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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS – UFMG
FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FAE
CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA: CORPO E EDUCAÇÃO
CARGA HORÁRIA: 60 HORAS CRÉDITOS: 4
SEMESTRE: 20 DE 2018 TURMA: X
PROFESSOR: CLÁUDIO MÁRCIO OLIVEIRA
ALUNA: ALEXÂNIA DE AVELAR CAMPOS
E-MAIL: alexaniacampos@gmail.com
Resenha: “Início e fim do século XX: Maneiras de fazer educação física na escola” – Tarcísio Mauro Vago
	
O texto tem como objetivo problematizar o ensino da educação física nas escolas em dois períodos distintos: a reforma do ensino em 1906 em Minas Gerais e os novos ordenamentos legais do fim do século XX.
	A reforma de 1906 tinha como objetivo um novo modelo que pretendia mais que apenas instruir as crianças, e sim ensinar-lhes boas maneiras e dar-lhes boa educação. O corpo das crianças era central para atingir esses objetivos: a organização da cultura escolar deveria cultivar um corpo belo, forte, saudável, higiênico, ativo, ordeiro, racional. Para essa “educação physica” das crianças, muitos dispositivos foram mobilizados.
	Destaca-se a arquitetura dos prédios, organização minuciosa dos tempos, a cadeira de saber chamada “Hygiene” (que preparava o corpo das crianças para serem cidadãos republicanos), além da imposição do ensino da letra vertical na cadeira de “Escripta” (esse tipo de letra foi considerado “fácil, rápido, econômico e hygienico”).
	 A cadeira de “Exercicios Physicos” foi muito importante para o cultivo do corpo na escola. Havia diferença nas práticas corporais para meninos e meninos que expressava as representações sobre o corpo masculino e feminino. Havia também uma disposição de uma área específica para os exercícios físicos dos alunos. O tempo também era cronometrado (seis lições semanais de 25 minutos de exercícios físicos sempre das 11h50 às 12h15).
	O autor então apresenta o cenário das reformas de ensino após 1906, até o fim do século XX. Ao longo do século, o conhecimento continuou sendo repartido em disciplinas, os tempos escolares permaneceram distribuídos de forma rígida, muitos rituais escolares que instituem as relações de poder foram mantidos, ainda que mais sutis e dissimulados; a seriação anual com promoção mediante avaliação quantitativa também atravessou o século.
	O ensino da educação física, embora assegure obrigatoriedade por meio da LDB de 1996, tem sido prejudicado pela falta de critérios para sua organização. Mesmo com dados precários, já é possível dizer que sua presença nas práticas escolares, sobretudo em escolas particulares, tem sido reduzida ao mínimo para configurar obediência à lei.
	A educação física foi perdendo sua identidade como disciplina curricular, tornando-se um tempo à parte, um apêndice, ou um produto que a escola oferece aos alunos para atraí-los. A educação física continuaria figurando currículo na escola, mas desfigurada de seu caráter de área de conhecimento.
	Atualmente a educação não é um conhecimento que é considerado útil ao ingresso no mercado de trabalho, diferente do que ocorria no início do século XX. No fim do texto, Vago salienta a importância de se defender a prática de um enraizamento escolar da educação física como uma área de conhecimento responsável pela problematização e pela prática da cultura corporal de movimentos produzidos pelos seres humanos. Além de uma investigação das práticas corporais da cultura, da invenção de outras maneiras de se fazer os esportes, as danças, os brinquedos; do respeito à corporeidade singular de cada um construída em sua escola de vida e outras questões. É preciso, portanto, para o autor, praticar a educação física como tempo e lugar de afirmar e reafirmar a vida como ato de resistência de criação.