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Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. NEUROANATOMIA – 1 UNIDADE MEDULA ESPINHAL E SEUS ENVOLTÓRIOS O termo medula significa, etimologicamente, miolo e indica “o que est dentro”. Assim, temos a medula ssea dentro dos ossos; medula supra-renal, dentro da glndula do mesmo nome; e medula espinhal dentro do canal vertebral, canal formado entre o corpo e a lmina das v rtebras quando uma est posta sobre a outra. A medula espinhal, juntamente ao enc falo (conjunto do telenc falo, dienc falo, tronco enceflico e cerebelo), forma o sistema nervoso central ou neuroeixo. A medula espinhal uma massa cilindride de tecido nervoso, estando situada dentro do canal vertebral sem, entretanto, ocup-lo completamente. No homem adulto, ela mede aproximadamente 45 centmetros, sendo um pouco menor na mulher. Cranialmente, a medula limita-se com o bulbo, aproximadamente ao nvel do forame magno do osso occipital. O limite caudal da medula tem uma grande importncia clnica e no adulto, situando-se geralmente na 2 v rtebra lombar (L2). Nesse nvel, a medula termina afunilando-se para formar um cone, o cone medular, que continua com um delgado filamento menngeo, o filamento terminal. Depois desse cone medular, h apenas nervos espinhais de grande comprimento formando a cauda equina. OBS: O limite superior da medula pode ser encontrado a partir do primeiro filamento radicular do primeiro nervo cervical (C1): acima desse filamento, tem-se o bulbo e abaixo, medula espinhal. CONCIDERAÇÕES GERAIS Limite superior: brotamento dos filamentos radiculares que compem o primeiro par de nervos cranianos, correspondendo ao nvel do forame magno. Limite inferior: v rtebra L2, terminando na forma de cone medular. Cone medular: regio mais caudal da medula espinhal que apresenta formato de cone. Filamento terminal: delgado filamento menngeo mediano que termina, em nvel do cccix, na forma de ligamento espinhal, servindo como um meio de fixao da medula. Ligamentos denticulados: outro meio de fixao da medula. Consiste em duas pregas de pia-mter, existentes de cada lado da medula, sendo compostos por cerca de 21 processos triangulares cada. Intumescência cervical: regio dilatada mais superior da medula, marcada por segmentos medulares que compem o plexo braquial. Intumescência lombar: regio dilatada mais inferior da medula, marcada por segmentos medulares que compem o plexo lombo-sacral. FACE ANTERIOR DA MEDULA Fissura mediana anterior: escavao longitudinal e profunda que percorre toda a face anterior da medula. Sulco lateral anterior: em nmero de dois, so sulcos pouco profundos situados bilateralmente fissura mediana anterior. So facilmente encontrados por conter os filamentos radiculares que compem as razes motoras dos nervos espinhais. Filamentos radiculares e raiz ventral (motora): filamentos que partem do sulco lateral anterior que formam, juntos, a raiz ventral (motora ou eferente) dos nervos espinhais. FACE POSTERIOR DA MEDULA Sulco mediano posterior: escavao rasa que percorre toda a superfcie dorsal da medula espinhal. Internamente, este sulco se continua com o septo mediano posterior, que conecta o sulco substncia cinzenta interm dia central. Sulco lateral posterior: em nmero de dois, so sulcos pouco profundos situados bilateralmente ao sulco mediano posterior. So facilmente diferenciados por receberem filamentos radiculares das razes sensitivas dos nervos espinhais. Sulco intermédio posterior: dois sulcos (mais visveis na regio cervical da medula) que dividem o funculo posterior da medula em fascculo grcil (situado mais medialmente, estando relacionado com os membros inferiores) e cuneiforme (situado mais lateralmente, relacionando-se com os membros superiores). Filamentos radiculares e raiz dorsal (sensitiva): filamentos que chegam ao sulco lateral posterior sendo compostos que axnios que chegam medula por meio da raiz dorsal (sensitiva ou aferente) dos nervos espinhais. ENVOLTÓRIOS DA MEDULA ESPINHAL Duramáter: meninge mais externa (que no caso da medula, a continuao do folheto interno da duramter craniana) e mais resistente. Entre a duramter e o peristeo do canal vertebral, destaca-se o espaço peridural. Aracnóide máter: praticamente justaposta aracnide, sendo separada dela por um espao virtual: espaço subdural. Piamáter: meninge mais simples e delgada aderida intimamente ao tecido nervoso, acompanhando, inclusive, seus sulcos e fissuras. Entre esta meninge e a aracnide, encontramos o importante espaço subaracnóideo, por onde circula a maior parte do lquor produzidos pelos ventrculos enceflicos. ANATOMIA DA MEDULA ESPINHAL EM CORTES TRANSVERSAIS Funículo anterior: delimitado pela fissura mediana anterior e pelo sulco lateral anterior. Os principais tractos a contidos so o tracto crtico-espinhal anterior e tracto espino-talmico anterior (presso e tato protoptico). Funículo lateral: situado entre os sulcos lateral anterior e lateral posterior. Alberga importantes tractos como o tracto crtico-espinhal lateral, tracto espino-talmico lateral (dor e temperatura), tracto espino-cerebelar anterior (informaes neurofisiolgicas do tracto crtico-espinhal) e espino-cerebelar posterior (propriocepo inconsciente). Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Funculo posterior: situado entre os sulcos lateral posterior e o sulco mediano posterior. Apenas na parte cervical da medula, o funículo posterior é divido pelo sulco intermédio posterior em dois fascículos: o fascculo grcil e fascculo cuneiforme, responsáveis por carrearem estímulos de propriocepção consciente, tato epicrítio, estereognosia e sensibilidade vibratória da parte inferior e superior do corpo, respectivamente. Coluna (corno) anterior: parte da substância cinzenta que apresenta a maior parte de sua massa no funículo anterior da medula. Nesta região, está concentrada a maioria dos neurônios motores da medula. Coluna (corno) lateral: pequena porção de substância cinzenta situada na substância cinzenta intermédia lateral. Está presente apenas nas regiões torácica e lombar da medula, abrigando neurônios relacionados com a função autonômica simpática. Coluna (corno) posterior: grande massa de substância cinzenta que delimita os funículos lateral e posterior entre si. Nela, além dos neurônios sensitivos da medula, encontramos em seu ápice a chamada substncia gelatinosa (portão da dor). BULBO O bulbo raqudeo ou medula oblonga tem a forma de um tronco de cone, cuja extremidade menor continua caudalmente com a medula espinhal. Como não existe uma linha de demarcação nítida entre medula e bulbo, considera-se que o limite entre eles está em um plano horizontal que passa imediatamente acima do filamento radicular mais cranial do primeiro nervo cervical (C1), que corresponde ao nível do forame magno do osso occipital. O limite superior do bulbo se faz em um sulco horizontal visível no contorno ventral do órgão, o sulco bulbo-pontino, que corresponde à margem inferior da ponte. CONSIDERAES GERAIS Limite superior: Sulco bulbo-pontino: sulco profundo (mais visível na face anterior do bulbo) que marca o limite superior do bulbo, separando-o da ponte. Deste sulco, como veremos adiante, partem os nervos abducente (VI par), facial (VII par) e vestíbulo-coclear (VIII par). Limite inferior: plano horizontal traçado em nível do forame magno do osso occipital. É dividido para estudo anatômico em áreas anterior, lateral e posterior (esta é dividida ainda em porção fechada e porção aberta). REA ANTERIOR (VENTRAL) DO BULBO Fissura mediana anterior: continuação da fissura homônima na medula, termina cranialmente em uma depressão (sem abertura) chamada forame cego. Pirmides bulbares: eminênciasalongadas situadas bilateralmente à fissura mediana anterior. São formadas por fibras do tracto córtico-espinhal que, da área motora do córtex do giro pré-central, se dirigem aos neurônios motores da medula. Decussao das pirmides: região localizada na região mais inferior das pirâmides, sendo caracterizada pelo cruzamento oblíquo de parte das fibras do tracto córtico-espinhal. Sulco lateral anterior (pr-olivar): continuação dos sulcos de mesmo nome na medula. Em nível da oliva, se bifurca em dois pequenos sulcos que isolam esta estrutura: o sulco pós-olivar (posteriormente à oliva) e o sulco pré-olivar (que ainda pode ser denominado sulco lateral anterior). Deste sulco, emerge o N. hipoglosso (XII par de nervos cranianos), responsável pela inervação de músculos da língua. REA LATERAL DO BULBO Olivas: eminência de formato oval que demarca a região onde está presente o complexo olivar inferior, conjunto de substância cinzenta de onde partem axônios (na forma de fibras trepadeiras) em direção ao córtex cerebelar. Admite-se que a conexão olivo-cerebelar esteja relacionada com a aprendizagem motora. Sulco ps-olivar: considerado, por alguns autores, como um ramo do sulco lateral anterior. REA POSTERIOR DO BULBO – PORO FECHADA Canal central: estreito canal de continuação direta com a medula que se abre na região em que se forma o IV ventrículo. Sulco mediano posterior: continuação do sulco de mesmo nome da medula que termina em meia altura no bulbo. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Sulco lateral posterior: no bulbo, localiza-se posteriormente à oliva, próximo ao pedúnculo cerebelar inferior, e serve como referência para encontrar a emergência dos Nn. glossofarngeo (IX par de nervos cranianos), vago (X par) e raiz craniana do nervo acessrio (XI par). rea posterior da poro fechada do bulbo: continuação do funículo posterior da medula. É composta pelos fascculos grcil (mais medial) e fascculo cuneiforme (mais lateral), separados pelo sulco intermdio posterior. Tubrculo do ncleo grcil e Tubrculo do ncleo cuneiforme: regiões que marcam a localização dos núcleos grácil e cuneiforme, onde terminam as fibras dos fascículos de mesmo nome. Com o fim das fibras dos fascículos na área posterior no nível destes tubérculos, os lábios da porção fechada do bulbo se separam para constituir o assoalho do IV ventrículo. Pednculo cerebelar inferior (corpo restiforme): grosso feixe de fibras que conecta o bulbo ao cerebelo. REA POSTERIOR DO BULBO – PORO ABERTA Esta região do bulbo constitui a metade inferior do assoalho do IV ventrículo. Este ventrículo e as estruturas que o delimitam serão estudados em um tópico a parte. PONTE Ponte é a parte do tronco encefálico interposto entre o bulbo e o mesencéfalo. Está situada ventralmente ao cerebelo e repousa sobre a parte basilar do osso occipital e o dorso da sela túrcica do esfenóide. Inferiormente, é delimitada pelo sulco bulbo- pontino e superiormente, dividida do mesencéfalo pelo sulco ponto-mesencefálico. CONSIDERAES GERAIS Limite inferior: Sulco bulbo-pontino: sulco já descrito em virtude do estudo anatômico do bulbo. Dessa região, emergem, a partir de uma linha mediana: o N. abducente (VI par, entre a ponte e a pirâmide bulbar) e os Nn. facial e vestbulo- coclear (VII e VIII pares; estes últimos emergem na região mais lateral do sulco bulbo-pontino, no chamado ngulo ponto- cerebelar). Limite superior: Sulco ponto-mesenceflico: sulco evidente que separa a ponte dos pedúnculos cerebrais do mesencéfalo. FACE ANTERIOR DA PONTE Base da ponte: região mais anterior da ponte, repousada sobre a parte basilar do osso occipital. Nela, correm fibras de trajeto descendente (como é ocaso dos tractos córtico-espinhais, córtico-nucleares e córtico-pontinas) e transversais (fibras ponto-cerebelares que, inclusive, deixam marcas na forma de estrias na base da ponte). Sulco basilar: sulco pouco profundo que percorre a base da ponte longitudinalmente. Geralmente, aloja a artria basilar (tronco formado pela anastomose das artérias vertebrais). Pednculo cerebelar mdio (brao da ponte): grosso feixe de fibras (principalmente as ponto cerebelares) que da ponte se dirigem ao hemisfério cerebelar correspondente. O limite entre a base da ponte e o braço da ponte é a emergência do Nervo trigmeo (V par que, neste nível, apresenta duas raízes: uma menor, de natureza motora; e uma maior, de natureza sensitiva). FACE POSTERIOR DA PONTE A face posterior da ponte forma a porção mais cranial do assoalho do IV ventrículo. Este ventrículo será descrito, com todos os seus elementos descritivos, neste momento. IV VENTRCULO O IV ventrículo (também conhecido como cavidade do rombencéfalo) está situado entre o bulbo e a ponte ventralmente, e o cerebelo, dorsalmente. Continua caudalmente com o canal central do bulbo (que é a continuação do canal central da medula) e cranialmente com o aqueduto cerebral (do mesencéfalo), cavidade através da qual o IV ventrículo se comunica com o III e recebe o líquor lá produzido para somá-lo ao seu. A cavidade do IV ventrículo se prolonga de cada lado para formar os recessos laterais, situados na superfície dorsal do pedúnculo cerebelar. Estes recessos se comunicam de cada lado com o espaço subaracnóideo por meio das aberturas laterais do IV ventrculo (forames de Luschka) e uma abertura mediana do IV ventrculo (forame de Magendie), situado no meio da metade do tecto do ventrículo. É por meio destas cavidades que o liquido cérebro-espinhal, que enche a cavidade ventricular, passa para o espaço subaracnóideo. ASSOALHO DO IV VENTRCULO Sulco mediano: sulco que percorre toda a extensão do assoalho do IV ventrículo, sendo uma continuação do canal central do bulbo. Eminncia medial: eminência alongada situada bilateralmente ao sulco mediano. Em meio percurso, esta eminência apresenta uma dilatação denominada de colculo facial. Sulco limitante: dois sulcos localizados lateralmente às eminências mediais. Ele separa núcleos motores (situados medialmente) de núcleos sensitivos (situados lateralmente). Este sulco é praticamente limitado inferiormente pela fvea inferior e se continua através da fvea superior. A partir desta fóvea, existe apenas uma continuação mais rasa e menos evidente deste sulco (o qual separa o locus ceruleus das eminências mediais). Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Colículo facial: região mais dilatada e arredondada da eminência medial, situada medialmente à fóvea superior. Esta eminência é formada pelo chamado joelho interno do N. facial, que circunda, ainda internamente, o núcleo do nervo abducente para só depois se anteriorizar e emergir no sulco bulbo pontino. Trígono do nervo hipoglosso: situado na região mais inferior da eminência medial, é uma região triangular que corresponde ao núcleo do nervo hipoglosso, situado profundamente nesta região. Trígono do nervo vago: área triangular situada lateralmente ao trígono do nervo hipoglosso e inferiormente à fóvea inferior. Corresponde ao núcleo dorsal do N. vago, situado profundamente nesta região. Funículo separans: estreita crista oblíqua e esbranquiçada que separa o trígono do N. vago da chamada área postrema. Área postrema: região mais inferior referente às estruturas descritivas do assoalho do IV ventrículo. É uma área cuja correspondência interna integra o centro do vômito, estando relacionado, portanto, com o mecanismo do vômito desencadeado por estímulos químicos. Área vestibular: grande região triangular localizada lateralmente ao sulco limitante, estendendo-se de cada lado em direção aos recessos laterais. Corresponde a região onde estão localizados os núcleos vestibulares (local onde chegam as fibras do componente vestibular do N. vestíbulo-coclear). Estrias medularesdo IV ventrículos: cordas nervosas em forma de estrias que percorrem transversalmente a região denominada de área vestibular. Locus ceruleus: área de coloração ligeiramente escura, localizada lateralmente a parte mais superior da eminência medial (próximo à porção mais inferior do aqueduto cerebral). Abriga neurônios noradrenérgicos relacionados com o mecanismo do sono paradoxal. TECTO DO IV VENTRÍCULO Véu medular superior: fina lâmina de substância branca que recobre a parte superior do assoalho do IV ventrículo. Encontra-se presa aos pedúnculos cerebelares superiores. Percebe-se a presença do chamado frênulo do véu medular superior na região mesencefálica em que esta lâmina se insere. Substância branca do nódulo do cerebelo: pequeno lóbulo do verme do cerebelo relacionado com o tecto do IV ventrículo. Véu medular inferior: fina película de substância branca presa medialmente às bordas laterais do nódulo do cerebelo. Tela corióide do IV ventrículo: formação ependimária (que produz o líquor referente ao IV ventrículo) que une as duas formações anatômicas pré-citadas às bordas da metade caudal do assoalho do IV ventrículo. Na maioria das peças de uso didático, esta tela está rompida ou retirada. Neste caso, suas margens aparecem aderidas às bordas da parte inferior do assoalho do IV ventrículo como duas linhas, chamadas de tênias do IV ventrículo, que se unem por sobre o ângulo mais caudal desta cavidade para formar uma pequena prega de tecido nervoso denominado óbex. MESENCÉFALO O mesencéfalo interpõe-se entre a ponte (sulco ponto-mesencefalico) e o cérebro, do qual é separado por um plano que liga os corpos mamilares (diencéfalo) à comissura posterior. É atravessado por um estreito canal, o aqueduto cerebral (ou do mesencéfalo), que liga o III ao IV ventrículo. A parte do mesencéfalo situada dorsalmente ao aqueduto é o tecto do mesencéfalo; ventralmente, temos o pedúnculo cerebral, que por sua vez se divide em uma parte dorsal, predominantemente celular, o tegmento do mesencéfalo, e outra ventral, formada de fibras longitudinais (das quais participa o tracto córtico-espinhal), a base do pedúnculo cerebral. Em cortes transversais, vê-se que o tegmento é separado da base por uma área escura, a substância negra, formada por neurônios que contêm melanina. Seguindo essa substância negra, externamente, na superfície do mesencéfalo, existem dois sulcos: um lateral, sulco lateral do mesencéfalo e outro medial, sulco medial do pedúnculo cerebral (de onde emergem o III par de nervo craniano, o óculomotor). CONSIDERAÇÕES GERAIS Limite inferior: sulco ponto-mesencefálico. Limite superior: linha horizontal imaginária traçada entre os corpos mamilares e a comissura posterior (ambas estruturas situadas no diencéfalo). Aqueduto cerebral (do mesencéfalo): estreito canal que liga a cavidade do III ventrículo ao IV ventrículo. Obstrução deste canal causa acúmulo de líquor nos ventrículos localizados acima deste nível (hidrocefalia não-comunicante). Tecto do mesencéfalo: região situada posteriormente ao aqueduto cerebral. O tecto do mesencéfalo abriga a chamada lâmina quadrigêmea (região onde estão localizados os colículos). Pedúnculo cerebral: região localizada anterior ao aqueduto cerebral. Esta região é dividida ainda em duas porções a partir da substância negra: a região situada entre a substância negra e o aqueduto cerebral é denominada de tegmento do mesencéfalo; a região situada anteriormente à substância negra denomina-se base do pedúnculo cerebral. TECTO DO MESENCÉFALO Lâmina quadrigêmea: lâmina de tecido nervoso que abriga quatro eminências arredondadas: os colículos superiores (relacionados com as vias visuais) e os colículos inferiores (relacionados com as vias auditivas). Os colículos superiores se conectam aos corpos geniculados laterais do diencéfalo por meio dos braços dos colículos superiores; os colículos inferiores se ligam aos corpos geniculados mediais do diencéfalo por meio dos braços dos colículos inferiores. Inferiormente aos colículos inferiores emergem os delgados N. trocleares (IV par de nervos cranianos). Sulco cruciforme: dois sulcos que cruzam perpendicularmente e separa os colículos entre si. Estes sulcos, a partir deste cruzamento, formam a figura semelhante a uma cruz. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA PEDNCULOS CEREBRAIS Fossa interpeduncular: ampla escavao vista ventralmente, entre a base dos pednculos cerebrais. Esta fossa delimitada anteriormente pelos corpos mamilares, formaes arredondadas pertencentes ao dienc falo. Substncia perfurada posterior: regio que, de fato, perfurada para passagem de pequenos ramos que nutrem estruturas profundas da regio. Sulco medial do pednculo cerebral: dois sulcos presentes nas bases dos pednculos cerebrais, vistos anteriormente, por meio da fossa interpeduncular. Deste sulco, emerge o N. culomotor (III par de nervos cranianos). Sulco lateral do mesencfalo: sulco pouco profundo correspondente parte mais lateral da substncia negra do mesenc falo. CEREBELO O cerebelo um rgo do chamado sistema nervoso supra-segmentar, o que significa que esta formao anatmica no apresenta nervos que o divida em segmentos (assim como ocorre com a medula ou com o tronco enceflico). Situado dorsalmente ao bulbo e ponte, contribui para a formao do tecto do IV ventrculo. Repousa sobre a fossa cerebelar do osso occipital e est separado do lobo occipital do telenc falo por uma prega de dura-mter denominada tenda do cerebelo. O estudo do cerebelo, para a parte prtica referente neuroanatomia, ser feito a partir dos lbulos que compem o verme do cerebelo, regies com as quais cada lbulo se relaciona com os respectivos hemisf rios cerebelares e, em uma ordem lgica, as fissuras que divide cada lbulo: Lngula: no apresenta nenhuma correspondncia nos hemisf rios cerebelares. Fissura pr-central: divide a lngua do lbulo central. Lbulo central – (asas do lbulo central) Fissura pr-culminar: divide o lbulo central do clmen Clmen – (parte anterior do lbulo quadrangular) Fissura prima: divide o clmen do declive. Esta fissura divide ainda o lobo anterior do lobo posterior do cerebelo (diviso ontogen tica do cerebelo) que em conjunto, formam o corpo do cerebelo. Declive – (parte posterior do lbulo quadrangular) Fissura ps-clival: divide o declive do folium. Folium – (lbulo semilunar superior) Fissura horizontal: separa o folium do tber Tber – (lbulo semilunar inferior) Fissura pr-piramidal: separa o tber da pirmide Pirmide – (lbulo biventre) Fissura ps-piramidal: separa a pirmide da vula vula – (Tonsilas) Fissura pstero-lateral: separa a vula do ndulo. Esta fissura separa ainda o lbulo flculo-nodular do restante do corpo do cerebelo. Ndulo – (flculo) NERVOS CRANIANOS Os nervos cranianos so aqueles que estabelecem conexo direta entre o enc falo e estruturas perif ricas. Existem 12 pares de nervos cranianos, que saem do enc falo e que, depois de passar pelos forames e fissuras do crnio, distribuem-se para a cabea (principalmente), pescoo e outras partes do corpo. A maioria deles (do III – XII) liga-se ao tronco enceflico, excetuando-se apenas os nervos olfatrios (I par) e pticos (II par), que se ligam, respectivamente, ao telenc falo e ao dienc falo. I. Nervo Olfatrio: um nervo totalmente sensitivo que se origina no teto da cavidade nasal e leva estmulos olfatrios para o bulbo e trato olfatrio, os quais so enviados at reas especficas do telenc falo. II. Nervo ptico: nervo puramente sensorial que se origina na parte posterior do globo ocular (a partir de prolongamentos de c lulas que, indiretamente, estabelecem conexes com os cones e bastonetes) e leva impulsos luminosos relacionados com a visoat o corpo geniculado lateral e, da, at o crtex cerebral relacionado com a viso. III. Nervo Oculomotor: nervo puramente motor que inerva a maior parte dos msculos extrnsecos do olho (Mm. oblquo inferior, reto medial, reto superior, reto inferior e levantador da plpebra) e intrnsecos do olho (M. ciliar e esfncter da pupila). Indivduos com paralisia no III par apresentam dificuldade em levantar a plpebra (que cai sobre o olho), al m de apresentar outros sintomas relacionados com a motricidade do olho, como estrabismo divergente (olho voltado lateralmente). Sua origem aparente se d no sulco medial do pedúnculo cerebral, no mesenc falo. IV. Nervo Troclear: nervo motor responsvel pela inervao do msculo oblquo superior. Suas fibras, ao se originarem no seu ncleo, cruzam o plano mediano (ainda no mesenc falo) e partem para inervar o msculo oblquo superior do olho localizado no lado oposto com relao sua origem. Al m disso, o nico par de nervos cranianos que se origina na parte dorsal do tronco enceflico (caudalmente aos colculos inferiores). Origina-se abaixo dos colículos inferiores. V. Nervo Trigmeo: apresenta funo sensitiva (parte oftlmica, maxilar e mandibular da face) e motora (o nervo mandibular responsvel pela motricidade dos msculos da mastigao: Mm. temporal, masseter e os pterigideos). Al m da sensibilidade somtica de praticamente toda a face, o componente sensorial do trigmeo responsvel ainda pela inervao exteroceptiva da lngua (t rmica e dolorosa). Sua origem aparente se d entre a base e o braço da ponte. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA VI. Nervo Abducente: nervo motor responsvel pela motricidade do msculo reto lateral do olho, capaz de abduzir o globo ocular (e, assim, realizar o olhar para o lado). Por esta razo, leses do nervo abducente podem gerar estrabismo convergente (olho voltado medialmente). Sua origem aparente se d no sulco bulbo-pontino, logo acima das pirâmides bulbares. VII. Nervo Facial: um nervo misto e que pode ser dividido em dois componentes: N. facial propriamente dito (raiz motora) e o N. intermédio (raiz sensitiva e visceral). Praticamente toda a inervao dos msculos da mmica da face responsabilidade do nervo facial; por esta razo, leses que acometam este nervo traro paralisia dos msculos da face do mesmo lado (inclusive, incapacidade de fechar o olho). O nervo interm dio, componente do prprio nervo facial, responsvel, por exemplo, pela inervao das glndulas submandibular, sublingual e lacrimal, al m de inervar a sensibilidade gustativa dos 2/3 anteriores da lngua. Origina-se, aparentemente, no ângulo ponto-cerebelar (entre o brao da ponte e o flculo do cerebelo), imediatamente medial ao nervo vestbulo-coclear. VIII. Nervo Vestíbulo-coclear: um nervo formado por dois componentes distintos (o N. coclear e o N. vestibular); muito embora ambos sejam puramente sensitivos, assim como o nervo olfatrio e o ptico. Sua poro coclear traz impulsos gerados na cclea (relacionados com a audio) e sua poro vestibular traz impulsos gerados nos canais semi-circulares (relacionados com o equilbrio). Origina-se, aparentemente, no ângulo ponto-cerebelar (entre o brao da ponte e o flculo do cerebelo), imediatamente lateral ao nervo facial. IX. Nervo Glossofaríngeo: responsvel por inervar a glndula partida, al m de fornecer sensibilidade gustativa para o 1/3 posterior da lngua. responsvel, tamb m, pela motricidade dos msculos da deglutio. Origina-se no sulco lateral posterior (do bulbo). X. Nervo Vago: considerado o maior nervo craniano, ele se origina no bulbo e se estende at o abdome, sendo o principal representante do sistema nervoso autnomo parassimptico. Com isso, est relacionado com a inervao parassimptica de quase todos os rgos torcicos e abdominais. Traz ainda fibras aferentes somticas do pavilho e do canal auditivo externo. Origina-se no sulco lateral posterior (do bulbo). XI. Nervo Acessório: inerva os Mm. esternocleidomastideo e trap zio, sendo importante tamb m devido as suas conexes com ncleos dos nervos oculomotor e vestbulo-coclear, por meio do fascculo longitudinal medial, o que garante um equilbrio do movimento dos olhos com relao cabea. Na verdade, a parte do nervo acessrio que inerva esses msculos apenas o seu componente espinhal (5 primeiros segmentos medulares). O componente bulbar do acessrio pega apenas uma “carona” para se unir com o vago, formando, em seguida, o nervo laríngeo recorrente. XII. Nervo Hipoglosso: inerva a musculatura da lngua. Origina-se, aparentemente, no sulco lateral anterior do bulbo, entre a pirmide bulbar e a oliva. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA
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