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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ARAGUAÍNA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA RESUMOS AULA TEÓRICA DISCIPLINA DE FISIOLOGIA VETERINÁRIA Profa. M.Sc. Clarissa Amorim Silva de Cordova Araguaína / TO 2007 Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 2 de 68 SUMÁRIO I) INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA E HOMEOSTASE ......................................................................................................................................................................... 3 II) FISIOLOGIA DA MEMBRANA ..................................................................................................................................................................................................... 5 III) FISIOLOGIA DO TECIDO NERVOSO ......................................................................................................................................................................................... 9 IV) COMUNICAÇÃO CELULAR ..................................................................................................................................................................................................... 11 V) FISIOLOGIA DO TECIDO MUSCULAR...................................................................................................................................................................................... 14 VI) FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO ..................................................................................................................................................................................... 18 VII) FISIOLOGIA DOS ÓRGÃOS DOS SENTIDOS ......................................................................................................................................................................... 26 VIII) FISIOLOGIA DO SISTEMA VESTIBULAR .............................................................................................................................................................................. 29 IX) FISIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR ..................................................................................................................................................................... 30 X) FISIOLOGIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO ............................................................................................................................................................................. 34 XI) FISIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO ................................................................................................................................................................................ 40 XII) FISIOLOGIA DO SISTEMA RENAL ......................................................................................................................................................................................... 52 XIII) FISIOLOGIA DO SISTEMA ENDÓCRINO ............................................................................................................................................................................... 56 XIV) TERMORREGULAÇÃO .......................................................................................................................................................................................................... 60 XV) FISIOLOGIA DO SISTEMA REPRODUTOR ............................................................................................................................................................................ 62 XVI) FISIOLOGIA DA GLÂNDULA MAMÁRIA ............................................................................................................................................................................... 66 Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 3 de 68 I) INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA E HOMEOSTASE 1. INTRODUÇÃO À FISIOLOGIA A Fisiologia tem como objetivo o estudo do funcionamento da matéria viva, em condições normais, explicando-o por meio de fatores químicos e físicos. Nesta disciplina vamos estudar as características funcionais do organismo, analisando-se os mecanismos de controle, específicos e integrados, que permitem ao organismo adaptar-se a uma série de condições e que determinam o estado de equilíbrio chamado homeostase. A Fisiologia relaciona-se com muitas outras disciplinas, sendo junto principalmente com a Bioquímica e a Anatomia, a base para o aprendizado da Farmacologia, da Patologia, da Clínica, entre outras tantas disciplinas. Se não conhecermos as condições normais das funções corporais não é possível reconhecer e diagnosticar as disfunções para depois restaurá-las. Assim, vamos estudar as funções do corpo dividindo-as por sistemas e integrando-as sempre que possível a fim de compreender o funcionamento do organismo como um todo. 2. CÉLULA: UNIDADE MORFOFUNCIONAL DO ORGANISMO A célula é a unidade morfo-funcional do organismo. Conjuntos de células formam os diferentes órgãos do organismo. As células não são todas iguais, apresentam particularidades que as adaptam para realizar determinadas funções. No entanto, algumas características básicas são comuns a todas as células, incluindo a capacidade de combinar o oxigênio com produtos de degradação de carboidratos, proteínas e lipídios para gerar energia, a semelhança dos mecanismos químicos para gerar estes nutrientes em energia e a propriedade de conduzir os produtos finais destas reações químicas para o líquido que as banha. A célula é composta por: 2.1. MEMBRANA Separa o citoplasma da célula (LIC) do LEC e permite a passagem seletiva de substâncias para o interior ou exterior da célula. É composta de lipídios e proteínas, com pequena quantidade de carboidratos na sua face externa (formam o glicocálice). 2.2. CITOPLASMA Contém substâncias em suspensão e organelas. 2.2.1. Mitocôndrias São responsáveis pela geração de energia para a célula, a partir dos nutrientes (na ordem de preferência de uso: glicose, ácidos graxos e aminoácidos) e oxigênio. 2.2.2. Ribossomos São responsáveis pela síntese de proteínas. 2.2.3. Retículo Endoplasmático (RE) O RE liso é responsável pela síntese de lipídios, detoxicação de medicamentos e degradação de glicogênio, enquanto o RE rugoso, que possui ribossomas nas suas paredes, faz a síntese de proteínas. 2.2.4. Aparelho de Golgi É responsável pelo processamento de substâncias provenientes do retículo endoplasmático (adição de carboidratos para formar glicoproteínas e glicolipídios) e formação de vesículas secretoras e lisossomas. 2.2.5. Lisossomos Possuem hidrolases no seu interior, sendo responsáveis pela degradação de substâncias (estruturas celulares, alimentos, bactérias). 2.2.6. Peroxissomos Semelhantes aos lisossomos, mas contém oxidases e são formados no retículo endoplasmático liso 2.2.7. Citoesqueleto Formado por microtúbulos, microfilamentos de actina e filamentos intermediários. Como exemplos de microtúbulos temos os flagelos dos espermatozóides, os cílios das vias respiratórias e os centríolos. 2.3. NÚCLEO Contém a informação genética da célula (DNA), controlando o tipo de proteína a ser formada pela célula e determinando a função específica de cada célula, bem como a sua reprodução. O envelope nuclear envolve o núcleo, também chamado membrana nuclear, que é contínua com a membrana do retículo endoplasmático. 2.4. NUCLÉOLO Contém RNA e proteínas encontradas nos ribossomos. 3. CONCEITOS 3.1. HOMEOSTASE Corresponde ao estado de equilíbriodas funções corporais, que é estabelecido pela ação conjunta de diversos sistemas de controle locais e sistêmicos. Estes sistemas promovem a ativação ou inibição de mecanismos que influenciam a atividade de células, órgãos e sistemas, sempre com o objetivo de manter estáticas as condições do meio interno. 3.2. MEIO INTERNO Formado pelo líquido que banha as células. Corresponde ao líquido extracelular que discutiremos a seguir. 3.3. LÍQUIDO INTRACELULAR (LIC) Corresponde à água contida dentro das células. 3.4. LÍQUIDO EXTRACELULAR (LEC) Está em constante movimento e intercâmbio com os meios intravascular e intracelular. Os líquidos intravascular e extracelular são também denominados de plasma e líquido intersticial, respectivamente. No LEC estão incluídos também o líquido do tubo gastrointestinal, o líquido cerebroespinhal, o humor aquoso, o líquido sinovial, a urina e a bile, sendo estes denominados de líquido transcelular. Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 4 de 68 4. DISTRIBUIÇÃO DOS FLUIDOS NO ORGANISMO O LIC está separado do LEC pela membrana celular através da qual ocorre o intercâmbio de nutrientes e de produtos de secreção e excreção. A água se movimenta através da maioria das membranas celulares em função da diferença de gradiente de pressão entre os compartimentos líquidos. A água corporal total corresponde a 70% do peso do animal, dos quais 50% correspondem ao líquido intracelular e o restante ao líquido extracelular (15% líquido intersticial e 5% plasma). Esta quantidade de água se mantém constante sendo obtida através da ingestão ou como produto final do metabolismo celular (água metabólica) e a perda ocorrendo pela urina, pela pele, pelas fezes, pelos gases expirados e também pela lactação. Entretanto, a regulação do volume corporal de água é realizada apenas pelo controle da ingestão e da excreção urinária de água. A água metabólica é proveniente da oxidação dos carboidratos, lipídios e proteínas e compreende cerca de 5 a 10% da ingestão total de água nos animais domésticos. O LEC é transportado por todo o corpo primeiramente através da corrente sanguínea e depois através da membrana dos capilares atinge as células. Neste caminho grande quantidade de líquido e seus constituintes podem se difundir entre o líquido intravascular e o intersticial. Assim, o líquido extracelular, independente da parte do corpo, pode ser mantido constante. 5. COMPONENTES DO MEIO INTRA E EXTRACELULAR O LEC é composto principalmente por sódio, cloreto e bicarbonato, enquanto o LIC é composto principalmente por potássio, magnésio e fosfato. Os nutrientes do líquido extracelular são provenientes do sistema respiratório e do trato gastrointestinal. Algumas das substâncias absorvidas no trato gastrointestinal precisam sofrer modificações para serem utilizados pelas células. Estas transformações são realizadas no fígado, o qual também pode armazenar estas substâncias até serem necessárias ao organismo. A utilização dos nutrientes pelas células resulta em produtos do metabolismo que não são necessários ao corpo, os quais chamamos de escórias metabólicas. Estas são removidas principalmente através dos pulmões ou dos rins. COMPOSIÇÃO DO PLASMA E LÍQUIDOS EXTRA E INTRACELULAR Componente (mEq/L) Plasma LEC LIC Sódio 142 144 14 Potássio 4 4 132 Cálcio 5 3 1 Magnésio 3 1 37 Cloro 103 114 13 Bicarbonato 27 28 10 Fosfato 2 2 62 Sulfato 1 1 2 Proteínas 16 1 57 PO2 (mmHg) 95 95 23 PCO2 (mmHg) 40 40 46 pH 7.4 7.4 7.0 Fonte: Cabrera, Rosa & Peralta, 1998. 6. SISTEMAS DE CONTROLE DAS FUNÇÕES CORPORAIS As funções corporais são controladas basicamente por dois sistemas, nervoso e hormonal. O sistema nervoso regula principalmente as atividades musculares e secretórias do corpo e o sistema hormonal regula as funções metabólicas. 7. MECANISMOS DE RETRO-ALIMENTAÇÃO Também chamados de “Feedback”, podem ser positivos ou negativos. O “Feedback” negativo é o mais importante. Atua através de uma resposta contrária do sistema de controle à condição inicial do estímulo. Por exemplo: um aumento na concentração de CO2 sanguíneo induz a ativação de um sistema de controle que busca diminuir esta concentração no sangue. Este mecanismo também é ativado para o controle da pressão arterial. O “Feedback” positivo é conhecido como “ciclo vicioso”. Induz à instabilidade e ao desequilíbrio das funções do organismo. Pode levar à morte porque a resposta do sistema de controle potencializa o estímulo inicial. Entretanto em algumas situações pode ser útil como no mecanismo da coagulação sanguínea, no parto e na geração de sinais neurais. MECANISMOS DE RETRO-ALIMENTAÇÃO “FEEDBACK” CENTRO REGULADOR SENSOR FUNÇÃO CORPORAL FUNÇÃO AUMENTADA OU DIMINUÍDA SENSOR FUNÇÃO AUMENTADA OU DIMINUÍDA SENSOR CENTRO REGULADOR CENTRO REGULADOR RETROALIMENTAÇÃO NEGATIVA REAÇÃO ORGÂNICA CONTRÁRIA AO ESTÍMULO INICIAL RETROALIMENTAÇÃO POSITIVA REAÇÃO ORGÂNICA DE POTENCIALIZAÇÃO DO ESTÍMULO INICIAL INFORMAÇÃOINFORMAÇÃO RESPOSTA: DIMINUIÇÃO OU AUMENTO (REVERSÃO DO PROCESSO) RESPOSTA: MAIOR AUMENTO OU MAIOR DIMINUIÇÃO (FACILITAÇÃO DO PROCESSO) Fonte: Cabrera, Rosa & Peralta, 1998. RESPOSTA (VIA MOTORA) INFORMAÇÃO (VIA SENSITIVA) MECANISMOS DE RETRO-ALIMENTAÇÃO “FEEDBACK” CENTRO REGULADOR SENSOR FUNÇÃO CORPORAL FUNÇÃO AUMENTADA OU DIMINUÍDA SENSOR FUNÇÃO AUMENTADA OU DIMINUÍDA SENSOR CENTRO REGULADOR CENTRO REGULADOR RETROALIMENTAÇÃO NEGATIVA REAÇÃO ORGÂNICA CONTRÁRIA AO ESTÍMULO INICIAL RETROALIMENTAÇÃO POSITIVA REAÇÃO ORGÂNICA DE POTENCIALIZAÇÃO DO ESTÍMULO INICIAL INFORMAÇÃOINFORMAÇÃO RESPOSTA: DIMINUIÇÃO OU AUMENTO (REVERSÃO DO PROCESSO) RESPOSTA: MAIOR AUMENTO OU MAIOR DIMINUIÇÃO (FACILITAÇÃO DO PROCESSO) Fonte: Cabrera, Rosa & Peralta, 1998. RESPOSTA (VIA MOTORA) INFORMAÇÃO (VIA SENSITIVA) Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 5 de 68 II) FISIOLOGIA DA MEMBRANA 1. CARACTERÍSTICAS DA MEMBRANA CELULAR A membrana celular separa o meio intracelular do extracelular e é a principal responsável pelo controle da entrada e da saída de substâncias da célula, sendo responsável pela manutenção da constância do meio interno. É constituída principalmente de lipídios, proteínas e carboidratos, porém, a proporção destes componentes varia conforme o tipo de membrana celular. Os lipídios das membranas são moléculas longas com uma extremidade hidrofílica (solúvel em meio aquoso) e uma cadeia hidrofóbica (insolúvel em água e solúvel em lipídios). Os principais lipídios presentes nas membranas celulares das células animais são os fosfoglicerídeos, os esfingolipídios e o colesterol, sendo os dois primeiros também chamados de fosfolipídios devido à presença de radicais fosfatos. Entre os fosfoglicerídeos destacam-se a fosfatidilcolina, a fosfatidiletanolamina, a fosfatidilserina e a fosfatidiltreonina. A presença de esteróis, representados aqui pelo colesterol, está relacionada à fluidez da membrana, quanto maior a concentração de esteróis, menos fluida será a membrana. Outros constituintes importantes são os glicolipídios, dos quais os mais abundantes são os glicoesfingolipídios. A organização básica das membranas celulares consiste de duas camadas lipídicas fluídas e contínuas, em que estão inseridas moléculas protéicas. Esta organização é denominada de mosaico fluido. Como discutido anteriormente, os lipídios das membranas apresentam umaporção hidrofóbica (apolar) e outra hidrofílica (polar). Na formação da bicamada lipídica as extremidades apolares dos lipídios voltam-se para o interior da membrana, devido à interação hidrofóbica entre elas, e as extremidades polares ficam voltadas para o citoplasma e para o meio extracelular. As proteínas da membrana também possuem resíduos hidrofílicos e hidrofóbicos e ficam inseridas na membrana de tal modo que mantém na membrana celular uma camada hidrofóbica média e duas camadas hidrofílicas, uma interna e outra externa. A maioria das proteínas da membrana celular são glicoproteínas e podem ser classificadas em dois tipos, proteínas integrais e proteínas periféricas. As proteínas integrais atravessam a membrana de um lado para outro e muitas delas formam canais (proteínas de canal), também chamados de poros, que permitem a passagem de substâncias hidrossolúveis para dentro e fora da célula. Estes canais apresentam seletividade para determinadas substâncias. Estas proteínas integrais também podem atuar como proteínas carreadoras para o transporte de substâncias ou ainda como enzimas. As proteínas periféricas ficam presas a uma das superfícies da membrana, geralmente na face interna, e freqüentemente estão presas às proteínas integrais, atuando principalmente como enzimas. As proteínas de transporte podem funcionar de diferentes maneiras e devido a isso podem ser divididas em proteínas de canal e em proteínas carreadoras. As proteínas de canal possuem espaços aquosos que permitem o movimento livre de água, íons e algumas moléculas enquanto as proteínas carreadoras (ou transportadoras) se unem a moléculas ou íons que se movimentam para o outro lado da membrana através de mudanças conformacionais na molécula protéica. 2. TRANSPORTE DE SUBSTÂNCIAS ATRAVÉS DA MEMBRANA CELULAR O transporte de substâncias através da membrana está diretamente relacionado à solubilidade destas nos lipídios. As substâncias hidrofóbicas, tais como, ácidos graxos, hormônios esteróides e anestésicos, atravessam facilmente as membranas, entretanto, substâncias hidrofílicas penetram na célula com maior dificuldade podendo ser necessária, dependendo do tamanho da molécula e da sua constituição química, a utilização de mecanismos especiais que serão discutidos a seguir. Estes mecanismos consistem basicamente no transporte passivo e no transporte ativo que pode ser primário, secundário ou terciário. Estes mecanismos envolvem proteínas específicas da matriz das membranas celulares que funcionam como a “via de transporte” para a passagem de íons e moléculas através da membrana plasmática das células. 2.1. TRANSPORTE PASSIVO Ocorre através de canais localizados na membrana celular ou mesmo através das junções entre as células. Será comentado aqui a respeito da difusão que pode ser simples ou facilitada e da osmose. 2.1.1. Difusão Ocorre devido ao movimento cinético aleatório das moléculas através dos espaços intermoleculares na membrana ou em combinação com proteína transportadora. Este tipo de transporte é chamado passivo porque a única energia utilizada é a energia do movimento cinético normal da matéria. 2.1.1.1. Difusão Simples Ocorre através dos espaços intermoleculares da membrana ou através das proteínas de canal. As substâncias lipossolúveis (gases e álcoois) difundem-se pelos espaços intermoleculares da membrana, enquanto as substâncias hidrossolúveis e íons difundem-se pelos canais protéicos. Os canais protéicos são seletivos, permitindo a passagem de substâncias de acordo com o diâmetro, formato e carga elétrica. Existem dois tipos de canais protéicos: 2.1.1.1.1. Canais Abertos ou Passivos Também chamados de canais de vazamento. Estão sempre abertos, permitindo a constante difusão (vazamento) de íons. 2.1.1.1.2. Canais Fechados por comportas ou Ativos As proteínas de canal apresentam prolongamentos que podem ocluir ou abrir o canal. Estas comportas podem estar na face interna ou externa da membrana. Existem dois tipos de canais fechados por comportas: - Voltagem dependentes: a abertura da comporta depende do potencial elétrico (voltagem) no interior da célula. Por exemplo, o canal de sódio mantém-se fechado quando o potencial no interior da célula é negativo. Quando o interior perde a negatividade, as comportas abrem-se bruscamente, permitindo a difusão do sódio. Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 6 de 68 - Ligando dependentes: também chamada de comporta química, visto que os canais abrem-se quando ocorre a ligação de uma substância química (ligante) na porção externa da proteína de canal. Por exemplo, os canais de acetilcolina. A ligação da acetilcolina provoca alteração na conformação da proteína, promovendo a abertura de canais carregados negativamente, que permitem a passagem de moléculas sem cargas e íons positivos de pequeno diâmetro. 2.1.1.2. Difusão facilitada Ocorre através de proteína transportadora (carreadora), também chamada de difusão mediada por carreador. A substância a ser transportada liga-se à proteína carreadora, que sofre alteração conformacional e libera a substância no outro lado da membrana. Por exemplo, a difusão facilitada de glicose e da maioria dos aminoácidos. 2.1.1.3. Fatores que afetam a difusão A velocidade da difusão depende da diferença de concentração da substância entre os dois lados da membrana, da temperatura e do número e tamanho das aberturas das proteínas de canal. Na difusão facilitada, a velocidade da difusão também é afetada pela velocidade com que a proteína carreadora pode sofrer alterações conformacionais. - Concentração: quanto maior a diferença de concentração da substância entre o interior e o exterior da membrana, maior será a velocidade de difusão. O mesmo princípio aplica-se à diferença elétrica e à diferença de pressão. - Temperatura: quanto mais elevada a temperatura, maior será a velocidade do movimento cinético das moléculas e maior a velocidade de difusão. - Aberturas: quanto maior o número e o tamanho dos canais protéicos, maior será a velocidade de difusão. 2.1.2. Osmose Consiste na difusão efetiva de água através da membrana, devido a uma diferença da concentração desta. A pressão osmótica é a quantidade de pressão necessária para interromper a osmose. 2.2. TRANSPORTE ATIVO 2.2.1. Transporte ativo primário Neste tipo de transporte o soluto é transportado contra um gradiente e ocorre gasto de energia. Esta energia é obtida do trifosfato de adenosina (ATP) que é hidrolisado em adenosina difosfato (ADP) e fosfato inorgânico. O gradiente pode ser apenas químico ou também eletroquímico, no caso de soluto ionizado. As substâncias que são transportadas ativamente incluem os íons sódio, os íons potássio, os íons cálcio, os íons hidrogênio, os íons cloreto, os íons iodeto, os íons urato, diversos açúcares e a maioria dos aminoácidos. A seguir serão discutidos alguns exemplos de transporte ativo primário. 2.2.1.1. Bomba de Sódio-Potássio Este mecanismo bombeia simultaneamente os íons sódio para fora e os íons potássio para dentro da célula. Esta bomba (Na+,K+-ATPase) é responsável pela manutenção das diferenças de concentração destes íons nos líquidos intra e extracelular e conseqüentemente pela formação da voltagem elétrica negativa no interior da membrana das células. O controle do volume das células consiste na mais importante entre as funções da bomba sódio-potássio. A célula normalmente apresenta grande quantidade de substâncias com cargas negativas no seu interior, o que atrai íons com carga positiva resultando em uma tendência para a ocorrência de osmose para dentro da célula. Este fenômeno precisa ser controlado para evitar a tumefaçãoda célula e a conseqüente ruptura. A bomba de sódio-potássio realiza este controle através do bombeamento de 3 íons sódio para fora para cada 2 íons potássio bombeados para dentro. Este bombeamento maior de cargas positivas para fora, somado à diferença de permeabilidade da membrana a estes íons, a qual é muito menos permeável ao sódio do que ao potássio, resulta na perda efetiva de íons para o exterior das células, uma vez que o sódio tende a permanecer fora da célula, induzindo também a osmose neste sentido. Outra particularidade desta bomba de sódio-potássio é a sua natureza eletrogênica resultante da maior movimentação efetiva de cargas positivas para o exterior da célula, que dá origem a uma positividade fora da célula e uma negatividade dentro devido ao déficit de íons positivos no interior, criando um potencial elétrico através da membrana celular. 2.2.1.2. Bomba de cálcio A concentração de cálcio no citoplasma celular é mantida normalmente em concentrações muito baixas em relação ao líquido extracelular. Isto se deve ao efeito das bombas de cálcio situadas não só nas membranas plasmáticas que bombeiam os íons cálcio para fora, mas também nas membranas de algumas organelas bombeando os íons cálcio para o interior destas. 2.2.1.3. Transporte de Hidrogênio Ocorre ativamente em dois locais no organismo, nas glândulas gástricas do estômago e em duas estruturas dos rins, os túbulos distais terminais e os ductos coletores corticais. No estômago este transporte ocorre principalmente nas células parietais, e consiste na base para a secreção do ácido clorídrico nas secreções digestivas, uma vez que os íons hidrogênio são lançados no estômago em associação aos íons cloreto, na forma de ácido clorídrico (HCl). Nos rins, o transporte ocorre nas células intercaladas situadas nas estruturas citadas anteriormente, e os íons hidrogênio são secretados do sangue para a urina, ocorrendo assim o controle da concentração hidrogeniônica nos líquidos corporais. 2.2.2. Transporte ativo secundário Utiliza a energia potencial do gradiente de sódio estabelecido pelo sistema Na+,K+-ATPase. Esse transporte envolve várias proteínas sendo uma delas denominada de proteína de co-transporte ou simporte que geralmente está envolvida no transporte de moléculas para o interior da célula, tais como, glicose, aminoácidos, vitaminas e sais biliares. Outra proteína transportadora é conhecida como trocadora ou antiporte que geralmente é responsável pelo transporte de íons no sentido contrário ao do sódio. Assim podemos citar como mecanismos de transporte ativo secundário o co-transporte e o contra-transporte, os quais estão exemplificados a seguir. 2.2.2.1. Co-transporte O gradiente de concentração do sódio dentro e fora da célula é um depósito de energia, pois o excesso de sódio no exterior da membrana tem uma tendência muito grande de se difundir para o interior desta. Assim, esta energia de difusão do sódio pode transportar outras substâncias juntamente com o sódio através de um fenômeno denominado co-transporte. Este Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 7 de 68 transporte ocorre por intermédio de uma proteína carreadora que se liga tanto ao sódio quanto à substância que será transportada. Este é o transporte utilizado pela glicose e muitos aminoácidos e ocorre principalmente nas células epiteliais do trato intestinal e dos túbulos renais com a finalidade de absorver estas substâncias. 2.2.2.2. Contra-transporte No contra-transporte esta energia de difusão comentada anteriormente vai ser utilizada para transportar a substância de dentro para fora da célula, em um movimento contrário ao do sódio. Este mecanismo também depende de uma proteína carreadora e os mais importantes consistem no contra-transporte de sódio-cálcio e no contra-transporte de sódio-hidrogênio. 2.2.3. Transporte ativo terciário Ocorre através de proteínas transportadoras que são ativadas pelo gradiente estabelecido pelo transporte ativo secundário. Ex: trocador Cl-/HCO3- no intestino. 2.2.4. Transporte mediado por vesículas Considerado transporte ativo visto que há gasto de energia para a formação e abertura das vesículas. 2.2.4.1. Endocitose É a entrada de substância na célula por invaginação da membrana e/ou projeção de pseudópodos, que englobam uma porção do LEC, formando vesículas que são liberadas no citoplasma da célula. 2.2.4.2. Pinocitose Formação de vesículas pequenas, contendo principalmente líquidos. 2.2.4.3. Fagocitose Formação de vesículas maiores, contendo grandes partículas sólidas. 2.2.4.4. Exocitose É a saída de substâncias da célula através da união de vesículas citoplasmáticas com a membrana celular e posterior abertura da mesma, liberando a substância no exterior. 3. TRANSPORTE ATRAVÉS DE CAMADAS CELULARES Este transporte ocorre através do epitélio intestinal, do epitélio dos túbulos renais, do epitélio de todas as glândulas exócrinas, do epitélio da vesícula biliar e da membrana do plexo coróide do cérebro. O mecanismo básico para este transporte consiste no transporte ativo através da membrana celular em um dos lados da célula seguida pela difusão simples ou facilitada através da membrana do outro lado da célula. 4. POTENCIAIS BIOELÉTRICOS DE MEMBRANA 4.1. POTENCIAL DE MEMBRANA Resulta da diferença de cargas dentro e fora da membrana celular. Discutiremos a seguir os potenciais de membrana gerados na célula em repouso ou durante a atividade. A célula em repouso apresenta um potencial de membrana de repouso provocado pela difusão dos íons sódio e potássio e pelo bombeamento destes íons pela bomba de sódio-potássio. Estes eventos somados resultam na polarização da membrana, que se apresenta carregada negativamente no interior e positivamente no exterior, chamando-se de membrana polarizada. Este potencial de membrana de repouso é cerca de -70mV na célula nervosa, ou seja, o potencial é 70mV mais negativo no interior da fibra nervosa que no líquido extracelular. 4.2. POTENCIAL DE AÇÃO Consiste na variação brusca do potencial de membrana de repouso negativo para um potencial positivo, seguido de um retorno rápido para o potencial negativo. Este fenômeno é responsável pela transmissão dos sinais nervosos e envolve uma etapa de despolarização e outra de repolarização da membrana envolvendo dois tipos de canais de transporte especiais que são os canais de sódio dependentes de voltagem e os canais de potássio dependentes de voltagem. 4.2.1. Etapa de despolarização Nesta etapa a permeabilidade da membrana aos íons sódio aumenta consideravelmente e ocorre um grande influxo de íons sódio carregados positivamente para o interior da célula. Este aumento de cargas positivas neutraliza o potencial negativo da membrana em repouso, atingindo um valor de 0mV ou até valores positivos. 4.2.2. Etapa de repolarização Nesta fase os canais de sódio se fecham e ocorre a abertura de grandes quantidades de canais de potássio resultando em uma difusão rápida de íons potássio para o exterior da célula e restabelecendo o potencial normal negativo de repouso da membrana. Antes de atingir o potencial de repouso a membrana permanece durante alguns milissegundos em um estado chamado de hiperpolarização. 4.2.3. Etapa de hiperpolarização Este estado ocorre devido à permanência dos canais de potássio abertos durante este tempo o que permite a saída de íons potássio da célula resultando em um déficit extra de cargas positivas e um aumento na eletronegatividade no interior da célula. 4.2.4. Início do potencial de ação Qualquer evento que aumentar a voltagem do potencial de repouso da membrana provoca aabertura dos canais de sódio dependentes de voltagem. O influxo de íons sódios aumenta cada vez mais a voltagem no interior da célula promovendo a abertura de mais canais de sódio dependentes de voltagem por um mecanismo de “feedback” positivo ou ciclo vicioso. Após fração de milissegundo o aumento no potencial da membrana provoca o fechamento destes canais e a abertura dos canais de potássio dependentes de voltagem o que irá resultar no término do potencial de ação. Para ocorrer o potencial de ação o aumento na voltagem tem que ser suficiente para criar o ciclo vicioso descrito acima, este aumento geralmente é de 15 a 30mV. O valor do potencial de membrana a partir do qual ocorre o potencial de ação é chamado de limiar e este valor é de aproximadamente - 55mV na célula nervosa. 4.2.5. Propagação do potencial de ação O potencial de ação gerado em uma determinada região da membrana excita as regiões adjacentes da membrana resultando na propagação do impulso. A despolarização da membrana acima do limiar de repouso gera um potencial de ação Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 8 de 68 em resposta à abertura dos canais de sódio dependentes de voltagem. Este potencial de ação é conduzido ao longo do axônio através de circuitos locais resultantes da diferença de potencial entre as regiões ativas e em repouso da membrana. 4.2.6. Potencial de ação em platô Ocorre nas fibras musculares cardíacas e se caracteriza pelo prolongamento do período de despolarização, formando um platô, antes que inicie a repolarização. Este prolongamento da etapa de despolarização ocorre devido ao envolvimento dos canais de cálcio-sódio dependentes de voltagem que são lentos na abertura e continuam a promover a entrada de cálcio e sódio após a abertura rápida dos canais de sódio dependentes de voltagem. Outro fator responsável pelo platô é a abertura lenta dos canais de potássio dependentes de voltagem nestas células, que só se completa no final do platô, retardando a repolarização da membrana e o retorno ao estado de repouso. 4.2.7. Ritmicidade ou Descarga Repetitiva Ocorrem no coração, na maioria dos músculos lisos e em muitos neurônios do sistema nervoso central. São responsáveis pelos batimentos rítmicos do coração, pelo peristaltismo intestinal e por inúmeros eventos neuronais, tal como o controle da freqüência respiratória. Para ocorrer a ritmicidade a membrana deve ser permeável ao sódio (e às vezes também ao cálcio) mesmo durante o estado de repouso, permitindo a despolarização automática. Nestas células o potencial de repouso da membrana é de –60 a –70mV, o que não é suficiente para manter os canais de sódio e sódio-cálcio dependentes de voltagem completamente fechados, permitindo que seja gerado o potencial de ação. Ao final do potencial de ação a membrana repolariza e a excitabilidade espontânea provoca outro potencial de ação reiniciando o ciclo. 4.2.8. Período Refratário A célula não pode sofrer um novo potencial de ação enquanto ainda estiver despolarizada pelo potencial de ação anterior. Isto ocorre porque logo após o potencial de ação os canais de sódio e cálcio que foram abertos tornam-se inativos e só podem ser ativados após o retorno da membrana ao potencial de repouso. Este período no qual a célula não pode sofrer um novo potencial de ação é chamado de período refratário. O período refratário pode ser absoluto, quando o segundo potencial de ação não pode ser gerado mesmo com um estímulo forte, ou relativo, quando o segundo potencial de ação pode se gerado pela aplicação de um estímulo mais forte que o normal. O período refratário relativo ocorre logo após o absoluto. Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 9 de 68 III) FISIOLOGIA DO TECIDO NERVOSO O tecido nervoso é formado por dois tipos celulares, neurônios e neuroglia. Os neurônios são as células principais e a neuroglia as células acessórias, representadas pelos astrócitos, oligodendrócitos, células ependimárias, microglia, células de Schwann e células satélites. 1. NEURÔNIO O neurônio é uma célula especializada do sistema nervoso, que possui a função primordial de conduzir impulsos. 1.1. PARTES E PROPRIEDADES CARACTERÍSTICAS A fibra nervosa típica é formada por três regiões morfologicamente distintas, o corpo celular, os dendritos e o axônio com suas terminações pré-sinápticas. O corpo celular é o centro metabólico da célula e a partir dele se originam os dendritos e o axônio. Os dendritos se ramificam e são as estruturas responsáveis pela recepção dos sinais de outras células neurais. O axônio possui em seu interior o axoplasma e consiste na estrutura responsável pela condução do potencial de ação na fibra nervosa. Próximo à sua terminação o axônio se divide em ramos muito finos que fazem contato com outros neurônios em um ponto denominado sinapse. A célula que transmite o sinal é chamada de pré-sináptica e a que recebe o sinal é a célula pós-sináptica. O espaço entre as duas células na sinapse é chamado de fenda sináptica. 1.2. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AOS PROLONGAMENTOS 1.2.1. Unipolares Predominam nos sistemas nervosos dos invertebrados, mas podem ocorrem em determinados gânglios do sistema nervoso autonômico. 1.2.2. Bipolares / Pseudo-unipolares Representadas pelas células sensoriais da retina e do epitélio olfativo. As células sensoriais responsáveis pela condução das informações sobre o tato, pressão e dor para a medula espinhal são também bipolares, mas devido às considerações anatômicas são também denominadas de pseudo- unipolares. 1.2.3. Multipolares Predominam no sistema nervoso dos vertebrados. 1.3. CLASSIFICAÇÃO QUANTO À FUNÇÃO 1.3.1. Sensoriais Também chamados de aferentes conduzem a informação para o sistema nervoso. 1.3.2. Motores Conduzem comandos para os músculos ou as glândulas. 1.3.3. Interneurônios, Internunciais ou Intercalares São todos aqueles que não se enquadram nem como sensoriais nem como motores, servem de ponto de união entre os neurônios aferentes e eferentes. 1.4. CIRCUITOS NEURONAIS Dentro do sistema nervoso central existem vários esquemas de arranjo de neurônios (circuitos), que permitem diferentes tipos de atividade. 1.4.1. Tipos de Circuitos 1.4.1.1. Circuito convergente Vários neurônios convergem a um neurônio comum. Permite que impulsos de muitas fontes diferentes causem alguma resposta ou produzam alguma sensação. 1.4.1.2. Circuito divergente É o circuito no qual os ramos do axônio de um neurônio convergem em dois ou mais neurônios, e cada um desses por sua vez, unem-se a dois ou mais neurônios. Esse tipo de circuito permite a amplificação de impulsos e é encontrado no controle de músculos esqueléticos. 1.4.1.3. Circuito reverberante É um circuito onde cada neurônio de uma série emite um ramo para o neurônio que o antecede, de forma que uma corrente de impulsos é recebida no final do circuito. Esse tipo está associado a atividades rítmicas e a estimulação prossegue até que as sinapses entrem em fadiga. 1.4.1.4. Circuito paralelo Ele contém neurônios em série, onde cada um emite um ramo para o neurônio terminal. Por haver um atraso de transmissão na sinapse, uma grande quantidade de estímulos chega ao neurônio final. Diferente do circuito reverberante, os impulsos cessam após a transmissão. Esse tipo de circuito promove reforço a um estímulo simples. 1.4.1.5. Circuito simples São possíveis muitas combinações complexas de neurônios, mas essas conexões podem ser também diretas e simples. Dessa forma, os neurônios associados aos sentidos especiais podem envolver não mais do que dois neurônios parasua projeção em direção ao córtex cerebral. Um mínimo de três neurônios é necessário para transmitir um impulso nervoso da periferia pela via do nervo espinhal para o córtex cerebral. 1.5. TRANSMISSÃO DE IMPULSOS NAS FIBRAS NERVOSAS Em algumas fibras nervosas existe em torno do axônio uma estrutura denominada de bainha de mielina e a cada 1 a 3mm uma outra estrutura denominada de nodo de Ranvier. A mielina é produzida por células especializadas (células de Schwann e oligodendrócitos) que se enrolam ao redor do axônio formando múltiplas camadas de membranas ricas em esfingomielina e com a propriedade de ser um excelente isolante elétrico. Os nodos de Ranvier são pequenas áreas sem isolante situadas ao longo do axônio, que permitem a passagem de íons entre os líquidos intra e extracelular através da membrana do axônio. Em função da presença da bainha de mielina as fibras nervosas podem ser classificadas em amielínicas e mielínicas. Nas fibras amielínicas a transmissão do potencial de ação ao longo do axônio ocorre através de circuitos locais resultantes da Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 10 de 68 diferença de potencial entre as regiões ativas e em repouso da membrana, sendo denominada condução contínua ou linear. Entretanto, nas fibras mielínicas, devido à propriedade de isolante elétrico da bainha de mielina, os potenciais de ação nas fibras mielinizadas só podem ser produzidos nos nodos de Ranvier, e são conduzidos de nodo a nodo através de um processo denominado de condução saltatória. Este mecanismo aumenta a velocidade da transmissão nervosa e ao mesmo tempo conserva energia para o axônio, uma vez que só os nodos se despolarizam. Existem algumas leis que regem a condução do estímulo: - Lei da unidirecionalidade: a condução só se faz em um sentido (dos dendritos e corpo neuronal para o axônio). - Lei do tudo ou nada: a fibra nervosa ou não responde ao estímulo ou responde com o máximo de sua intensidade. - Lei da integridade do nervo: o nervo deve estar íntegro para que possa conduzir o estímulo. 1.6. DEGENERAÇÃO WALLERIANA Quando o axônio de um neurônio é lesado há degeneração da extremidade distal a partir da lesão e da extremidade proximal até o nível do primeiro nódulo de Ranvier. Conjunto de possíveis eventos que podem ocorrer quando uma fibra é seccionada: - Quando a fibra sofre lesão, o núcleo desloca-se para a periferia e a parte distal da fibra degenera. - A proliferação das células de Schwann dá origem a um cilindro, que é penetrado pelos axônios em crescimento. Devido à falta de uso, a fibra muscular estriada se atrofia. - Na regeneração bem sucedida e a fibra muscular volta ao seu diâmetro normal. - Quando o axônio não encontra um cilindro de células de Schwann, seu crescimento é desordenado formando muitas vezes uma dilatação dolorosa na extremidade do nervo chamada de "neuroma de amputação". Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 11 de 68 IV) COMUNICAÇÃO CELULAR A comunicação entre as células ocorre através de moléculas sinalizadoras que podem ser denominadas genericamente de transmissores. Esta comunicação pode ocorrer de diversas formas sendo encontrada na literatura uma grande variedade de classificações. Comentaremos aqui os tipos de comunicação mais comuns através dos quais uma célula sinalizadora pode alterar, através da liberação de um transmissor, a função de uma célula alvo. 1. TIPOS DE COMUNICAÇÃO CELULAR 1.1. COMUNICAÇÃO PARÁCRINA Neste tipo de comunicação celular a célula sinalizadora secreta um transmissor que irá atuar em uma célula adjacente, ou seja, a célula alvo para o transmissor está próxima à célula de origem deste. Salientando que o transmissor atinge a célula alvo através de difusão pelo líquido extracelular. Este tipo de comunicação é comum no trato gastrointestinal. Em algumas situações a célula alvo e a célula de origem do transmissor podem ser a mesma, e neste caso o tipo de comunicação é denominado Autócrina. 1.2. COMUNICAÇÃO SINÁPTICA Geralmente envolve um transmissor, agora denominado de neurotransmissor, produzido por um neurônio, que é liberado no líquido extracelular e se difunde através deste para atingir uma célula alvo, que comumente é outro neurônio. Entretanto a célula alvo pode ser também uma fibra muscular. 1.3. COMUNICAÇÃO ENDÓCRINA Neste caso o transmissor é denominado hormônio e atua em uma célula alvo distante do local onde foi produzido, atingindo esta célula através da corrente sanguínea. Quando este transmissor é produzido por um neurônio é denominado de neuro-hormônio e a comunicação é dita neuro-endócrina. 2. SINAPSE 2.1. ANATOMIA FUNCIONAL Sobre a superfície dos dendritos e do corpo celular do neurônio pré-sináptico existem pequenas dilatações que são chamadas de terminações sinápticas (ou botões sinápticos). Esta estrutura é separada do neurônio pós-sináptico pela fenda sináptica. A terminação sináptica apresenta duas estruturas internas muito importantes, as vesículas sinápticas que contém o neurotransmissor e as mitocôndrias que fornecem a energia para síntese destas substâncias transmissoras. Na célula pós- sináptica existem proteínas receptoras específicas que recebem os sinais pré-sinápticos. 2.2. EVENTOS ELÉTRICOS E QUÍMICOS NAS SINAPSES As sinapses podem ser químicas ou elétricas. Nas sinapses químicas o neurônio pré-sináptico secreta uma substância química denominada neurotransmissor para a fenda sináptica, o qual vai interagir com proteínas receptoras específicas na célula pós-sináptica, representa o tipo mais comum de comunicação celular. Nas sinapses elétricas a transmissão dos sinais ocorre por meio de canais abertos chamados de junções abertas (ou comunicantes) que permitem o fluxo livre de íons de uma célula para outra. São exemplos de sinapses elétricas as comunicações que ocorrem entre as células musculares lisas viscerais e entre as células musculares cardíacas. 3. NEUROTRANSMISSORES 3.1. GRUPOS De maneira geral podemos dividir os transmissores em dois grupos, um grupo de moléculas pequenas que possuem ação rápida e outro formado por neuropeptídeos de tamanho maior e com ação bem mais lenta. 3.2. PRODUÇÃO Na maioria dos casos, os transmissores de moléculas pequenas são sintetizados no citosol da terminação pré-sináptica e são absorvidos por meio de transporte ativo para o interior de vesículas, nas quais são armazenados. Os neuropeptídeos são produzidos pelos ribossomas no corpo celular neuronal e embalados em vesículas dentro do complexo de golgi. Uma vez liberadas no citoplasma estas vesículas são transportadas ao longo do axônio até a extremidade da fibra nervosa. 3.3. ARMAZENAMENTO Como já foi dito anteriormente os transmissores de moléculas pequenas são armazenados em vesículas, as quais são continuamente recicladas. Já os neuropeptídeos também são armazenados em vesículas, no entanto estas vesículas após a liberação do transmissor sofrem autólise e não são reutilizadas. 3.4. LIBERAÇÃO O principal mecanismo de liberação dos transmissores no sistema nervoso central e periférico, bem como em muitas células secretoras de hormônios, consiste na exocitose. As vesículas contendo o transmissor se fundem transitoriamente a membrana pré-sináptica e liberam seus conteúdos em resposta ao aumento na concentração intracelular de cálcio. Nos neurônios, o aumento do cálcio intracelular ocorre devido à chegada do potencial de ação na membrana pré-sináptica que resulta na abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem e conseqüentemente no influxo de cálcio para o interior da célula. Entretanto, a liberação de alguns transmissores,tais como o óxido nítrico e os metabólitos do ácido araquidônico, pode ocorrer por difusão, sem o envolvimento de vesículas e exocitose. Estes transmissores não são armazenados, são liberados das células logo após serem sintetizados. No entanto, convém salientar que em ambos os casos a enzima responsável pela síntese destes transmissores é ativada pelo cálcio e assim, o controle da síntese depende da concentração de cálcio intracelular. 3.5. EXEMPLOS Segundo Guyton & Hall, 2000. 3.5.1. Transmissores de Molécula Pequena ou de Atuação Rápida Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 12 de 68 3.5.1.1. Classe I - Acetilcolina 3.5.1.2. Classe II: As Aminas - Norepinefrina ou Noradrenalina - Epinefrina ou Adrenalina - Dopamina - Serotonina - Histamina 3.5.1.3. Classe III: Aminoácidos - Ácido gama-aminobutírico (GABA) - Glicina - Glutamato - Aspartato 3.5.1.4. Classe IV - Óxido Nítrico (NO) 3.5.2. Neuropeptídeos, Transmissores de Ação Lenta e Fatores de Crescimento 3.5.2.1. Hormônios hipotalâmicos de liberação - Hormônio de liberação da tireotropina - Hormônio de liberação do hormônio luteinizante - Somatostatina 3.5.2.2. Peptídeos hipofisários - Hormônio adrenocorticotrófico - -Endorfina - Hormônio -melanócito-estimulante - Prolactina - Hormônio luteinizante - Tireotropina - Hormônio do crescimento - Vasopressina ou hormônio antidiurético (ADH) - Ocitocina 3.5.2.3. Peptídeos que atuam sobre o trato digestivo e o encéfalo - Leucina encefalina - Metionina encefalina - Substância P - Gastrina - Colecistocinina - Peptídeo intestinal vasoativo - Fator de crescimento neural - Fator neurotrópico derivado do encéfalo - Neurotensina - Insulina - Glucagon 3.5.2.4. De outros tecidos - Angiotensina II - Bradicinina - Carnosina - Peptídeos do sono - Calcitonina 4. RECEPTORES 4.1. COMPONENTES Na membrana pós-sináptica existem proteínas receptoras que contém dois importantes componentes, um componente de fixação e um componente ionóforo. O componente de fixação está projetado para o interior da fenda sináptica e é responsável pela fixação do transmissor liberado na fenda sináptica. O componente ionóforo atravessa toda a espessura da membrana até atingir o interior da célula pós-sináptica. 4.2. TIPOS DE RECEPTORES 4.2.1. Canais iônicos operados pelo ligante Permitem a passagem de íons através da membrana. Ex: receptores nicotínicos para acetilcolina. 4.2.2. Acoplados a Proteína G Promovem a produção de um segundo mensageiro que é responsável pela ativação de determinadas moléculas no interior da célula que irão alterar nas funções celulares. A proteína G pode ativar os seguintes sistemas: 4.2.2.1. Adenilato ciclase/AMPcíclico Leva a ativação da proteína quinase A (PKA) a qual fosforila resíduos de serina e treonina nas diferentes proteínas que atuam no metabolismo celular. 4.2.2.2. Fosfolipase C/ IP3 e DAG O IP3 (trifosfato de inositol) é responsável pelo aumento da concentração de cálcio citoplasmático, o DAG (diacilglicerol) ativa a proteína quinase C (PKC) que fosforila proteínas intracelulares. 4.2.2.3. Canais iônicos Aumento da permeabilidade principalmente ao cálcio. 4.2.3. Receptor de tirosina quinase Alvo para fatores de crescimento e insulina. Operam vias de quinases que se auto-fosforilam. 4.2.4. Receptores intracelulares Podem ser citoplasmáticos ou nucleares. Regulam a transcrição de DNA. Alvo para os hormônios esteróides e tireoidianos. Após a interação hormônio-receptor ocorre a exposição de regiões do DNA, chamadas hormônios responsivas, aumentando a atividade da RNA polimerase e a produção de RNA mensageiro levando a síntese de proteínas. 5. SINAPSES EXCITATÓRIAS E INIBITÓRIAS Os receptores pós-sinápticos uma vez ativados podem produzir excitação ou inibição da célula pós-sináptica. Isto é muito importante porque permite que a ação nervosa possa ser também restringida, além de excitada. Os mecanismos moleculares através dos quais os receptores podem causar excitação incluem a abertura de canais de sódio, a depressão da condução pelos canais de cloreto ou de potássio e alterações diversas no metabolismo interno da célula. A inibição pode ser causada pela abertura de canais de cloreto, pelo aumento da condutividade aos íons potássio, ou ainda pela ativação de enzimas que inibem funções metabólicas celulares. 6. INIBIÇÃO PRÉ-SINÁPTICA A inibição é causada pelas sinapses sobre a extremidade da fibra nervosa, no terminal pré-sináptico. Necessita de vários Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 13 de 68 milissegundos para desenvolver-se, mas, uma vez que ocorra, pode durar por minutos ou horas. As causas são: - Inibição da abertura de canais de cálcio: as sinapses pré-sinápticas liberam um transmissor que bloqueia diretamente os canais de cálcio. - Inibição da abertura de canais de sódio: há uma redução na amplitude do potencial de ação no terminal pré-sináptico, o que reduz a abertura de canais de cálcio. 7. SOMAÇÃO DOS POTENCIAIS PÓS-SINÁPTICOS 7.1. SOMAÇÃO ESPACIAL É o efeito da somação de potencias pós-sinápticos pela estimulação de terminais múltiplos sobre áreas extensas da membrana. Normalmente, a quantidade de substância transmissora liberada por um só terminal origina um potencial pós-sináptico excitatório com amplitude entre 0,5 e 1mV, em lugar dos 10 a 20mV usualmente necessários para que seja alcançado o limiar de excitação. No entanto, durante a excitação de um grupo neuronal do sistema nervoso, muitos terminais pré- sinápticos são estimulados ao mesmo tempo e, apesar desses terminais estarem espalhados sobre áreas extensas do neurônio, seus efeitos são ainda capazes de se somar, desencadeando um potencial de ação. 7.2. SOMAÇÃO TEMPORAL Cada vez que um terminal dispara, a substância transmissora liberada abre os canais da membrana por 1 a 2 ms. Uma vez que os potenciais pós-sinápticos duram até 15ms, uma segunda abertura dos mesmos canais pode fazer com que o potencial pós-sináptico tenha maior amplitude. Por isso, quanto mais rápida for a freqüência da estimulação do terminal, maior será o potencial pós-sináptico resultante. Dessa maneira, se os potenciais pós-sinápticos ocorrerem rapidamente, eles podem somar-se. Essa somação é denominada somação temporal. 7.3. FACILITAÇÃO DOS NEURÔNIOS Quando a somação dos potenciais pós-sinápticos é de natureza excitatória, mas o potencial não tem amplitude suficiente para atingir o limiar de excitação, dizemos que o neurônio está facilitado, ou seja, o potencial de membrana está mais perto do limiar de disparo do que normalmente, mas ainda não atingiu o nível de disparo. Entretanto, outro sinal é capaz de excitá-lo facilmente. 7.4. FACILITAÇÃO PÓS-TETÂNICA Quando uma série de impulsos repetitivos de alta freqüência estimula uma sinapse excitatória que é a seguir deixada em repouso por determinado período, observamos que durante algum tempo, a resposta a um novo estímulo será maior que a normalmente verificada. A isto chamamos de facilitação pós-tetânica. Esta facilitação deve-se ao acúmulo de íons cálcio nos terminais pré-sinápticos, devido à lentidão com que a bomba de cálcio atua. O acúmulo progressivo desses íons leva à liberação cada vez maior da substância transmissora. 8. FADIGA DE TRANSMISSÃO SINÁPTICA Quando as sinapses excitatórias são repetitivamente estimuladas com freqüência elevada, o número de descargas pelo neurônio pós-sináptico é inicialmente muito elevado, mas com o tempo torna-se progressivamente menor. Esse fenômenoé denominado fadiga da transmissão sináptica. A fadiga é um mecanismo de proteção contra o excesso de atividade neuronal e se deve principalmente à exaustão dos estoques dos transmissores nos terminais pré-sinápticos. O processo de fadiga também está ligado a outros dois fatores: - Inativação progressiva de receptores da membrana pós-sináptica. - Retenção lenta e progressiva de íons cálcio no interior do neurônio pós-sináptico. Estes íons abrem os canais de potássio-cálcio-dependentes, causando a inibição. 9. RETARDO SINÁPTICO A transmissão de um potencial de ação do neurônio pré- sináptico para o pós-sináptico demora certo tempo, devido à: - Descarga do transmissor pelo terminal pré-sináptico. - Difusão do transmissor até a membrana pós-sináptica. - Ação do neurotransmissor sobre os receptores da membrana. - Ação do receptor para aumentar a permeabilidade da membrana. O tempo necessário para que todos esses eventos aconteçam é da ordem de 0,5 ms, chamado de retardo sináptico. Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 14 de 68 V) FISIOLOGIA DO TECIDO MUSCULAR 1. INTRODUÇÃO O músculo é formado por um conjunto de células especializadas na contração, cuja finalidade é a produção de movimento, calor ou força (tensão). Os músculos constituem uma grande parte do organismo (cerca de 50%) e são os principais efetores do sistema nervoso. Existem três tipos de músculo: estriado esquelético, estriado cardíaco e liso. 1.1. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO Este tipo de músculo é controlado voluntariamente e possui contração rápida. Cada fibra muscular é uma grande célula alongada e multinucleada. 1.2. COMPONENTES DA FIBRA MUSCULAR 1.2.1. Sarcolema É a membrana da fibra muscular, composta pela membrana plasmática celular e por um revestimento externo de fibras de colágeno. As extremidades de várias fibras musculares fundem-se com uma fibra tendinosa, formando feixes que irão compor o tendão. O tendão, por sua vez, insere-se no osso. 1.2.2. Sarcoplasma Corresponde ao citoplasma (matriz orgânica) da célula muscular. Além dos componentes celulares usuais, também possui miofibrilas, que são as proteínas contráteis do músculo. As miofibrilas são compostas por filamentos de miosina e de actina. 1.2.3. Retículo Sarcoplasmático É um retículo endoplasmático extenso que tem por função o armazenamento de íons cálcio. É composto por duas estruturas: os túbulos longitudinais, com percurso paralelo ao das miofibrilas, e as cisternas terminais, que são grandes câmaras acopladas aos túbulos T. 1.2.4. Cisterna Terminal Dilatação do retículo sarcoplasmático. 1.2.5. Túbulo Transverso Os túbulos transversos são projeções da membrana celular para o interior da fibra muscular. Quando um potencial de ação se propaga pela membrana, irá atingir as miofibrilas mais internas através do túbulos T, que contém LEC no seu interior. Existem duas redes de túbulo T para cada sarcômero, localizadas próximas às extremidades dos filamentos de miosina. 1.2.6. Tríade Formada por duas cisternas terminais e um túbulo transverso entre elas. 1.2.7. Miofibrilas Formadas pelos miofilamentos. 1.2.8. Miofilamentos (Actina e Miosina) Representados pelos filamentos finos (actina) e pelos filamentos grossos (miosina). 1.3. ASPECTO ESTRIADO DO MEE Devido à disposição dos miofilamentos - Faixa Escura: Banda A, Zona H e Linha M - Faixa Clara: Banda I e Linha Z - Sarcômero: unidade funcional da fibra muscular 1.4. FILAMENTOS CONTRÁTEIS 1.4.1. Filamentos finos - Actina (G e F) - Tropomiosina - Troponina (sítios I, C e T) O filamento fino é composto por três proteínas, a actina, a troponina e a tropomiosina. A actina é a molécula central, que polimeralizada forma uma dupla hélice e contém os sítios de ligação com a miosina. A tropomiosina é uma molécula presa à actina de forma espiralada sobre a dupla hélice. A tropomiosina impede a ligação actina/miosina bloqueando o sítio de ligação. A troponina fica presa à molécula de tropomiosina, e possui três subunidades: uma com afinidade à actina (sítio I), outra a tropomiosina (sítio T) e uma última ao Ca2+ (sítio C). A troponina regula o bloqueio do sítio de ligação feito pela tropomiosina. 1.4.2. Filamentos grossos - Miosina: cadeia leve, cadeia pesada, dobradiça e cabeças (atividade ATPase) É composto por moléculas de miosina. A molécula de miosina é formada por seis cadeias polipeptídicas, duas pesadas e quatro leves. As duas pesadas formam a cauda da molécula, enquanto que as quatro leves formam a cabeça. As caudas das moléculas unem-se formando o corpo do filamento e as cabeças, junto com os braços, formam as pontes cruzadas. Cada ponte cruzada é flexível em dois pontos chamados de dobradiças, um onde o braço se afasta do corpo e o outro onde a cabeça se prende ao braço. Os braços se estendem para as extremidades dos filamentos, por isso não existem pontes cruzadas no centro. O filamento é torcido de modo que cada grupo fica deslocado em 120 graus do anterior. A cabeça de miosina possui atividade de ATPase, promovendo clivagem de ATP. 2. MECANISMO DA CONTRAÇÃO MUSCULAR A atividade muscular no músculo esquelético é comandada por fibras nervosas motoras. Essas fibras nervosas, ao serem estimuladas, podem formar um potencial de ação que irá se propagar pelo axônio, atingindo suas terminações que liberarão o neurotransmissor. Após interação do mesmo com receptores específicos na célula muscular estriada esquelética é desencadeado o potencial de placa motora seguido do potencial ação no sarcolema. Mecanismo da contração muscular: 1. Um potencial de ação percorre o motoneurônio, promovendo liberação de acetilcolina na junção neuromuscular. Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 15 de 68 2. A acetilcolina liga-se ao receptor no músculo e promove a abertura de canais de sódio, desencadeando um potencial de ação na fibra muscular. 3. O potencial de ação propaga-se pelo sarcolema e túbulos T, alcançando o retículo sarcoplasmático. 4. O retículo libera cálcio para o sarcoplasma e o cálcio liga-se à troponina C. 5. Ocorre o deslizamento dos filamentos, processo chamado de mecanismo de “sempre em frente” ou de catraca. Neste mecanismo, ocorre inicialmente uma exposição dos sítios ativos da actina, permitindo que haja uma ligação da miosina com a actina. Logo após a ligação, ocorre inclinação das pontes cruzadas, promovendo o deslizamento dos filamentos, um em direção ao outro. 6. A contração termina com o bombeamento dos íons cálcio de volta para o interior do retículo sarcoplasmático. 2.1. JUNÇÃO NEUROMUSCULAR Eventos: - Chegada do estímulo ao terminal axônico do neurônio motor. - Liberação da acetilcolina para a fenda sináptica. - Ligação ao receptor e abertura do canal iônico. - Potencial de placa motora. - Propagação do potencial de ação pela fibra muscular. - Liberação de Cálcio e Contração do sarcômero 2.2. MECANISMO DE DESLIZAMENTO Sobreposição da actina sobre a miosina levando ao encurtamento dos sarcômeros. Os filamentos de actina e miosina têm uma grande afinidade e ligam-se facilmente sem a presença do complexo troponina/tropomiosina, que impede essa ligação na ausência de Ca2+. O mecanismo de liberação do sítio de ligação actina/miosina começa com a chegada do potencial de ação à membrana da fibra muscular, promovendo o aumento da concentração de íons Ca2+ no sarcoplasma. Estes íons ligam-se à troponina C, causando uma mudança conformacional da mesma que desloca o filamento de tropomiosina, liberando os sítios da actinaque estavam bloqueados. A interação actina/miosina se dá imediatamente desde que haja ATP e magnésio (ambos presentes em condições normais). 2.3. ACOPLAMENTO EXCITAÇÃO-CONTRAÇÃO 2.3.1. Definição Consiste na união dos eventos que promovem a excitação da fibra muscular (potencial de ação) àqueles que promovem a contração propriamente dita, ou seja, o encurtamento do sarcômero. 2.3.2. Local onde ocorre Tríade 2.3.3. Eventos - Liberação de Ca2+ da cisterna terminal para o sarcoplasma (devido à abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem após chegada do potencial de ação no túbulo T). - Ativação da troponina-C. - Deslocamento da tropomiosina para os sulcos da actina. - Exposição dos sítios de ligação à miosina na actina. - Ciclo das pontes cruzadas. - Contração do sarcômero. 2.4. CICLO DAS PONTES CRUZADAS Eventos: - Durante o repouso, a cabeça da miosina está “engatilhada” na posição de 90 graus e contém ADP + Pi + Energia. - A ligação da miosina com a actina promove inclinação da cabeça (45 grau) e liberação do ADP e Pi; este movimento ocorre utilizando-se a energia previamente armazenada. - A ligação de um novo ATP na cabeça de miosina promove o desprendimento da actina. - A cabeça da miosina hidrolisa o ATP e retorna à posição energizada (90 graus). Este processo repete-se continuamente enquanto houver cálcio presente no sarcoplasma e ATP disponível. 2.5. ENERGIA O ATP é necessário para três processos da contração: - Mecanismo do “sempre em frente” (ATP é hidrolisado pela cabeça de miosina, liberando energia para promover movimento); - Bombas de cálcio (para remover o cálcio do sarcoplasma); - Bombas de sódio e potássio (para restabelecer as concentrações de sódio e potássio no LIC e LEC após a passagem de um potencial de ação). O músculo utiliza energia das seguintes fontes: - ATP presente na fibra: pequena quantidade, promove contração por apenas 1 a 2 segundos. - Fosfocreatina: composto rico em energia, utilizado para a reconstituição do ATP. A energia derivada da fosfocreatina é capaz de manter a contração por mais 7 a 8 segundos. - Glicogênio: forma de armazenamento da glicose, é quebrado e utilizado para recompor a fosfocreatina e o ATP. Este é um processo anaeróbico, ocorrendo o acúmulo de muitos metabólitos. Entretanto, a formação de ATP é mais rápida do que no processo aeróbico. A quebra de glicogênio mantém a contração por 1 minuto. - Metabolismo oxidativo: ocorre na mitocôndria, o ATP é formado através da combinação do oxigênio com os nutrientes (primeiro glicose, depois gorduras). Cerca de 95% da energia para a contração provém do metabolismo oxidativo, que é capaz de manter a atividade muscular por horas. 2.6. TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES: Cada músculo do corpo é formado por uma combinação de fibras musculares rápidas e lentas. - Fibras rápidas: são fibras grandes, com extenso retículo sarcoplasmático e muitas enzimas glicolíticas. Estas fibras possuem grande força de contração e utilizam-se principalmente de energia anaeróbica. São fibras brancas. - Fibras lentas: são fibras menores, com extensa vascularização e um grande número de mitocôndrias, visto que sua principal fonte de energia é o metabolismo oxidativo. Também possuem muita mioglobina, uma Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 16 de 68 proteína semelhante à hemoglobina, capaz de fixar oxigênio. Devido à presença de mioglobina, apresentam coloração vermelha. 2.7. REMODELAMENTO MUSCULAR Os músculos estão em constante processo de remodelamento, sendo que pode haver uma variação no diâmetro, no comprimento, na força, na vascularização ou no tipo de fibra predominante no músculo. Estas variações ocorrem de acordo com as necessidades do músculo. 3. MECÂNICA DA CONTRAÇÃO MUSCULAR 3.1. TENSÃO MUSCULAR Força exercida por um músculo sobre um objeto 3.2. CARGA Força exercida pelo peso do objeto sobre um músculo 3.3. CONTRAÇÃO ISOTÔNICA E ISOMÉTRICA A contração isotônica refere-se a uma contração em que um músculo encurta enquanto exerce uma força constante que corresponde à carga que está sendo erguida pelo músculo. Divide-se em concêntrica e excêntrica. Na concêntrica a contração vence a resistência e há o encurtamento muscular (corrida) e na excêntrica a resistência vence a contração havendo o alongamento muscular (braço de ferro). A contração isométrica refere-se a uma contração em que o comprimento externo do músculo não se altera, pois a força gerada pelo músculo é insuficiente para mover a carga à qual está fixado. No corpo, a maioria das contrações é uma combinação de ambas as contrações. 3.4. UNIDADE MOTORA Consiste em todas as fibras musculares inervadas por um mesmo axônio. Cada fibra muscular é inervada por um neurônio, porém um mesmo neurônio inerva mais do que uma fibra. Este conjunto (neurônio + fibras por ele inervadas) é denominado unidade motora. A relação fibras/neurônio varia em cada tipo de músculo; em músculos cujos movimentos devem ser precisos a relação chega a ser de duas a três fibras por neurônio. Já em músculos cuja precisão não é tão necessária a relação é de centenas de fibras inervada por cada neurônio. 3.5. ABALO Resposta mecânica de um músculo a um único potencial de ação 3.6. SOMAÇÃO A somação das contrações musculares determina movimentos fortes e combinados pelo aumento do número das unidades motoras que se contraem simultaneamente (somação por fibras múltiplas) e pelo aumento da rapidez de contração de unidades motoras individuais (somação por freqüência e tetanização). 3.7. TETANIZAÇÃO A tetanização acontece quando o músculo é estimulado em freqüências progressivas maiores atingindo, por fim, uma freqüência em que as contrações sucessivas se fundem e não podem ser distinguidas umas das outras. 3.8. FADIGA Quando a concentração de ATP no músculo diminui e a força de contração cai. 3.9. RECRUTAMENTO No músculo estriado esquelético, a força da contração é determinada não só pela quantidade de ca2+ disponível como também pela quantidade de fibras motoras ativadas através do processo de recrutamento. 4. MÚSCULO LISO O músculo liso possui miosina e actina com uma disposição interna diferenciada do músculo esquelético, não apresentando aspecto estriado. Os filamentos de actina estão presos aos corpos densos, que são estruturas com função semelhante aos discos Z do músculo esquelético e encontram-se dispersos no citoplasma ou presos na membrana celular. Os filamentos de miosina são mais grossos e estão espalhados entre os filamentos de actina. O músculo liso não possui troponina e sim calmodulina. A calmodulina é uma proteína contrátil com capacidade de ligar-se a quatro íons cálcio. O músculo liso apresenta retículo sarcoplasmático pouco desenvolvido, visto que a maioria do cálcio para a contração provém do LEC. Ao invés dos túbulos T, o músculo liso possui cavéolos, que são pequenas invaginações da membrana. O músculo liso possui contração involuntária e lenta. É controlado pelo Sistema Nervoso Autônomo, embora não dependa dele para funcionar. Possui automatismo e as fibras são menores quando comparadas ao músculo estriado esquelético. Também chamado de músculo liso visceral. 4.1. ORGANIZAÇÃO - Arranjo paralelo de filamentos grossos e finos cruzando na diagonal. - Actina dispersa no citoplasma e em maior quantidade que a miosina. - Miosina a partir dos corpos densos. - Corpos densos apresentam semelhança funcional à linha z. - Sem túbulo transverso. - Retículo sarcoplasmático: pequenas vesículas próximas à membrana. - Contração demorada: 30 x mais lentaque o MEE 4.2. MECANISMO DA CONTRAÇÃO MUSCULAR 1. O potencial de ação percorre a fibra e promove a entrada de íons cálcio na célula (proveniente do LEC) 2. O cálcio no interior da célula liga-se à calmodulina, ativando a miosina quinase (cinase miosínica) 3. Ocorre fosforilação da cadeia reguladora (uma das cadeias leves da cabeça de miosina) e fixação da miosina com a actina. 4. Os filamentos deslizam, ocorrendo a contração 5. O fim da contração ocorre com a diminuição dos íons cálcio (que são bombeados para o LEC) e com a ação da miosina fosfatase (fosfatase miosínica). Esta enzima separa o fosfato da cadeia reguladora. A velocidade de contração do músculo liso depende da velocidade de atuação das enzimas miosina quinase e miosina fosfatase e da velocidade de degradação do ATP que ocorre nas cabeças de miosina. Isto ocasiona ciclos lentos das pontes cruzadas, promovendo contrações tônicas prolongadas do Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 17 de 68 músculo liso, que podem durar por horas. Estas contrações, além de serem lentas, ocorrem com pouco gasto de ATP. 4.3. TRANSMISSÃO NEURO-MUSCULAR As fibras nervosas do SNA não fazem contato direto com as fibras do músculo liso. Ao invés de botões terminais, os axônios possuem varicosidades, por onde o neurotransmissor é liberado no LEC. As vesículas das varicosidades podem conter acetilcolina ou noradrenalina. O neurotransmissor difunde-se para as células do músculo liso, desencadeando o potencial de ação. 4.4. POTENCIAL DE AÇÃO: O músculo liso pode ter potencial de ação em ponta ou em platô. - Potencial em ponta: semelhante ao músculo esquelético. - Potencial em platô: a repolarização é retardada, formando um platô. Os potenciais podem ser desencadeados por estimulação elétrica ou mecânica, por ação de neurotransmissores ou hormônios locais e por geração espontânea. Alguns músculos lisos possuem automatismo, ou seja, são capazes de gerar seu próprio estímulo para a contração. Isto ocorre porque as membranas de algumas células são naturalmente permeável aos íons sódio. O sódio penetra na célula até que seja atingido o limiar necessário para a despolarização, que ocorre pela abertura de canais rápidos de cálcio. O aparecimento destes potenciais espontâneos está associado a um ritmo ondulatório básico, chamado de ondas marcapasso. Estas ondas aparecem devido a variações na atividade da bomba de sódio e potássio, que promove oscilações no potencial de membrana. 5. MÚSCULO ESTRIADO CARDÍACO Diferenças em relação ao MEE: - Apresenta discos intercalares (junções) entre as fibras. - Um único PA ativa todas as fibras. - Automatismo: algumas fibras geram PA. Clarissa Amorim Silva de Cordova Página 18 de 68 VI) FISIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso é um dos sistemas de controle do organismo e, junto com o sistema endócrino, atua na regulação da atividade dos outros sistemas. De um modo geral, o sistema nervoso é responsável pelo controle das respostas rápidas do corpo, tais como contrações musculares, enquanto o sistema endócrino é responsável principalmente pela regulação das funções metabólicas do organismo. Para que um sistema possa controlar outro, é necessário que haja a comunicação entre eles, assim como é necessário que haja a comunicação entre as células. O sistema nervoso comunica-se com os outros sistemas através dos neurônios, e os neurônios comunicam-se entre si através das sinapses. 1. RESUMO DAS FUNÇÕES BÁSICAS - Função Integradora: coordenação das funções do vários órgãos (contração e secreção). - Função Sensorial: sensações em geral e especiais. - Função Motora: contrações musculares voluntárias ou reflexas. - Função Adaptativa: adaptação do animal ao meio ambiente (sudorese, respiração) 2. GÂNGLIO NERVOSO São agrupamentos de corpos de neurônios localizados fora do SNC. 3. NÚCLEO São grupamentos de corpos de neurônios localizados dentro de SNC. 4. SUBSTÂNCIAS BRANCA E CINZENTA No encéfalo e na medula encontramos: - Área Acinzentada (Substância Cinzenta): contém agregados de corpos celulares de neurônios e células da glia além de fibras amielínicas. - Área Clara (Substância Branca): contém fibras nervosas predominantemente mielinizadas e células da glia. 5. PROTEÇÃO 5.1. ESQUELETO Caixa craniana e coluna vertebral 5.2. MENINGES São membranas de tecido conjuntivo que envolvem e protegem o SNC. São formadas por 3 camadas: 5.2.1. Dura-máter É a meninge mais externa e mais espessa (tecido conjuntivo denso). Possui vasos e nervos (esta inervação é a responsável pela sensação de "dor-de-cabeça"). A dura-máter craniana difere da espinhal. A primeira é formada por 2 folhetos, um externo e um interno. Já a dura-máter espinhal possui apenas um folheto, sendo originado pelo prolongamento do folheto interno da dura-máter craniana. O espaço entre a dura-máter espinhal e o periósteo das vértebras é chamado de espaço epidural. 5.2.2. Aracnóide Membrana fina e justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural. Liga-se a pia- máter por traves conjuntivas (aspecto de teia do qual originou o prefixo “arac” relativo à aranha). Entre estas traves forma um espaço chamado de espaço subaracnóideo que contém o líquido cefalorraquidiano. A aracnóide forma em certos locais, expansões (evaginações) que perfuram a dura-máter e vão fazer saliências em seios venosos transferindo o líquido para este local e permitindo a drenagem do mesmo para o sangue. 5.2.3. Pia-máter Esta meninge é muito vascularizada, delgada e aderente ao tecido nervoso. Possuem saliências no interior dos ventrículos chamados de plexos coróides onde se forma o líquido cefalorraquidiano. 6. VENTRÍCULOS DO ENCÉFALO Os quatro ventrículos do encéfalo são cavidades ou espaços ocos dentro da substância encefálica. Os ventrículos laterais são cavidades pares no interior de cada hemisfério cerebral. São contínuos com um terceiro ventrículo único através do forame interventricular. O terceiro ventrículo está localizado dentro do interencéfalo e é contínuo com o quarto ventrículo pelo aqueduto cerebral. O quarto ventrículo, por sua vez, está localizado abaixo do cerebelo e acima da medula oblonga. Comunica-se com o espaço subaracnóide através de três forames, um simples (Magendie) e um par (Luschka). O quarto ventrículo continua-se caudalmente pelo canal da medula espinhal. Cada um dos quatro ventrículos tem uma estrutura conhecida como plexo coróide, que projeta-se para seu interior. O plexo coróide é um tufo de capilares que secreta o liquido cerebroespinhal. 7. CIRCULAÇÃO E LÍQUIDO CEREBROESPINHAL O líquido cerebroespinhal formado pelo plexo coróide flui através dos ventrículos laterais e terceiro ventrículo, atravessa o aqueduto cerebral e o quarto ventrículo e finalmente atinge o espaço subaracnóide pelos forames de Magendie e Luschka. O líquido cerebroespinhal então, deixa o espaço subaracnóide através de estruturas especializadas (granulações ou vilos aracnóides) que invaginam para os seios venosos cerebrais (seios durais). A relação entre o espaço subaracnóide e os seios venosos é tal que estruturas valvulares previnem o retrocesso do fluido para o espaço subaracnóide, mas permitem o fluxo progressivo do líquido para dentro dos seios. Dessa forma, deve existir uma pressão mais alta dentro do espaço subaracnóide do que dentro do sistema venoso. A pressão normal do líquido cerebroespinhal varia de 8 a l2mmHg, por outro lado, a pressão dentro dos seios durais varia de 1 a 8mmHg. O líquido cerebroespinhal
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