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Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. NEUROANATOMIA – 3 UNIDADE MENINGES E SEIOS VENOSOS O sistema nervoso central é envolvido por membranas conjuntivas denominadas meninges e que são classicamente três: dura-máter (paquimeninge), aracnóide e pia-máter (o conjunto das duas: leptomeninge). O conhecimento da estrutura e da disposição das meninges é importante não só para a compreensão de seu importante papel de proteção dos centros nervosos, mas também porque elas são frequentemente acometidas por processos patológicos, como infecções (meningites) ou tumores (meningiomas). Além disso, os seios venosos formados pelas meninges recebem, de uma forma ou de outra, toda a drenagem do sangue venoso oriundo do metabolismo encefálico. DURA-MÁTER É a mais superficial das meninges, espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, contendo vasos e nervos. A dura-máter do encéfalo é formada por dois folhetos justapostos, externo e interno, dos quais apenas o interno continua com a dura-máter espinhal. O folheto externo se adere intimamente com os ossos do crânio. Em algumas regiões do encéfalo, as duas camadas de dura-máter se separam para formar pregas e compartimentos que se comunicam amplamente: Foice do cérebro: septo vertical mediano que separa os dois hemisférios cerebrais entre si. Tenda do cerebelo: prega transversal que separa o cerebelo dos lobos occipitais e se insere na incisura da tenda. Foice do cerebelo: pequeno septo mediano, situado abaixo da tenda do cerebelo, entre os dois hemisférios cerebelares. Diafragma da sela: pequena lâmina horizontal que fecha superiormente sela túrcica, protegendo a hipófise e dificultando consideravelmente acessos cirúrgicos a esta glândula. A dura-máter também é responsável pela formação dos seios venosos, que são canais venosos revestidos de endotélio situados entre os dois folhetos que compõem a dura-máter encefálica. O sangue proveniente das veias do encéfalo e do bulbo ocular é drenado para os seios da dura-máter e destes para as veias jugulares internas. São encontrados dois grupos de seios classificados de acordo com a sua localização: Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA 1. Seios da abóbada craniana Seio sagital superior: ímpar e mediano, presente na margem superior de inserção da foice do cérebro. Termina próximo à protuberância occipital interna na chamada confluência dos seios (formada pela confluência dos seios sagital superior, reto e occipital e pelo início dos seios transversos esquerdo e direito). Seio sagital inferior: situa-se na margem livre da foice do cérebro, acima do corpo caloso, e terminando no seio reto. Seio reto: localiza-se ao longo da linha de união entre a foice do cérebro e a tenda do cerebelo. Recebe em sua extremidade anterior o seio sagital inferior e a veia cerebral magna, terminando na confluência dos seios. Seio transverso: é par e dispõe-se de cada lado ao longo da inserção da tenda do cerebelo no osso occipital. Termina ao nível da parte petrosa do osso temporal, onde passa a ser denominado de seio sigmóide. Seio sigmóide: em forma de S, é uma continuação do seio transverso até o forame jugular, onde continua diretamente com a veia jugular interna. O seio sigmóide drena a quase toda totalidade do sangue venoso da cavidade craniana. Seio occipital: pequeno e irregular, dispõe-se ao longo da margem de inserção da foice do cerebelo. 2. Seios venosos da base Seio cavernoso: é uma cavidade grande e irregular, situada de cada lado do corpo do esfenóide e da sela turca. Recebe sangue proveniente das veias oftálmica superior e central da retina, além de algumas veias de cérebro. Drena através dos seios petroso superior e petroso inferior, comunicando-se com o seio cavernoso do outro lado por meio do seio intercavernoso. O seio cavernoso é atravessado pela artéria carótida interna, pelo nervo abducente e, já próximo à sua parede lateral, pelos nervos troclear, oculomotor e pelo ramo oftálmico do N. trigêmeo. Seios intercavernosos: unem os dois seios cavernosos, envolvendo a hipófise. Seio esfenoparietal: percorre a face interior da asa menor do O. esfenóide e desemboca no seio cavernoso. Recebe, muito frequentemente, a veia cerebral média superficial (veia sylviana). Seio petroso superior: dispõe-se de cada lado, ao longo da inserção da tenda do cerebelo na porção petrosa do osso temporal. Drena o sangue do seio cavernoso para o seio sigmóide, terminando próximo à continuação deste com a veia jugular interna. Seio petroso inferior: percorre o sulco petroso inferior entre o seio cavernoso e o forame jugular, onde termina lançando-se na veia jugular interna. Plexo basilar: ímpar, ocupa a porção basilar do osso occipital. Comunica-se com os seios petroso inferior e cavernoso, ligando-se ao plexo do forame occipital e, através deste, ao plexo venoso vertebral interno. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA ARACNÓIDE A aracnóide é uma membrana muito delicada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural, contendo pequena quantidade de líquido necessário à lubrificação das superfícies de contato das duas membranas. Elaestá separada da pia-máter pelo espaço subaracnóideo, que contém o líquido cérebro-espinhal, ou líquor, havendo ampla comunicação entre o espaço subaracnóideo do encéfalo e da medula. As trabéculas aracnóideas são delicadas projeções de aracnóide que se ligam aos seios venosos e são responsáveis pela drenagem do líquor. A distância formada entre a aracnóide e a pia-máter quando esta se relaciona com o tecido nervoso pare recobrir os giros e sulcos forma áreas dilatadas denominados de cisternas aracnóideas, que contém grande quantidade de líquor. As principais são: Cisterna cerebelo-medular/cerebelo-bulbar (cisterna magna): ocupa o espaço entre a face inferior do cerebelo e a face dorsal do bulbo e tecto do IV ventrículo. Continua caudalmente com o espaço subaracnóideo da medula e liga- se ao IV ventrículo através de sua abertura mediana. É a maior das cisternas da aracnóide e mais importante, sendo muitas vezes utilizada para obtenção de líquor através de punções suboccipitais, em que a agulha é introduzida entre o occipital e a primeira vértebra cervical. Cisterna pontina: situada ventralmente à ponte. Cisterna interpeduncular: localizada na fossa interpeduncular. Cisterna quiasmática: situada adiante do quiasma óptico. Cisterna superior (cisterna da veia cerebral magna): situada dorsalmente ao tecto do mesencéfalo, entre o cerebelo e o esplênio do corpo caloso. Cisterna da fossa lateral do cérebro: corresponde à depressão formada pelo sulco lateral de cada hemisfério. OBS: As granulações aracnóideas são projeções desta meninge que penetram no interior dos seios da dura-máter (sendo mais abundantes no seio sagital superior) sendo, pois, responsáveis pela reabsorção do líquor, que, neste ponto, cai na circulação. No adulto e no idoso, algumas granulações tornam-se muito grandes, constituindo os chamados corpos de Pacchioni, que frequentemente se calcificam e podem deixar impressões na abóbada craniana (fovéola granular), facilmente vistas na face interna ou cerebral dos ossos parietais. PIA-MÁTER É a mais interna das meninges, aderindo-se intimamente à superfície do encéfalo e da medula, cujos relevos e depressões acompanham, descendo até o fundo dos sulcos cerebrais. A pia-máter fornece resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é de consistência muito mole. A pia-máter acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso, a partir do espaço subaracnóideo, formando a parede externa dos espaços perivasculares, apresentando papel importante no amortecimentoda pulsação das artérias sobre o tecido nervoso circunvizinho. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA OSSOS DO CRÂNIO O crânio, como um todo, representa o conjunto de estruturas que constituem o arcabouço ósseo da cabeça. Consiste, portanto, em uma série de ossos que na sua maioria estão unidos entre si por articulações imóveis, com exceção feita apenas para a mandíbula, que se articula com o osso temporal por articulação sinovial (móvel), a articulação têmporo-mandibular (ATM). Neurocrânio: é o conjunto de 8 ossos que delimitam a caixa craniana que envolve o encéfalo, daí o termo neurocrânio. Está constituído de 8 ossos: 1 frontal, 2 temporais, 1 occipital, 2 parietais, 1 esfenóide e 1 etmóide. Viscerocrânio: é o conjunto de 14 ossos que formam o esqueleto da face. Esta denominação deve-se ao fato de esses ossos protegerem as partes iniciais dos sistemas viscerais. Está constituído por 14 ossos: 2 zigomáticos, 2 maxilas, 2 nasais, 2 lacrimais, 1 mandíbula, 2 palatinos, 1 vômer e 2 conchas nasais inferiores. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA O neurocrânio é dividido para estudo anatômico em duas porções: uma superior, denominada calvária e uma parte inferior, designada como base do crânio. A separação entre essas duas porções do neurocrânio se faz através de uma linha imaginária que circunda toda a circunferência craniana, tendo como pontos de referência a glabela, seguindo ao longo dos arcos superciliares, contornando o processo zigomático do osso frontal, terminando, posteriormente, ao nível da protuberância occipital externa. A calvária é constituída pela união de 4 ossos: um anterior, o frontal; um posterior, o occipital; e dois laterais representados pelos parietais. Na base do crânio, identificamos o etmóide, esfenóide, os temporais e a parte basilar do occipital. Esta base, do ponto de vista anátomo-clínico, é mais importante quando comparada com a calvária devido a sua íntima relação com uma série de estruturas que estão chegando ou abandonando o crânio a partir de seus diversos forames. OSSO FRONTAL É o osso mais anterior da calvária, sendo ele ímpar, mediano e simétrico, apresentando um aspecto morfológico que lembra uma concha. Para estudo anatômico, apresenta-se constituído por três faces e duas porções. As faces são as seguintes: (1) face externa ou cutânea: voltada para adiante e para o couro cabeludo; (2) face interna ou cerebral: voltada para a cavidade craniana, mantendo relações com o tecido nervoso; (3) face temporal: duas faces localizadas lateralmente que entram na composição na fossa temporal. As porções (ou partes) são as seguintes: (1) parte orbital do osso frontal: entra na constituição das órbitas; (2) parte nasal do osso frontal: se articula com os ossos nasais e, de certa forma, constitui uma parte da parede anterior da cavidade nasal. Separando as faces entre si, identificamos a presença de margens e de acidentes ósseos: (1) margem coronal (ou parietal): separa a face interna da face externa; (2) linha temporal: separa a face externa da face temporal; (3) margem esfenoidal: articula-se com o osso efesnoide (por meio de suas asas menores), mas quando o osso frontal encontra-se isolado, separa a parte orbital deste osso de sua face interna; (4) margem supra-orbital: separa a face externa da parte orbitária e entra na composição do limite superior da órbita. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Cada uma dessas faces e partes apresenta saliências e depressões que representam os elementos descritivos da superfície óssea ou acidentes anatômicos. Na face externa, seguindo o plano mediando, entre a região compreendida pelas sobrancelhas, identificamos uma elevação livre e plana que corresponde à glabela. Partindo da glabela, em trajetória lateral, encontramos duas saliências com aspecto arqueado com concavidade voltada para baixo e convexidade para cima e, que no vivo, corresponde à região da sobrancelha, denominadas de arcos superciliares. A porção mais evidente do osso frontal (onde estão contidas as faces externa e interna) que se projeta superiormente é a chamada escama frontal. A partir do arco superciliar, indo em direção a parte do osso a qual chamamos de escama frontal, encontramos duas saliências de aspecto arredondado que ocupam uma grande extensão da superfície óssea da face externa, denominadas de túber do osso frontal. Este túber do osso frontal, ao contrário do que foi dito para os arcos superciliares, será mais evidente nos crânios femininos. O túber do osso frontal corresponde a duas escavações encontradas na face interna do mesmo osso (as fossas frontais), que vão alojar exatamente os pólos frontais dos lobos frontais dos hemisférios cerebrais. Na margem supra-orbital, limite superior da órbita, é encontrado um pequeno recorte (ou um forame quando, geralmente, é encontrado fechado e bem delimitado) chamado de incisura (ou forame) supra-orbital, por onde passa o ramo supra-orbital do nervo oftálmico (V1) do trigêmeo, responsável pela sensibilidade cutânea superciliar. Lateralmente, ainda do teto da órbita, encontramos a fossa lacrimal, onde fica alojada a glândula lacrimal. Na parte mais nasal do osso frontal, encontramos a incisura etmoidal, onde há a articulação entre o osso frontal e o etmóide. A margem elipsóide que delimita esta incisura é constituída por inúmeras cavidades chamadas de semi-células aéreas, que se unem a outras semi-células áreas encontradas na face superior as massas laterais do osso etmóide para formar, a partir desta união, as células áreas etmoidais, que constituem o seio etmoidal. Na porção mais anterior da incisura etmoidal, é fácil encontrar duas aberturas que representam o ponto de entrada do seio frontal. No plano mediano, encontramos ainda uma rugosidade onde há a promoção da articulação entre o osso frontal e os ossos nasais, formando a sutura frontonasal. A margem supra-orbital, no seu limite lateral, se espessa para formar os robustos processos zigomáticos do osso frontal, ponto onde ocorre a articulação entre os ossos frontais e os zigomáticos. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA A face interna do osso frontal é dividida em duas porções: os 2/3 mais superiores são côncavos e o 1/3 inferior é convexo. Este terço convexo corresponde às lâminas orbitais do osso frontal, as quais entram na constituição do teto da órbita. Ao nível das lâminas orbitais, quando se tem uma visão interna do osso frontal, vê-se a presença de saliências e depressões formadas, respectivamente, pela relação dessa região do osso com os sulcos e giros orbitários (anterior, posterior, medial e lateral). As depressões representam as impressões digitais (ou dos giros) e as saliências, eminências mamilares. Na região compreendida pelos 2/3 superiores e côncavos, seguindo o plano mediano, identificamos a crista do osso frontal, que se projeta até o osso occipital (terminando da protuberância occipital externa), sendo ela a região onde se fixa a foice do cérebro. Percebe-se ainda que, a continuação da crista, quando em relação à calvária, é representada por uma escavação rasa que corresponde a um sulco: o sulco do seio sagital superior (encontrado no osso frontal, parietais e occipital), seguindo em paralelo a sutura sagital, até a protuberância occipital interna, onde se termina na região compreendida pela confluência dos seios. Osso Frontal Face externa Glabela Arcos superciliares Escama frontal Túber do osso frontal Parte orbital do osso frontal Margem supra-orbital Incisura (ou forame) supra-orbital Processos zigomáticos do osso frontal Fossa lacrimal Parte nasal do osso frontal Incisura etmoidal Semi-células aéreas (seio etmoidal) Seio frontal Face interna Lâminas orbitais do ossofrontal Impressões digitais (ou dos giros) e as saliências, eminências mamilares Crista do osso frontal Forame cego do osso frontal Sulco do seio sagital superior OSSO OCCIPITAL Seguindo o plano mediano, o osso occipital constitui o mais posterior do crânio. Também apresenta o aspecto morfológico de uma concha, sendo ele ímpar, mediano e simétrico. É dividido para estudo anatômico pelo forame magno do osso occipital em duas porções: (1) uma, bem mais volumosa, situada posteriormente a esta estrutura, denominada de escama occipital, (2) e outra de menor proporção, de aspecto quadrilátero, denominada de parte basilar do osso occipital, que participa de uma articulação cartilagínea com o osso esfenóide, chamada de sincondrose esfeno-occipital que, por sinal, é a ultima sincondrose que ossifica na base do crânio (podendo alcançar até a vida adulta, com cerca de 25 anos de idade). O osso é ainda dividido para estudo em duas faces: a face externa e a face interna, separadas por quatro ângulos (ângulo anterior, posterior e dois laterais) e quatro margens (margens lambdóideas, acima dos ângulos laterais; e as margens mastóideas, abaixo dos ângulos laterais). Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Na face externa do osso occipital, ao nível do centro da parte basilar, encontramos uma saliência arredondada chamada de tubérculo faríngeo, local de fixação da aponeurose (a rafe) dos músculos constritores da faringe (superior, médio e inferior). Para trás da parte basilar, identificamos uma ampla abertura para qual damos o nome de forame magno. Nas margens laterais do forame magno do osso occipital, encontramos duas massas ósseas de aspecto oval que contem faces articulares, denominadas côndilos do occipital, onde haverá a articulação com as faces articulares superiores da primeira vértebra cervical (altas) para compor a articulação atlanto-occipital. Por diante dos côndilos, encontramos um canal de passagem e emergência do nervo motor para a língua, o canal do nervo hipoglosso. Por trás dos côndilos, encontramos um canal e muitas vezes uma fossa, denominados de canal (ou fossa) condilar, por onde transita uma pequena veia emissária. Pelo forame magno passam ainda as artérias vertebrais, a raiz espinhal do nervo acessório e a própria medula espinhal. Em situação mais posterior ao forame magno, encontramos a estrutura a qual nos referimos como escama. Nela, ainda na face externa e bem no seu centro, encontramos uma eminência de aspecto arredondando denominada protuberância occipital externa, sendo ela mais evidente quanto mais desenvolvida for à musculatura da região, sendo, portanto, mais saliente no sexo masculino. A partir da protuberância occipital externa, nota-se a origem de duas linhas curvas de trajeto lateral e de concavidade voltada para baixo e convexidade voltada para cima, sendo denominadas de linhas nucais superiores. Da protuberância occipital externa em direção ao forame magno, encontramos uma notável saliência óssea de trajeto longitudinal e mediano chamada de crista occipital externa, de onde partem, a partir de seu terço médio, as linhas nucais inferiores, apresentando estas, assim como as linhas nucais superiores, um trajeto lateral. Ambas as linhas servem para fixação de músculos do dorso que se dirigem para o osso occipital. Na parte basilar do osso occipital, dessa vez em uma visão interna deste osso, encontramos uma escavação relativamente plana e em forma de goteira para qual damos o nome de clivo do osso occipital, responsável por alojar o bulbo e a ponte do tronco encefálico. Bilateralmente ao clivo, existem duas impressões rasas que correspondem aos sulcos dos seios petrosos inferiores. Posteriormente ao clivo, encontramos o já descrito forame magno. Posterior a ele, mas ainda na face interna do osso occipital, encontramos a face interna da escama do occipital. Neste nível, seguindo o plano mediano, encontramos a protuberância occipital interna, referência topográfica de associação com a confluência dos seios. A partir da protuberância occipital interna, observamos a origem dos seguintes elementos descritivos: para baixo, seguindo até o forame magno, encontramos a crista occipital interna (local de fixação da foice do cerebelo, que divide os hemisférios cerebelares entre si); acima, percebe-se a presença do sulco do seio sagital superior, continuação do sulco que percorre toda a calvária para servir como meio de fixação do seio sagital superior; e bilateralmente à protuberância occipital interna, encontramos dois sulcos denominados de sulco do seio transverso, que servem como um meio de fixação para o seio homônimo (e a margem inferior do sulco do seio transverso serve como fixação do tentório ou tenda do cerebelo, que o separa dos lobos occipitais). O conjunto dessas estruturas, que relativamente apresentam uma origem a partir da protuberância occipital externa, dá-se o nome de eminência cruciforme. Lateralmente ao sulco do seio sagital superior e acima dos sulcos do seio transverso, encontramos duas amplas fossas mais superiores denominadas de fossas cerebrais occipitais e estão associadas aos pólos occipitais dos lobos occipitais dos hemisférios cerebrais. Mas inferiormente, a cada lado da crista occipital interna e abaixo do sulco do seio transverso, encontramos as fossas cerebelares, que alojam os hemisférios cerebelares. Próximo às duas margens mastóideas, encontramos duas saliências voltadas para o plano mediano para as quais damos o nome de tubérculo jugular, responsável por se articular com o osso temporal e compor, unindo a incisura jugular (do occipital) e a fossa jugular (do temporal), o forame jugular, por onde transita a veia jugular interna e três pares de nervos cranianos (Nn. glossofaríngeo, vago e acessório) para fora do crânio. Do outro lado da incisura jugular, voltado agora para o plano lateral, encontramos o processo jugular, uma lâmina óssea quadrilátera que também entra na constituição do forame de mesmo nome. Na margem lateral do tubérculo jugular, encontramos em algumas peças anatômicas, uma pequena espícula denominada de processo intrajugular, que divide o forame jugular em duas partes. Conclui-se então que o forame jugular não é visto em ossos isolados, uma vez que ele é formado a partir da união das incisuras jugulares presentes no osso occipital com as fossas jugulares do osso temporal. Assim como o seio sigmóide desemboca para formar a veia jugular interna, é notável a presença do sulco do seio sigmóide com trajetória em direção à incisura jugular. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Ainda na face interna, posteriormente ao clivo e inferiormente ao tubérculo jugular, observa-se a abertura do canal do nervo hipoglosso, já mencionado no momento da descrição da constituição externa do forame magno, sendo por este orifício que o XII par de nervos cranianos (o N. hipoglosso) transita e segue em direção ao seu território de inervação. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Osso Occipital Face externa Forame magno Côndilos do occipital Canal do nervo hipoglosso Canal (ou fossa) condilar Escama occipital Protuberância occipital externa Cristal occipital externa Linhas nucais superiores Linhas nucais inferiores Básio Opístio Face interna Clivo do osso occipital Sulcos dos seios petrosos inferiores Protuberância occipital interna Crista occipital interna e eminência cruciforme Sulco do seio sagital superior Sulco do seio transverso Fossas cerebrais occipitais Fossas cerebelares Tubérculo jugular Incisura jugular Processo jugular Processo intrajugular Sulco do seio sigmóide Canal do nervo hipoglosso OBS: Forame jugular = incisura jugular e processo jugular (do osso occipital) + fossa jugular (do osso temporal) OSSOS PARIETAISOs ossos parietais são ossos pares e assimétricos localizados na porção superior e lateral do crânio. Recebem esta denominação por formarem, de fato, as paredes laterais do crânio. A posição anatômica do osso pode ser facilmente identificada a partir do reconhecimento de duas estruturas de referência: na face interna, observa-se o sulco da artéria meníngea média, impressão deixada pelo tronco da artéria meníngea média antes mesmo dela se dividir e formar ramos menores, que está localizado no ângulo mais agudo do osso parietal, o ângulo esfenoidal. A partir deste ângulo, que será posto na posição mais anterior e inferior, encontra-se a posição anatômica do referido osso. Para fora, põe-se então a face convexa do osso e, para dentro, a face côncava do mesmo. O osso parietal é dividido para estudo anatômico em duas faces: uma externa e outra interna, sendo elas divididas por quatro margens (margem frontal, sagital ou intra-parietal, occipital e escamosa) que, nos seus pontos de encontro, formam quatro ângulos (ângulo frontal, occipital, mastóideo e ângulo esfenoidal). O ângulo mastóideo, no seu ponto de encontro com o temporal e o occipital, tem-se a formação de um ponto craniométrico, o astério (em forma de estrela). A face externa e convexa do osso parietal apresenta no seu centro uma saliência de aspecto arredondando para qual damos o nome de túber parietal, facilmente palpável no vivo abaixo do couro cabeludo. Logo abaixo do túber parietal, identificamos duas linhas de aspecto curvo: as linhas temporais superior e inferior, sendo elas ramos da continuação da linha temporal do osso frontal. Na face externa deste osso encontram-se ainda os forames parietais, importantes porque através deles, veias emissárias oriundas do coro cabeludo se ligam ao seio sagital superior. Na face interna, observa-se a ampla fossa parietal e o sulco da artéria meníngea média, marcando o local por onde percorre o tronco comum e os ramos da artéria meníngea média. A A. meníngea média penetra no crânio pelo forame espinhoso e se relaciona diretamente com um ponto denominado de ptério (do latim, asa), ponto de junção dos ossos frontais, temporais, asa maior do esfenóide e o ângulo esfenoidal do osso temporal. Próximo à margem sagital, ainda em uma visão interna do osso parietal, encontramos um sulco que percorre desde o ângulo frontal até o ângulo occipital, sendo denominado de sulco do seio sagital superior. Em alguns pontos deste sulco, é possível observar pequenas depressões denominadas fóveas granulares, fazendo referência aos locais onde as granulações aracnóideas (responsáveis pela reabsorção do excesso do líquor) exercem pressão e demarcam estas fóveas. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Osso Parietal Face externa Túber parietal Linhas temporais superior e inferior Forames parietais Ptério Face interna Fossa parietal Sulco da artéria meníngea média Sulco do seio sagital superior Fóveas (ou fovéolas) granulares OSSO ESFENÓIDE O osso esfenóide tem uma forma irregular, com aspecto morfológico semelhante a um morcego. Está localizado bem no centro da base do crânio, funcionando como uma cunha de articulação e equilíbrio para os demais ossos. É constituído de um corpo de forma cubóide, duas asas maiores, duas asas menores e dois processos pterigóideos. A posição anatômica do osso esfenóide se dá a partir das seguintes referências: asas menores do esfenóide e abertura do seio esfenoidal para cima e para diante, processo pterigóideo para baixo e sela turca (local que alberga a glândula hipófise) voltada para trás e para cima. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA O corpo do esfenóide apresenta para estudo anatômico quatro faces: uma face anterior (que forma a parede posterior da cavidade nasal), relacionada com a abertura do seio esfenoidal (são parcialmente fechadas por duas lâminas ósseas finas e curvas denominadas de conchas esfenoidais); uma face inferior, onde se apresenta a crista esfenoidal (também chamada de rostro), cuja função é se articular com a goteira do osso vômer na esquindilese esfeno-vomeral; uma face superior (e mais posterior), onde encontramos a sela turca, que apresenta no seu centro a fossa hipofisária, local onde a hipófise se encontra alojada; uma face posterior, onde encontramos o dorso da sela turca e uma face articular para unir-se à porção basilar do osso occipital. Esta sela turca é delimitada lateralmente, por diante e posteriormente por três processos: os processos clinóides anteriores (no extremo medial das asas menores), médios (limitam a sela turca anteriormente) e posteriores (originados a partir do corpo do osso esfenóide). Estes processos clinóides prestam inserção à outra prega de dura-máter que é o diafragma da sela, que encerra a glândula hipófise no compartimento hipofisial, isolando-a do compartimento supra-tentorial. Entre os processos clinóides anteriores e médios, podemos encontrar o sulco pré- quiasmático, limitado lateralmente pelos canais ópticos. O limite posterior da sela turca é marcado por uma lâmina óssea quadrilátera denominada de dorso da sela. Bilateralmente ao corpo do esfenóide, existe ainda o sulco carótico, exatamente ao lado da sela turca, que se relaciona posteriormente com um pequeno fragmento ósseo denominado língula esfenoidal, que serve como uma quilha para o trânsito da artéria carótida interna quando esta passa pelo seio cavernoso. O assoalho do sulco carótico é vazado pelo forame lacerado que, no indivíduo vivo, é parcialmente fechado por uma placa de cartilagem fibrosa, mas que serve de entrada para os Nn. petroso maior e profundo. Ainda no sulco carótico, é possível observar um pequeno canal que se abre na fossa pterigopalatina: o canal pterigóideo. O processo pterigóide é constituído pela união de duas laminas ósseas de disposição vertical, uma lateral e outra medial, que prestam fixação aos músculos pterigódeios. Entre as duas laminas, há a formação de uma fossa em V, a fossa pterigóidea e acima, bem no ponto de implantação das duas laminas do processo pterigóide, há a presença de uma pequena fossa denominada fossa escafóide. Na lamina medial do processo pterigóide, encontramos uma pequena saliência em forma de gancho, o hámulo pterigóideo, de onde sai um ligamento chamado esfeno-mandibular, que vai do hámulo até face medial do ramo mandibular. O processo pterigóide, juntamente a parte posterior do túber da maxila, forma a fossa pterigopalatina, onde se abre o canal gerado pelo forame redondo, sendo este, devido a esta relação, o único dos forames da base do crânio que não é visível externamente. Nesta fossa encontramos também o gânglio pterigo-palatino, que se relaciona com a inervação parassimpática da glândula lacrimal. Da fossa pterigopalatina, o ramo maxilar do trigêmeo ganha o canal infra- orbital da maxila para se exteriorizar. As asas menores, em número de dois, apresentam posteriormente duas expansões, os processos clinóides anteriores que já foram mencionados. No ponto de implantação dessas asas menores no corpo do esfenóide, há a formação do canal óptico (sendo melhor observado em uma visão póstero-superior da base do crânio), por onde passam o II par de nervos cranianos (o nervo óptico) e a artéria oftálmica (ramo da artéria carótida interna), transitando da órbita ocular até o quiasma óptico. Inferiormente à asa menor, entre esta e a asa maior do esfenóide, há a formação de uma ampla fenda denominada de fissura orbital superior, por onde passam os nervos motores do olho (Nn. troclear, oculomotor e abducente), o ramo oftálmico do N. trigêmeo e a veia oftálmica superior. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Na face inferior da asa maior, bem no local de implantação desta no corpo do O. esfenóide, há a presença de três importantes forames que, do mais superior para mais inferior, sãodenominados: forame redondo, forame oval e forame espinhoso. O mais medial e anterior, o forame redondo, serve de passagem para o ramo maxilar do N. trigêmeo, porém, diferentemente dos demais forames, ele dá origem a um canal que se abre na fossa pterigopalatina, sendo assim, o único forame da base do crânio que não é visível externamente; pelo forame oval, localizado logo posteriormente ao redondo, passa o ramo mandibular do N. trigêmeo; e pelo forame espinhoso, o menor dos três e localizado logo lateralmente ao forame oval, serve para entrada da artéria meníngea média na caixa craniana. Entre o forame espinhoso e a parte basilar do osso occipital existem dois pequenos forames denominados hiato do nervo petroso menor (mais ântero- lateral) e hiato do nervo petroso maior (mais póstero-medial). Osso Esfenóide Corpo do esfenóide Abertura do seio esfenoidal, na face anterior Dorso da sela turca e sincondrose esfeno-occipital, na face posterior Crista esfenoidal (rostro), na face inferior Sela turca e fossa hipofisária, na face superior Processos clinóides anteriores (no extremo medial das asas menores), médios (limitam a sela turca anteriormente) e posteriores (originados a partir do corpo do osso esfenóide) Sulco pré-quiasmático (sulco do quiasma) e canal óptico Sulco carótico (carotídeo) e língula esfenoidal Forame lacerado Canal pterigóideo Processos pterigóideos e suas lâminas (lateral e medial) Fossa pterigóidea e fossa escafóide Hámulo pterigóideo Fossa pterigopalatina Asas menores Processos clinóides anteriores Processos clinóides médios Canal óptico Fissura orbital superior Asas maiores Forame redondo Forame oval Forame espinhoso OSSOS ETMÓIDE É um osso que, embora pequeno, é bastante complexo, de difícil visualização. Ímpar, simétrico e de localização mediana, o etmóide é considerado o osso mais frágil do corpo. É constituído de uma lâmina vertical, uma lamina transversal e duas massas laterais. O osso etmóide representa a parte da parede medial da órbita e parte da parede lateral do nariz. Apresenta uma porção mediana que contribui para a formação do assoalho da fossa anterior do crânio e se projeta inferiormente para formar parte do septo nasal ósseo (junto ao vômer). Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA A lâmina transversal representa o meio de ligação entre a cavidade nasal e a fossa anterior do crânio, sendo amplamente crivada por pequenos orifícios e por esta razão é chamada de lamina cribriforme do osso etmóide, por onde transitam filetes que representam o I par de nervos cranianos (olfatório) e a A. etmoidal anterior. A porção superior da lamina vertical forma a crista etmoidal (crista galli) enquanto que a porção inferior, a lâmina perpendicular, forma, juntamente com a lâmina vertical do vômer e o septo cartilagíneo, o septo nasal. As conchas nasais superiores e as conchas nasais médias são projeções da parte medial das massas laterais do etmóide em direção à cavidade nasal. A concha nasal inferior, por sua vez, é um osso em particular do crânio, e não uma porção do O. etmoide. Essas massas laterais originam uma outra importante lâmina denominada lâmina orbital (também chamada de lâmina papirácea, devido a sua fina espessura), que entra na composição da parede medial da orbita. Osso Etmóide Lâmina transversal Lâmina cribriforme do osso etmóide (placa crivosa) Lâmina vertical Crista etmoidal (crista galli) Lâmina perpendicular do osso etmóide Massas laterais Lâminas orbitais do osso etmóide Conchas nasais superiores Conchas nasais médias OBS: As conchas nasais inferiores são ossos individualizados do crânio. OSSO TEMPORAL É um osso irregular e bastante complexo, formado, basicamente, por três partes: parte escamosa, petrosa e mastóidea (esta é formada pelo osso petroso e pelo escamoso durante o desenvolvimento embrionário). Geralmente, soma-se a estas a parte timpânica (que forma a maior parte do meato acústico interno). O temporal é um osso bastante complexo do crânio pois nele, além das diversas aberturas de passagem, é encontrado o órgão vestíbulo-coclear, responsável pelo equilíbrio e audição. A parte escamosa do osso temporal apresenta para estudo anatômico as seguintes estruturas: o processo zigomático do osso temporal (que o articula ao osso zigomático); o tubérculo articular (presente na raiz de origem do processo zigomático, importante estrutura para a ATM); a fossa mandibular (de aspecto elipsóide, situada abaixo da origem do processo zigomático e para trás do tubérculo articular, importante por permitir a articulação entre crânio e face por meio da ATM), que é dividida em uma parte articular (anterior) e outra não-articular (posterior) pela fissura petrotimpânica; a crista supramastóidea, projeção posterior do processo zigomático, localizada superiormente ao processo mastóide e tem um trajeto ascendente em direção aos ossos parietais. Internamente, ainda na parte escamosa, há a formação de impressões dos giros e sulcos do lobo temporal. O poro acústico externo é o orifício externo do meato acústico externo, que compõe o conduto da orelha externa. O meato acústico interno (constituindo da orelha interna) se abre na face posterior da porção petrosa do osso temporal, por meio do poro acústico interno. A parte mastóidea é dividida em uma porção lateral e uma porção medial. Na porção lateral, o elemento mais proeminente e evidente é o processo mastóide do osso temporal (presta fixação ao M. esternocleidomastóideo); por trás, encontramos a incisura mastóidea (presta fixação ao ventre posterior do M. digástrico); rente a incisura mastóidea, há um sulco profundo denominado de sulco da artéria occipital, por onde percorre a artéria de mesmo nome; há ainda, posteriormente a todas estas estruturas, o pequeno forame mastóideo, por onde passa uma pequena veia emissária. Internamente, ainda na parte mastóidea, há a presença do sulco do seio sigmóide, por onde corre o seio sigmóide até desembocar na veia jugular interna. A parte mastóidea do osso temporal é separada da pequena parte timpânica por meio da fissura timpanomastóidea. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA A parte petrosa é descrita como uma pirâmide de base voltada para o processo mastóide e ápice voltado para a fossa média do crânio, em que, neste ápice se abre o canal carotídeo (ou carótico) por meio da abertura interna do canal carotídeo, sendo por esta abertura que a artéria carótida interna, que penetrou previamente neste canal por meio da abertura externa do canal carotídeo (na face inferior da parte petrosa) deixa o canal carotídeo da porção petrosa do osso temporal para alcançar o seio cavernoso. A porção petrosa é dividida ainda em três faces: anterior, posterior e inferior. Na face inferior, encontramos a abertura externa do canal carótico e o processo estilóide. Entre o processo mastóide e o processo estilóide (projeção óssea na forma de espinho), há a abertura do forame estilomastóideo, por onde emerge o N. facial. Nesta face, encontramos ainda a fossa jugular, que entra na composição do forame de mesmo nome ao se unir com estruturas correspondentes no osso occipital. Na face anterior da parte petrosa (limitada da face posterior pela margem superior da parte petrosa), encontramos uma depressão chamada de impressão trigeminal, onde se encontra alojado o gânglio sensitivo do nervo trigêmeo (sendo neste ponto onde se divide o N. trigêmeo em seus três ramos). Em peças anatômicas que ainda apresentem meninges, a impressão trigeminal pode estar encoberta por uma prega de dura-máter (a incisura da tenda do cerebelo), constituindo um pequeno forame (ao qual daremos o nome de cavo trigeminal), por onde o nervo trigêmeo passa para a fossa cerebral média para formar seu gânglio.Póstero-lateralmente à impressão trigeminal, encontramos uma saliência denominada eminência arqueada, responsável por marcar, na face anterior, a localização dos canais semicirculares do órgão vestibular (labirinto ósseo). A face posterior da parte petrosa é caracterizada pelo poro acústico interno, por onde passam os nervos facial, nervo vestíbulo-coclear e a artéria labiríntica (ramo da artéria basilar ou da artéria cerebelar inferior anterior). Osso Temporal Porção escamosa Processo zigomático do osso temporal Tubérculo articular do osso temporal Fossa mandibular e suas partes articular (anterior) e não-articular (posterior) Fissura petrotimpânica Crista supramastóidea Poro e meato acústico externo Porção mastóidea Processo mastóide Incisura mastóidea (presta fixação ao ventre posterior do M. digástrico) Sulco da artéria occipital Forame mastóideo Sulco do seio sigmóide Fissura timpanomastóidea Porção petrosa Abertura interna do canal carotídeo e canal carotídeo Processo estilóide Forame estilomastóideo Fossa jugular Abertura externa do canal carotídeo Impressão trigeminal Eminência arqueada Poro acústico interno, por onde passam os nervos facial, nervo vestíbulo-coclear e a artéria labiríntica (ramo da artéria basilar ou da artéria cerebelar inferior anterior). OBS: Forame jugular = fossa jugular (do osso temporal) + incisura jugular e processo jugular (do osso occipital) Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA OBS: Pontos craniométricos. O crnio apresenta importantes pontos anatmicos de referncia cirrgica que, em conjunto, so denominados pontos craniom tricos. A partir deles, cirurgies podem traar planos de incises e acessos para adentrar, de maneira precisa, regies do enc falo que foram previamente relacionadas a eles. Ptério (G., asa): corresponde juno da asa maior do esfenide, parte escamosa do temporal, frontal e parietal; situado sobre o trajeto da diviso anterior da art ria menngea m dia. Leses neste ponto podem causar uma importante hemorragia extradural, separando os folhetos da dura-mter craniana dos ossos da calvria. Lambda (G., a letra L): ponto na calvria correspondente juno das suturas lambdidea e sagital. Bregma (G., parte anterior da cabea): ponto na calvria correspondente juno das suturas coronal e sagital. Vértice (L., espiral): ponto mais superior do neurocrnio, no meio com o crnio orientado no plano anatmico (orbitometico ou de Frankfort). Astério (G., estrelado): tem formato de estrela; localizado na juno de trs suturas: parietomastidea; occipitomastidea e lamdidea. Glabela (L., liso, sem pelos): proeminncia lisa localizada na regio entre os dois arcos superciliares (ou seja, entre as duas sobrancelhas) do osso frontal, superiormente raiz do nariz; mais acentuada em homens. Ínio (G., dorso da cabea): ponto mais proeminente da protuberncia occipital externa. Násio (L., nariz): ponto de encontro das suturas frontonasal e internasal; localizado abaixo da glabela, um pouco mais profunda que ela. Básio: ponto mais anterior do forame magno. Opístio: ponto mais posterior do forame magno. OBS: Sinopse dos pontos de passagem das vias vasculonervosas na base do crnio: Forame cego: localizado na regio de transio da crista frontal com a incisura etmoidal. D passagem a uma pequena veia do nariz para o seio sagital superior. Lâmina cribriforme do osso etmóide: Nn. olfatrios; A. etmoidal anterior. Canal óptico: N. ptico; A. oftlmica (ramo da poro cerebral da A. cartida interna). Fissura orbital superior: de lateral para medial, temos: V. oftlmica superior (drena estruturas oculares para o seio cavernoso); N. lacrimal (ramo de V1); N. frontal (ramo de V1); N. troclear; N. abducente; N. oculomotor; N. nasociliar (ramo de V1). Forame redondo: N. maxilar (V2). Forame oval: N. mandibular (V3); plexo venoso do forame oval; art ria menngea acessria. Canal carótico (carotídeo): A. cartida interna; plexo simptico cartico interno (oriundo do gnglio simptico cervical superior). Forame espinhoso: A. menngea m dia (ramo da poro mandibular da A. maxilar que, por sua vez, ramo da art ria cartida externa); ramo menngeo do nervo mandibular. Forame lacerado (encoberto pela A. cartida interna): N. petroso profundo; N. petroso maior (que segue para o hiato do N. petroso maior); N. do canal pterigideo; Ramo menngeo da art ria farngea ascendente Canal pterigóideo (canal vidiano): N. petroso maior; N. petroso profundo; N. do canal pterigideo. Hiato do canal do N. petroso menor: N. petroso menor; A. timpnica superior. Hiato do canal do N. petroso maior: N. petroso maior. Poro acústico interno: A. e V. do labirinto; N. vestibulococlear; N. facial. Forame jugular: V. jugular interna; N. glossofarngeo; N. vago; N. acessrio; Seio petroso inferior; A. menngea posterior. Forame magno: V. espinhal; A. espinhal anterior e posterior; Medula espinhal; Raiz espinhal do N. acessrio (C2 – C5/6); Aa. vertebrais. Canal do N. hipoglosso: N. hipoglosso. Canal condilar: V. emissria condilar. Forame estilomastóideo: N. facial; A. estilomastidea. Fissura petrotimpânica: A. timpnica anterior; N. corda do tmpano (ramo que liga o N. lingual ao N. facial). Fissura timpanomastóidea: ramo auricular do nervo vago. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA FACE INTERNA DA BASE DO CRÂNIO A face interna ou superior da base do crânio forma o assoalho da cavidade craniana e é dividida em três fossas: anterior, média e posterior. Trata-se de uma importante região craniana, pois através de seus forames e fissuras, transitam estruturas vasculares nervosas para fora e para dentro do crânio. De fato, todos os nervos cranianos e todas as artérias encefálicas cruzam por algum forame da base do crânio e, tomando como base este dado anatômico, fica claro que fraturas ou lesões que atinjam estruturas que a compõe constituem importantes urgências do ponto de vista médico. FOSSA ANTERIOR DO CRÂNIO A fossa anterior do crânio, limitada posteriormente pelas asas menores do esfenóide e pela margem anterior do sulco pré- quiasmático, tem seu assoalho formado pelas lâminas orbitais do osso frontal, lâmina crivosa do etmóide e pelas asas menores e parte anterior do corpo do esfenóide. Suas porções laterais ou lâminas orbitais dão apoio aos lobos frontais do cérebro (cujos giros e sulcos marcam impressões permanentes). A porção mediana corresponde ao tecto da cavidade nasal, de cada lado da crista etmoidal (galli). A crista frontal, que dá inserção à foice do cérebro, termina no forame cego, entre o frontal e crista galli, quase sempre dando passagem e uma pequena veia da cavidade nasal para o seio sagital superior. De cada lado da crista galli, o sulco olfatório da lâmina crivosa dá apoio ao bulbo olfatório, e é perfurado por pequenos forames que dão passagem aos nervos olfatórios e, mais adiante, por uma fenda para o nervo nasociliar. Uma relação bastante importante da fossa anterior do crânio se faz com a órbita, a região do crânio onde está presente o globo ocular e suas estruturas anexas. Dissecando a lâmina orbital do osso frontal, é importante reconhecer estruturas como os músculos extrínsecos do olho, os nervos cranianos relacionados com os olhos (bem como o gânglio ciliar, localizado lateralmente ao nervo óptico) e estruturas vasculares ai presentes. FOSSA MÉDIA DO CRÂNIO A fossa média do crânio de ambos os lados é limitada anteriormente pelas bordas posteriores das pequenas asas do esfenóide, os processos clinóides anteriores e a crista que forma a margem anterior do sulco pré-quiasmático; posteriormente, é delimitadapelas bordas superiores da porção petrosa do osso temporal e o dorso da sela turca; e lateralmente pelas escamas temporais, ângulos esfenoidais dos parietais, e asas maiores do esfenóide. Na região média, encontram-se estruturas como o sulco pré-quiasmático (sulco do quiasma) e o tubérculo da sela. O sulco do quiasma termina de cada lado no canal óptico, por onde passam o nervo óptico e a artéria oftálmica. Posteriormente ao canal óptico, o processo clinóide anterior presta inserção à tenda do cerebelo. Posteriormente ao tubérculo da sela, a fossa hipofisária forma uma profunda depressão dentro da sela turca (túrcica) do osso esfenóide que aloja a hipófise. Esta fossa apresenta, em sua parede anterior, o processo clinóide médio. A sela turca é limitada posteriormente por uma lâmina óssea quadrilátera, o dorso da sela, cujos ângulos livres são encimados pelos processos clinóides posteriores. Estes processos servem de inserção para a tenda do cerebelo, e abaixo deles há uma incisura para a passagem do nervo abducente. De cada lado da sela turca, encontra-se o sulco carótico, que é largo, raso e pouco encurvado, à semelhança da letra S. Estende-se do forame lacerado até o extremo medial do processo clinóide anterior, onde, às vezes, se apresenta na forma de um forame (carotídeo-clinóide). O sulco carótico é limitado anteriormente pela língula. As porções laterais da fossa média são de uma profundidade considerável e dão apoio aos lobos temporais do cérebro. São atravessadas por sulcos e para os ramos anterior e posterior dos vasos meníngeos. O anterior corre do forame espinhoso ao ângulo esfenoidal do parietal, onde algumas vezes se transforma em canal ósseo. O posterior corre numa direção lateral através da escama do temporal, e passa para o parietal, próximo ao meio de sua borda inferior. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA As seguintes aberturas também podem ser vistas: anteriormente, encontramos a fissura orbital superior, sendo ela delimitada pela asa menor, pela asa maior e, medialmente, pelo corpo do esfenóide. Posteriormente à extremidade medial da fissura orbital superior, encontra-se o forame redondo (que dá passagem ao nervo maxilar) e o forame oval (que dá passagem ao nervo mandibular). Lateralmente ao forame oval, pode-se ver o forame espinhoso. Em um crânio dissecado (sem meninge ou cartilagens), é possível observar o forame lacerado, medialmente ao forame oval (em estado fresco, porém, a parte inferior desta abertura é ocupada por uma camada de fibrocartilagem). A artéria carótida interna, envolvida por um plexo de nervos simpáticos (plexo carotídeo interno), atravessa apenas a parte superior do forame lacerado, e não toda a sua extensão. O pequeno nervo do canal pterigóideo e um pequeno ramo meníngeo da artéria faríngea ascendente são uns dos poucos elementos que perfuram a fibrocartilagem e, portanto, os que atravessam o forame lacerado. Na face anterior da porção petrosa do osso temporal, o canal semicircular anterior provoca a formação da eminência arqueada. Medialmente a ela, existe a impressão trigeminal (que, recoberta por meninge, recebe o nome de cavo trigeminal), onde repousa o gânglio trigeminal (de Gasser). Um pouco anterior e lateralmente à eminência, há uma depressão que corresponde ao tecto da cavidade timpânica. Próximo ao ápice do osso, há um forame para o canal carótico. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA FOSSA POSTERIOR DO CRÂNIO A fossa craniana posterior é a maior e mais profunda das três. É formada pelo dorso da ela e clivo do esfenóide, pelo occipital, pelas porções petrosa e mastóidea dos temporais e ângulos mastóides dos ossos parietais. Nesta fossa, estão alojados o cerebelo, a ponte e o bulbo. É separada da fossa média pelo dorso da sela turca e, lateralmente, pela borda superior da porção petrosa do osso tempora, que dá inserção à tenda do cerebelo e é sulcada pelo seio petroso superior. Em seu centro, está o forame magno, onde de cada lado, em um tubérculo áspero, está o canal do hipoglosso. Anteriormente ao forame magno, a porção basilar do occipital e a parte posterior do corpo do esfenóide formam uma superfície sulcada que dá apoio à medula oblonga e à ponte, chamada de clivo do occipital. No crânio jovem, estes ossos são unidos por uma sincondrose, que permite o crescimento craniano até a metade da segunda década de vida. O forame jugular situa-se entre a porção lateral do occipital e a porção petrosa do osso temporal. A porção anterior deste forame dá passagem ao seio petroso inferior; a porção posterior, ao seio transverso e a alguns ramos meníngeos das artérias occipital e faríngea ascendente; a porção intermediária, dá passagem aos nervos glossofaríngeo, vago e acessório. Superiormente ao forame jugular, encontra-se o meato acústico interno para os nervos facial, vestíbulo-coclear e para a artéria do labirinto. As fossas occipitais inferiores (fossas cerebelares), que dão apoio aos hemisférios do cerebelo, estão separadas entre si pela crista occipital interna, que dá inserção à foice do cerebelo e aloja o seio occipital. As fossas posteriores são limitadas posteriormente por profundos sulcos dos seios transversos. Arlindo Ugulino Netto – MONITORIA DE NEUROANATOMIA
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