupo político que se encontra no poder. 3. (CESPE/ACE/TCU/2008) O orçamento é um instrumento que expressa a alocação de recursos públicos, sendo operacionalizado por meio de diversos programas, que constituem a integração do plano plurianual com o orçamento. 4. (CESPE/ABIN/Oficial-Cargo1/2010) O orçamento moderno configura-se como instrumento de intervenção planejada do Estado na economia para a correção de distorções e o incentivo ao desenvolvimento econômico. 5. (CESPE/CNJ/Analista-Cargo2/2013) O orçamento é um plano em que se expressa, em termos de dinheiro, para um período de tempo definido, o programa de operações do governo e os meios de financiamento desse programa. ORÇAMENTO PÚBLICO NO BRASIL A partir de 1789, após o descobrimento, tivemos a luta pelo controle orçamentário nas relações entre a Metrópole e a Colônia. Nesse período colonial, a Inconfidência Mineira tentou conquistar a soberania para o País, usando como motivação o descontentamento em face das disposições tributárias emanadas de Portugal. Ao suspender a "derrama" (cobrança dos impostos atrasados) as autoridades fizeram abortar o movimento, comprovando que havia mais disposição em fugir do fisco português do que consciência política em prol da independência. Com a vinda de D. João VI, o Brasil iniciou um processo de organização de suas finanças. Com a abertura dos portos e cobrança de tributos aduaneiros, foram criados o Erário Público (Tesouro) e o regime de contabilidade. Gabarito: 1-C; 2-C; 3-C; 4-C; 5-C PROF. ANDERSON FERREIRA facebook: M.Anderson.Ferreira.AFO email:coord.platinum.fiscal@gmail.com 2 A constituição Imperial de 1824 estabeleceu, formalmente, as primeiras exigências no sentido da elaboração de orçamentos por parte das instituições imperiais. Esse dispositivo, avançado para a época, teve dificuldades de ser implementado. Alguns autores consideram a Lei de 14/12/1827 como a primeira Lei Orçamentária do Brasil. No entanto, em razão das deficiências do Estado em função da época e dos mecanismos arrecadadores existentes que vieram frustrar essa Lei, outros tratadistas consideram como o primeiro orçamento brasileiro o que teria sido aprovado pelo Decreto Legislativo de 15/12/1830, que fixava a despesa e estimava a receita das antigas províncias para o exercício de 1831. Existe, no Brasil, uma longa tradição de orçamentos públicos padronizados para os diversos níveis de governo, iniciada em consequência natural da centralização político-administrativa que resultou da Revolução de 1930, e consolidada a partir da necessidade de consolidação da dívida externa brasileira em 1932, decorrente das dificuldades devido às diferenças de nomenclaturas e títulos das receitas e despesas de cada orçamento. Várias tentativas de uniformização foram postas em Lei. No entanto, só em 1964, a Lei nº 4.320, promulgada em 17/03/64, chegou com o tão esperado compromisso de consolidar a padronização dos procedimentos orçamentários para os diversos níveis de governo. Esta norma vem estabelecer as direções e os modelos para os documentos orçamentários que deverão ser elaborados pelos vários setores públicos para compor, finalmente, o documento orçamentário do Estado, que deverá ser apresentado ao legislativo. A seguir, estudaremos os títulos da Lei 4.320/64 mais cobrados nos editais, dentre eles os títulos I (Da Lei de Orçamento), IV (Do Exercício Financeiro), V (Dos Créditos Adicionais) e VI (Da Execução do Orçamento), não necessariamente nessa ordem, por questões didáticas. TIPOS/TÉCNICAS DE ORÇAMENTAÇÃO Os orçamentos públicos podem ser analisados sob diversos aspectos: político, econômico, social, administrativo, jurídico, etc. A evolução do Estado, da sociedade e a variação de suas necessidades fazem com que um novo modelo de orçamento seja descoberto naquele momento. A seguir, os principais tipos e técnicas de orçamentos existentes na história. Orçamento Tradicional ou Clássico O orçamento tradicional surgiu na Inglaterra, em 1822, juntamente com o Estado Liberal, preocupado em manter o equilíbrio financeiro e evitar, ao máximo, o aumento dos gastos públicos. Foi instituído com a finalidade de possibilitar aos órgãos de representação um controle político sobre os gastos administrados pelo Poder Executivo. Porém, esse controle tinha como foco a “honestidade” do gestor fiscal e não a eficiência, eficácia e efetividade do gasto público. No orçamento tradicional, os aspectos econômico, social, contábil, administrativo e jurídico tinham papel secundário. Os diversos órgãos e entidades da Administração Pública eram contemplados com recursos suficientes para o pagamento de pessoal e aquisição de material de consumo e permanente para um exercício financeiro. O principal critério para distribuição de recursos era o montante de gastos do exercício anterior, não levando em conta necessidades futuras. No modelo tradicional, o foco era no objeto (meio/coisa) e não no objetivo (fim/realização) das funções governamentais. O controle político da execução orçamentária limitava-se a verificação da honestidade do agente público e da conferência quântica ou numérica dos valores, sendo por isso conhecido como orçamento de “mera peça contábil”. Hoje, o aspecto contábil ainda é considerado (normas contábeis, balanços, etc), mas o orçamento evoluiu como instrumento de planejamento e, com isso, deixou de ser apenas uma peça contábil. PROF. ANDERSON FERREIRA facebook: M.Anderson.Ferreira.AFO email:coord.platinum.fiscal@gmail.com 3 No Brasil, a Constituição Imperial de 1824 continha as primeiras exigências para adoção de orçamentos formais por parte das instituições imperiais. No entanto, em virtude de dificuldades de comunicação e certos conflitos com normas legais da época, os orçamentos públicosnão puderam ser adotados nos primeiros anos. A banca responsável pela elaboração da sua prova, para tentar confundi-lo, vai misturar as características de um tipo orçamentário com as de outro. Exemplo: mencionará as características do orçamento tradicional como sendo as do orçamento-programa. Cuidado com as inversões de conceitos! Para a prova, leve as seguintes características do orçamento tradicional: � Neutralidade Estatal (laissez-faire = deixar fazer/acontecer naturalmente) � Dissociado de um planejamento (orçamento desvinculado do plano de governo) � Foco no objeto, ficando o objetivo (finalidade) para o segundo plano. � Voltado para aspectos contábeis/numéricos/quantitativos (mera peça contábil) Já assim em prova: 1. (CESPE/ABIN/Oficial-Cargo1/2010) De acordo com a concepção tradicional, o orçamento público é caracterizado como mero inventário dos meios com os quais o Estado conta para cumprir suas tarefas, sendo as funções de alocação, distribuição e estabilização relegadas a segundo plano. 2. (CESPE/TCE-ES/ACE/2012) A alocação dos recursos visa, no orçamento tradicional, à aquisição de meios. 3. (CESPE/SAD-PE/Analista/2010) O orçamento clássico ou tradicional tem ênfase naquilo que a instituição realiza, não no que ela gasta. 4. (ESAF/CGU/AFC/2008) No orçamento tradicional, a ênfase se dá no objeto do gasto, sem preocupação com os objetivos da ação governamental. 5. (CESPE/ANALISTA/TJ-ES/2011) Os processos de planejamento e de programação são dissociados no orçamento tradicional. 6. (CESPE/UNIPAMPA/Contador/2013) O orçamento tradicional deve ser elaborado com base na dimensão estratégica governamental definida no processo de planejamento e programação econômico- financeira aprovada pelas unidades orçamentárias. Orçamento de Desempenho ou de Realizações (ou ainda Orçamento Funcional) Saber com o que o Governo gastava era importante, contudo, mais ainda era saber a serventia dos gastos. Dessa forma, houve a evolução para o orçamento de desempenho ou de realizações. O orçamento de desempenho consiste numa das primeiras modalidades de orçamentação moderna (comparado ao orçamento tradicional), posteriormente identificado como a expressão inicial do que viria a ser chamado de orçamento-programa (embora, pela falta de vínculo ao planejamento, não possa ser considerado ainda o orçamento programa). Constitui um processo orçamentário inovador, em relação ao orçamento tradicional, por incluir, além da explicitação dos itens de gasto de cada unidade, uma dimensão programática, ou seja, a explicitação do programa de trabalho (programa e suas ações) que deve ser realizado com os recursos que estão sendo destinados à unidade. Gabarito: 1-C; 2-C; 3-E; 4-C; 5-C; 6-E. PROF. ANDERSON FERREIRA facebook: M.Anderson.Ferreira.AFO email:coord.platinum.fiscal@gmail.com 4 No orçamento de desempenho, a ênfase passa a ser a busca da eficiência e de economia nas repartições públicas e não a adequação dos seus produtos às necessidades coletivas. Porém, não existia a vinculação dos orçamentos anuais com um sistema de planejamento, que resultasse na consecução dos objetivos governamentais ao longo do tempo. Para sua prova, leve as seguintes características: � Foco no resultado (função) dos gastos; � Busca pela definição dos propósitos e objetivos; � Desvinculado de um planejamento. Apesar de ter sido um passo importante em direção à racionalidade orçamentária, entende-se que o Orçamento de Desempenho não deve ser classificado como orçamento programa, pois lhe falta a principal característica do orçamento programa: vinculação a um instrumento central de planejamento das ações do governo. Embora o orçamento programa tenha seu marco legal (introdução) em 1964, com a Lei 4.320/64 e com o Decreto Lei nº 200 de 1967, seu marco gerencial (efetividade) só foi a partir da reforma orçamentária, entre 1998 e 2000, com o Decreto nº 2.829/98, Lei do PPA 2000-2003, Lei Complementar nº 101/2000 (LRF) e demais normas que orientaram a reforma. Logo, é majoritário entre os autores que o Brasil tenha “experimentado” o Orçamento de Desempenho (ou Funcional) neste período (1964-2000) como uma forma de preparação para o Orçamento Programa. Já assim em prova: 1. (CESPE/MPU/Cargo1/2015) O orçamento de desempenho, por considerar o resultado dos gastos e os níveis organizacionais responsáveis pela execução dos programas, distingue-se do orçamento clássico. 2. (CESPE/ SAD-PE/Analista/2010) O orçamento por desempenho caracteriza-se pela forte vinculação ao sistema de planejamento. 3. (CESPE/INEP/ Contador/2005) O denominado orçamento de desempenho, conceito difundido a partir da segunda metade do século passado, é o que apresenta os propósitos e objetivos para os quais os créditos se fazem necessários, os custos dos programas propostos para atingir os objetivos e dados quantitativos que meçam as realizações e o trabalho levado a efeito em cada programa. 4. (CESPE/DPU/ Contador/2010) O orçamento de desempenho está dirigido mais para os produtos gerados pela administração pública que pelos resultados propriamente ditos. 5. (ESAF/CGU/AFC/2008) A grande diferença entre o orçamento de desempenho e o orçamento- programa é que o orçamento de desempenho não se relaciona com um sistema de planejamento das políticas públicas. 6. (CESPE/CNJ/Técnico-Cargo13/2013) O orçamento de desempenho pode ser considerado uma importante evolução no processo de integração entre orçamento e planejamento. Uma de suas principais características é a apresentação dos propósitos e objetivos para os quais os créditos se fazem necessários. Conforme glossário da STN, o orçamento de desempenho é o processo orçamentário que se caracteriza por apresentar duas dimensões do orçamento: o objeto de gasto e um programa de trabalho, contendo as ações desenvolvidas. Toda a ênfase reside no desempenho organizacional. Gabarito: 1-C; 2-E; 3-C; 4-E; 5-C; 6-C PROF. ANDERSON FERREIRA facebook: M.Anderson.Ferreira.AFO email:coord.platinum.fiscal@gmail.com 5 Orçamento Programa (ou Moderno) O orçamento programa (também chamado de moderno) foi introduzido no Brasil por meio da Lei nº 4.320/64 e do Decreto-Lei nº 200/67. Embora sua efetividade tenha ocorrido apenas a partir de 1998, a Constituição Federal de 1988 contribuiu para a sua implantação. A CF/88 criou os instrumentos do PPA e da LDO, integrando-os à LOA. Sua adoção também está associada ao modelo de Estado intervencionista desde o século XIX. Consiste em um método de orçamentação por meio do qual as despesas públicas são fixadas a partir da previsão das receitas e da identificação das necessidades públicas. Essas necessidades (despesas) são realizadas por meio de ações do governo (gastos planejados em projetos, atividades ou operações especiais). As ações são postas dentro de um programa (campo em que se desenvolvem ações homogêneas que visam ao mesmo resultado/objetivo). O programa surgiu como o módulo comum integrador entre o plano e o orçamento. Em termos de estruturação, o plano termina no programa e o orçamento começa no programa, o que confere a esses instrumentos uma integração desde a origem. O programa como módulo integrador, e as ações, como instrumentos de realização dos programas. Essa concepção inicial foi modificada a partir dos PPA 2000/2003 e 2004/2007, elaborados com o nível de detalhamento de ação (marco gerencial do orçamento programa). Marco gerencial do Orçamento-Programa no Brasil: Decreto nº 2.829/1998 Embora o orçamento-programa tenha seu marco legal (introdutório) a partir de 1964, com a Lei nº 4.320/1964 e com o Decreto-Lei nº200 de 1967, seu marco gerencial (efetividade) só foi a partir da reforma orçamentária, no período de 1998 a 2000, com o Decreto nº 2.829/1998 e a Lei Complementar nº 101/2000. Logo, alguns autores defendem que o Brasil tenha “experimentado” o Orçamento de Desempenho (ou Funcional) neste período (1964-2000) como uma forma de preparação para a implantação efetiva do Orçamento-Programa. Recomenda-se a leitura do Decreto nº 2.829/1998 a seguir: DECRETO Nº 2.829, DE 29 DE OUTUBRO DE 1998. Estabelece normas para a elaboração e execução do Plano Plurianual e dos Orçamentos da União, e dá outras providências. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, da Constituição, DECRETA: Art. 1º Para elaboração e execução do Plano Plurianual 2000-2003 e dos Orçamentos da União, a partir do exercício financeiro do ano de 2000, toda ação finalística do Governo Federal deverá ser estruturada em Programas orientados para a consecução dos objetivos estratégicos definidos para o período do Plano. Parágrafo único. Entende-se por ação finalística aquela que proporciona bem ou serviço para atendimento direto a demandas da sociedade. Art. 2º Cada Programa deverá conter: I - objetivo; II - órgão responsável; III - valor global; IV - prazo de conclusão; V - fonte de financiamento; VI - indicador que quantifique a situação que o programa tenha por fim modificar; VII - metas correspondentes aos bens e serviços necessários para atingir o objetivo; VIII - ações não integrantes do Orçamento Geral da União necessárias à consecução do objetivo; PROF. ANDERSON FERREIRA facebook: M.Anderson.Ferreira.AFO email:coord.platinum.fiscal@gmail.com 6 IX - regionalização das metas por Estado. Parágrafo único. Os Programas constituídos predominantemente de Ações Continuadas deverão conter metas de qualidade e de produtividade, a serem atingidas em prazo definido. Art. 3º A classificação funcional-programática deverá ser aperfeiçoada de modo a estimular a adoção, em todas as esferas de governo, do uso do gerenciamento por Programas. Parágrafo único. Os Programas serão estabelecidos em atos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, respeitados os conceitos definidos no âmbito federal, em portaria do Ministério do Planejamento e Orçamento, a ser publicada até 30 de novembro de 1998. Art. 4º Será adotado, em cada Programa, modelo de gerenciamento que compreenda: I - definição da unidade responsável pelo gerenciamento, mesmo quando o Programa seja integrado por projetos ou atividades desenvolvidas por mais de um órgão ou unidade administrativa; II - controle de prazos e custos; III - sistema informatizado de apoio ao gerenciamento, respeitados os conceitos a serem definidos em portaria do Ministério do Planejamento e Orçamento. Parágrafo único. A designação de profissional capacitado para atuar como gerente do Programa será feita pelo Ministro de Estado, ou pelo titular de órgão vinculado à Presidência da República, a que estiver vinculado a unidade responsável do Programa. Art. 5º Será realizada avaliação anual da consecução dos objetivos estratégicos do Governo Federal e do resultado dos Programas, para subsidiar a elaboração da lei de diretrizes orçamentárias de cada exercício. Art. 6º A avaliação física e financeira dos Programas e dos projetos e atividades que os constituem é inerente às responsabilidades da unidade responsável e tem por finalidade: I - aferir o seu resultado, tendo como referência os objetivos e as metas fixadas; II - subsidiar o processo de alocação de recursos públicos, a política de gastos públicos e a coordenação das ações de governo; III - evitar a dispersão e o desperdício de recursos públicos. Art. 7º Para fins de gestão da qualidade, as unidades responsáveis pela execução dos Programas manterão, quando couber, sistema de avaliação do grau de satisfação da sociedade quanto aos bens e serviços ofertados pelo Poder Público. Art. 8º Os Programas serão formulados de modo a promover, sempre que possível, a descentralização, a integração com Estados e Municípios e a formação de parcerias com o setor privado. Art. 9º Para orientar a formulação e a seleção dos Programas que deverão integrar o Plano Plurianual e estimular a busca de parcerias e fontes alternativas de recursos, serão estabelecidos previamente, para a período do Plano: I - os objetivos estratégicos; II - previsão de recursos. Art. 10. As leis de diretrizes orçamentárias conterão, para o exercício a que se referem e dentre os Programas do Plano Plurianual, as prioridades que deverão ser contempladas na lei orçamentária anual correspondente. Art. 11. A alteração da programação orçamentária e do fluxo financeiro de cada Programa ficará condicionada à informação prévia pelos respectivos gerentes, por meio de sistema informatizado, do grau de alcance das metas fixadas. Art. 12. O Ministro de Estado do Planejamento e Orçamento deverá instituir um comitê gestor para orientar o processo de elaboração do Plano Plurianual para o período 2000-2003. Parágrafo único. A elaboração do Plano Plurianual 2000-2003 será precedida de um inventário das ações do Governo Federal em andamento, bem como do recadastramento de todas as atividades e projeto. Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 29 de outubro de 1998; 177º da Independência e 110º da República. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO PROF. ANDERSON FERREIRA facebook: M.Anderson.Ferreira.AFO email:coord.platinum.fiscal@gmail.com 7 Assim, o orçamento programa é uma ferramenta de planejamento da ação governamental, onde os programas são identificados e relacionados com os objetivos, metas e custos de cada ação. O programa é elaborado através de um conjunto de necessidades da sociedade formando um objetivo comum com as necessidades governamentais. O programa visa à consecução desses objetivos e proporciona para a administração pública maior racionalidade e eficiência. Consequentemente, gera mais resultados, tanto para o governo quanto para a sociedade. O orçamento programa põe em destaque os objetivos, metas e prioridades do Governo. Constitui- se em um instrumento de planejamento. Os aspectos administrativo e econômico se sobrepõem ao aspecto político. As despesas públicas são discriminadas de modo a: � Dar ênfase aos fins (e não aos meios); � Indicar as ações em que o setor público gastará seus recursos; � Definir os responsáveis pela execução; e � Especificar os resultados esperados. Esse método (orçamento programa) surgiu nos EUA no final da década de 1950, sob a denominação PPBS (Planning, Programming and Budgeting System). As principais características do PPBS (ou orçamento programa) são: � Propiciar a integração entre o planejamento e o orçamento; � Realizar a quantificação dos objetivos e fixação de metas; � Basear as decisões em relações de insumo-produto e na pluralidade de alternativas programáticas; � Empregar instrumentos aperfeiçoados para a mensuração e avaliação de resultados; � Gerenciamento por objetivos. O orçamento deve ser compatibilizado com o planejamento estatal, na forma do Plano Plurianual. Não são admitidas, por exemplo, emendas às leis orçamentárias que não sejam compatíveis com o Plano Plurianual. Leve as seguintes características do orçamento programa para sua prova: � Firmado em programas e em instrumentos de planejamento (PPA, LDO e LOA); � Foco no objetivo, e não no objeto; � Preocupação com os aspectos políticos, econômicos e jurídicos (deixa de ser mera peça contábil); � Ações planejadas (previstas) e Estado intervencionista (economicamente). Jácaiu assim em prova: (CESPE/FNDE/Cargo1/2012) O PPBS (planning, programming and budgeting system), dada a facilidade de sua implantação em órgãos públicos, foi, amplamente adotado, a partir da década de setenta do século XX, em todo o mundo. Comentário: o PPBS surgiu nos EUA no final da década de 1950 e não a partir da década de setenta em todo o mundo. Outro erro é afirmar que o PPBS é de fácil implantação. A implantação do PPBS depende de uma estrutura de planejamento bem definida entre os órgãos e agentes governamentais. Logo, questão errada. Obs: Ao final deste capítulo teremos mais questões sobre o orçamento programa e demais modelos. PROF. ANDERSON FERREIRA facebook: M.Anderson.Ferreira.AFO email:coord.platinum.fiscal@gmail.com 8 Orçamento Base Zero (ou por Estratégia) O Orçamento Base Zero - OBZ consiste em uma abordagem orçamentária desenvolvida nos EUA em 1969 pela empresa Texas InstrumentsCo. e adaptada para uso no setor público pelo Estado da Geórgia, na elaboração do seu orçamento para o exercício de 1973. Embora alguns autores e bancas façam referência ao OBZ como um tipo/modelo orçamentário, trata-se de uma técnica de orçamentação. A principal característica desta metodologia orçamentária é exigir que todas as despesas de cada repartição pública sejam justificadas detalhadamente como se cada item programático se tratasse de uma nova iniciativa. Durante a elaboração da proposta orçamentária para o exercício seguinte, todo conhecimento prévio acerca das execuções em exercícios anteriores seriam desconsideradas, ou seja, não existem direitos adquiridos sobre despesas anteriormente autorizadas. Todo o estudo começaria do estágio inicial, revendo a necessidade e eficácia de cada despesa. Uma vantagem deste método é sua evidente orientação para a eliminação de empreendimentos de reduzida prioridade, por envolver, em relação a cada programa, a resposta a três questões básicas: 1ª – O orçamento está sendo eficiente e eficaz? 2ª – Podem suas operações ser reduzidas ou eliminadas de forma a liberar recursos para novas programações? 3ª – Existem elementos que justifiquem a expansão de suas atividades? Dessa forma, pode-se afirmar que no OBZ as decisões são voltadas para a maximização da eficiência na alocação dos recursos públicos. A avaliação e a tomada de decisão ocupam papel primário no OBZ, enquanto o formato (apresentação e organização) ocupa um papel secundário. As principais características do orçamento base zero são: � Análise, revisão e avaliação de todas as despesas propostas e não apenas das solicitações que ultrapassam o nível de gasto já existente; � Todos os programas devem ser justificados cada vez que se inicia um novo ciclo orçamentário; � Revisão crítica dos gastos tradicionais de cada área e estimativa dos custos para o exercício seguinte, partindo de uma nova base, ou seja, base zero; � Desvinculado de um planejamento; � Não gera direito adquirido por orçamentos anteriores; � Processo oneroso e moroso. A técnica do OBZ não é utilizada no Brasil, pois é incompatível com o nosso atual modelo orçamentário: orçamento-programa. Porém, é possível que um dia o Brasil possa adotar o OBZ, mas com isso deixaria de ser orçamento-programa. assim na prova: (CESPE/TCDF/Técnico/2014) A proposta orçamentária elaborada pelo Poder Executivo federal embasa- se no conceito de orçamento base-zero, segundo o qual a existência de determinada dotação na lei orçamentária do exercício anterior não constitui garantia para a sua inclusão no exercício seguinte. Comentário: Questão errada. Embora o item traga uma característica do OBZ (...existência de determinada dotação na lei orçamentária do exercício anterior não constitui garantia...), torna-se errado por afirmar que o Poder Executivo federal tem por base a técnica do OBZ. Atualmente, o Brasil NÃO usa o OBZ. Esta técnica é incompatível com o orçamento programa. É possível que um dia o Brasil venha a usar a técnica do OBZ, mas isso seria um abandono ao modelo do orçamento-programa. Para reforçar, observe o tempo verbal da questão “a proposta orçamentária elaborada pelo P.E federal EMBASA-SE...”, ou seja, a questão afirma que o P.E federal usa atualmente o OBZ. PROF. ANDERSON FERREIRA facebook: M.Anderson.Ferreira.AFO email:coord.platinum.fiscal@gmail.com 9 questões de provas: 1. (ESAF/CGU/AFC/2008) O orçamento Base Zero foi um contraponto ao orçamento incremental, e tem como característica principal a inexistência de direitos adquiridos sobre as dotações aprovadas no orçamento anterior. 2. (ANALISTA/INMETRO/2007) No orçamento de desempenho, que é voltado especialmente para as avaliações dos resultados do orçamento em curso, todos os programas devem ser justificados cada vez que se inicia um novo ciclo orçamentário. 3. (ESAF/CVM/Analista-Contador/2010) A abordagem orçamentária cujas principais características são a análise, revisão e avaliação de todas as despesas propostas e não apenas das solicitações que ultrapassam o nível de gasto já existente, de modo que todos os programas devem ser justificados cada vez que se inicia um novo ciclo orçamentário, denomina-se orçamento base zero. 4. (CESPE/ICMbio/Analis.Adm./2014) As dificuldades de se implementar a técnica de orçamento de base-zero incluem a resistência imposta pela burocracia quando a eficácia de seus programas é avaliada. Orçamento Incremental Trata-se de uma forma de elaborar o orçamento através de ajustes marginais nos seus itens de receita e despesa, sem grandes mudanças significativas. É um contraponto (oposto) ao OBZ, e suas principais características são: � Linha de base: orçamento do ano anterior; � Pequenos ajustes: acréscimos ou supressões nos itens das receitas e despesas, sem mudanças expressivas; � Desvinculado de um planejamento; � Resistente à mudança (alguns o chamam de orçamento inerte); � A técnica incremental está mais presente no orçamento tradicional ou clássico. Obs: o orçamento incremental é contrário à integração entre planejamento e orçamento, pois sua base tende a perpetuar-se, uma vez que sofre pequenos incrementos. em prova: (CESPE/Ministério da Previdência Social/Administrador/2010) Para os críticos da concepção do orçamento integrado ao planejamento, gera-se forte tendência à perpetuação de programas e à preservação dos recursos assegurados ao longo do tempo. Quanto mais intenso e acelerado for o incrementalismo orçamentário, mais essa tendência à inércia se acentua. Comentário: o orçamento que se integra ao planejamento é o programa. Nesse modelo, não há tendência à perpetuação de programas (primeira parte da questão é errada). A segunda parte da questão trata do orçamento incremental, que apresenta resistência à mudança e sua base tende à perpetuação. Porém, fazer incrementalismo é fazer ajustes marginais. Assim, quanto mais intenso e acelerado for o ajuste, MENOR a tendência à inércia (segunda parte da questão também errada). (CESPE/MT/Administrador/2008) O incrementalismo orçamentário desvirtua ou compromete a desejável integração entre o planejamento e o orçamento. De acordo com essa sistemática, a “base” formada pelos programas já introduzidos no orçamento tende a perpetuar-se, com pequenos incrementos, compreendendo a maior parte dos recursos. Alguns autores denominam essa tendência de resistência à mudança, à revisão dos objetivos, diretrizes e metas, como inércia ou inercialidade. Gabarito: 1-C; 2-E; 3-C; 4-C. PROF. ANDERSON FERREIRA facebook: M.Anderson.Ferreira.AFO email:coord.platinum.fiscal@gmail.com 10 Comentário: quando adotado, oincrementalismo ou orçamento incremental não traz grandes alterações entre o orçamento de um período e o seguinte, pois trata apenas de pequenos ajustes marginais. Logo, questão correta. Orçamento com Teto Fixo Embora pouco frequente em provas de concurso público, dentre os tipos/técnicas orçamentárias há também o chamado “Orçamento com Teto Fixo”. No Teto Fixo, o critério de alocação de recursos consiste em estabelecer um quantitativo financeiro fixo, geralmente obtido mediante a aplicação de percentual único sobre as despesas realizadas em determinado período, com base no qual os órgãos/unidades deverão elaborar suas propostas orçamentárias parciais. Também conhecido, na gíria orçamentária, como "teto burro". Orçamento Participativo (ou técnica da participação popular) Trata-se da participação popular no processo de elaboração e aprovação das leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA). Até 2009 essa iniciativa foi experimentada por alguns estados e municípios. Porém, a partir de 2009 (Lei Complementar 131/2009, que alterou o art. 48 da LRF) a participação popular deixou de ser uma ideia interessante e passou a ser uma determinação legal. Atualmente, deve-se fomentar a participação popular no ciclo orçamentário de todos os entes. Veja ainda o que diz o art. 4º da lei 12.593/2012 (atual PPA): “O PPA 2012-2015 terá como diretrizes: I - a garantia dos direitos humanos com redução das desigualdades sociais, regionais, étnico-raciais e de gênero; II - a ampliação da participação social; III - a promoção da sustentabilidade ambiental; IV - a valorização da diversidade cultural e da identidade nacional; V - a excelência na gestão para garantir o provimento de bens e serviços à sociedade; VI - a garantia da soberania nacional; VII - o aumento da eficiência dos gastos públicos; VIII - o crescimento econômico sustentável; e IX - o estímulo e a valorização da educação, da ciência e da tecnologia.”
Compartilhar